MARCUS
VINICIUS DE AZEVEDO
BRAGA
acervobraga@gmail.com
Guará II, Distrito
Federal (Brasil)
Namoro espírita
Conheci vários...
Conheci casais que
começaram a namorar nas
atividades da juventude
espírita e que hoje se
apresentam como belas
famílias, integradas e
felizes. Diria mais! A
maioria dos enlaces é
oriunda de amizades que
cultivamos no ambiente
escolar, no ambiente
profissional e, para
aqueles afetos, no
ambiente religioso. Como
local de convívio de
pessoas que comungam a
mesma visão da vida, a
prática religiosa
termina por ser a fonte
de muitos e longos
relacionamentos.
Daí surgem momentos de
fortalecimento, de
vivência, nas atividades
do “Culto do Evangelho
no lar”, na emoção dos
trabalhos assistenciais,
nas discussões
acaloradas e toda a gama
de eventos mágicos que
compõem a nossa
juventude em uma casa
espírita, vividos pelo
jovem casal e que trazem
as mais ternas
lembranças, passados os
anos. O livro “Vida e
Sexo”, de Emmanuel,
psicografia de Chico
Xavier, com belas
palavras descreve o
período do namoro como:
Inteligências que
traçaram entre si a
realização de empresas
afetivas ainda no Mundo
Espiritual, criaturas
que já partilharam
experiências no campo
sexual em estâncias
passadas, corações que
se acumpliciaram em
delinquência passional,
noutras eras, ou almas
inesperadamente
harmonizadas na
complementação
magnética, diariamente
compartilham as emoções
de semelhantes
encontros, em todos os
lugares da Terra.
Mas nem tudo são flores.
Nos momentos de
desavenças, de conflito,
de separação, o
conhecimento espírita e
a conduta digna deve
também pautar a relação.
É nessa hora que nós
realmente nos mostramos
espíritas.
Culpabilizações, ciúmes
doentios, traições,
abandono afetivo,
gravidez indesejada e
tantos outros eventos
comuns aos
relacionamentos não
estão ausentes do mundo
do relacionamento
afetivo entre espíritas,
o que demanda uma
conduta cristã dos
jovens e principalmente
dos dirigentes da
juventude e
frequentadores da casa,
entendendo os contextos,
sempre com os “olhos do
Cristo”.
Inúmeras também as
desavenças entre casais
que causaram entraves
nos trabalhos espíritas.
Companheiros jovens,
labutando no bem, se
ocorre uma separação,
uma briga, tudo se
desarmoniza. Esse é um
outro cuidado que nos
cabe. Saber separar a
individualidade da
figura do casal.
Relações afetivas podem
ter fim, principalmente
no período da juventude,
e, sejamos sinceros, a
“Vida continua”. Nossa
relação com o trabalho
no bem e com a Doutrina
Espírita deve ser
separada da relação
afetiva. Talvez não dê
para frequentar a mesma
casa espírita, revendo
sempre o ex-companheiro.
Mas existem outras casas
e outros trabalhos...
E, por fim, a questão do
namoro espírita suscita
no jovem ainda um outro
grande desafio: E se o
jovem espírita, ativo e
trabalhador, engajado
nas atividades
doutrinárias, se
apaixona por uma pessoa
vinculada a outra
denominação religiosa?
Parece complicado... Mas
tudo é uma questão de
abordagem. Religião é
questão de afinidade e
entendimento. Deve
servir para unir as
pessoas e não para
dividi-las. Caso o
coração escolha alguém
de outra seara, o
“respeito mútuo à
individualidade”, uma
grandeza que sustenta
grandes relações, deve
ser a tônica que permita
a vivência do amor,
compreendendo a sua
identidade religiosa. E
nada de se afastar do
trabalho no bem! O nosso
compromisso é com Jesus!
Tantas questões, tantos
cuidados... Mas ainda
acho que uma das coisas
mais belas do mundo é
ver jovens casais
irmanados no mesmo
ideal, atuando na
distribuição de sopa,
consolando os doentes,
sonhando o dia que terão
o seu lar, que farão o
Culto do Evangelho na
companhia de seus
filhos, Espíritos que
desde aquela época de
“namoro espírita” os
acompanhavam, já
sonhando com aquele
espaço doméstico envolto
em ideais sublimes.