MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Nos Domínios da
Mediunidade
André Luiz
(Parte
32)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Nos Domínios da
Mediunidade,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Como atender a pessoa
numa manifestação
anímica?
Segundo Aulus, ela deve
ser tratada com a mesma
atenção que ministramos
aos sofredores que se
comunicam, pois se
trata de um Espírito
imortal solicitando-nos
concurso e entendimento
para que se lhe
restabelecesse a
harmonia. Explicou o
instrutor: "Um
doutrinador sem tato
fraterno apenas lhe
agravaria o problema,
porque, a pretexto de
servir à verdade, talvez
lhe impusesse corretivo
inoportuno ao invés de
socorro providencial.
Primeiro, é preciso
remover o mal, para
depois fortificar a
vítima na sua própria
defesa". A paciência e a
caridade eram ali
indispensáveis para
salvá-la. A irmã deveria
ser ouvida na posição em
que se revelava, como
sendo em tudo a
desventurada mulher de
outro tempo, e assim
recebida, para que,
usando o remédio moral
que lhe fosse estendido,
pudesse desligar-se do
passado. "A
personalidade antiga não
foi tão eclipsada pela
matéria densa como seria
de desejar”,
acrescentou Aulus.
"Todos podemos cair em
semelhantes estados se
não aprendemos a
cultivar o esquecimento
do mal, em marcha
incessante com o bem."
(Nos Domínios da
Mediunidade, cap. 22,
pp. 213 e 214.)
B. Há nos manicômios
muitos doentes que
sofrem, em verdade,
intensiva ação hipnótica
obsessiva?
Sim. Aulus aludiu ao
assunto ao tratar do
caso de uma infeliz
mulher que, não fosse o
concurso fraternal que
recebia no grupo
espírita, ter-se-ia
transformado em vítima
integral da licantropia
deformante. Disse ele
que muitos Espíritos,
pervertidos no crime,
abusam dos poderes da
inteligência, fazendo
pesar tigrina crueldade
sobre quantos ainda
sintonizam com eles
pelos débitos do
passado. "A semelhantes
vampiros devemos muitos
quadros dolorosos da
patologia mental nos
manicômios, em que
numerosos pacientes, sob
intensiva ação
hipnótica, imitam
costumes, posições e
atitudes de animais
diversos." Esse
fenômeno é muito
generalizado nos
processos expiatórios em
que os Espíritos
acumpliciados na
delinquência descambam
para a esfera vibratória
dos brutos.
(Obra citada, cap. 23,
pp. 217 e 218.)
C. Em casos assim, por
que não separar desde
logo o algoz de sua
vítima?
Esta pergunta foi feita
por Hilário e respondida
por Aulus. "Calma,
Hilário! Ainda não
examinamos o assunto em
sua estrutura básica.
Toda obsessão tem
alicerces na
reciprocidade", explicou
Aulus. "Recordemos o
ensinamento de nosso
Divino Mestre. Não basta
arrancar o joio. É
preciso saber até que
ponto a raiz dele se
entranha no solo com a
raiz do trigo, para que
não venhamos a esmagar
um e outro. Não há dor
sem razão. Atendamos,
assim, à lei da
cooperação, sem o
propósito de nos
anteciparmos à Justiça
Divina." Como o
doutrinador tentasse
sossegar o comunicante
recordando-lhe as
vantagens do perdão e
incutindo-lhe a
conveniência da
humildade e da prece,
surgiu a inevitável
pergunta: Para colaborar
em favor desses irmãos
em desespero, seria
suficiente o concurso
verbalista? Aulus
esclareceu que, durante
a doutrinação, não eram
estendidas ao Espírito
palavras simplesmente,
mas acima de tudo o
sentimento. "Toda frase
articulada com amor –
disse Aulus – é uma
projeção de nós
mesmos." Assim, se era
incontestável a
impossibilidade de
oferecer-lhes a
libertação prematura,
doava-se, em favor
deles, a boa-vontade,
através do verbo
nascido de corações
igualmente necessitados
de plena redenção com o
Cristo.
(Obra citada, cap. 23,
pp. 218 a 220.)
Texto para leitura
97. Como tratar o
fenômeno anímico -
Aulus afirmou, então,
que eles se achavam, na
verdade, perante uma
doente mental, a
requisitar o maior
carinho para que se
recuperasse. E
acrescentou: "Para
sanar-lhe a
inquietação, todavia,
não nos bastam
diagnósticos complicados
ou meras definições
técnicas no campo
verbalista, se não
houver o calor da
assistência amiga". A
pobre irmã deveria ser
tratada com a mesma
atenção que ministramos
aos sofredores que se
comunicam, pois era
também um Espírito
imortal, solicitando-nos
concurso e entendimento
para que se lhe
restabelecesse a
harmonia. "Um
doutrinador sem tato
fraterno – asseverou
Aulus – apenas lhe
agravaria o problema,
porque, a pretexto de
servir à verdade, talvez
lhe impusesse corretivo
inoportuno ao invés de
socorro providencial.
Primeiro, é preciso
remover o mal, para
depois fortificar a
vítima na sua própria
defesa." Aquela irmã
podia ser considerada
médium? "Como não? Um
vaso defeituoso –
elucidou o instrutor –
pode ser consertado e
restituído ao serviço.
Naturalmente, agora a
paciência e a caridade
necessitam agir para
salvá-la. Nossa irmã
deve ser ouvida na
posição em que se
revela, como sendo em
tudo a desventurada
mulher de outro tempo, e
recebida por nós nessa
base, para que use o
remédio moral que lhe
estendemos,
desligando-se enfim do
passado..." "A
personalidade antiga não
foi tão eclipsada pela
matéria densa como seria
de desejar." Em
seguida, Aulus disse que
aquele caso era mais
comum do que se pensa:
"Quantos mendigos
arrastam na Terra o
esburacado manto da
fidalguia efêmera que
envergaram outrora!
quantos escravos da
necessidade e da dor
trazem consigo a
vaidade e o orgulho dos
poderosos senhores que
já foram em outras
épocas! quantas almas
conduzidas à ligação
consanguínea caminham do
berço ao túmulo,
transportando quistos
invisíveis de aversão e
ódio aos próprios
parentes, que lhes foram
duros adversários em
existências
pregressas!..." E
advertiu: "Todos
podemos cair em
semelhantes estados se
não aprendemos a
cultivar o esquecimento
do mal, em marcha
incessante com o bem..."
(Cap. 22, págs. 213 e
214)
98. O recurso da
prece - Naquela
altura, Raul Silva, que
continuara a tarefa de
doutrinação junto à
manifestante, convidou a
doente ao benefício da
prece. Competia a ela
suplicar ao Céu a graça
do esquecimento;
cabia-lhe expungir o
passado da imaginação,
de maneira a
pacificar-se... E,
singularmente comovido,
Raul recomendou-lhe
repetir em companhia
dele as frases sublimes
da oração dominical. A
senhora acompanhou-o
docilmente e, finda a
súplica, mostrou-se mais
tranquila. Traduzindo a
colaboração do mentor
espiritual que o
inspirava, Raul
rogou-lhe, por fim,
considerar, acima de
tudo, o impositivo do
perdão aos inimigos para
a reconquista da paz,
após o que, em lágrimas,
a enferma desligou-se
das impressões que a
retinham no pretérito,
tornando à posição
normal. O Assistente
comentou, então,
enquanto Raul aplicava
na irmã passes de
reconforto: "Outra não
pode ser, por enquanto,
a intervenção
assistencial em seu
benefício. Pela
enfermagem espiritual
bem conduzida,
reajustar-se-á pouco a
pouco, retomando o
império sobre si mesma e
capacitando-se para o
desempenho de valiosas
tarefas mediúnicas mais
tarde". (Cap. 22, págs.
214 e 215)
99. Um caso de
fascinação -
Terminado o atendimento
à primeira mulher, outra
senhora doente passou de
improviso ao transe
agitado. Ela
levantou-se de maneira
esquisita e, rodopiando
sobre os calcanhares,
como se um motor lhe
acionasse os nervos,
caiu em convulsões,
inspirando piedade. A
enferma jazia sob o
império de impassíveis
entidades da sombra,
sofrendo, contudo, mais
fortemente a atuação de
uma delas, que, ao
enlaçá-la, parecia
interessada em
aniquilar-lhe a
existência. Quase que
uivando, à semelhança de
loba ferida, gritava a
debater-se no piso da
sala, sob o olhar
consternado de Raul, que
exorava a proteção da
Bondade Divina, em
silêncio. A pobre doente
adquiria animalesco
aspecto, apesar da
proteção generosa dos
sentinelas da casa.
Aulus e Clementino,
usando avançados
recursos magnéticos,
interferiram no
deplorável duelo,
constrangendo o obsessor
a desvencilhar-se da
enferma, que continuou,
mesmo assim, dominada
por ele, a estreita
distância. Após
reerguer a doente,
auxiliando-a a sentar-se
rente ao marido, o
Assistente explicou: "É
um problema complexo de
fascinação. Nossa irmã
permanece controlada por
terrível hipnotizador
desencarnado, assistido
por vários companheiros
que se deixaram vencer
pelas teias da
vingança. No ímpeto de
ódio com que se lança
sobre a infeliz,
propõe-se humilhá-la,
utilizando-se da
sugestão. Não fosse o
concurso fraternal que
veio recolher neste
santuário de prece, em
transes como este seria
vítima integral da
licantropia deformante".
Aulus informou que
muitos Espíritos,
pervertidos no crime,
abusam dos poderes da
inteligência, fazendo
pesar tigrina crueldade
sobre quantos ainda
sintonizam com eles
pelos débitos do
passado. "A semelhantes
vampiros – esclareceu o
instrutor – devemos
muitos quadros dolorosos
da patologia mental nos
manicômios, em que
numerosos pacientes, sob
intensiva ação
hipnótica, imitam
costumes, posições e
atitudes de animais
diversos." Tal fenômeno
é comum em nosso mundo?
Aulus respondeu: "Muito
generalizado nos
processos expiatórios em
que os Espíritos
acumpliciados na
delinquência descambam
para a esfera vibratória
dos brutos". (Cap. 23,
págs. 217 e 218)
100. Alicerces da
obsessão - O cérebro
da mulher prosseguia
governado pelo
insensível perseguidor
como brinquedo em mãos
de criança. Hilário
indagou por que não
separar de vez o algoz
da vítima. "Calma,
Hilário! Ainda não
examinamos o assunto em
sua estrutura básica.
Toda obsessão tem
alicerces na
reciprocidade", explicou
Aulus. "Recordemos o
ensinamento de nosso
Divino Mestre. Não basta
arrancar o joio. É
preciso saber até que
ponto a raiz dele se
entranha no solo com a
raiz do trigo, para que
não venhamos a esmagar
um e outro. Não há dor
sem razão. Atendamos,
assim, à lei da
cooperação, sem o
propósito de nos
anteciparmos à Justiça
Divina." Raul, sob o
controle do mentor da
casa, tentava sossegar o
comunicante,
recordando-lhe as
vantagens do perdão e
incutindo-lhe a
conveniência da
humildade e da prece.
Para colaborar em favor
desses irmãos em
desespero, seria
suficiente o concurso
verbalista? O instrutor
esclareceu que não lhe
eram estendidas
simplesmente palavras,
mas acima de tudo o
sentimento. "Toda frase
articulada com amor –
disse Aulus – é uma
projeção de nós
mesmos." Assim, se era
incontestável a
impossibilidade de
oferecer-lhes a
libertação prematura,
doava-se, em favor
deles, a boa-vontade,
através do verbo
nascido de corações
igualmente necessitados
de plena redenção com o
Cristo. "Analisando o
pretérito, ao qual todos
nos ligamos, através de
lembranças amargas –
acentuou o Assistente –,
somos enfermos em
assistência recíproca.
Não seria lícito
guardarmos a pretensão
de lavrar sentenças
definitivas pró ou
contra ninguém, porque,
na posição em que ainda
nos achamos, todos
possuímos contas maiores
ou menores por
liquidar." Ato
contínuo, Aulus
lançou-se ao amparo
eficiente da dupla em
contenda. Para ele, a
doente e o perseguidor
mereciam igual carinho.
Aplicou passes de
desobstrução à garganta
da enferma e, em breves
instantes, o verdugo
começou a falar, através
dela, numa algaravia,
cujo sentido literal não
foi possível perceber,
mas se viu, pela onda de
pensamento que lhe
caracterizava a
manifestação, que a ira
se lhe extravasava do
ser. (Cap. 23, págs. 218
a 220)
(Continua no próximo
número.)