MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Nos Domínios da
Mediunidade
André Luiz
(Parte
36)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Nos Domínios da
Mediunidade,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. No caso da
psicometria, todos os
objetos podem ser o
ponto de partida para um
contato espiritual?
Em princípio, sim.
Segundo Aulus, cada
objeto pode ser um
mediador para entrarmos
em relação com as
pessoas que por ele se
interessam e, ainda, um
registro de fatos da
natureza. "Quando se nos
apura a sensibilidade de
maneira mais intensiva
– explicou o instrutor
–, em simples objetos
relegados ao abandono
podemos surpreender
expressivos traços das
pessoas que os retiveram
ou dos sucessos de que
foram testemunhas,
através das vibrações
que eles guardam
consigo." "As almas e as
coisas, cada qual na
posição em que se
situam, algo conservam
do tempo e do espaço,
que são eternos na
memória da vida." A
situação torna-se
diferente quando o
objeto se acha esquecido
pelo autor e por aqueles
que o possuíram. Nesse
caso, por não apresentar
qualquer sinal de
moldura fluídica,
ele não funcionará como
"mediador de relações
espirituais".
(Nos Domínios da
Mediunidade, cap. 26,
pp. 245 e 246.)
B. Têm fundamento as
histórias sobre joias
enfeitiçadas?
Falando sobre o assunto,
Aulus diz que a
influência não procede
das joias, mas sim das
forças que as
acompanham. Em seguida,
reportando-se ao caso de
um espelho que atraía a
atenção de uma jovem
desencarnada, Hilário
perguntou o que
aconteceria se alguém
adquirisse o espelho e
o levasse consigo.
"Decerto – informou
Aulus – arcaria também
com a presença da moça
desencarnada." Isso
seria justo? A esta
pergunta, Aulus disse
que a vida nunca se
engana e que seria mesmo
provável que alguém ali
aparecesse e se
extasiasse à frente do
objeto, disputando-lhe a
posse. Quem seria essa
pessoa? "O moço que
empenhou a palavra,
provocando a fixação
mental dessa pobre
criatura, ou a mulher
que o afastou dos
compromissos assumidos",
respondeu o instrutor.
"Reencarnados, hoje ou
amanhã, possivelmente um
dia virão até aqui,
tomando-a por filha ou
companheira, no resgate
do débito contraído."
(Obra citada, cap. 26,
pp. 247 a 249.)
C. Que acontece a quem
foge ao trabalho
sacrificial?
Segundo Aulus, quem foge
ao trabalho sacrificial
da frente, encontra a
dor pela retaguarda. O
Espírito pode
confiar-se à inação,
mobilizando
delituosamente a
vontade, contudo lá vem
um dia a tormenta,
compelindo-o a agitar-se
e a mover-se para
entender os impositivos
do progresso com mais
segurança. Não adianta
fugir da eternidade,
porque o tempo,
benfeitor do trabalho, é
também o verdugo da
inércia.
(Obra citada, cap. 27,
pp. 253 a 255.)
Texto para leitura
113. A
história do espelho
- Na sequência, Aulus
informou que cada
objeto pode ser um
mediador para entrarmos
em relação com as
pessoas que por ele se
interessam e, ainda, um
registro de fatos da
natureza. A própria
história da matéria que
lhe serviu à formação
pode ser, assim,
conhecida. "Quando se
nos apura a
sensibilidade de maneira
mais intensiva –
explicou o instrutor –,
em simples objetos
relegados ao abandono
podemos surpreender
expressivos traços das
pessoas que os
retiveram ou dos
sucessos de que foram
testemunhas, através das
vibrações que eles
guardam consigo." "As
almas e as coisas, cada
qual na posição em que
se situam, algo
conservam do tempo e do
espaço, que são eternos
na memória da vida." A
situação torna-se
diferente quando o
objeto se acha esquecido
pelo autor e por aqueles
que o possuíram. Nesse
caso, por não apresentar
qualquer sinal de
moldura fluídica,
ele não funcionará como
"mediador de relações
espirituais"... Mais
além, dois cavalheiros
e três damas admiravam
singular espelho, junto
do qual se mantinha uma
jovem desencarnada com
expressão de grande
tristeza. Logo que uma
das senhoras elogiou a
beleza da moldura, a
jovem, como sentinela
irritada, aproximou-se
tateando-lhe os ombros.
A mulher tremeu, sob
inesperado calafrio, e
falou aos companheiros:
"Aqui há um estranho
sopro de câmara
funerária. É melhor que
saiamos..." A entidade,
que não percebeu a
aproximação de André e
seus amigos, pareceu
contente com a solidão e
passou a contemplar o
espelho, sob estranha
fascinação. Aulus
comentou que a senhora
que registrou a
aproximação da jovem
desencarnada, era
portadora de notável
sensibilidade
mediúnica. Se educasse
suas forças e sondasse o
espelho, entraria em
relação imediata com a
moça, que ainda se apega
a ele desvairadamente.
Receber-lhe-ia então as
confidências e lhe
conheceria o drama
íntimo, porquanto
imediatamente lhe
assimilaria a onda
mental, senhoreando-lhe
as imagens... O
instrutor informou,
então, que o espelho
fora confiado àquela
moça por um rapaz que
lhe prometeu casamento.
Filho de franceses
asilados no Brasil, ao
tempo da França
revolucionária de 1791,
era possível ver sua
figura romântica nas
reminiscências da jovem
desencarnada. (Cap. 26,
págs. 245 e 246)
114. Cabe a nós
resolver os problemas
que criamos - O
rapaz chegara menino ao
Rio e aí cresceu. Quando
a conheceu,
conquistou-lhe o coração
e, juntos, arquitetaram
projetos de casamento,
fato que não se
consumou porque a
família do jovem,
animada com os sucessos
de Napoleão, na Europa,
deliberou retornar à
pátria. Embora desolado,
o rapaz obedeceu à ordem
paterna e, ao
despedir-se da noiva,
implorou-lhe guardasse o
espelho como lembrança,
até que pudesse voltar e
serem então felizes para
sempre... Distraído,
porém, pelos encantos de
outra mulher, ele jamais
regressou e a
pobrezinha, fixando-se
na promessa ouvida,
continuava a esperá-lo.
"O espelho – esclareceu
Aulus – é o penhor de
sua felicidade. Imagino
a longa viagem que terá
feito no tempo,
vigiando-o como sendo
propriedade sua, até que
a lembrança viesse por
fim repousar no museu."
O assunto fez André
recordar-se das antigas
histórias de joias
enfeitiçadas... "Sim,
sim – ponderou o
Assistente –, a
influência não procede
das joias, mas sim das
forças que as
acompanham." Hilário
perguntou o que
aconteceria se alguém
pudesse adquirir o
espelho e levá-lo
consigo. "Decerto –
informou Aulus – arcaria
também com a presença da
moça desencarnada." Isso
seria justo? A esta
pergunta de Hilário,
Aulus disse que a vida
nunca se engana e que
seria mesmo provável que
alguém ali aparecesse e
se extasiasse à frente
do objeto,
disputando-lhe a posse.
Nesse caso, quem seria
essa pessoa? "O moço que
empenhou a palavra,
provocando a fixação
mental dessa pobre
criatura, ou a mulher
que o afastou dos
compromissos assumidos",
respondeu o instrutor.
"Reencarnados, hoje ou
amanhã, possivelmente um
dia virão até aqui,
tomando-a por filha ou
companheira, no resgate
do débito contraído."
Certamente, a jovem
desencarnada poderia
curar-se da perturbação
de outro modo;
entretanto, examinada a
harmonia da Lei, o
reencontro do trio seria
inevitável. "Todos os
problemas criados por
nós não serão resolvidos
senão por nós mesmos",
acrescentou o
Assistente, que
informou ser possível
aos encarnados
portadores de aguçada
sensibilidade psíquica
sentir, pelo exame de
objetos, os reflexos das
pessoas que os usaram.
"As marcas de nossa
individualidade vibram
onde vivemos e, por
elas, provocamos o bem
ou o mal naqueles que
entram em contacto
conosco", aduziu o
Assistente, informando
que tais fatos
pertencem ao vasto
campo da mediunidade,
embora os
experimentadores do
mundo científico lhes
deem denominações
diversas, entre elas a
"criptestesia
pragmática", a "metagnomia
tátil" e a "telestesia".
(Cap. 26, págs. 247 a
249)
115. Mediunidade
transviada - André
Luiz visitou, na noite
seguinte, um grupo
mediúnico singular. As
entidades ligadas ao
grupo apresentavam
lamentáveis condições,
uma vez que pareciam
inferiores aos
componentes encarnados
da reunião. Apenas o
irmão Cássio, um
guardião simpático e
amigo, de quem Aulus se
aproximou, demonstrava
superioridade moral, mas
seu isolamento
espiritual era ali
evidente, visto que
ninguém lhe percebia a
presença e, decerto, não
lhe acolhia os
pensamentos. Cássio
informou ao Assistente
que aquele grupo, apesar
de seus reiterados
apelos à renovação,
nenhum progresso
apresentava. "Temos
sitiado o nosso Quintino
– esclareceu Cássio –
com os melhores
recursos ao nosso
alcance, mobilizando
livros, impressos e
conversações de
procedência respeitável,
no entanto, tudo em
vão... O teimoso amigo
ainda não se precatou
quanto às duras
responsabilidades que
assume, sustentando um
agrupamento desta
natureza..." O recinto
revestia-se de fluidos
desagradáveis e densos.
Dois médiuns davam
passividade a Espíritos
que, segundo observação
feita por André,
pareciam autênticos
criados do grupo,
assalariados talvez para
serviços menos
edificantes, tais as
preocupações de ordem
material dominantes. Ao
lado deles, entidades
diversas nas mesmas
condições iam e vinham.
O fenômeno da
psicofonia era
generalizado e os
médiuns desdobrados
mantinham-se no
ambiente,
alimentando-se das
emanações que lhes eram
peculiares. Raimundo,
um dos comunicantes,
atendia uma senhora,
cuja palavra leviana
inspirava piedade. O
assunto era o dinheiro
que a mulher possuía
retido num determinado
Instituto. A mulher
insistia em que Raimundo
deveria ajudá-la com
ação mais expedita, para
desencravar o
processo... (Cap. 27,
págs. 251 e 252)
116. O tempo é o
verdugo da inércia -
Enquanto Raimundo dizia
à senhora que já estava
fazendo o possível para
ajudá-la, Teotônio, o
outro comunicante da
noite, era cobrado por
um cavalheiro maduro, a
respeito de um emprego
que lhe fora prometido
quatro meses atrás. "Que
deseja que eu faça?",
perguntou-lhe o
Espírito. "Sei que o
gerente da firma é do
contra. Ajude-me,
inclinando-o a
simpatizar-se pela boa
solução de meu caso",
pediu-lhe o cavalheiro
encarnado. Em seguida,
Raimundo ouviu o pedido
de uma mulher que
desejava ver longe de
sua casa o rapaz que
pedira sua filha em
casamento. "Você não
poderá afastar esse
abutre?", perguntou a
senhora. Os assuntos
continuaram assim,
registrando-se naquele
recinto algo até então
impensável para André:
pessoas sadias e
lúcidas valendo-se do
intercâmbio com o mundo
espiritual para solução
de problemas
exclusivamente de ordem
material, atentos à lei
do menor esforço. Aulus,
percebendo a decepção
estampada no semblante
de André Luiz, informou:
"Um estudo atual de
mediunidade, mesmo
rápido quanto o nosso,
não seria completo se
não perquiríssemos a
região do psiquismo
transviado, onde
Espíritos preguiçosos,
encarnados e
desencarnados, respiram
em regime de
vampirização recíproca.
Aliás, constituem
produto natural da
ignorância viciosa em
todos os templos da
Humanidade. Abusam da
oração tanto quanto
menoscabam as
possibilidades e
oportunidades de
trabalho digno,
porquanto espreitam
facilidades e vantagens
efêmeras para se
acomodarem com a
indolência, em que se
lhes cristalizam os
caprichos infantis". E o
Assistente acrescentou:
"Vivemos a nossa grande
batalha de evolução.
Quem foge ao trabalho
sacrificial da frente,
encontra a dor pela
retaguarda. O Espírito
pode confiar-se à
inação, mobilizando
delituosamente a
vontade, contudo, lá vem
um dia a tormenta,
compelindo-o a agitar-se
e a mover-se para
entender os impositivos
do progresso com mais
segurança. Não adianta
fugir da eternidade,
porque o tempo,
benfeitor do trabalho, é
também o verdugo da
inércia". (Cap. 27,
págs. 253 a 255) (Continua no próximo
número.)