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Crítica
Literária
Reencarnação no
Mundo Espiritual
Título da obra:
Reencarnação no
Mundo
Espiritual
Autor: Inácio
Ferreira
Médium: Carlos
A. Baccelli
Editora: LEEPP
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A pedido de
alguns amigos
nos propusemos a
tarefa de
analisar o livro
"Reencarnação no
Mundo
Espiritual"
escrito pelo
Espírito do Dr.
Inácio Ferreira
por meio da
psicografia do
médium Carlos A.
Baccelli.
O título do
livro causa a
princípio certa
estranheza, pois
reencarnar é
retornar a um
corpo de carne.
Será que existe
corpo carnal na
espiritualidade?
Procuramos de
alguma forma,
antes de ler o
livro, aceitar o
título como uma
metáfora, porque
talvez no
decorrer das
narrativas nosso
amigo Inácio
Ferreira
explicasse como
se processa o
renascimento no
mundo
espiritual.
Imaginamos que
ele fosse
explicar esse
renascimento de
maneira lógica e
racional, mas
isso não
ocorreu, pois,
havendo lido o
livro todo com
muita atenção e
carinho,
verificamos que
o Dr. Inácio
Ferreira fez
apenas quatro
citações a
respeito da
reencarnação no
mundo
espiritual, e
uma sobre a
gravidez, mas
fez apenas
citações, pois
não explicou,
não detalhou
como acontecem a
reencarnação e a
gravidez na
espiritualidade.
O Dr. Inácio
Ferreira
apresenta em seu
livro algumas
palavras de
Chico Xavier
(Espírito),
quando estavam
na noite de
Natal visitando
algumas
entidades
infelizes,
distribuindo
alimento e a
pomada Vovô
Pedro a essas
entidades,
acreditamos que
na intenção de
apresentar um
álibi à teoria
da reencarnação
no mundo
espiritual.
Nessa visita,
chegaram à casa
de um anão
chamado
Sinfrônio e
foram atendidos
por esse
Espírito que os
recebeu
desconfiado.
Chico se
apresentou
acalmando-o e
pedindo-lhe que
chamasse a
esposa Lucélia,
também anã, e
trouxesse o
filhinho, pois
estariam
recebendo
assistência.
Depois da
assistência
necessária,
Chico explica ao
Dr. Inácio
Ferreira que
Sinfrônio
houvera
encontrado essa
companheira na
espiritualidade
e depois
arrumaram o
Fininho, que é o
nome do
anãozinho, um
garotinho que
estava com um
ano de idade.
Vejamos o que
diz Chico a Dr.
Inácio:
“Os três são
Espíritos muito
ligados,
Doutor...
Fininho deve ter
vindo para
ajudar –
comentou Chico.
Um filho é
sempre uma
bênção, não é? –
disse fixando-me
nos olhos, como
a me conter a
curiosidade”.
(Capítulo 28,
página 284.)
Os geneticistas
ainda não
alcançaram êxito
na clonagem
do
ser humano
Mas ainda aqui
não se explicou
nada, pois tudo
ficou à conta da
suposição, pois,
sejamos
sinceros: esses
Espíritos eram
entidades
infelizes, não
tinham qualquer
acesso ao
conhecimento da
genética, não
teriam como
aplicar a
técnica da
reprodução
assistida –
gestação
pós-menopausa,
fecundação in
vitro,
fivete-fertilização
in-vitro e
transferência de
embriões,
geneterapia
fetal,
nascimento de
bebê de mãe
morta há mais de
um ano, escolha
do sexo pelos
pais, para os
futuros filhos,
clonagem de
seres humanos.
Mas, ainda que
tivessem acesso
a isso, exceto a
clonagem, todas
as demais
técnicas da
reprodução
necessitam dos
órgãos genitais
masculinos e
femininos para a
formação do
embrião, que
será, a seguir,
o bebê. E os
geneticistas
ainda não
alcançaram êxito
na clonagem do
ser humano!
Jerry Hall e
Robert Stillman,
professores da
Universidade
George
Washington nos
Estados Unidos,
anunciaram uma
experiência
realizada com
sucesso na área
da biologia,
onde pela
primeira vez na
história mãos
humanas
elaboraram uma
cópia perfeita
(clone) de um
embrião humano,
mas tiveram que
interromper essa
experiência no
sexto dia,
destruindo os
dois embriões,
por haverem se
utilizado de
células anormais
incapazes de se
desenvolver em
um bebê. Não
acreditamos,
portanto, que
aquelas
entidades hajam
dominado a
técnica da
clonagem; então,
somente nos
resta aceitar a
reprodução no
mundo espiritual
por meio da
cópula.
A relação sexual
de conjugação
dos corpos, como
a vivemos
enquanto
encarnados, a
vivem entidades
desencarnadas
ainda infelizes.
Nas trevas
existem orgias
mesmo,
realizadas por
elas, e quem nos
narra esse
acontecimento é
o Espírito André
Luiz, em várias
de suas obras,
mas ele
explicita melhor
esta questão em
seu livro "No
Mundo Maior".
Nesse livro,
André Luiz nos
diz que teve que
demorar-se no
umbral por não
estar ainda
preparado para
apreciar o
quadro doloroso
em que se
demoravam esses
Espíritos,
enquanto seu
orientador, o
Espírito
Calderaro, com
sua equipe de
assistência,
demandava as
trevas, em
visitação a
entidades
pervertidas do
sexo. O que
podemos deduzir
é que, se o
renascimento no
mundo espiritual
acontecesse
através da
cópula, nessas
orgias em que se
envolvem muitas
dessas
entidades, o que
aconteceria de
renascimentos
não dá para
imaginar.
Não encontramos
lógica em
reencarnação e
gravidez
na
espiritualidade
Sabemos também
que todas as
descobertas que
acontecem na
Terra são
antecedidas na
espiritualidade,
mas uma
descoberta, um
invento, tem sua
lógica de ser,
propicia a
evolução da
humanidade e,
por isso,
justifica-se.
Mas em que se
justifica a
reencarnação do
Espírito no
mundo
espiritual?
Haveríamos
aprendido o
relacionamento
sexual na
espiritualidade
antes, para
manifestá-lo na
vida material?
Acreditamos que
não, pois o sexo
está presente
como um meio
reprodutor em
todos os
elementos da
natureza.
Repetindo
Emmanuel: Sexo é
harmonia e vida
no conjunto do
universo, ou
seja, sexo não é
aprendizado, é
uma Lei da
Natureza, é um
elemento
propulsor da
evolução. A
conjugação dos
corpos gera
outros corpos,
mas a união dos
Espíritos não
gera Espíritos.
Cabe, pois, ao
Dr. Inácio
explicar-nos
essa
necessidade,
pois
infelizmente não
a vemos. Não nos
é proibido fazer
revelações na
doutrina
espírita, pois
André Luiz por
meio das mãos de
nosso saudoso
Chico Xavier nos
apresentou
várias
revelações, a
principiar pelo
livro "Nosso
Lar" em que nos
fala da
existência dessa
colônia e de
outras tantas,
colônias essas
que servem para
socorrer os
Espíritos
infelizes que se
demoram
perambulando na
Terra ou no
umbral. Mas o
Espírito André
Luiz explica
como essa
colônia foi
formada, nos
informa que
existem
hospitais, a
fonte das águas,
o campo da
música, não
apresenta uma
revelação
insustentável,
pois toda
revelação não
explicada,
detalhada mesmo,
está desprovida
da lógica e da
razão, e não
deve ser aceita.
(1)
Como conhecemos
o Dr. Inácio
Ferreira, tanto
quanto o
Baccelli, e os
sabemos idôneos
e responsáveis,
acreditamos que
estarão nos
explicando de
maneira
detalhada o que
o Dr. Inácio nos
quis dizer com
reencarnação e
gravidez na
espiritualidade,
em que
particularmente
não encontramos
lógica, embora
não acreditemos
que nossos
amigos estejam
agindo com
irresponsabilidade
para com a
doutrina
espírita.
Inácio Ferreira
se diz
preocupado com
possíveis
críticas que
se fariam à sua
obra
Alguns espíritas
que apreciam o
médium Baccelli
poderão ficar
contrariados
conosco, achando
que faltamos com
o respeito ao
Espírito de
nosso querido
amigo Dr. Inácio
Ferreira, e que
estamos
colocando em
xeque a
mediunidade do
nosso querido
Baccelli, mas
não é verdade,
pois estamos
apenas atendendo
aos requisitos
de Kardec quando
nos pede que
passemos pelo
crivo da lógica,
da razão e do
bom senso tudo o
que ouvirmos dos
homens ou dos
Espíritos; e nós
apenas pedimos
explicações,
mesmo porque o
próprio Dr.
Inácio Ferreira
também concorda
com esse
ensinamento de
Allan Kardec,
pois nessa mesma
obra, em várias
oportunidades,
ele nos fala da
importância
disso, como no
seguinte trecho:
“Eis o problema,
meu caro, o
grave problema
das religiões em
geral: pregam o
que não
explicam, não
pesquisam, não
investigam..."
(Capítulo 17
pág. 118.)
Nesse capítulo
(capítulo 17),
ele se retrata e
com muita
propriedade,
pois havia sido
infeliz
apresentando
anteriormente
uma censura
velada aos
patrulheiros
ideológicos da
doutrina, como
no trecho
seguinte: "Que
culpa tenho? Por
outro lado,
também não estou
um pingo
preocupado com a
maneira com que
os patrulheiros
ideológicos da
doutrina venham
a me julgar.
Aprendi, com os
nossos Mentores,
que, na seara
espírita, quem
trabalha não tem
tempo para a
crítica mordaz".
(Capítulo 7 pág.
74.)
Aqui o Dr.
Inácio Ferreira
se demora
preocupado com
possíveis
críticas que se
fariam à sua
obra,
preocupação essa
que não deveria
existir, pois,
quando
escrevemos um
texto ou um
livro, buscamos
apresentar nele
informações
coerentes e
precisas que
atendam à lógica
e à razão, e
resta aos
opositores
contrariar essa
lógica, com
outra lógica
mais precisa. Se
o fizerem, então
temos que nos
render
aceitando-a,
pois o interesse
da doutrina deve
estar acima de
qualquer coisa;
se não o
fizerem, estarão
apenas
parlengando, não
lhe prestemos
atenção.
O Espírito André
Luiz escrevia
pela psicografia
de Chico Xavier,
trazia as
informações e as
explicava, e não
se preocupava
com as críticas,
pois existem
sempre aqueles
que não explicam
nada, não
respondem aos
quesitos
apresentados e
lhes resta
apenas a
parlenda
desordenada, sem
explicar as
dúvidas
apresentadas e
falando de tudo,
menos do que
interessa ao
esclarecimento
da questão.
Polemizar
questões
referentes à
doutrina
espírita é
procurar a
verdade
A conclusão a
que chegamos a
respeito dessa
informação
apresentada pelo
Espírito do Dr.
Inácio Ferreira
é de que ele
apenas lançou a
ideia, e
provavelmente
vai tentar
esclarecê-la,
escrevendo outro
livro,
explicando-a,
pois
infelizmente
ainda não nos
convenceu.
Esta é nossa
opinião a
respeito deste
assunto. Se
algum amigo viu
alguma lógica e
razão que não
percebemos,
sinta-se à
vontade, pois
estamos de mente
aberta a
qualquer tipo de
apreciação. Mas
que apresentem
respostas que
elucidem, que
expliquem,
dentro do
assunto. Não
adianta dizer
coisas do tipo
“sou amigo do
Baccelli”, “eu o
conheço há
tempo”, “sei que
ele é uma pessoa
idônea e
responsável”,
nem tampouco
“sou inimigo do
Baccelli”, “não
o tenho como uma
pessoa
responsável”.
Estamos aqui
tão-somente
discordando de
uma obra
elaborada por
suas mãos, e é
por sermos
amigos do
Baccelli e do
Dr. Inácio
Ferreira, irmãos
de ideal
espírita, que
tomamos a
liberdade de
questioná-los.
A informação que
nos apresenta o
Espírito do Dr.
Inácio Ferreira
deve ser por ele
bem detalhada,
pois ela altera
toda a estrutura
da doutrina
espírita, no que
concerne às
obras básicas,
tanto quanto ao
que nos ensinam
vultos diversos
com presença
marcante na
literatura
espírita, como
Léon Denis,
Gabriel Delanne,
Emmanuel, André
Luiz e outros.
Devemos lembrar
que as obras
básicas estão
sustentadas por
uma lógica e uma
razão tão
grandiosas e
inabaláveis, a
ponto de não
assimilarem
revelações que
não se ajustem
na construção
desse monumental
edifício. As
obras básicas
são o alicerce,
a estrutura da
doutrina, e sua
complementação
deve ajustar-se
a essa magnífica
estrutura; caso
contrário,
estaremos
destruindo e não
somando.
Temos de
entender, por
fim, que
polemizar
questões
referentes à
doutrina
espírita não é
discutir um
ponto de vista
pessoal, é
procurar a
verdade, embora
relativa, pois a
verdade integral
pertence a Deus.
Temos
responsabilidades
perante a
doutrina
espírita e a
consciência de
que a clareza
doutrinária há
de estar acima
de tudo; se não
agirmos assim,
dentro de poucos
anos faremos do
Espiritismo uma
doutrina
dogmática, em
completo
desacordo com o
pensamento de
Kardec, que nos
propôs a fé
racional e disse
que fé
inabalável só o
é a que pode
encarar frente a
frente a razão,
em todas as
épocas da
Humanidade.
José Sola é
escritor e
colaborador da
revista
Espiritismo &
Ciência.
(1)
A característica
essencial de
qualquer
revelação tem
que ser a
verdade. Revelar
um segredo é
tornar conhecido
um fato; se é
falso, já não é
um fato e, por
consequência,
não existe
revelação. (A
Gênese. cap. I,
item 3.)