MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Ação e Reação
André Luiz
(Parte
2)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo da obra
Ação e Reação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1957 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Que Espíritos residem
nas zonas infernais
propriamente ditas?
Residem ali apenas os
que, conhecendo suas
responsabilidades
morais, delas se
ausentaram,
deliberadamente. O
inferno pode, pois, ser
definido como vasto
campo de desequilíbrio
estabelecido pela
maldade calculada,
nascido da cegueira
voluntária e da
perversidade completa.
Estando em conexão com a
Humanidade terrestre,
uma vez que todos os
padecimentos infernais
são criações dela mesma,
esses lugares funcionam
como crivos necessários
para todos os Espíritos
que escorregam nas
deserções de ordem geral
e menosprezam as
responsabilidades que o
Senhor lhes outorga.
(Ação e Reação, cap. 1,
pp. 18 a 21.)
B. Que lição grande e
nova a viagem ao
sepulcro nos ensina?
O instrutor Druso diz
que as pessoas fazem uma
ideia errônea da morte,
julgando que seja ela o
ponto final dos nossos
problemas, enquanto
muitos se acreditam
privilegiados da
Infinita Bondade, por
haverem abraçado
atitudes de superfície,
nos templos religiosos.
"A viagem do sepulcro,
no entanto, ensinou-nos
uma lição grande e nova
– a de que nos achamos
indissoluvelmente
ligados às nossas
próprias obras", observa
Druso. "Nossos atos
tecem asas de libertação
ou algemas de cativeiro,
para a nossa vitória ou
nossa perda. A ninguém
devemos o destino senão
a nós próprios."
(Obra citada, cap. 2,
pp. 23 a 25.)
C. Que é preciso fazer
para livrar-se das
regiões infernais?
Sobre o assunto, Druso
recomendou aos que o
ouviam: “Reunindo todas
as possibilidades ao
nosso alcance,
espalhemos, nas
províncias de treva e
dor que nos rodeiam, o
socorro da prece e o
concurso do braço
fraternal, preparando o
regresso ao campo de
luta – o plano carnal –
, em que o Senhor pela
bênção de um corpo novo
nos ajudará a esquecer o
mal e replantar o bem”.
“Para nós, herdeiros de
longo passado culposo, a
esfera das formas
físicas simboliza a
porta de saída do
inferno que criamos." O
Instrutor, que estampava
na voz a inflexão de
quem trazia uma dor
imensamente sofrida,
concluiu então a sua
mensagem: "Supliquemos
ao Senhor nos conceda
forças para a vitória –
, vitória que nascerá em
nós para a grande
compreensão. Somente
assim, ao preço de
sacrifício no reajuste,
conseguiremos o
passaporte
libertador!..."
(Obra citada, cap. 2,
pp. 27 e 28.)
Texto para leitura
5. Regiões
infernais -
"Nestas regiões
inferiores – prosseguiu
Druso – não transitam
as almas simples, em
qualquer aflição
purgativa, situadas que
se encontram nos erros
naturais das
experiências primárias.
Cada ser está jungido,
por impositivos da
atração magnética, ao
círculo de evolução que
lhe é próprio. Os
selvagens, em grande
maioria, até que se lhes
desenvolva o mundo
mental, vivem quase
sempre confinados à
floresta que lhes resume
os interesses e os
sonhos, retirando-se
vagarosamente do seu
campo tribal, sob a
direção dos Espíritos
benevolentes e sábios
que os assistem..." Nas
zonas infernais
propriamente ditas
residem apenas os que,
conhecendo suas
responsabilidades
morais, delas se
ausentaram,
deliberadamente. O
inferno pode ser
definido, pois, como
vasto campo de
desequilíbrio,
estabelecido pela
maldade calculada,
nascido da cegueira
voluntária e da
perversidade completa.
Estando em conexão com a
Humanidade terrestre,
uma vez que todos os
padecimentos infernais
são criações dela mesma,
esses lugares funcionam
como crivos necessários
para todos os Espíritos
que escorregam nas
deserções de ordem geral
e menosprezam as
responsabilidades que o
Senhor lhes outorga. Os
gênios infernais que
supõem governar a
região, com poder
infalível, ali vivem por
tempo indeterminado; as
criaturas perversas que
com eles se afinam,
embora lhes padeçam a
dominação, prendem-se
ali por largos anos, e
as almas transviadas na
delinquência e no vício,
com possibilidades de
próxima recuperação, ali
permanecem em estágios
ligeiros ou regulares,
aprendendo que o preço
das paixões é demasiado
terrível. Druso
concluiu, então:
"Segundo é fácil
reconhecer, se a treva é
a moldura que imprime
destaque à luz, o
inferno, como região de
sofrimento e desarmonia,
é perfeitamente
cabível, representando
um estabelecimento justo
de filtragem do
Espírito, a caminho da
Vida Superior. Todos os
lugares infernais
surgem, vivem e
desaparecem com a
aprovação do Senhor, que
tolera semelhantes
criações das almas
humanas, como um pai que
suporta as chagas
adquiridas pelos seus
filhos e que se vale
delas para ajudá-los a
valorizar a saúde".
(Capítulo 1, pp. 18 a
21.)
6. Estamos ligados
às nossas obras
- A expressiva
assembleia que lotava o
recinto era, em grande
parte, desagradável e
triste. O número de
enfermos perfazia,
aproximadamente, duas
centenas, sendo que mais
de dois terços
apresentavam
deformidades
fisionômicas. A quase
completa quietude
reinante no ambiente,
apesar da tempestade que
rugia lá fora, devia-se
ao fato de estarem os
enfermos localizados em
um salão interior da
cidadela, revestido
exteriormente de
abafadores de som. Druso
pediu a um dos enfermos
que proferisse a oração
de início e, em seguida,
como se estivesse
conversando numa roda de
amigos, falou com
naturalidade: "Irmãos,
continuemos hoje em
nosso comentário acerca
do bom ânimo. Não me
creiam separado de vocês
por virtudes que não
possuo. A palavra fácil
e bem posta é, muita
vez, dever espinhoso em
nossa boca,
constrangendo-nos à
reflexão e à disciplina.
Também sou aqui um
companheiro à espera da
volta. A prisão
redentora da carne
acena-nos ao regresso".
O Instrutor falou-lhes
então da ideia errônea
que as pessoas fazem da
morte, julgando que esta
seja ponto final dos
nossos problemas,
enquanto muitos se
acreditam privilegiados
da Infinita Bondade,
por haverem abraçado
atitudes de superfície,
nos templos religiosos.
"A viagem do sepulcro,
no entanto, ensinou-nos
uma lição grande e nova
– a de que nos achamos
indissoluvelmente
ligados às nossas
próprias obras",
acentuou Druso. "Nossos
atos tecem asas de
libertação ou algemas
de cativeiro, para a
nossa vitória ou nossa
perda. A ninguém devemos
o destino senão a nós
próprios." (Capítulo 2,
pp. 23 a 25)
7. O pretérito
fala em nós, exigente
- Continuando, o
Instrutor falou sobre a
sabedoria e a bondade do
Pai Celeste, cuja
justiça "não se revela
sem amor". "Se somos
vítimas de nós mesmos –
disse Druso – somos
igualmente beneficiários
da Tolerância Divina,
que nos descerra os
santuários da vida para
que saibamos expiar e
solver, restaurar e
ressarcir. Na
retaguarda,
aniquilávamos o tempo,
instilando nos outros
sentimentos e
pensamentos que não
desejávamos para nós,
quando não
estabelecíamos pela
crueldade e pelo orgulho
vasta sementeira de ódio
e perseguição." A
desarmonia e o
sofrimento resultam,
pois, de semelhantes
atitudes: "O pretérito
fala em nós com gritos
de credor exigente,
amontoando sobre as
nossas cabeças os frutos
amargos da plantação que
fizemos... Daí os
desajustes e
enfermidades que nos
assaltam a mente,
desarticulando-nos os
veículos de
manifestação". Druso
lembrou-lhes, então, que
as ligações com a
retaguarda continuam
vivas e que laços de
afetividade mal dirigida
e cadeias de aversão os
aprisionavam, ainda, a
companheiros encarnados
e desencarnados, muitos
deles em desequilíbrios
mais graves e
constringentes... Sua
mensagem era de ânimo:
"Achamo-nos imbuídos do
sonho de renovação e
paz, aspirando à imersão
na Vida Superior,
entretanto, quem
poderia adquirir
respeitabilidade sem
quitar-se com a Lei?"
"Ninguém avança para a
frente sem pagar as
dívidas que contraiu."
Após breve pausa, e
indicando com um gesto a
torturante paisagem
exterior, Druso
prosseguiu em tom
comovente: "Em derredor
do nosso pouso de
trabalho e esperança,
alongam-se flagelos
infernais... Quantas
almas petrificadas na
rebelião e na
indisciplina aí se
desmandam no aviltamento
de si mesmas?" Lembrou,
porém, que a Lei Divina
funciona com igualdade
para todos. É por isso
que nossa consciência
reflete a treva ou a luz
de nossas criações
individuais. A luz,
aclarando-nos a visão,
descortina-nos a
estrada. A treva,
enceguecendo-nos,
agrilhoa-nos ao cárcere
de nossos erros. O
Espírito em harmonia com
a Vontade Divina
descortina o horizonte e
caminha, para diante; no
entanto, aquele que
abusa da vontade e da
razão, quebrando a
corrente das bênçãos
divinas, modela a sombra
em torno de si mesmo,
insulando-se em
pesadelos aflitivos,
incapaz de seguir à
frente. A reencarnação,
como recomeço de
aprendizado, é-nos,
pois, concessão da
Bondade Excelsa que nos
cabe aproveitar, no
resgate imprescindível.
(Capítulo 2, pp. 25 e
26)
8. A
porta de saída do
inferno
-
Druso mostrava com suas
palavras que, dispondo
de novas oportunidades
de trabalho no campo
físico, é possível
refazer o destino,
"solvendo obscuros
compromissos e,
sobretudo, promovendo
novas sementeiras de
afeição e dignidade,
esclarecimento e
ascensão". De volta à
carne – explicou ele –
, teremos a felicidade
de reencontrar velhos
inimigos, sob o véu de
temporário
esquecimento, o que nos
facilitará a
reaproximação preciosa.
Dependerá, desse modo,
apenas de nós mesmos
convertê-los em amigos e
companheiros, uma vez
que, padecendo-lhes a
incompreensão e a
antipatia, com
humildade e amor
sublimaremos nossos
sentimentos e
pensamentos, plasmando
novos valores de vida
eterna em nossas almas.
A assembleia escutava o
Instrutor, suspensa nas
flamas de elevada
meditação. Alguns dos
enfermos tinham lágrimas
nos olhos, enquanto
outros mostravam o
semblante extático dos
que se conservam entre o
consolo e a esperança.
Druso, então, continuou:
"Somos Espíritos
endividados, com a
obrigação de dar tudo,
em favor da nossa
renovação. Comecemos a
articular ideias
redentoras e
edificantes, desde
agora, favorecendo a
reconstrução do nosso
futuro. Disponhamo-nos a
desculpar os que nos
ofenderam, com o sincero
propósito de rogar
perdão às nossas
vítimas. Cultivando a
oração com serviço ao
próximo, reconheçamos na
dificuldade o gênio bom
que nos auxilia, a
desafiar-nos ao maior
esforço. Reunindo todas
as possibilidades ao
nosso alcance,
espalhemos, nas
províncias de treva e
dor que nos rodeiam, o
socorro da prece e o
concurso do braço
fraternal, preparando o
regresso ao campo de
luta – o plano carnal –
, em que o Senhor pela
bênção de um corpo novo
nos ajudará a esquecer o
mal e replantar o bem.
Para nós, herdeiros de
longo passado culposo, a
esfera das formas
físicas simboliza a
porta de saída do
inferno que criamos".
Druso, que estampava na
voz a inflexão de quem
trazia uma dor
imensamente sofrida,
concluiu então a sua
mensagem: "Supliquemos
ao Senhor nos conceda
forças para a vitória –
, vitória que nascerá em
nós para a grande
compreensão. Somente
assim, ao preço de
sacrifício no reajuste,
conseguiremos o
passaporte
libertador!..."
(Capítulo 2, pp. 27 e
28)
(Continua no próximo
número.)