Desde o início
do mês temos no
Brasil uma
novidade: uma
mulher na
Presidência da
República! Como
nos referir a
ela:
presidente
Dilma ou
presidenta
Dilma?
Recebemos de um
leitor da
revista, a
propósito do
assunto, um
verdadeiro
manifesto em
prol do uso, em
tal caso, da
palavra
“presidente”.
Ei-lo, de forma
resumida:
Existem na
língua portuguesa
os particípios
ativos como
derivativos
verbais. Assim é
que o particípio
ativo do verbo
atacar é
atacante, o de
pedir é pedinte,
o de cantar é
cantante, o de
existir é
existente, o de
mendicar é
mendicante...
No tocante ao
verbo ser, o
particípio ativo
é ente.
Aquele que é: o
ente, palavra
que indica
aquele que tem
entidade, que é
um ser.
Quando queremos
designar alguém
para exercer a
ação que
expressa um
verbo há que se
adicionar à raiz
verbal os
sufixos ante,
ente ou
inte.
Em face disso, a
pessoa que
preside
é presidente, e
não presidenta,
independentemente
do gênero a que
ela pertença.
Exemplos: o
presidente FHC,
a presidente
Ângela.
Assim é que se
diz capela
ardente, e não
capela "ardenta";
estudante, e não
"estudanta";
adolescente, e
não "adolescenta";
paciente, e não
"pacienta".
Napoleão Mendes
de Almeida
tratou do
assunto em seu
conhecido
“Dicionário de
Questões
Vernáculas”, no
qual optou de
forma clara pelo
uso da palavra
“presidente”,
comum aos dois
gêneros: o
presidente
Antônio, a
presidente
Isabel.
Eis um trecho do
que Napoleão
escreveu:
“Alguns dos
adjetivos de tal
terminação (nte)
andam a ser
flexionados em
nta no
feminino quando
substantivados:
parenta,
infanta,
governanta.
Presidenta,
porém, ainda
está, ao que
parece, no
âmbito familiar
e chega a trazer
certo quê de
pejorativo” (DQV,
p. 244).
Ocorre que
diversos
estudiosos do
nosso idioma, a
exemplo de Luiz
Antonio Sacconi,
Édison de
Oliveira e
Aurélio Buarque
de Holanda,
admitem o uso da
palavra
presidenta,
substantivo
feminino que
tanto pode
significar a
mulher que
preside, como a
mulher de um
presidente.
Conclusão:
É indiferente
dizer
“presidente
Dilma” ou
“presidenta
Dilma”. E se ela
própria prefere
a segunda forma,
não há por que
deixar de
usá-la. Afinal,
a dirigente
máxima da nação
não a considera
“pejorativa”.