MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Nos Domínios da
Mediunidade
André Luiz
(Parte
31)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Nos Domínios da
Mediunidade,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. No momento da morte, D. Elisa reviu cenas do seu passado
na Terra?
Sim. Foi como se um
relâmpago lhe rasgasse a
noite mental, um desses
raros minutos que valem
séculos para a alma, que
ela reviu apressadamente
o passado, quando todas
as cenas da infância, da
mocidade e da madureza
lhe reapareceram no
templo da memória, como
que a convidá-la a
escrupuloso exame de
consciência. Em seguida,
Dona Elisa projetou-se
na vida post-mortem,
mantendo-se, ainda,
ligada ao corpo denso
por um laço de
substância prateada.
(Nos Domínios da Mediunidade, cap. 21, pp. 203 e 204.)
B. No momento da morte é possível ao moribundo,
desprendendo-se da
matéria, avisar os entes
queridos acerca do seu
falecimento?
Sim, todas as pessoas,
desde que o desejem,
podem efetuar
semelhantes despedidas
quando partem da Terra.
A respeito desse fato,
Aulus esclareceu: "Temos
aqui um dos tipos
habituais de comunicação
nas ocorrências de
morte. Pela persistência
com que se repetem, os
cientistas do mundo são
constrangidos a
examiná-los. Alguns
atribuem esses fatos a
transmissões de ondas
telepáticas, ao passo
que outros neles
encontraram os chamados
fenômenos de monição.
(1) Isso tudo,
porém, reduz-se na
Doutrina do Espiritismo
à verdade simples e pura
da comunhão direta entre
as almas imortais".
(Obra citada, cap. 21, pp. 205 a 207.)
C. Animismo é o mesmo que mistificação inconsciente?
Em resposta a esta pergunta, Aulus explicou:
"Muitos companheiros
matriculados no serviço
de implantação da Nova
Era, sob a égide do
Espiritismo, vêm
convertendo a teoria
animista num travão
injustificável a lhes
congelarem preciosas
oportunidades de
realização do bem;
portanto, não nos cabe
adotar como justas as
palavras
mistificação
inconsciente ou
subconsciente para
batizar o fenômeno”.
Depois, referindo-se à
manifestação anímica que
ensejou a pergunta
mencionada, Aulus
acrescentou: “Na
realidade, a
manifestação decorre dos
próprios sentimentos de
nossa amiga, arrojados
ao pretérito, de onde
recolhe as impressões
deprimentes de que se vê
possuída, externando-as
no meio em que se
encontra".
(Obra citada, cap. 22,
pp. 211 e 212.)
Texto para leitura
93. Elisa desencarna - Ante a surpresa de
Hilário, que não
compreendia como uma
velhinha enferma podia
ser submetida a provação
daquela ordem, Aulus
observou: "Concordo em
que é lamentável o
quadro sob nosso exame,
entretanto, ninguém trai
as leis que nos regem a
vida. Elisa, com a
presença do filho,
recebeu aquilo que
procurou ardentemente.
Certo, apresenta-se na
configuração passageira
de uma anciã penetrando
a antecâmara da morte,
todavia, na realidade, é
um Espírito imperecível
e responsável, manejando
os valores mentais que
se expressam e se
conjugam, segundo
princípios claros e
definidos". Feita
ligeira pausa, o
instrutor acentuou:
"Muita vez, pedimos o
que não conhecemos,
recolhendo o que não
desejamos. No fim,
porém, há sempre lucro,
porque o Senhor nos
permite retirar, de cada
situação e de cada
problema, os preciosos
valores da experiência".
Em seguida, após
conferenciar com
Teonília, desligou o
rapaz de sua genitora,
usando para isso
avançados potenciais
magnéticos.
Verificou-se então
curioso fenômeno. Tão
logo se afastou Olímpio,
Dona Elisa – que antes
falava bastante animada
– entrou em absoluta
prostração, qual se
houvera sido manietada.
O Assistente explicou:
"A atuação do filho
desencarnado
alimentava-lhe a
excitação mental a
incidir sobre o campo
nervoso. Agora, está
confinada às energias
que lhe são próprias".
Dona Elisa não mais
logrou articular uma
única frase, embora
visse e ouvisse, e não
conseguiu também mover
os braços, ante a dor
aguda que passou a
registrar no peito.
Dava-se nela a contração
final das coronárias; o
processo anginoso
chegara ao fim; o
organismo da enferma não
mais reagia ao influxo
magnético do
Assistente. Dona Elisa
entendia então que lhe
cabia fazer a viagem do
túmulo e, como se um
relâmpago lhe rasgasse a
noite mental, num desses
raros minutos que valem
séculos para a alma, ela
reviu apressadamente o
passado, quando todas as
cenas da infância, da
mocidade e da madureza
lhe reapareceram no
templo da memória, como
que a convidá-la a
escrupuloso exame de
consciência. Anésia
orava em pranto
silencioso, e a
agonizante entendeu-a,
mas apenas derramou
lágrimas como resposta.
Em seguida, fitando a
filha, Dona Elisa
projetou-se na vida
post-mortem,
mantendo-se, ainda,
ligada ao corpo denso
por um laço de
substância prateada.
(Cap. 21, págs. 203 e
204)
94. Dona Elisa visita a irmã no instante da
morte - Enquanto se
inteiriçavam os membros
da falecida, um só
pensamento lhe
predominava no Espírito:
dizer adeus à última
irmã consanguínea que
lhe restava na Terra.
Envolvida assim na onda
de forças que nascia de
sua própria obstinação,
ela afastou-se, ligeira,
volitando
automaticamente no rumo
da cidade em que se lhe
situava a parenta.
Dezenas de quilômetros
foram vencidos
instantaneamente, e Dona
Elisa, acompanhada do
grupo socorrista,
chegou a um aposento mal
iluminado, em que
venerável anciã dormia
tranquila. Era sua irmã
Matilde. Consciente de
que não dispunha senão
de rápidos instantes,
Elisa vibrou algumas
pancadas no leito da
irmã, que acordou de
chofre, entrando, de
imediato, em sua esfera
de influência. Elisa
passou a falar-lhe,
atormentada. Matilde,
contudo, não lhe
escutava as palavras
pelos condutos auditivos
do vaso carnal e sim
pelo cérebro, através de
ondas mentais, em forma
de pensamentos a lhe
remoinharem ao redor da
cabeça. Ela ergueu-se,
pois, inquieta e falou
de si para consigo:
"Elisa morreu". Aulus
explicou: "Temos aqui um
dos tipos habituais de
comunicação nas
ocorrências de morte.
Pela persistência com
que se repetem, os
cientistas do mundo são
constrangidos a
examiná-los. Alguns
atribuem esses fatos a
transmissões de ondas
telepáticas, ao passo
que outros neles
encontraram os chamados
fenômenos de monição.
(1) Isso tudo,
porém, reduz-se na
Doutrina do Espiritismo
à verdade simples e pura
da comunhão direta entre
as almas imortais".
Todas as pessoas, desde
que o desejem, podem
efetuar semelhantes
despedidas quando partem
da Terra? A essa
indagação de Hilário, o
Assistente respondeu:
"Sim, Hilário, você diz
bem quando afirma `desde
que o desejem',
porque semelhantes
comunicações, no
instante da morte,
somente se realizam por
aqueles que concentram a
própria força mental num
propósito dessa
espécie". Após falar à
irmã, Elisa voltou a
casa, menos aflita,
embora fatigada.
Desejando reaver o
veículo físico, não o
conseguiu: flutuou
apenas sobre o leito,
ligada aos despojos
carnais pelo tênue fio
prateado. De alma
opressa, Elisa não sabia
definir se estava viva
dentro da morte ou se
estava morta dentro da
vida. Nesse momento
outros amigos
espirituais, a quem
competiria ajudar na
libertação final da
falecida, deram entrada
na câmara. (Cap. 21,
págs. 205 a 207)
95. Prisioneira do pretérito - Aulus e
seus pupilos voltaram a
participar de nova
reunião do grupo
presidido por Raul
Silva, em que cinco
pessoas obsidiadas
seriam atendidas. Em
dado momento, uma das
senhoras enfermas caiu
em pranto convulsivo,
exclamando: "Quem me
socorre? quem me
socorre?!..." E,
comprimindo o peito com
as mãos, acrescentou:
"Covarde! por que
apunhalar, assim, uma
indefesa mulher? serei
totalmente culpada? meu
sangue condenará seu
nome infeliz..." Raul
Silva, com a serenidade
habitual, consolou-a,
propondo-lhe o perdão
como remédio que
recompõe a alma
doente... "Guardar
ofensas é conservar a
sombra", disse-lhe o
dirigente. "Esqueçamos o
mal para que a luz do
bem nos felicite o
caminho..." A pobre
mulher replicou:
"Olvidar? nunca... O
senhor sabe o que vem a
ser uma lâmina enterrada
em sua carne? sabe o que
seja a calamidade de um
homem que nos suga a
existência para
arremessar-nos à
miséria, comprazendo-se,
depois disso, em
derramar-nos o próprio
sangue?" O doutrinador
não a contrariou quanto
ao direito à justiça,
mas ponderou se não
seria mais aconselhável
aguardar o
pronunciamento da
Bondade Divina. "Quem de
nós estará sem
mácula?", perguntou
Raul. Dizendo que há
muito não fazia outra
coisa, senão esperar, a
interlocutora contou
que, por mais que
quisesse esquecer o
passado, vivia a
carregar a sombra de
suas recordações, como
quem trazia no próprio
peito o sepulcro dos
sonhos mortos... "Tudo
por causa dele... Tudo
pelo malvado que me
arruinou o destino...",
afirmou, prorrompendo
em soluços, enquanto um
homem desencarnado, não
longe, fitava-a,
desalentado. (Cap. 22,
págs. 209 e 210)
96. Um caso de animismo - Hilário,
aludindo a essa
manifestação, informou
não ter visto nenhum
Espírito ao lado da
sofrida mulher. André
confirmou-o, dizendo ter
observado perto um
triste companheiro
desencarnado, sem
vislumbrar, contudo,
qualquer laço magnético
entre ele e a mulher. O
Assistente, afagando a
fronte da doente em
lágrimas, explicou:
"Estamos diante do
passado de nossa
companheira. A mágoa e o
azedume, tanto quanto a
personalidade
supostamente exótica de
que dá testemunho, tudo
procede dela mesma...
Ante a aproximação de
antigo desafeto, que
ainda a persegue de
nosso plano, revive a
experiência dolorosa que
lhe ocorreu, em cidade
do Velho Mundo, no
século passado, e entra
em seguida a padecer
insopitável melancolia".
A simples presença do
antigo verdugo, que a
ela se enleava, através
de vigorosos laços de
amor e ódio,
perturbava-lhe a vida
mental. A mulher havia
imobilizado grande
coeficiente de forças do
seu mundo emotivo, em
torno da experiência do
pretérito, a ponto de
semelhante cristalização
mental haver superado o
choque biológico do
renascimento no corpo
físico, prosseguindo
quase que intacta.
Fixando-se nessas
lembranças, quando
instada de mais perto
pelo antigo algoz, ela
se comportava como se
estivesse ainda no
passado, dando-se a
conhecer como
personalidade
diferente. Assaltada
por recordações penosas,
centralizava todos os
seus recursos mnemônicos
apenas no ponto
nevrálgico em que
viciara o pensamento.
Mediunicamente falando,
tratava-se de um
processo de autêntico
animismo. "Nossa amiga
supõe encarnar uma
personalidade
diferente, quando
apenas exterioriza o
mundo de si mesma",
disse André Luiz. Tal
fato equivaleria a uma
mistificação
inconsciente? Essa
pergunta mereceu de
Aulus a seguinte
resposta: "Muitos
companheiros
matriculados no serviço
de implantação da Nova
Era, sob a égide do
Espiritismo, vêm
convertendo a teoria
animista num travão
injustificável a lhes
congelarem preciosas
oportunidades de
realização do bem;
portanto, não nos cabe
adotar como justas as
palavras
mistificação
inconsciente ou
subconsciente para
batizar o fenômeno. Na
realidade, a
manifestação decorre dos
próprios sentimentos de
nossa amiga, arrojados
ao pretérito, de onde
recolhe as impressões
deprimentes de que se vê
possuída, externando-as
no meio em que se
encontra". (Cap. 22,
págs. 211 e 212)(Continua no próximo
número.)
(1)
Monição, do lat.
monitionem,
significa: revelação, às
vezes pelo sono, de
acontecimentos presentes
ou passados.