Entrevista:
Ironildo Boselli
Um breve
histórico da
Fundação Américo
Bairral,
excelência em
psiquiatria
|
Ironildo Boselli
(foto),
bacharel em
Direito e
bancário
aposentado,
natural de São
José do Rio
Preto-SP e
atualmente
residente em
Itapira,
espírita desde a
juventude, é
autor do livro
Obsessão,
Realidades e
Desafios
(Editora
ArtExpressa).
Atual presidente
do Conselho
Curador da
Fundação
Espírita Américo
Bairral,
mantenedora do
Instituto
Bairral de
Psiquiatria e
integrante da
Diretoria do
Centro Espírita
Luiz Gonzaga da
mesma cidade,
expositor e
secretário da
USE-Itapira,
fala nesta
entrevista sobre
a modelar
instituição.
Quando foi fundada a
Fundação
|
Espírita Américo Bairral, por
quem e qual a
motivação do
início de
atividades?
|
A Fundação
Espírita Américo
Bairral foi
fundada no dia
31 de dezembro
de 1937, mas as
atividades
propriamente
ditas foram
iniciadas em
meados do ano
anterior. Os
fundadores foram
Onofre e
Gracinda
Batista, que
passaram a
acolher
portadores de
transtornos
mentais em sua
própria casa,
isto até a
regularização da
entidade.
Espíritas
convictos e
atuantes,
comoveram-se com
a situação dos
doentes, que
recebiam manejo
policial e eram
trancafiados em
cadeias públicas
nos surtos
agudos, junto a
marginais de
toda espécie.
Hoje ela mantém
as
características
iniciais de
vinculação à
prática
espírita?
Realiza
palestras,
reuniões
mediúnicas? E os
resultados de
atendimento de
espíritos e
vibrações têm
alcançado êxito
em favor dos
pacientes?
Ao longo do
tempo vem
mantendo
atividades
doutrinárias, em
dependência
especialmente
destinada a esse
fim denominada
Refúgio
Emmanuel, apenas
ressentindo-se
da escassez de
voluntários,
como decorrência
de ser uma
entidade de
grande porte
encravada em
cidade de porte
médio (em torno
de setenta mil
habitantes) e
com uma reduzida
comunidade
espírita. Quanto
ao êxito, temos
que nos escudar
na fé, pois os
trabalhos
executados não
incluíram, até o
presente,
atendimentos
direcionados.
Acontecem como
os trabalhos dos
Centros, com
toda a
iniciativa a
cargo do Plano
Espiritual
Como é o sistema
de internação e
quais seus
critérios?
Quantos leitos
possui a
Fundação?
As internações
no hospital pelo
SUS obedecem a
normas emanadas
do Ministério da
Saúde e estas
através da
Secretaria de
Saúde do Estado.
O acolhimento de
particulares e
conveniados (que
não do SUS) é
feito por
encaminhamento
de médicos e
convênios. O
hospital tem 820
leitos
catalogados,
sendo 511
dedicados ao
SUS, que tem
acarretado
vultosos
prejuízos
anuais, os quais
são cobertos com
o resultado das
unidades
particulares,
tendo em vista
que a Fundação
não tem
proprietários
nem acionistas,
sendo seus
recursos
totalmente
empregados na
consecução dos
seus objetivos.
Continuam as
experiências
científicas
levadas a efeito
na instituição?
Quais são e
quais os
resultados mais
marcantes já
alcançados?
A Fundação
participa de
atividades
científicas,
tanto na área
técnica quanto
na espírita,
através, no
primeiro caso,
de convênio com
entidade
denominada
SINAPSE, cujo
responsável é o
Professor Doutor
Acioly Luiz
Tavares de
Lacerda, da
UNIFESP, sendo
atualmente
desenvolvidos
quatro projetos
de ordem
técnica. Quanto
à pesquisa
espírita, a
Fundação auxilia
o patrocínio de
atividades
desenvolvidas
por Professores
Doutores ligados
à USP e à UFJF
(de Juiz de
Fora), cuja
experiência mais
marcante foi a
desenvolvida
junto à
Universidade da
Pensilvânia
(EUA) com a
participação de
médiuns
psicógrafos,
cuja atuação foi
registrada por
neuroimagem.
Essa experiência
está em vias de
publicação
através de livro
a ser lançado
oportunamente.
Outros trabalhos
estão sendo
desenvolvidos,
já havendo até
teses de
doutorado com
temas espíritas.
Como é feita a
manutenção de
uma instituição
de tão grande
expressão
física? Qual a
área ocupada e
quantos
funcionários?
A Fundação
mantém-se com
recursos do SUS,
convênios com a
Secretaria de
Saúde do Estado
e renda de
particulares
puros e
conveniados
(exceto SUS).
Conta com 750
funcionários,
desde os
encarregados de
jardinagem até
os de nível
universitário,
estes em número
de 104. Além da
atividade
terapêutica, a
cargo de
médicos,
psicólogos,
enfermeiros,
assistentes
sociais,
terapeutas
ocupacionais,
professores de
educação física,
cirurgião
dentista
especializado em
portadores de
transtornos
mentais, a
Fundação mantém
ainda um Centro
de Educação
Continuada e
completa clínica
de fisioterapia.
Quando
necessários,
fonoaudiólogos e
neurologistas.
As dependências
do hospital
estão encravadas
em terreno de 40
hectares,
gramados,
ajardinados e
arborizados. Os
pacientes SUS
são alojados no
chamado Prédio
Central. Os
particulares em
micro-hospitais,
distribuídos no
espaço citado,
com capacidade
de até 60
pacientes cada
unidade,
reunidos por
perfil
diagnóstico
semelhante.
Fale-nos de
Américo Bairral.
Américo Bairral
era coletor
federal de
rendas, espírita
convicto,
dinâmico e
preocupado com a
sorte dos
portadores de
transtornos
mentais, sendo
seu sonho a
construção de um
hospital para
tratamento
desses casos.
Atuou no Centro
Espírita Luiz
Gonzaga (que
completou no dia
17-09-2010
noventa e seis
anos de
existência).
Mesmo sendo o
inspirador da
obra, não a viu
consumada, tendo
desencarnado em
1931, vítima de
insidiosa
moléstia. Os
fundadores o
homenagearam
atribuindo seu
nome à Fundação.
Sua experiência
como Presidente
do Conselho
Curador
permite-lhe
apresentar que
parecer da
existência da
entidade, sua
vinculação
espírita e os
benefícios
espalhados para
a sociedade?
Em face de
residir em
Itapira, posso
estar
diariamente na
Fundação, razão
de os
companheiros de
Conselho Curador
terem me
guindado à
Presidência por
anos
consecutivos. A
Fundação, graças
ao empenho de
muitos, cresceu
em qualidade,
tornando-se
respeitada pelos
mais importantes
centros
psiquiátricos e
por grandes
personalidades
da
especialidade.
Diria que a
vinculação
espírita garante
a lisura de seus
dirigentes e a
constante
preocupação com
a excelência de
tudo o que faz.
As atividades
espíritas
propriamente
ditas estão e
estarão sempre
limitadas ao
contingente de
voluntários
dispostos a
assumir
responsabilidades.
É inegável a
importância da
Fundação, a
começar pelas
750 famílias dos
seus empregados
e pelas
atividades
técnicas e
doutrinárias
desenvolvidas,
somadas às
pesquisas como
atividades de
produção de
conhecimento.
É muito difícil
cuidar da
enfermidade
mental?
Treinamento de
funcionários,
administração de
segurança,
respeito à
legislação
pertinente e
cuidado com os
pacientes, além
da prática
espírita
interna, como
cuidar de tudo
isso?
A bem da
verdade, é
difícil o
trabalho junto a
portadores de
transtornos
mentais, pela
variedade e
profundidade dos
distúrbios. Mas
não é
impossível.
Todos os
recursos são
mobilizados,
mantendo as
equipes sempre
atualizadas
através do
Centro de
Educação
Continuada e com
a presença de
especialistas
constantemente
convidados a dar
cursos e
palestras às
equipes. A
estruturação do
trabalho requer
seriedade e
competência,
sendo isso
conseguido
empregando
pessoas dotadas
da qualificação
requerida para
cada função. Com
as pessoas
certas nos
lugares certos
tudo flui de
forma muito
satisfatória.
Nota do
entrevistador:
Em depoimento
espontâneo na
entrevista,
afirmou Ironildo:
Tornei-me
espírita no
início da década
de 1950, em
decorrência de
acirradas
discussões em
família sobre
religião, como
egresso de curso
ginasial em
instituição de
padres
agostinianos,
ferrenho
defensor (sem
bases, diga-se
de passagem) dos
princípios da
Igreja. Fui
instado a ler O
Evangelho
segundo o
Espiritismo e
apontar onde
estavam as
impropriedades.
Tive que “dobrar
a cerviz” e dar
a mão à
palmatória. A
partir de então
tornei-me
participante
ativo do
movimento,
começando por
Mocidade
Espírita, em
seguida
assumindo
funções em
Centros,
culminando com a
responsabilidade
por trabalhos
mediúnicos,
atividade que
mantenho há mais
ou menos
quarenta e seis
anos.