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Crônicas e Artigos

Ano 4 - N° 197 - 20 de Fevereiro de 2011

SIDNEY FRANCEZ FERNANDES
1948@uol.com.br

Bauru, São Paulo (Brasil)
 

Atitude e destino

“Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra.” – Mateus 5:5.


“– Quero processá-lo! Por ofensas morais, perdas e danos!”

Quem havia irrompido a porta do conceituado escritório de advocacia fora Wagner, o popular “dinamite”. Dr. Garcia bem conhecia a origem do apelido. Devia-se ao explosivo comportamento do seu cliente. Não era má pessoa. Mas que não fosse contrariado... Dr. Garcia também conhecia a parte contrária. Wagner estava furioso com o mecânico Pradão, que também não era um exemplo de docilidade e cortesia.

“– Você tem razão, Wagner! Vamos processar o Pradão. Traga-me seus documentos e amanhã entrarei com a petição. Mas antes quero um favor seu!” – solicitou Dr. Garcia.     

 “– Não me venha com suas conversas, Dr. Garcia. Você está querendo me enrolar. Você vai ou não vai processar o Pradão?” – perguntou Wagner.

 “– Sim! – respondeu Dr. Garcia. – Mas, antes, você vai me prometer uma coisa.”

“– O quê?” – respondeu “dinamite”.

“– Vá até o Pradão e diga o seguinte: Pradão, fui grosso com você. Desculpe-me! Mas só me responda uma coisa: Você vai ou não vai consertar o meu carro?”

“– Mas, Dr. Garcia, o Pradão não fez o serviço direito e eu ainda tenho que lhe pedir desculpas?” 

“– É a minha condição para aceitar o seu caso, Wagner. Depois disso volte aqui. Se o Pradão mesmo assim recusar-se a indenizá-lo, eu o processarei.”

O velho “dinamite” teve que manter seu estopim apagado. E, segundo posterior narrativa do próprio Pradão, Wagner fez tudo direitinho. “- Ele quebrou minhas pernas, doutor. Nunca pensei que ele aparecesse para me pedir desculpas! Minha resposta foi: - Claro que sim ‘dinamite’! Fique sossegado. Suas peças já foram até compradas. Talvez as outras estivessem com defeito. Mas agora tudo vai dar certo!”

Mais tarde Wagner volta ao escritório do Dr. Garcia: “– Mas você é malandro mesmo, hein doutor? Você já sabia que o Pradão iria consertar o meu carro!”

“– Não sabia – afirmou Garcia. – Pradão só reconsiderou por causa da sua atitude. Você, Wagner, consertou a situação.”

Abraçaram-se e riram às escâncaras.

*

Mansuetude não significa fraqueza. Nem autoritarismo representa superioridade. Quando conseguimos entender a essência da mensagem evangélica e temos coragem para aplicá-la em nosso dia-a-dia, controlando nossas tendências agressivas, a vida fica menos complicada. Essa “coragem evangélica” conserta situações, apazigua ânimos e reconstrói relações. A partir daí, sim, habilitamo-nos à divina seleção dos que efetivamente herdarão a Terra.

Nossas atitudes, impensadas ou refletidas, determinarão o rumo do nosso destino. Nesta vida ou além dela...



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita