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Crônicas e Artigos

Ano 4 - N° 204 - 10 de Abril de 2011

ORSON PETER CARRARA
orsonpeter92@gmail.com
Matão, SP (Brasil) 

 

Entrevistando um médium


1 - Como é se sentir médium?

Difícil definir como é sentir, vestir sentimentos com palavras nem sempre é tão fácil, porque nos faltam sempre palavras que nos sejam fiéis aos sentimentos. A mediunidade depois de bem compreendida é luz que norteia nossas almas, ferramenta abençoada de reabilitação, progresso e bênçãos. Ser médium é ser ponte, e ser ponte é uma das mais lindas funções na Terra, ponte que une margens, pessoas, planos, enfim, uma responsabilidade imensa. 

2 - No seu caso, consegue identificar a presença e influência de um Espírito?

Sim, quando se trata de um Espírito familiar, uma emoção muito especial me invade. Há, no entanto, as influências sutis do dia-a-dia, das variações de humor que todos temos e, nessas oscilações, os Espíritos se insinuam na tentativa de agravar quando assim o querem e há sem dúvida os que nos ajudam e esses são mais ostensivos, chegando mesmo a sugerir mais atenção, vigilância e recolhimento interior através da prece. É um intercâmbio muito natural. 

3 - Quais as sensações experimentadas após a comunicação de um Espírito em dificuldade, sofredor, ou em processo de obsessão a uma pessoa?

O Espírito nos passa ainda que de forma sucinta o que ele está sentindo. As sensações variam muito. Angústia, medo, tristeza, é uma espécie de dor sem lugar determinado, mas a sensação mais difícil é aquela do Espírito que se reconhece vivo depois de ter atentado contra a própria vida. O remorso é muito difícil, por isso os Espíritos sempre nos estimulam a falar sobre a imortalidade da alma de forma a tocar o coração, dar esperança e, acima de tudo, confiar na misericórdia de Deus. 

4 - E durante a comunicação, qual sua sensação?

Durante a comunicação predomina a sensação do Espírito, embora tenhamos controle. Aí está o maior aprendizado para o médium e por essa razão mais responsabilidade é-lhe cobrada no dia-a-dia, pois travou contato com o mundo espiritual e pôde sentir em si as dores de quem se equivocou ou as alegrias de quem bem viveu.  

5 - E de um Espírito benfeitor, durante e após a comunicação?

Um Espírito amigo nos envolve de forma paternal, é possível sentir o carinho em si, bem como aos integrantes do grupo, o amor pela tarefa; inúmeras vezes pude visualizar ambientes de onde vieram, como salas repletas de livros, perfumes nunca sentidos, palavras nunca pronunciadas, traduzindo a beleza e o sentido da vida. 

6 - Quais as alegrias colhidas na mediunidade?

As alegrias são oriundas da percepção que temos do mundo extrafísico, da convicção inequívoca da assistência dos bons Espíritos, das lembranças vivas de Jesus quando no contato com um Espírito mais evoluído que nós. O intercâmbio com os Espíritos nos traz alegrias de difícil tradução, mas a maior delas é a presença de Jesus viva em cada tarefa realizada, trazendo enorme bem-estar. 

7 - E as maiores dificuldades, quais são?

As dificuldades ficam mais no plano físico, sentir o psiquismo dos encarnados é algo complexo, às vezes contraditório. É onde o exercício da caridade se faz necessário, porque diante de uma conversação a pessoa está a dizer uma coisa e na verdade percebemos outra, com isso, os anos de estudo, principalmente da moral cristã, é o que mais me tem ajudado, embora tenha muito ainda o que vencer. Mas o silêncio nessas horas é determinante, mesmo que a dor seja dilacerante.
 

Transcrito parcialmente, com adaptações, do livro Médiuns, Quem são? Onde Estão? Como agem? Por que possuem a faculdade mediúnica?, do próprio autor.


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita