Em carta enviada à revista,
Ana Claudia Luz Dantas, do
Rio de Janeiro-RJ,
relatou-nos que, semanas
atrás, um palestrante disse
que eleitos são aqueles que
sempre seguiram o caminho do
bem e por isso não
precisaram reencarnar. Ela
então deseja saber o que
pensamos a respeito do
assunto.
A tese de que existem
Espíritos que não precisam
ou jamais precisaram
reencarnar é estranha à
doutrina espírita, visto que
a necessidade e a finalidade
da encarnação são assuntos
definidos com clareza na obra
kardequiana.
Kardec perguntou aos
Espíritos (O Livro dos
Espíritos, 132): – Qual o
objetivo da encarnação dos
Espíritos?
Eles responderam: “Deus lhes
impõe a encarnação com o fim
de fazê-los chegar à
perfeição. Para uns, é
expiação; para outros,
missão. Mas, para alcançarem
essa perfeição, têm que
sofrer todas as vicissitudes
da existência corporal:
nisso é que está a expiação.
Visa ainda outro fim a
encarnação: o de pôr o
Espírito em condições de
suportar a parte que lhe
toca na obra da criação.
Para executá-la é que, em
cada mundo, toma o Espírito
um instrumento, de harmonia
com a matéria essencial
desse mundo, a fim de aí
cumprir, daquele ponto de
vista, as ordens de Deus. É
assim que, concorrendo para
a obra geral, ele próprio se
adianta”.
Imaginando, com inteira
razão, que uma existência
corporal pudesse ser
insuficiente para se atingir
o objetivo da encarnação,
ele apresentou aos imortais
uma nova questão (O Livro
dos Espíritos, 166 e 167): –
Como pode a alma acabar de
se depurar?
Resposta: "Submetendo-se à
prova de uma nova
existência. A finalidade da
reencarnação é: Expiação,
melhoramento progressivo da
Humanidade. Sem isso, onde
estaria a justiça?".
Algum tempo depois, em
artigo publicado no ano de
1863 na Revista Espírita,
Kardec analisou a tese de
que os Espíritos não teriam
sido criados para encarnar;
a encarnação não seria senão
o resultado de suas faltas,
ou seja, se o Espírito
jamais errasse, se seguisse
sempre o caminho do bem,
dela estaria dispensado.
No artigo, que pode ser
visto na Revista Espírita de
1863, pp. 164 a 166, o
Codificador do Espiritismo
foi peremptório e reafirmou
a lição constante d´O Livro
dos Espíritos, esclarecendo
que a encarnação é uma
necessidade para o progresso
do Espírito e do próprio
planeta em que ele vive, e
não uma forma de castigo.
Emmanuel, Joanna de Ângelis
e André Luiz, assim como o
fizeram Léon Denis e Gabriel
Delanne, reafirmam em suas
obras o mesmo
pensamento acerca da
necessidade do processo
reencarnatório, que
constitui um dos princípios
fundamentais do Espiritismo.
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