LEONARDO MARMO
MOREIRA
leonardomarmo@gmail.com
São José dos
Campos, São
Paulo (Brasil)
Velório
O momento da
morte representa
um impacto
emocional muito
forte para a
maioria dos
seres humanos.
Isto se aplica
tanto aos
próprios
desencarnantes
como aos seus
entes queridos.
Como ninguém
sabe ao certo
quando será sua
morte, ou, em
outras palavras,
por quanto
durará o resto
da sua própria
existência
física e a dos
seus amigos e
familiares, a
morte quase
sempre
representa uma
surpresa e um
grande choque
emotivo. Sendo
assim, a
preparação para
o enfrentamento
da complexa
transição
desencarnatória
consiste em uma
tarefa
espiritual
relevante,
urgente e
contínua. De
fato, a
preparação para
a morte, bem
como a
autoestruturação
para a vida
requer um
processo de
“educação
continuada” para
o Espírito que
almeja passar
bem por estes
dois estágios da
vida imortal.
Entretanto,
grande número de
criaturas
desencarna
diariamente na
Crosta terrestre
sem uma
preparação
prévia mínima
para enfrentar
esta difícil
transição. O
mesmo vale para
a maioria dos
amigos e
familiares do
desencarnante
que muitas vezes
não está
preparada para
encarar
adequadamente
este tipo de
ocorrência, a
começar pelo
comportamento de
disciplina
espiritual
requisitada no
chamado
“velório”.
O velório
consiste em um
período de mais
ou menos 24
horas em que os
indivíduos
próximos
“velariam” a
alma
desencarnante,
em etapa
preparatória
para a fase
decisiva e
terminal do
processo em
questão, que
seria a inumação
definitiva dos
despojos
carnais. O
velório
funcionaria
também como um
momento de
despedida e de
assimilação
emocional do
choque por parte
dos entes
queridos.
Além disso, o
velório ainda
apresenta uma
relevância
pragmática e
significativa,
que obviamente
tinha uma maior
importância nos
séculos
passados, que
consiste em
evitar que o
indivíduo seja
enterrado vivo.
Antigamente, os
critérios para
certificação da
morte, bem como
a assistência
médica, eram de
qualidade
precária. Isto
ocorria em
muitos rincões
distantes das
grandes cidades
e em situações
caóticas como a
guerra, onde as
certidões de
óbito não eram
proporcionadas
ou eram emitidas
de forma
irresponsável.
Assim, o
intervalo de
tempo respeitado
desde a
pressuposta
morte até o
enterro seria de
vital
importância para
que muitas
pessoas não
fossem inumadas
vivas. De fato,
há muitos casos
documentados no
Brasil e no
exterior de
indivíduos que
“acordaram”
durante o seu
próprio velório,
em função de
estados de
letargia ou
catalepsia
associados à
negligência e/ou
imperícia dos
responsáveis
pela
identificação e
caracterização
do óbito.
Do ponto de
vista
espiritual, a
tradição de
nossa sociedade
de respeitar um
período de
vigília entre o
óbito
propriamente
considerado e o
enterro é
totalmente
justificada. As
preces e o amor
dos amigos
ajudariam muito
o desencarnante
nessa viagem,
muitas vezes
perturbadora,
para o mundo
espiritual. Até
porque as preces
e as vibrações
ambientes podem
gerar, quando
realmente
elevadas,
barreiras
magnéticas que
impeçam a
presença de
Espíritos
sofredores e/ou
vampirizadores
que possam vir a
prejudicar o
desenlace de
nosso irmão.
Respondendo
sobre cremação,
Emmanuel
recomendou que
se respeitasse
um mínimo de 72
horas antes de
se efetuar tal
procedimento,
pois isso
evitaria
sofrimentos
desnecessários
para o Espírito
desencarnante,
uma vez que tal
período seria, a
priori,
suficiente para
o total
desligamento dos
últimos liames
que manteriam o
perispírito
conectado ao
corpo físico.
Tal informação
denota que a
desvinculação do
perispírito não
seria algo
trivial e,
ademais,
demonstra que o
processo
crematório pode
gerar
repercussões em
relação ao
perispírito do
Espírito que
ainda não se
libertou
totalmente das
impressões do
corpo. De
qualquer
maneira, a
recomendação do
Benfeitor
Espiritual
demonstra como é
importante nossa
atuação efetiva
do ponto de
vista espiritual
durante o
velório.
Considerando
esse contexto
relevante e
complexo de
natureza
espiritual,
seria
interessante
frisar alguns
comportamentos
interessantes
para todos
aqueles que se
dirigirem a um
velório:
1)
Somente
permanecer
presente no
velório enquanto
puder manter uma
postura de
vigilância;
2)
Orar com
sinceridade em
favor do
desencarnante e
de sua família,
compreendendo
que mais cedo ou
mais tarde
chegará a nossa
hora e que,
então,
constataremos o
gigantesco valor
da prece a nós
dirigida em
situações como a
desencarnação;
3)
Esforçar-se para
não lembrar
episódios
infelizes
envolvendo o
desencarnante,
compreendendo
que todo
pensamento tem
elevada
repercussão
espiritual;
4)
Estar sempre
disponível para
o chamado
“atendimento
fraterno” com os
irmãos
presentes, mas
não esquecer que
o velório não é
uma situação
adequada a
debates de
natureza
filosófico-religiosa;
5)
Respeitar a
religião de
todos os
presentes e os
cultos
correspondentes
a essas crenças,
buscando
contribuir
efetivamente
para a
psicosfera de
solidariedade do
ambiente mesmo
que em silêncio;
6)
Não perder o
foco do objetivo
maior da
presença no
velório que é o
auxílio
espiritual ao
desencarnante e
aos familiares
assim como aos
Espíritos
desencarnados
que estejam no
local
necessitando de
auxílio fluídico
através da
oração para
contribuir no
desligamento do
desencarnante;
7)
Estar
disponível, na
medida do
possível, para
contribuir
espiritual e/ou
materialmente
com os irmãos
presentes,
sobretudo
aqueles que
estiverem sob
maior impacto
pela morte do
irmão;
8)
Se convidado a
enunciar prece
ou algumas
palavras de
homenagem ao
desencarnante,
tomar o cuidado
de manter sempre
a brevidade, a
objetividade e o
otimismo,
evitando
quaisquer
imagens
negativas que
possam ser
sugeridas por
nossas palavras
em relação aos
irmãos
presentes, sejam
eles encarnados
ou
desencarnados;
9)
Aproveitar a
ocasião para
refletir sobre a
impermanência de
todas as
situações
materiais da
vida física,
fortalecendo o
nosso desejo de
amar e servir
durante o tempo
que ainda nos
resta no corpo
físico.
10)
Guardar a
certeza de que o
Espiritismo é “O
Consolador”
prometido por
nosso Mestre
Jesus e que a
mensagem da
Imortalidade da
Alma desvelada
por Jesus e por
Kardec é a base
de todas as
nossas buscas de
amor e
fraternidade,
bem como nosso
refúgio em
momentos
dolorosos como a
morte, sendo
antes de tudo
uma mensagem de
alegria e
otimismo,
verdadeiramente
a nossa “Boa
Nova”.