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O Espiritismo responde
Ano 4 - N° 202 - 27 de Março de 2011
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)


 

Os leitores Cássia Inês Beraldi (São Bernardo do Campo, SP) e Jorge da Silva Lima (Vila Nova da Gaia – Portugal), conforme cartas publicadas na edição 201 desta revista, propuseram à Redação dúvidas relativas aos temas gestação no mundo espiritual e processos de reprodução na espiritualidade.

As cartas foram motivadas pela publicação nesta revista da análise que o confrade José Sola fez acerca do livro Reencarnação no Mundo Espiritual, que o médium Carlos A. Baccelli psicografou e cuja autoria foi por ele atribuída ao Espírito de Inácio Ferreira.

Haverá gestação no mundo espiritual? Os desencarnados podem, de fato, gerar filhos, como expõe Baccelli no livro citado?

Para compreender-se bem o assunto, é preciso recordar aqui algumas informações e conceitos bem firmados no meio espírita, que adiante resumiremos:

1) Os Espíritos são os seres inteligentes da criação; povoam o Universo, fora do mundo material. (O Livro dos Espíritos, 76.)

2) O mundo corporal poderia deixar de existir, ou nunca ter existido, sem que isso alterasse a essência do mundo espírita, pois eles são independentes; contudo, é incessante a correlação entre ambos, porquanto um sobre o outro incessantemente reagem. (L.E., 86.)

3) É lei da Natureza a reprodução dos seres vivos, visto que sem a reprodução o mundo corporal pereceria. (L.E., 686.)

4) A substância do perispírito é a mesma em todos os mundos? “Não; é mais ou menos etérea. Passando de um mundo a outro, o Espírito se reveste da matéria própria desse outro, operando-se, porém, essa mudança com a rapidez do relâmpago.” (L.E., 187.)

5) O corpo espiritual não é, como se pensa, reflexo do corpo físico, porque, na realidade, é o corpo físico que o reflete, tanto quanto ele – o corpo espiritual – retrata em si o corpo mental, que lhe preside à formação. Do ponto de vista de sua constituição e da função que realiza na esfera imediata ao trabalho do homem, após a morte, o corpo espiritual é o veículo físico por excelência, com sua estrutura eletromagnética, algo modificado no que tange aos fenômenos genésicos e nutritivos, de acordo, porém, com as aquisições da mente que o maneja. (Evolução em dois Mundos, Primeira Parte, cap. II, pp. 25 e 26.)

6) O corpo espiritual ou psicossoma é ainda corpo de duração variável, segundo o equilíbrio emotivo e o avanço cultural dos que o governam, além do carro fisiológico, apresentando algumas transformações fundamentais depois da morte carnal, principalmente no centro gástrico, pela diferenciação dos alimentos de que se provê, e no centro genésico. (Evolução em dois Mundos, Primeira Parte, cap. II, pp. 29 e 30.)

7) O corpo espiritual evolve e se aprimora nas experiências de ação e reação, no plano terrestre e nas regiões espirituais que lhe são fronteiriças, e é, assim, suscetível de sofrer alterações múltiplas, com alicerces na adinamia proveniente da nossa queda mental no remorso, ou na hiperdinamia imposta pelos delírios da imaginação, a se responsabilizarem por disfunções inúmeras da alma, nascidas do estado de hipo e hipertensão no movimento circulatório das forças que lhe mantêm o organismo sutil, e pode também desgastar-se, na esfera imediata à esfera física, para nesta se refazer, através do renascimento, segundo o molde mental preexistente. (Evolução em dois Mundos, Primeira Parte, cap. II, pp. 29 e 30.)

8) Na moradia de continuidade para a qual se transfere, o homem encontra as mesmas leis de gravitação que controlam a Terra, com o dia e as noites marcando a conta do tempo, embora os rigores das estações estejam suprimidos pelos fatores de ambiente que asseguram a harmonia da Natureza, estabelecendo clima quase constante e uniforme, como se os equinócios e solstícios entrelaçassem as próprias forças, retificando automaticamente os excessos de influenciação com que se dividem. (Evolução em dois Mundos, Primeira Parte, cap. XIII, pp. 96 e 97.)

9) Plantas e animais domesticados pela inteligência humana, durante milênios, podem ser aí aclimatados e aprimorados, por determinados períodos de existência, ao fim dos quais regressam aos seus núcleos de origem no solo terrestre, para que avancem na romagem evolutiva, compensados com valiosas aquisições de acrisolamento, pelas quais auxiliam a flora e a fauna habituais à Terra com os benefícios das chamadas mutações espontâneas. (Evolução em dois Mundos, Primeira Parte, cap. XIII, pp. 96 e 97.)

10) As plantas, pela configuração celular mais simples, atendem, no plano extrafísico, à reprodução limitada, aí deixando descendentes que, mais tarde, volvem também à leira do homem comum, favorecendo, porém, de maneira espontânea, a solução de diferentes problemas que lhe dizem respeito, sem exigir maiores sacrifícios dos habitantes em sua conservação. (Evolução em dois Mundos, Primeira Parte, cap. XIII, pp. 96 e 97.)

11) Os Espíritos não têm sexo; entretanto, como há poucos dias ainda éreis homem, tendes em vosso novo estado antes a natureza masculina do que a natureza feminina? Ocorre o mesmo com um Espírito que tivesse deixado seu corpo há muito tempo?  Resposta: “Não temos que ser de natureza masculina ou feminina: os Espíritos não se reproduzem. Deus os cria à sua vontade, e se, por seus objetivos maravilhosos, quis que os Espíritos se reencarnem sobre a Terra, deveu acrescentar a reprodução das espécies para macho e a fêmea. Mas o sentis, sem que seja necessária nenhuma explicação, os Espíritos não podem ter sexo.” (Revista Espírita, junho de 1862. Diálogo entre Kardec e o Espírito do Sr. Sanson em 2 de maio de 1862.)

12) Sempre foi dito que os Espíritos não têm sexo; os sexos não são necessários senão para a reprodução dos corpos; porque os Espíritos não se reproduzem, os sexos seriam inúteis para eles. Nossa pergunta não tinha por objetivo constatar o fato, mas em razão da morte muito recente do Sr. Sanson, queríamos saber se lhe restava uma impressão de seu estado terrestre. Os Espíritos depurados se dão perfeitamente conta de sua natureza, mas, entre os Espíritos inferiores, não desmaterializados, há muitos deles que se creem ainda que estão sobre a Terra, e conservam as mesmas paixões e os mesmos desejos; aqueles se creem ainda homens ou mulheres, e eis por que há os que disseram que os Espíritos têm sexos. É assim que certas contradições provêm do estado mais ou menos avançado dos Espíritos que se comunicam; o erro não é dos Espíritos, mas daqueles que os interrogam e não se dão ao trabalho de aprofundarem as perguntas. (Revista Espírita, junho de 1862. Nota de Kardec em  2 de maio de 1862.)

13) O Espiritismo ensina que as almas podem animar corpos de homens e mulheres. As almas ou Espíritos não têm sexo; as afeições que os unem nada têm de carnal; fundam-se numa simpatia real e, por isso, são mais duráveis. (Revista Espírita de 1866, págs. 2 e 3.)
 

14) Os sexos só existem no organismo; são necessários à reprodução dos seres materiais; mas os Espíritos não se reproduzem uns pelos outros, razão por que os sexos seriam inúteis no mundo espiritual. (Revista Espírita de 1866, págs. 2 e 3.) 

* 

À vista das informações acima, todas extraídas de obras e autores confiáveis, chamamos a atenção para o contido nos itens 4 e 10. No primeiro está dito que, de acordo com a questão 187 d´O Livro dos Espíritos, os Espíritos substituem o seu perispírito quando passam de um mundo a outro, mas essa mudança se faz “com a rapidez do relâmpago”.

No item 10 reproduz-se a revelação de André Luiz segundo a qual ocorre no plano espiritual reprodução – embora limitada – somente das plantas, dada a sua configuração celular mais simples. André Luiz não faz referência nenhuma à reprodução de aves e outros animais e muito menos de seres humanos ou de Espíritos, assunto tratado com clareza por Kardec em sua obra, conforme mostram os itens 11 a 14 do texto acima.

Será interessante, enfim, que os leitores releiam o artigo Sexo nos Espíritos: o pensamento de Kardec, de Ricardo Baesso de Oliveira, publicado em 8/8/2010 na edição 170 desta revista, o qual pode ser visto clicando-se no seguinte link: http://www.oconsolador.com.br/ano4/170/ricardo_baesso.html
 

 


 
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