CHRISTINA NUNES
meridius@superig.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
Guias
espirituais
A realidade da
atuação dos
guias, ou
mentores, ou
orientadores, ou
instrutores
espirituais
desencarnados,
que nos assistem
da
invisibilidade,
no sincero
interesse de nos
ajudar, é mera
questão de
lógica,
principalmente
para aqueles
que, com base em
experiência e
estudo, já
atingiram o
ponto pacífico
da veracidade da
continuação pura
e simples da
vida, após a
curta passagem
terrena.
É pura questão
de reflexão.
Vezes houve em
que,
literalmente,
"me descabelei"
de preocupação
pelos
sofrimentos e
reveses
enfrentados por
amigos e por
pessoas do meu
círculo mais
estreito de
afetividade. Em
ocasiões em que
me via
irremediavelmente
impedida de
ajudar, ou de
estar presente
ao lado de
amizades que
enfrentavam
dissabores
horríveis,
serviu-me o
telefone de
medianeiro; e
foi através
dele, muitas
vezes, que
chorei junto;
sofri junto;
pedi socorro
paralelo e
auxílio, em
favor de
afeições minhas,
em cujos
impasses eu
mesma me sentia
incapacitada
para ajudar e
amenizar-lhes os
efeitos
lamentáveis.
Já saí correndo
de casa sem nem
reparar no que
vestia; puxando
pela mão um
filho pequeno e
carregando no
colo outra, em
horas graves em
que o mesmo
telefone me
tocou com alguém
rogando a
urgência da
minha ajuda na
crise crítica
dos problemas de
saúde. Chorei
com amigos pela
perda de seus
entes queridos;
lamentei
francamente não
dispor de meios
de "voar", para
me situar nos
lugares de
calamidades
coletivas a fim
de somar mais um
par de braços na
hora do auxílio
superlativamente
necessitado.
Nestes
instantes, somos
apenas a
solidariedade; o
amor; a vontade
de estar junto.
Você sequer
pensa; você
simplesmente
VAI!
Então, por qual
tipo de
distúrbio
passaríamos após
a nossa
desencarnação,
para não
continuarmos
agindo igual?
Com a
desencarnação,
morrem os
afetos? Que
fiquem para trás
todos os que
amamos com seus
problemas,
porque, afinal,
o aprendizado é
deles, e não
nosso?!...
Reflitamos...
Os guias
espirituais de
todos os tempos
reiteram que se
situam ao nosso
lado não a
pretexto de
"muletas", que
nos tolham os
movimentos e o
exercício
evolutivo,
proveitoso
somente se
devidamente
vivido, nas suas
agruras, enganos
e desenganos,
acertos e
conquistas
íntimas.
Todavia, isto
não nos exime -
a eles, os
guias, como a
nós mesmos,
encarnados - do
impulso natural
da solidariedade
e do amor, que
nos impele a
juntar esforços
preciosos no
reconforto na
hora da desdita;
na compreensão e
no gesto de
carinho; no
abraço e na
carícia que,
como bálsamo,
nos segredam que
alguém nos
entende. Que
alguém por perto
está disposto a
dividir, a
enfrentar
conosco os
momentos de
tempestade, nem
que na simples
posição de
aguardar ao
nosso lado o
alvorecer dos
dias de
esperanças e de
renovação de
propósitos, de
ânimo, de
chances; alguém
que nos afague a
fronte, numa
condição
infinitamente
terna e humana,
a segredar:
"olhe, também já
passei por isto,
talvez que por
coisas piores;
no entanto tudo
passa, tudo
passou, para mim
como para você;
e, no final,
ganhamos, você
vai perceber que
crescemos com
isso..."
Por que para
além das portas
da eternidade a
infinidade de
seres com os
quais já
convivemos num
sem-número de
vidas passadas,
criando conosco
a preciosidade
inestimável dos
vínculos
afetivos
genuínos que
nunca se
desfazem, se
apartariam desta
afeição ao nosso
respeito, se
mesmo ainda
aqui, nesta
paragem ríspida
de provas e
experiências
corpóreas, ainda
assim, a
despeito de
todas as
dificuldades,
nos assistimos
uns aos outros;
nos
solidarizamos, e
tomamos muitas
vezes para nós o
sofrimento dos
nossos entes
queridos e
amizades, desde
a mãe na sublime
missão
sacrificial em
favor dos
caminhos
trilhados pelos
filhos, até a
amizade valiosa
do ambiente
profissional,
frequentemente
irmão de fé nos
momentos de
dificuldades, e
de quem nos
incomoda
assistir,
impassíveis, às
amarguras?