LEONARDO MARMO
MOREIRA
leonardomarmo@gmail.com
São José dos
Campos, São
Paulo (Brasil)
Espiritismo,
Parapsicologia
e Metapsíquica
A Parapsicologia
e a sua
precursora
denominada Metapsíquica,
assim como
outras propostas
de estudo da
chamada
“paranormalidade”,
através de
diversas
metodologias
científicas, não
devem ser
consideradas
como adversárias
do Espiritismo,
mesmo quando
alguns
representantes
destas áreas
fazem afirmações
desse jaez.
Em primeiro
lugar, temos que
considerar que
as áreas do
conhecimento
são, a priori,
neutras em
relação a
quaisquer
interpretações
de fenômenos
naturais, pois,
do contrário,
não seriam
científicas.
Assim, as
inferências
individuais
constituem algo
secundário em
matéria de
análise
científica,
sendo muito mais
relevante a
proposta de
estudo do
fenômeno em si,
independentemente
das opiniões que
possam advir
dessas
pesquisas.
De fato,
considerando que
a tradição
materialista
ainda limita os
estudos
associados às
questões
relacionadas à
espiritualidade
e à
paranormalidade
em nossos meios
acadêmicos, o
fato de alguns
pesquisadores se
predisporem ao
estudo do
fenômeno por si
só já representa
algo
extremamente
positivo para o
avanço do
conhecimento de
natureza
espiritual em
nichos de maior
resistência ao
assunto em nossa
sociedade.
Ademais, a
existência da
área científica
relacionada ao
estudo do
fenômeno
paranormal já é
um forte indício
de que o
fenômeno existe,
ou seja, que o
fato é real,
autêntico,
independentemente
da interpretação
que as
diferentes
correntes
proporcionem em
relação a este
fato. Portanto,
a simples
constatação da
existência do
fenômeno já abre
um campo
extraordinário
de quebra de
preconceitos
acadêmicos e
avanço
científico.
Alguns confrades
poderão
argumentar que
significativa
percentagem de
grupos que se
propõem ao
estudo de áreas
como a
parapsicologia o
fazem eivados
por ideias
preconcebidas de
acordo com suas
respectivas
orientações
filosófico-religiosas
e/ou
“científicas”.
Esta constatação
realmente tem
fundamento, mas,
ainda assim, não
elimina os
pontos positivos
de se estudar a
questão. Até
porque estes
grupos não
constituem a
totalidade dos
pesquisadores da
área, e, como é
sabido, existe
grande número de
pesquisadores
que tem
contribuído
significativamente
para a
divulgação das
evidências de
autenticidade de
fenômenos que
comprovam a
imortalidade da
alma.
Neste contexto,
devemos admitir
que o debate,
mesmo que muitas
vezes
exacerbado,
sempre fez parte
do processo
científico. A
forte oposição
entre grupos de
ideias e
interpretações
contrárias está
associada a
grandes avanços
científicos da
academia e, por
consequência, de
nossa sociedade,
não sendo, por
conseguinte, uma
exclusividade
das questões
ditas
“paranormais” e
afins.
Estes debates
seriam positivos
independentemente
das ideias que,
a priori,
pareçam “vencer”
as referidas
discussões, pois
tais polêmicas,
quando
apropriadamente
divulgadas na
mídia, geram
mais reflexões,
mais debates e
mais discussões,
o que fomenta a
“fé
raciocinada”,
isto é, desperta
as criaturas
para pensarem
sobre o assunto,
o que é
extremamente
válido para
fomentar uma
busca sincera da
Verdade.
Do ponto de
vista espírita,
tais discussões
seriam
interessantes,
pois não
queremos impor
nossa doutrina a
quem quer que
seja, queremos
respeitosamente
estudar e
aprofundar a
busca pela
Verdade. Vale
sempre lembrar a
sábia orientação
de Allan Kardec
para que
seguíssemos a
Ciência se, em
algum momento,
ficar comprovado
que o
Espiritismo se
equivocou em
algum tópico.
Recomendou o
Codificador que,
se isso
acontecer,
deveríamos
corrigir o erro
e avançar em
busca da Verdade
coerentemente
com a Ciência.
Essa proposta do
Codificador
ilustra o
caráter
científico do
Espiritismo,
pois pessoa ou
grupo algum no
mundo pode
monopolizar a
Verdade. Nosso
próprio Mestre
Jesus afirma
categoricamente:
“Aqueles que não
estão contra
nós, estão por
nós”,
demonstrando que
a busca pelo bem
e pela Verdade
na melhoria da
nossa sociedade
requer
diferentes tipos
de contribuição.
Dentro destes
parâmetros, o
Espiritismo
ganha destaque
pela
consistência de
seu tríplice
aspecto. O fato
de ser uma
doutrina
científico-filosófico-religiosa
(entendendo
religiosa em um
sentido profundo
de busca por uma
efetiva e
constante
transformação
ético-moral da
criatura visando
ao seu
equilíbrio
emocional e à
prática da
fraternidade),
conecta
diretamente as
consequências do
esclarecimento
científico a uma
luta constante
da própria
criatura por uma
mudança
comportamental
para melhor, ou
seja, pela sua
autoeducação.
Logo, o trabalho
espírita
torna-se uma
fonte de
equilíbrio
pessoal e
social, em
função de
valorizar a
conexão
esclarecimento
científico:
transformação
moral.
Obviamente, a
Parapsicologia
–
bem como sua
precursora (a
Metapsíquica)
–
não atinge
tamanho nível de
abrangência, o
que não é
nenhuma
incoerência,
pois elas não se
propõem a este
tipo de
objetivo.
Entretanto, as
questões morais
estão
intrinsecamente
associadas ao
fenômeno
paranormal e a
outras questões
afins, como
Experiência de
Quase-Morte
(EQM), lembrança
de vidas
passadas etc.
Os Espíritos
desencarnados
não são cobaias
de laboratório,
manipuladas, ao
bel-prazer dos
pesquisadores.
Assim, ignorar
os fatores
morais que regem
tais fenômenos
limita a
probabilidade de
controle sobre
as variáveis
inerentes aos
referidos
experimentos,
diminuindo o
controle dos
fatores que
afetam os
resultados das
análises, que é
algo de praxe em
metodologias
científicas.
Léon Denis,
conforme é
narrado na
excelente obra
biográfica “Léon
Denis, O
Apóstolo do
Espiritismo”, de
Gaston Luce,
questiona as
exigências
experimentais
dos
Metapsiquistas,
uma vez que eles
não levam em
consideração as
Leis Morais que
regem toda a
influência
fluídica entre
os Espíritos.
Realmente, as
barreiras
magnéticas que
impedem o acesso
de Espíritos
pouco evoluídos
em determinados
ambientes (o que
é amplamente
ilustrado nas
obras de vários
autores, tais
como André Luiz)
somente existem
quando o grupo
reunido para o
trabalho em
questão
apresenta uma
série de
pré-requisitos
morais.
Condições como
boas intenções,
homogeneidade de
pensamentos e
propostas,
amizade mútua,
afinidade
espiritual,
preces iniciais
e finais
sinceras e
elevadas, entre
outras. Isso
ocorre, pois o
nível vibratório
do perispírito
(corpo
espiritual) do
Espírito
desencarnado,
isto é, o nível
de materialidade
do corpo
energético da
entidade,
depende da
evolução
espiritual dessa
criatura.
Além disso, um
ambiente
previamente
selecionado, que
seja
fluidicamente
elevado e que
apresente
condições de
tranquilidade
para o grupo,
favorece a
assistência de
Espíritos mais
elevados, uma
vez que os
mentores
espirituais são,
invariavelmente,
Espíritos
altamente
comprometidos
com o
aproveitamento
do tempo em
atividades úteis
e fraternas para
um maior
proveito
espiritual do
maior número
possível de
indivíduos.
Obviamente, a
curiosidade
científica é
algo meritório
aos olhos de
nossos
protetores.
Entretanto, a
curiosidade
ociosa,
pseudocientífica,
em um ambiente
sem compromisso
com o bem e a
fraternidade,
onde muitas
vezes impera a
rivalidade e o
ceticismo, não
atrairá os
verdadeiros
trabalhadores
espirituais.
As Leis
Universais que
regem a
Afinidade
Espiritual
estabelecem
naturalmente o
intercâmbio
fluídico entre
seres afins, o
que
frequentemente
limita a ação
efetiva dos
mentores
espirituais em
estudos
comprobatórios
da imortalidade
da alma. Tal
dificuldade
ocorre em função
da eventual
influência de um
grande número de
entidades
atrasadas sobre
muitos
componentes da
respectiva
reunião, entre
outros motivos.
Isto
aconteceria,
pois a
vinculação
perispiritual
entre o Espírito
encarnado e o
Espírito
desencarnado
inferior
moralmente,
eventualmente
atuando sobre o
primeiro como
obsessor, em
função da
sintonia de
pensamentos
entre ambos,
inviabilizaria
uma maior
atuação de
Espíritos
elevados sobre
os participantes
do trabalho.
O fenômeno
mediúnico é a
manifestação das
“almas dos
homens que
viveram no
mundo” e que
mantém, após a
morte do corpo
físico, suas
peculiaridades
em relação à
personalidade,
principalmente
seu
livre-arbítrio,
implicando que
podem desejar
contribuir ou
não com o bom
andamento dos
experimentos
desenvolvidos,
dependendo dos
interesses
espirituais a
que se afeiçoam.
Em outras
palavras, se
desejarem, podem
sabotar as
reuniões
objetivando
desacreditar a
imortalidade da
alma, quando são
criaturas que
por variadas
razões se sentem
infelizes e
revoltadas em
relação à sua
atual situação.
A Metapsíquica e
a Parapsicologia
não dão a tais
aspectos morais
a consideração
que eles
merecem, ou
melhor, na
maioria das
vezes não dão
consideração
alguma a tais
fatores, os
quais são
decisivos para
que a reunião
obtenha sucesso
em suas metas,
conforme
amplamente
ilustrados na
Obra Kardequiana.
Além do mais, “o
telefone toca de
lá para cá”,
como nos diz
Chico Xavier,
enfatizando que
as evocações
espirituais,
apesar de não
serem inviáveis,
não são
recomendáveis,
em função dos
riscos óbvios de
que ocorram
manifestações de
Espíritos que
não são os
evocados, mas
que se
identificam como
tais. Daí o
próprio
Professor
Herculano Pires
afirmar “Evoque
uma pedra e ela
responderá”, uma
vez que os
Espíritos
desencarnados
podem
evidentemente
mentir,
utilizando a
identidade
previamente
solicitada pelos
participantes.
Um tópico
adicional que
necessita ser
mencionado na
presente análise
diz respeito aos
chamados
neologismos que
imperam em
propostas como a Metapsíquica, a
Parapsicologia,
entre outras. É
possível
constatar que
vários conceitos
discutidos
primeiramente
por Allan Kardec
são
rediscutidos,
com frequência
sem adição
substancial de
conteúdo, sob
outras
denominações.
Se, sob um
determinado
ângulo, tal
realidade não
agrada aos
adeptos do
Movimento
Espírita, por
outro lado,
temos que
admitir que os
Verdadeiros
Espíritas bem
como os Mentores
Espirituais não
estão
preocupados com
os nomes e os
créditos
referentes aos
conceitos
espirituais, mas
sim com a
divulgação da
Verdade,
independentemente
da sua origem e
de quem recebe
os pressupostos
reconhecimentos.
Lembrando, uma
vez mais, Jesus:
“Aqueles que não
estão contra
nós, estão por
nós”.
Portanto, a
principal
preocupação dos
trabalhadores
espíritas no que
se refere aos
debates e
eventuais
correlações
positivas ou
negativas em
relação à
Parapsicologia e
áreas afins
deveria ser a
melhoria no
nível
doutrinário de
todos nós,
espíritas
militantes, para
conseguirmos
expor com mais
consistência e
clareza o
imensurável
conjunto de
evidências
concretas que o
Espiritismo nos
fornece da
realidade do
fenômeno
mediúnico, da
imortalidade da
alma e da
reencarnação.
Afinal, quem
busca
sinceramente a
Verdade, não tem
o que temer.
Pelo contrário,
deve considerar
positivos os
incentivos ao
debate e ao
estudo conjunto
para que a
realidade
espiritual surja
cada vez mais
patente para um
número maior de
irmãos, a fim de
que todos
conheçam a
Verdade para que
a Verdade nos
liberte.