MARCUS
VINICIUS DE AZEVEDO
BRAGA
acervobraga@gmail.com
Guará II, Distrito
Federal (Brasil)
Reflexões sobre a vida a
dois
A vida a dois merece
muitas reflexões, nas
horas de nosso precioso
tempo olhando o azul do
céu e filosofando na
vida. Na verdade,
merecia um curso.
Fazemos cursos de tantas
coisas, mas não
realizamos cursos para
refletir e analisar a
importância e as
questões envolvidas em
se viver com outra
pessoa e dali constituir
uma família. Sobre esse
tema nos debruçaremos
nesse texto em algumas
reflexões, de forma
encadeada.
A primeira questão é a
pessoa com quem
dividiremos a nossa
caminhada. Deve ser mais
igual ou mais diferente
do que nós? O diferente
complementa e o igual
une... Penso que os dois
aspectos são
importantes, mas que
devemos buscar o que
temos de mais igual. Não
nos aspectos do gosto e
das vontades, que são da
superfície. Devemos
buscar a afinidade em
fatores mais profundos,
como os princípios e
valores. Esses precisam
se encontrar várias
vezes na caminhada da
vida a dois.
Outro ponto interessante
é o respeito à
individualidade. Termos
nosso espaço é
necessário! Não podemos
nos sentir sufocados...
Mas essa visão de
respeito à
individualidade por
vezes se confunde com
culto ao individualismo.
Loteamos horários e
espaços, achamos que
respeitar o outro é ter
o dia do futebol e o dia
do chá com as amigas. É
mais do que isso! É
entender os projetos do
outro, as visões, e
fazer com que o espaço
coletivo tenha espaço
para cada um, inclusive
os filhos.
Não podemos deixar de
falar da rotina... A
rotina é boa, pois as
surpresas podem ser
desagradáveis. A rotina
nos encaminha à
reclamação sistemática,
às frustrações que são
comuns à vida, oriundas
da nossa vontade de
controlar o mundo. É
preciso lidar com as
frustrações, convivendo
com a alegria do
possível e a luta pelo
impossível.
Da reclamação deve
surgir o diálogo
resolutivo. As
frustrações nos fazem
lembrar que não se pode
ter tudo na vida,
independente se a vida é
a dois ou não, e que
existem conquistas
individuais e coletivas.
A rotina não pode ser
culpada da nossa
ausência de capacidade
de enxergar que cada dia
é um dia novo, com
desafios e
oportunidades.
Os desafios, essa é uma
reflexão muito
interessante. Não nos
preparamos para a vida a
dois. Pensamos apenas
nos momentos idílicos ou
nos assustamos de forma
maniqueísta com a
possibilidade do
casamento. A vida tem
desafios
– a subsistência,
a doença, a
desencarnação, as
ilusões
– e os desafios
demandam maturidade,
coragem e solidariedade.
Existirão dias de
prosperidade, mas também
dias de luta. Perceber
isso é um grande sinal
de maturidade.
Remete-nos essa questão
que a vida a dois nos
faz protagonistas,
deixamos de ser
adolescentes e somos
agora adultos
responsáveis
– respondemos
pela nossa vida.
Precisamos romper os
liames com os nossos
pais, seguir adiante,
mantendo a boa relação
sem dependência. Está aí
mais um segredo da vida
a dois! Ter uma vida a
dois é ter o desejo de
construir uma relação. É
mais do que consumir em
outro nível. É dar de
si, abrir mão em torno
de um novo instituto que
receberá em breve novos
Espíritos, dando
prosseguimento ao ciclo
da vida.
E às vezes é do ciclo da
vida as relações
terminarem. Esse
processo nos demanda
civilidade, respeito e,
acima de tudo, uma
postura cristã. Se
separar é uma arte quase
tão sublime quanto se
unir. O respeito, o
cuidado com as crianças,
o atendimento aos
compromissos materiais
assumidos e o clima de
paz devem ser situações
observadas, onde a
religião nos auxilia
nesse processo.
Por fim, na nossa
reflexão de ideias
encadeadas, podemos
asseverar que uma vida a
dois saudável não
prescinde de uma
religião. A religião é
que nos permite
trabalhar a
espiritualidade, nos
relacionar com outros
planos da vida sem
esquecer a vida no
Planeta Terra. A
religião nos brinda com
a profundidade dos
valores e os alicerces
da fé nos sustentam nos
momentos difíceis,
naturais da vida a dois.
Refletir sobre a vida a
dois, o que ela
significa, é caminho de
amadurecimento. Mais do
que festas, cerimônias,
imóveis e móveis, a
decisão de trilhar
caminhos conjuntos traz
consequências para a
nossa encarnação atual e
para as futuras.
Consequências felizes,
mas por vezes
desastrosas.