A Revue Spirite
de 1869
Allan Kardec
(Parte
2)
Damos prosseguimento nesta edição
ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1869. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela EDICEL.
Questões preliminares
A. A moralização de uma
pessoa é tão importante
quanto a sua instrução?
Sim. Depois de rememorar
alguns casos em que
religiosos e médicos
ilustres, embora fossem
pessoas bastante
instruídas, acabaram
matando pessoas, Kardec
escreveu: “A instrução é
indispensável, ninguém o
contesta; mas sem a
moralização não é senão
um instrumento, muitas
vezes improdutivo para
aquele que não sabe
regular o seu uso para o
bem”. “Instruir as
massas sem as moralizar
é pôr em suas mãos uma
ferramenta sem ensinar a
utilizá-la, porque a
moralização que se
dirige ao coração não
segue necessariamente a
instrução, que só se
dirige à inteligência.”
(Revue Spirite de 1869,
págs. 19 a 21.)
B. A lei de talião é
realmente aplicada?
Sim. Segundo o Espírito
de Sílvio Pellico, a lei
de talião é um fato e
cumpre-se com todo o seu
rigor. O orgulhoso não é
apenas humilhado, mas
ferido em seu orgulho da
maneira por que feriu os
outros. Contou esse
Espírito: “Sim, governei
os homens; fi-los
dobrar-se sob um jugo de
ferro; eu os feri em
suas afeições e em sua
liberdade; e mais tarde,
por minha vez, tive que
me dobrar ao opressor,
fui privado de minhas
afeições e de minha
liberdade!”
(Obra citada, págs. 23 a
25.)
C. Pode um indivíduo,
devido à ação de um
obsessor, ser levado ao
suicídio?
Pode. Foi o caso do
jovem Paul D..., 22
anos, morador de Paris,
que se suicidou
jogando-se nas águas do
Marne. Em carta dirigida
a seu pai, o rapaz
explicou que era
dominado, havia dois
anos, por uma ideia
terrível, por uma
irresistível vontade de
se destruir, proveniente
de uma voz que lhe
parecia ouvir e que o
chamava sem descanso.
Louis Nivard (Espírito)
esclareceu o caso em
mensagem dada em Paris a
20-12-1868. Segundo ele,
Paul fora vítima de uma
obsessão provocada pelo
Espírito de sua própria
esposa na existência
precedente, a qual
sofrera
consideravelmente com o
deboche e as
brutalidades do marido,
a ponto de procurar na
morte o fim dos seus
males.
(Obra citada, págs. 27 e
28.)
Texto para leitura
12. Depois de rememorar
casos diversos em que
religiosos, como o padre
Verger, e médicos
ilustres, como o Dr.
Lapommeraie, embora
fossem pessoas bastante
instruídas, acabaram
matando pessoas, Kardec
adverte: “A instrução é
indispensável, ninguém o
contesta; mas sem a
moralização não é senão
um instrumento, muitas
vezes improdutivo para
aquele que não sabe
regular o seu uso para o
bem”. “Instruir as
massas sem as moralizar
é pôr em suas mãos uma
ferramenta sem ensinar a
utilizá-la, porque a
moralização que se
dirige ao coração não
segue necessariamente a
instrução que só se
dirige à inteligência.”
(Págs. 19 a 21)
13. A
Revue reproduz
versos de Lamartine,
publicados no jornal
Le Siècle de 20 de
maio de 1868, a
propósito da crise
comercial que se
verificava na França. No
poema, diz o poeta que
“o Homem dobra um
Cabo das Tormentas, e
passa, no negror da
noite em tempestade, o
trópico agitado de outra
Humanidade”.
Comentando o assunto,
Kardec afirma que
Lamartine disse, sob
outra forma, o que os
Espíritos têm dito sobre
o futuro que se prepara
na Terra e as convulsões
que a Humanidade terá de
sofrer para a sua
regeneração. As
preliminares dessas
modificações, diz
Kardec, já se faziam
sentir. O que Lamartine
fez foi uma verdadeira
profecia, cuja
realização já começara.
(Págs. 21 e 22)
14. O tomo XVI das Obras
Completas do Sr. Etienne
de Jouy, da Academia
Francesa, publicadas em
1823, reproduz um
diálogo entre Madame de
Stäel, já falecida, e o
Duque de Broglie, no
qual o Espírito da
conhecida escritora,
diante do espanto do
Duque, lhe diz que “há
laços que a morte mesma
não poderia partir”. “A
suave concordância de
sentimentos, de vistas,
de opiniões forma a
cadeia que liga a vida
perecível à vida imortal
e que impede que o que
esteve longamente unido
seja separado para
sempre.” Kardec tinha 19
anos quando foi
divulgado esse diálogo.
(Págs. 22 e 23)
15. Em mensagem dada a
18 de outubro de 1867 na
Sociedade de Paris, o
Espírito de Sílvio
Pellico diz que as leis
do Eterno ferem de
maneira inexorável o
culpado, conforme a
natureza das faltas
cometidas e
proporcionalmente a
essas faltas. A lei de
talião é um fato e
cumpre-se com todo o seu
rigor. O orgulhoso não é
apenas humilhado, mas
ferido em seu orgulho da
maneira por que feriu os
outros. “Sim, diz o
Espírito, governei
os homens; fi-los
dobrar-se sob um jugo de
ferro; eu os feri em
suas afeições e em sua
liberdade; e mais tarde,
por minha vez, tive que
me dobrar ao opressor,
fui privado de minhas
afeições e de minha
liberdade!” (Págs. 23
a 25.)
16. Sílvio Pellico
informa ainda, em sua
mensagem, que geralmente
os que são, em
aparência, os mais
convictos liberais,
foram no passado os mais
ardentes partidários do
poder, fato
compreensível porque é
lógico que os que
longamente estavam
habituados a reinar sem
contestação e a
satisfazer os seus
menores caprichos, sejam
os que mais sofram a
opressão e, por isso, os
mais ardentes na luta
para sacudir esse jugo.
(Pág. 25)
17. Depois de ter vivido
miseravelmente, envolto
em privações de todo o
gênero, conquanto fosse
dotado de uma verdadeira
fortuna em dinheiro,
ações e valores
diversos, um Espírito
que se intitulou “O
Avarento da Rua do
Forno” manifestou-se a
20-11-1868 na Sociedade
de Paris, ocasião em que
revelou ter escolhido
como provação naquela
existência ser sóbrio,
moderado nos gastos e
caridoso com os pobres e
deserdados. Ele, porém,
não manteve a palavra,
porquanto, embora
tivesse sido sóbrio e
temperante, não ajudou a
ninguém e deixara de
praticar a caridade.
(Págs. 25 a 27.)
18. A
Revue transcreve
do jornal Droit
o caso do jovem Paul
D..., 22 anos, morador
de Paris, que se
suicidou jogando-se nas
águas do Marne. Em carta
dirigida a seu pai, o
rapaz explicou que era
dominado, havia dois
anos, por uma ideia
terrível, por uma
irresistível vontade de
se destruir, proveniente
de uma voz que lhe
parecia ouvir e que o
chamava sem descanso.
Louis Nivard (Espírito)
esclarece o caso em
mensagem dada em Paris a
20-12-1868. Paul fora
vítima de uma obsessão
provocada pelo Espírito
de sua própria esposa na
existência precedente, a
qual sofrera
consideravelmente com o
deboche e as
brutalidades do marido,
a ponto de procurar na
morte o fim dos seus
males. (Págs. 27 e
28)
19. Três dissertações
mediúnicas fecham a
edição de janeiro de
1869. Na primeira, o
artista Ducornet,
valendo-se da
mediunidade do Sr.
Desliens, fala sobre o
marasmo que se observava
nas artes daqueles anos
e afirma que a
literatura, a pintura, a
arquitetura e a história
iriam receber do
aguilhão espírita um
novo batismo de sangue,
necessário para dar
energia e vitalidade à
sociedade expirante. Na
segunda mensagem, o
Espírito de Rossini
disserta sobre a música
celeste e diz ser-lhe
preciso um pouco mais de
tempo para expor as
transformações que o
Espiritismo certamente
introduzirá na música do
futuro. Na derradeira
mensagem, o doutor
Demeure diz que a
piedade pelos que sofrem
não deve excluir a
prudência e adverte que
há indivíduos que enviam
aos espíritas pessoas
simuladamente obsidiadas
com o propósito de
enganá-los e
eventualmente levá-los
ao ridículo. (Págs.
28 a 32)
20. Em nota à observação
do doutor Demeure,
Kardec escreveu: “Não é
só contra as obsessões
simuladas que é prudente
se pôr em guarda, mas
contra os pedidos de
comunicações de toda a
natureza, evocações,
conselhos de saúde,
etc., que poderiam ser
armadilhas feitas à boa
fé, de que poderia
servir-se a
malevolência”. (Pág.
32)
21. Abrindo o número de
fevereiro, a Revue
reproduz o
comentário feito pelo
jornal La Solidarité
de 15-1-1869 a propósito
da estatística do
Espiritismo publicada no
mês anterior. Aquele
periódico concordou
plenamente com várias
ideias expostas por
Kardec na aludida
matéria e diz até que a
estimativa do número de
espíritas estava aquém
da verdade, porquanto
fora ali esquecida a
Ásia. (Págs. 33 e 34)
(Continua no próximo
número.)