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Brasil
Ano 4 - N° 202 - 27 de Março de 2011
PAULO SALERNO
pgfsalerno@gmail.com
Porto Alegre, Rio Grande do Sul (Brasil)

 

Conferência espírita evoca os 150 anos de O Livro dos Médiuns

Realizada de 18 a 20 de março, sob os auspícios da Federação Espírita do Paraná, a XIII Conferência Estadual Espírita reuniu em Pinhais-PR um público numeroso estimado em 10 mil pessoas

A Conferência Estadual Espírita, cujo tema geral foi Mediunidade com Jesus, teve o seu ponto de culminância nos dias 18, 19 e 20 de março de 2011, nas dependências da Expotrade, localizada em Pinhais, região metropolitana de Curitiba-PR. Dias antes, no período de 14 a 17 de março, a XIII Conferência Estadual Espírita, com execução descentralizada, foi levada a algumas regiões do interior do Paraná, quando, então, expositores de renome apresentaram a proposta espírita dentro da temática Mediunidade com Jesus.

Na noite do dia 18 de março, o evento foi aberto solenemente, com a presença de todos os conferencistas e autoridades do Movimento Espírita Brasileiro e do Paraguai. Destaque para a presença do Presidente da Federação Espírita Brasileira e Secretário do Conselho Espírita Internacional, Nestor João Masotti; do Prefeito de Pinhais, Luiz Goularte Alves; e do Presidente da Federação Espírita do Paraguai, Milciades Lescano.

Preparando o ambiente desse magnífico trabalho e a harmonia entre os assistentes, estimados em 10 mil pessoas, o maestro e compositor Plínio Oliveira, com  sua Orquestra da Paz, apresentou um belíssimo momento musical. O Secretário da Comissão Regional Sul da Federação Espírita Brasileira e Presidente da Federação Espírita do Paraná, Francisco Ferraz Batista, apresentou suas boas vindas ao público e aos expositores.

Nestor João Masotti proferiu breves palavras sobre o atual momento vivenciado no planeta Terra e a contribuição da Doutrina Espírita para a transformação do planeta para um mundo de regeneração. Destacou a profunda admiração da Federação Espírita Brasileira pelo trabalho que estava sendo desenvolvido, saudando todos os presentes e demais assistentes que puderam acompanhar o evento pelo rádio, pela televisão e pela internet.

Antes da conferência de abertura, proferida por Divaldo Franco, foi apresentado um vídeo institucional da

Mesa de abertura

Público

Dirigentes do eventos

Momento de autógrafos

Federação Espírita do Paraná enaltecendo as atividades desenvolvidas ao longo dos 108 anos de sua fundação.

A conferência de Divaldo Franco

O nobre conferencista, natural de Feira de Santana-BA, apresentou o tema Mediunidade com Jesus. Inicialmente destacou que a história é a pedra de toque que desgasta o tempo e revela a verdade. Historiou a caminhada da Humanidade e o trabalho de notáveis pensadores, filósofos e profetas, realizada no transcurso dos milênios, catalogando

as experiências psíquicas e de natureza mediúnica.

Destacou o trabalho realizado por Dante Alighieri, as experiências vivenciadas por Emanuel Swedenborg, pelo Papa Pio V, pelo Cardeal Eugênio Pacelli, entre outros. Relatando episódios anímicos e mediúnicos, Divaldo Franco, ressaltou, conforme Allan Kardec, que a mediunidade é uma faculdade orgânica e é inerente a todas as criaturas humanas. Exaltou o trabalho do Codificador da Doutrina Espírita que examinou a mediunidade com apurado senso crítico, organizando e escrevendo O Livro dos Médiuns, salientando ser esse livro um verdadeiro tratado de ciência experimental.

Allan Kardec, continuou Divaldo, estabeleceu as bases com que a mediunidade deve ser exercida, os princípios éticos e morais que devem balizar a conduta dos medianeiros. O Livro dos Médiuns é a diretriz básica para a compreensão dos fenômenos mediúnicos, oferecendo sólidas bases para as atividades nas Sociedades Espíritas, das quais é o guia seguro.

A mediunidade com Jesus é o trabalho de caridade. E neste momento de transição, a mediunidade está contribuindo, por meio de médiuns capazes, fornecendo importantes informações para a transformação da Humanidade e para a libertação do Espírito de seus atavismos, asseverou Divaldo Franco, que exortou a que se coloque o amor acima de qualquer vicissitude e, se for possível, toda a vez que se tenha uma grande problemática, que se ore a Deus, pedindo-Lhe a inspiração necessária. A mediunidade com Jesus vai nos ensinar a carregar os que sofrem em nossos braços, a ter paciência, compaixão e misericórdia, pois aquele que encontra Jesus nunca mais será o mesmo, concluiu o expositor de renome internacional.

O público, reconhecendo a importância do trabalho e a relevância das informações apresentadas pelo nobre tribuno, aplaudiu-o de pé e demoradamente. 

Seminário com Suely Caldas Schubert

Obsessão, Terapêutica e Prevenção com Jesus foi o tema desenvolvido pela expositora de Juiz de Fora-MG. Suely, com seu verbo inspirado e profunda conhecimento da mediunidade e do tema que lhe foi proposto, trabalhou sua argumentação, inicialmente, com base em O Livro dos Médiuns e em A Gênese, ambos de Allan Kardec.

Discorreu sobre o texto de Marcos, - Cap. V, 9 -; sobre as informações de Manoel Philomeno de Miranda, contidas no prefácio do livro Obsessão/Desobsessão, de sua autoria. Afirmou Suely Schubert que a obsessão realmente grassa de forma epidêmica. Como premissa básica para a reflexão proposta, a expositora destacou a capacidade da mente humana, uma verdadeira estação transmissora e receptora e disse que essa sintonia acontece de forma natural, sem que a criatura perceba. Tudo decorre dos pensamentos, sejam eles do teor que forem.

Para elucidar o que predispõe as obsessões, Suely buscou as informações em O Livro dos Espíritos, questão 459, e em O Livro dos Médiuns, item 252, salientando que as imperfeições morais é que abrem campo para as influenciações de Espíritos que desejam assediar a criatura humana. O fator preponderante é o próprio Espírito e o fator predisponente são as circunstâncias da vida, as imperfeições morais.

Suely alicerçou seu raciocínio a respeito das predisposições obsessivas no cap. XXVIII, item 81, de O Evangelho segundo o Espiritismo, no cap. XIV, item 45, de A Gênese e em Dias Gloriosos, de Joanna de Ângelis/Divaldo Franco.

Discorreu sobre os tipos de obsessão catalogados por Allan Kardec – simples, fascinação e subjugação -, e sobre as informações de Bezerra de Menezes, encontradas no livro Dramas da Obsessão, de Yvonne do Amaral Pereira. Como acontece o processo obsessivo, os meios de o combater e o controle mental foram outros assuntos ricamente explanados com base em Marcos, cap. 13:33; em Reencontro com a Vida, de Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco; O Livro dos Espíritos, questão 621; e nas informações de Eurípedes Barsanulfo encontradas nas págs. 253 e 254 do livro Tormentos da Obsessão, de autoria de Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco.

Enfatizou a estimada expositora de Juiz de Fora que a mudança de pensamentos, a prece, o exercício da vontade, a transformação moral em todos os aspectos, a terapia da caridade, libertam a criatura dos grilhões da obsessão. O atendimento fraterno, a autodesobsessão, a fluidoterapia, o atendimento à família, quando ela o admite, as reuniões de desobsessão, a participação nos estudos regulares, a prática da caridade, quando assim desejar o envolvido no processo obsessivo, e as reuniões públicas são recursos espíritas para o tratamento das obsessões.

Suely, inspirada como sempre, encerrou seu magnífico trabalho recitando o texto de Joanna de Ângelis intitulado Amorterapia. Aplaudida com grande intensidade, agradeceu a oportunidade do trabalho. 

Conferência de Alberto Almeida

Alberto Almeida, conferencista de Belém-PA, apresentou o tema Mediunidade nas Relações Interpessoais. O profitente espírita paraense explorou, com propriedade, a interação entre os dois mundos e a influência na vida das criaturas com base na questão 459 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.

Apresentou, para que o entendimento

se ampliasse, a definição de médium, de acordo com o exposto por Allan Kardec no cap. XIV de O Livro do Médiuns. Ressaltou que a mediunidade, de forma geral, se apresenta no cotidiano de cada criatura humana e que a influência dos Espíritos se faz presente diuturnamente na vida dos indivíduos.

A mediunidade favorece a percepção do mundo espiritual e mostra que o mundo dos Espíritos é  fulgurante. Consubstanciando essa afirmativa, Alberto Almeida narrou as experiências vivenciadas pela família Prado em Belém-PA, a mediunidade de efeitos físicos de Ana Prado e as sessões de materializações.

O fenômeno mediúnico é a ponte, a possibilidade de crescimento, de caridade, de serviço aos que são carentes de toda ordem. Os médiuns podem estar sintonizados com os bons Espíritos, mas também ocorre a conexão com os Espíritos menos bons. É necessário, por isso, estar muito vigilante, pois entre os dois mundos, o material e o espiritual, está o médium, que precisa saber identificar a índole do Espírito que veicula ou a quem se afeiçoa.

No cotidiano, o médium deve estar muito atento para não viabilizar a comunicabilidade dos Espíritos só porque tenham vontade. Quando isso se estabelece, quase sempre surge o distúrbio na área da mediunidade, caminhando na direção das perturbações obsessivas e dos quadros psiquiátricos.

Afirmou, em seguida, que Allan Kardec e Jesus são os dois termos que compõem a equação que dá a solução para uma mediunidade vitoriosa. Em determinadas circunstâncias e afastados do Evangelho de Jesus, podem os médiuns experimentar situações desagradáveis, inclusive de ordem orgânica, entrando em processos obsessivos e tornando-se instrumento negativo para as interferências no campo familiar ou profissional e também na Instituição Espírita, na qual podem tornar-se agente das sombras.

É a invigilância abrindo o campo para as perturbações espirituais. Destacou Alberto Almeida a orientação do evangelista Marcos: analisar, vigiar e orar. São três faces que estão interconectadas. Fazer um aprofundamento na apreciação, observando as orientações de Jesus, tão longe do homem na atualidade.

Alberto Almeida encerrou a conferência narrando um poema que a todos encantou. O público, agradecendo sua valiosa contribuição para o aclaramento das relações interpessoais através da mediunidade, aplaudiu-o de pé. 

Conferência de Haroldo Dutra Dias

O conferencista mineiro Haroldo Dutra Dias apresentou o tema Mediunidade nos Evangelhos. Iniciou sua explanação citando a proibição contida em Deuteronômio. Afirmou que não se proíbem condutas impossíveis, o que torna claro que a mediunidade e o intercâmbio com o mundo espiritual era explorados pelos contemporâneos de Moisés. Salientou, então, que o direito só proíbe condutas reprováveis.

Esse fato, o da proibição em Deuteronômio, é o primeiro marco da imortalidade da alma. Enriqueceu o entendimento apresentando a justificativa a esta proibição dada por Emmanuel na questão 274 de O Consolador, psicografado por Chico Xavier. Ampliando o tema um pouco mais, apoiou-se, também, em o livro Mediunidade e Sintonia, de Emmanuel/Chico Xavier, e afirmou que cada estágio de evolução da Humanidade exige um missionário com características próprias.

O profeta Joel, no cap. 2, v. 28 a 32, registrou a conhecida promessa de que nos tempos finais a luz da espiritualidade alcançaria os encarnados. Na questão 382 de O Consolador, Emmanuel apresenta a verdadeira definição de mediunidade. A mediunidade é uma fresta de luz que se abre, uma porta de esperança que se abre para toda a Humanidade, garantindo a certeza da imortalidade da alma, afirmou o expositor.

Haroldo destacou que o Evangelho é uma riqueza de manifestação espiritual. O Evangelho é Espírito puro, é a palavra eterna da Lei Divina falando ao coração dos seres humanos. Com relação à  prudência de Jesus sobre a mediunidade, o orador buscou o esclarecimento em Mateus, cap. 17:9 e em Marcos, cap. 9:9, elucidando que Jesus pediu discrição, notadamente com relação à transfiguração do monte, onde Moisés e Elias se manifestaram. Desse episódio destacou a lição importante, legada a todos os médiuns, de que mediunidade é algo sério, que exige seriedade, discrição e prudência.

Cada um é instrumento das forças que sintoniza. Mediunidade sem Jesus é um grande risco. Cada pessoa possui relações afetivas com o mundo espiritual. A mediunidade nos Evangelhos, no Novo Testamento, no próprio Cristianismo é a verdadeira mediunidade que torna a criatura livre, que nos conscientiza sobre a imortalidade e sobre os potenciais espirituais, e coloca a criatura em contato com o Criador.

Os aplausos irromperam fortes e demorados, oferecendo ao jovem conferencista os agradecimentos pelo muito que soube transmitir. 

Conferência de Sandra Borba Pereira

Natural do Rio Grande do Norte, Sandra Borba Pereira, oradora destacada, apresentou o tema Mediunidade na Perspectiva da Educação. Baseou a sua abordagem em quatro questões: 1. Por que a mediunidade deve ser educada? 2. Em que bases deve ser proposta a educação da mediunidade?
3. Que caminhos e estratégias podem

fornecer essa educação? 4. Que resultados podem proporcionar uma educação da mediunidade?

Respondeu a primeira indagação apresentando as informações contidas em o livro Ação e Reação, de André Luiz/Chico Xavier; em Estudos Espíritas, de Joanna de Ângelis/Divaldo Franco; e em O Livro dos Médiuns, cap. XVIII e XX, de Allan Kardec.

Para a segunda questão, a expositora buscou apoio no cap. XX de O Livro dos Médiuns, em Seara dos Médiuns, cap. 71, de Emmanuel/Chico Xavier; na questão 459 de O Livro dos Espíritos; e No Invisível, cap. 5, de Léon Denis.

A terceira questão norteadora foi respondida com base em Sementeira da Fraternidade, cap. 25, de Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco; na questão 919 de O Livro dos Espíritos; no cap. 3 do livro Nos Domínios da Mediunidade, de André Luiz/Chico Xavier; e na questão 387 de O Consolador, de Emmanuel/Chico Xavier.

A quarta proposição foi alicerçada pela brilhante expositora potiguar nas obras Desobsessão, cap. 25, de André Luiz/Chico Xavier e Waldo Vieira; no cap. XX de O Livro dos Médiuns; e no livro Emmanuel, de Emmanuel/Chico Xavier.

Destacou, à guisa de conclusão, a seguinte afirmação de Emmanuel: Não é a mediunidade que te distingue, é aquilo que fazes dela. Sandra Borba Pereira adiu, ainda, que ao fazer a luz brilhar diante dos homens, a criatura está no processo da educação que cada um pode realizar em si mesmo, construindo a harmonização consigo, com o próximo e com Deus.

O público, de pé  e vivamente atento, aplaudiu calorosamente a expositora potiguar.

Seminário com Divaldo Pereira Franco

O arauto do Evangelho Divaldo Franco, assomando novamente à tribuna, apresentou o tema Transtornos Mediúnicos. Expôs dados históricos, situando os assistentes, ávidos de informações, para a compreensão sobre a melancolia ou transtorno maníaco-depressivo. Ilustrando, apresentou dados sobre algumas personalidades e o correspondente estudo do comportamento que apresentavam, sob a ótica dos estudiosos do comportamento humano.

Os episódios de mediunidade de proeminentes nomes da História Universal e da Bíblia foram expostos para ampliar o entendimento e compreensão sobre os Transtornos Mediúnicos. Em Jesus se dá o clímax da mediunidade, dos fenômenos mediúnicos, estabelecendo a necessidade de o indivíduo se vincular a Deus a fim de se tornar instrumento da Divindade na condução do mundo. Ressaltou o expositor que nas atividades de Jesus, em seu ministério de amor e perdão, esclarecendo e consolando tantos quando Lhe buscavam ajuda, sempre estava presente o aspecto mediúnico.

Enriquecendo sua mensagem, Divaldo falou sobre as perseguições e martírios dos médiuns durante a Idade Média, sobre as obsessões na mediunidade catalogadas por Allan Kardec, as obsessões coletivas, os transtornos de ordem mediúnica, sobre o período típico de transição que a Humanidade experimenta na atualidade.

Chamou a atenção para o fato de que as obsessões possuem muitas sutilezas, valendo-se de ciladas bem urdidas. Como antídoto, devem os médiuns buscar a harmonia com as entidades lúcidas, afastando-se das vilanias de que são portadores aquelas equivocadas; contudo, sublinhou o conferencista, o maior antídoto contra as obsessões é a prática do bem. O exercício da mediunidade deve se tornar em uma história de renúncia, de trabalho no bem, do esforço em transformar-se intimamente, a elevação do padrão mental lúcido e equilibrado.

A Doutrina Espírita, informou Divaldo, é a presença do Cristo Jesus na vida das criaturas, abrindo a possibilidade para a ampliação dos horizontes inefáveis do amor. Desenvolver a ação da solidariedade, da fraternidade, da caridade, do bem, é a única alternativa que encaminha a criatura para a plenitude. Diante das dificuldades de toda ordem, a criatura não deve se queixar, mas fazer um pacto com o amor, pedindo a Deus as bênçãos e anelando por ser melhor do que na atualidade.

Encerrando sua participação, o público, tomado de emoção, dedicou-lhe uma vibrante salva de palmas, seguida de uma homenagem musical. A homenagem foi conduzida pelo coordenador do Setor de Artes da Federação Espírita do Paraná, maestro e compositor Plínio Oliveira. O espetáculo, intitulado Estrela Solitária, foi desenvolvido por Plínio Oliveira e a Orquestra da Paz, com a apresentação das seguintes canções: Será Melhor; O Amor; Onde Está Você?; Clara Estrela; Depois da Tempestade; Jequitibá; Semente de Amor; O Que é Que Eu Faço?; O Fim da Tarde; e Estrela Solitária.

O espetáculo, composto por essas belíssimas canções, falou de perto ao coração e fez com que as emoções e sentimentos aflorassem, transfundindo energias que a todos beneficiaram  e, sobretudo, estimularam o afloramento do amor, ágape inigualável. 

Conferência de José Raul Teixeira

Espiritismo e Mediunidade foi o tema desenvolvido pelo conferencista de Niterói-RJ, professor José Raul Teixeira. Apresentando estudos de antropólogos, o conferencista disse que em toda a parte existe a presença dos Espíritos, mesmo em grupos que não têm nada a ver com as crenças cristãs e independentemente da conceituação filosófica/religiosa.
 

Os pesquisadores constataram a presença dos Espíritos em todas as partes do mundo, em todas as épocas, e a faculdade mediúnica daí decorrente. Graças à  existência dos Espíritos e de criaturas encarnadas, há o intercâmbio entre os dois planos da vida. Discorreu, então, o nobre expositor, sobre os fenômenos subjetivos e objetivos da mediunidade.

Segundo São Luís, em O Livro dos Médiuns, a figura do médium é de pouca importância para o mundo espiritual. O expositor alinhou algumas ideias, tais como: A mediunidade, segundo o Espiritismo, só existe após a codificação realizada por Allan Kardec. Jesus sempre cuidou dos doentes e necessitados, atendendo seu rebanho sem a necessidade de médiuns; são os médiuns que necessitam de Jesus Cristo. A reunião mediúnica é uma sala de aula onde os participantes aprendem com as experiências daqueles que se comunicam com os encarnados.

A faculdade mediúnica não depende da moralidade, o médium pode ser possuidor de excelente faculdade mas dedicá-la ao mal. Há, porém, excelentes médiuns dedicados ao bem, auxiliares lídimos de Jesus Cristo. O Espiritismo faz compreender que o bom médium é, também, um bom indivíduo. Enfatizou igualmente o orador que é importante o aprimoramento moral, tornar-se uma criatura nobilitante e mais apta a sintonizar com as entidades esclarecidas.

A responsabilidade com a mediunidade, a comunhão de pensamentos, o silêncio mental são fatores primordiais para se alcançar um bom resultado na reunião mediúnica. A mediunidade é uma escola em que podemos aprender e aprimorar-nos no bem. Dar oportunidade para os Espíritos se comunicarem é um fato banal, mas a mediunidade segundo o Espiritismo é de lucidez, de transformação moral ante as grandes informações que nos chegam por nossos irmãos desencarnados.

A mediunidade com Jesus, com o Espiritismo, vai auxiliando o médium a vencer, passo a passo, as lutas do médium e a superar as suas dificuldades. Finalizada a conferência, José Raul Teixeira recebeu o carinho do público que o aplaudiu de pé e demoradamente. 

Segunda conferência de Sandra Borba Pereira

Sandra Borba Pereira, desenvolvendo seu segundo trabalho na XIII Conferência Estadual Espírita, apresentou o tema Fenômeno Mediúnico Através dos Tempos. Iniciou sua abordagem narrando alguns episódios da vida de Santa Teresa D’Ávila, contados por Chico Xavier.

O fenômeno da mediunidade não é exclusividade da Doutrina Espírita. A mediunidade é de todos os séculos e de todos os povos, segundo Léon Denis. Sobre esta assertiva, Sandra Borba disse que desde o mediunismo primitivo o homem se encontra em relação com os Espíritos que participavam da vida dos encarnados. Eles se apresentavam em todos os tipos de cultos, imiscuindo-se em todas as atividades, como revelam dados históricos que a versátil expositora apresentou.

Sandra Borba, relembrando passagens evangélicas, demonstrou a presença dos Espíritos nos Evangelhos. As dificuldades enfrentadas pelos médiuns na Idade Média e no início da Moderna, quando eram tachados de praticantes de atos demoníacos. Comentou, enriquecendo o entendimento, a mediunidade dos Santos e a mediunidade investigativa da contemporaneidade. A mediunidade, a partir das investigações de Allan Kardec, saiu da condição em que havia sido colocada, isto é, escondida, estigmatizada, para, em novas bases, agora de cunho moral e de conhecimento, para a evidência no cotidiano, demonstrando a imortalidade da alma.

Graças ao trabalho de Allan Kardec, a mediunidade passou a ser objeto de estudo e pesquisa, uma vez que o Codificador traçou, com a publicação de O Livro dos Médiuns, um roteiro seguro para o exercício mediúnico e para que, na prática mediúnica responsável, possa o médium dignificá-la, exercitá-la de forma orientada pelo exercício do bem, da caridade, com cunho moral elevado, com zelo e de conformidade com a Doutrina Espírita. Ao finalizar a conferência, Sandra Borba Pereira recebeu o afago do público que lhe chegou na forma de calorosos e demorados aplausos. 

Segunda conferência de Alberto Almeida

O conferencista paraense Alberto Almeida retornou à tribuna para expor o tema Mediunidade e Saúde. Iniciou sua explanação comentando a questão 474 de O Livro dos Espíritos, que ele afirmou tratar-se de uma questão emblemática, pois há, segundo Allan Kardec, epilépticos ou loucos que precisam mais de médico do que de exorcismos. Sobre essa afirmativa, Alberto Almeida informou que os espíritas precisam resgatar o conteúdo kardequiano.

Em O Livro dos Médiuns, cap. IV, há pelo menos treze possibilidades de explicação para as manifestações espíritas, dentre elas a comunicabilidade dos Espíritos, fundamentada na autenticidade do fenômeno mediúnico.

Afirmou o lúcido conferencista que nós os espiritistas somos chamados na atualidade a estarmos coerentes, sintônicos com o Codificador, para não fazermos deste olhar um comportamento que é muito comum, seja nos Centros Espíritas, seja nos meios acadêmicos, seja nos meios religiosos, isto é, uma postura fanatizante, de fundamentalismo científico ou religioso.

Há a necessidade de se discernir o verdadeiro fenômeno mediúnico daqueles de ordem psicopatológica. Diferenciar as questões da mediunidade autêntica daquelas de outra ordem, é de fundamental importância, tanto quanto identificar se é de origem obsessiva, de alucinação, de delírio histérico, de fundo psicopatológico, psiquiátrico ou de fraude, advertiu o conferencista.

Os dotados de psiquismo sensível precisam ser acolhidos para não se fatigarem emocionalmente, dando um trato adequado para cada caso. Há necessidade de ter muita atenção para compreender, discernir. A proposta do Espiritismo não é, como sabemos, curar o corpo, mas tratar o Espírito. O Espiritismo não veio para disputar com a medicina, não veio concorrer com a academia de parapsicologia, não veio negar o conteúdo das ciências;  veio dar as mãos, deixando que cada um se ocupe com o seu mister.

Alberto finalizou sua brilhante exposição dizendo que a mediunidade se nos afigura como uma bênção do Divino. E ao invés de, enquanto religiosos sectários, olharmos a mediunidade como algo que seja demoníaco, olhemos a mediunidade como uma bênção de concessão àqueles que fracassaram desastradamente e têm agora a possibilidade de se harmonizarem com a Lei Divina. Desse modo, o expositor concluiu sua participação na XIII Conferência Estadual Espírita e, em agradecimento, o público aplaudiu-o demoradamente. 

Segunda conferência de Haroldo Dutra Dias

Assomando novamente à tribuna, Haroldo Dutra Dias discorreu sobre o tema Mediunidade na Obra de Emmanuel. Informou, então, que Emmanuel adotou o método de dispersão das informações do mundo superior em diversas obras, exigindo de todos uma capacidade de leitura plural, vasculhando diversas obras para recolher as informações necessárias.

Emmanuel, no prefácio da obra Nos Domínios da Mediunidade, de André Luiz/Chico Xavier, diz que a ciência do Século XX avançou na pesquisa e no estudo da matéria. Discorreu o expositor sobre os pesquisadores da matéria no Século XIX, informando que após os avanços da ciência é impossível acreditar na matéria. No texto citado, Emmanuel afirmou  que O futuro pertence ao Espírito!

O expositor alicerçou seus argumentos nos cap. 25 e 27 do livro Roteiro, de Emmanuel/Chico Xavier; nos cap. 1 e 8 de Pensamento e Vida, de Emmanuel/Chico Xavier; no prefácio e cap. 1 do livro Nos Domínios da Mediunidade, de André Luiz/Chico Xavier; e em O Consolador, questão 387, de Emmanuel/Chico Xavier. Afirma Emmanuel que a ciência do futuro irá interpretar a realidade espiritual de cada um através de equações matemáticas.

Sentindo, mentalizando, falando ou agindo o ser humano sintoniza com as emoções e ideias de todos as pessoas, encarnadas ou desencarnadas de sua faixa de simpatia. A intuição é a base de todas as percepções espirituais, e por isso mesmo toda a inteligência emerge das forças invisíveis no setor de atividade regular em que se coloca. Intuição é a base da mediunidade, toda a criatura de Deus a possui e a desenvolve. O sintonizador da alma é o coração da criatura humana.

Qual a maior necessidade do médium? Respondendo a esta pergunta, Emmanuel diz-nos que a primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo, antes de se entregar às grandes tarefas doutrinárias, pois de outro modo poderá  esbarrar sempre com o fantasma do personalismo, em detrimento de sua missão.

Evangelizar significa o homem sintonizar o seu coração no coração do Cristo, pensar como Jesus pensava. Isto é a evangelização da alma. O reino de Deus é a obra divina no coração dos homens. O expositor discorreu sobre a questão 227, cap. XX, de O Livro dos Espíritos, e a questão 382, de O Consolador. Tratam estas duas questões dos atributos que os médiuns devem observar e desenvolver.

Encerrando sua contribuição no esclarecimento de tantos quantos o escutaram com atenção, Haroldo Dutra Dias foi amplamente aplaudido, recebendo, assim, o reconhecimento de seu profícuo trabalho. 

Nesse momento, por motivos de viagem programada para os Estados Unidos da América, o que o impedia de permanecer até  o final da Conferência, Divaldo Franco apresentou suas despedidas antecipadamente, agradecendo o carinho e a bondade de todos e desejando aos demais expositores todo o êxito na vitória do bem e, sobretudo, a dignificação da mediunidade.

Seminário com José Raul Teixeira

O notável conferencista de Niterói-RJ apresentou o Seminário intitulado Perigos e Inconvenientes da Mediunidade. Iniciou sua abordagem com a passagem do profeta Joel, no Velho Testamento, cap. 3:1, discorrendo sobre o seu conteúdo e elucidando o entendimento.

Depois, no item 159, cap. XV, de O Livro dos Médiuns, apresentou e detalhou a definição de médiuns, adindo que as diversidades da mediunidade são tantas quantos são os indivíduos. Ele abordou, então, a questão do desenvolvimento da mediunidade, anotada por Allan Kardec, no item 200, cap. XVII, do livro citado. A faculdade mediúnica é para que a criatura se liberte, se emancipe e não para que se comprometa. Ela auxilia a entender por que sofremos e para que compreendamos as causas das aflições e dores.

Do item 222, cap. XVIII, da obra em tela, extraiu o conferencista as informações que judiciosamente comentou, elucidando as questões das tramas dos Espíritos enganadores, dos que iludem, e esclarecendo que a faculdade mediúnica não deve ser desenvolvida para resolver problemas. Ela, em si mesma, não retira o sofrimento de ninguém.

As questões envolvendo as pessoas frágeis, débeis, excêntricas, que apresentem fragilidade das faculdades mentais, foi outro ponto importante abordado pelo expositor, que alertou para os cuidados que se deve ter para com estas pessoas sensíveis, não convindo excitá-las. Outro ponto importante foi o do desenvolvimento da mediunidade em crianças. Alertou para que os pais ajam com prudência quando envolvidos por processos mediúnicos em seus filhos.

Sobre a idade para o exercício regular da mediunidade, Raul Teixeira informou que não há idade precisa, que depende do desenvolvimento físico, ético, moral, de sua necessária maturidade. Há a necessidade de o jovem renunciar, fazer opções positivas para bem servir à mediunidade. Tudo está submetido ao temperamento e o caráter do jovem.

A mediunidade com Jesus é uma expressão que indica mediunidade a serviço do bem, mediunidade a serviço do amor, a serviço da dignidade humana. Desta forma finalizou de forma magistral o seu trabalho na XIII Conferência Estadual Espírita. Pelo excelente trabalho apresentado, Raul Teixeira recebeu caloroso e demorado aplauso dos participantes. 

Considerações finais

Nas considerações finais, cada expositor centralizou sua explanação no agradecimento, no sentimento de gratidão e reconhecimento desse grandioso evento, desejando sucesso aos que participaram, aos dirigentes, voluntários e funcionários da Federação Espírita do Paraná. O Presidente da Federação Espírita do Paraná, Francisco Ferraz, agradeceu, com emoção e gratidão, aos expositores, aos participantes e aos colaboradores que se desdobraram para atender, a tempo e hora, as necessidades do evento e dos participantes. Também agradeceu aos patrocinadores e solicitou uma forte salva de palmas para os 30 funcionários e os 460 voluntários solícitos e joviais, nominando nesse momento o companheiro Paulo Davi.


As fotos que ilustram esta reportagem são de autoria de Jorge Moehlecke.




 

 

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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita