Intolerância
&
compaixão
Ainda
nos
encontramos
distantes
da
aplicação,
em nosso
cotidiano,
dos
postulados
que nos
foram
legados
por
Jesus
“(...)
Sinto-me
por
demais
tomado
de
compaixão
pelas
vossas
misérias,
pela
vossa
fraqueza
imensa.”-
O
Espírito
de
Verdade
O
conteúdo
da
resposta
à
questão
número
886 de
“O
Livro
dos
Espíritos”,
na
qual o
Mestre Lionês
desejava
saber
dos Numes
Tutelares
como é
que
Jesus
entendia
o
verdadeiro
sentido
da
Caridade,
pode ser
resumido
em
apenas
uma
palavra:
compaixão.
Afinal,
“Benevolência
para com
todos,
indulgência
para com
as
imperfeições
dos
outros e
perdão
das
ofensas”
não
traduz –
fielmente
– o
sentido
da
palavra
compaixão?
A triste
realidade
é que –
em
questão
de
religiosidade
-
podemos
nos
considerar
verdadeiros
“analfabetos
funcionais”
,
uma vez
que não
temos
ainda a
capacidade
de
aplicar,
em nosso
cotidiano,
os
postulados
que nos
foram
legados
por
Jesus há
dois
milênios.
Quem, em
sã
consciência,
no
estágio
em que
nos
encontramos
na
escala
evolutiva,
pode se
ufanar
de
cumprir,
de
seguir
os
alcandorados
quão
sublimes
ensinamentos
messiânicos
hoje
recordados
pelo
Espiritismo?!
Sem
embargo,
o que
nos dá
um
mínimo
de
consolo
é a
assertiva
kardequiana
que
define o
perfil
do
espírita
cristão:
“Reconhece-se
o
verdadeiro
espírita
pela sua
transformação
moral e
pelos
esforços
que
emprega
para
domar
suas
inclinações
más”.
Tal
postulado
nos leva
a crer
que se
“nos
esforçarmos”
já
estamos
a
caminho
da
“transformação
moral”
que
um dia
chegará.
Há que
se
esforçar,
portanto!...
Isso,
pelo
menos,
já está
ao nosso
alcance,
mesmo
que
ainda
distante
esteja a
transformação
ideal.
Conta-nos
o Irmão
X, pela
psicografia
de Chico
Xavier,
que
Jonathan,
funcionário
do
Templo
de
Jerusalém,
anelava
ser
discípulo
de
Jesus,
mas,
estava
ainda
cheio de
dúvidas
quanto
ao que
deveria
ser a
vivência
de tal
candidato,
mormente
com
relação
aos
inimigos.
Juntou-se
a seus
colegas,
Jessé e
Eliakim,
para
solicitar
uma
entrevista
com o
Meigo
Rabi.
Em Sua
presença,
desabotoaram
as
muitas
dúvidas
que os
atormentavam...
Passou-se,
então, o
seguinte
diálogo:
—
“Messias,
somos
hostilizados
por
terríveis
desafetos,
no
Santuário.
Mas
extasiados
com os
Teus
ensinamentos,
estimaríamos
acolher-Te
a
orientação.
Ensina-nos
como
agir...”
Jesus
meditou
alguns
instantes,
e
respondeu:
—
“Primeiramente,
é justo
considerar
nossos
adversários
como
instrutores.
O
inimigo
vê junto
de nós a
sombra
que o
amigo
não
deseja
ver e
pode
ajudar-nos
a fazer
mais luz
no
caminho
que nos
é
próprio.
Cabe-nos,
desse
modo,
tolerar-lhe
as
admoestações,
com
nobreza
e
serenidade,
tal qual
o ferro,
que após
sofrer,
paciente,
o calor
da
forja,
ainda
suporta
os
golpes
do malho
com
humildade,
a fim de
se
adaptar
à
utilidade
e à
beleza”.
Jonathan
retomou
a
palavra,
perguntando:
—
“Senhor,
e se
somos
injuriados?”
—
“Adotemos
o perdão
e o
silêncio”
— disse
Jesus. —
“Muita
gente
que
insulta
é vítima
de
perturbação
e
enfermidade.”
— “E
se
formos
perseguidos?”
—
indagou
Jessé.
—
“Utilizemos
a oração
em favor
daqueles
que nos
afligem,
para que
não
venhamos
a cair
no
escuro
nível da
ignorância
a que se
acolhem.”
—
“Mestre,
e se nos
baterem,
esmurrarem?”
—
interrogou
Eliakim
—
“Que
fazer se
a
violência
nos
avilta e
confunde?”
—
“Ainda
assim”
—
esclareceu
o Brando
Interpelado
—, “a
paz
íntima
deve ser
nosso
asilo e
o amor
fraterno
a nossa
atitude,
porquanto,
quem
procura
seviciar
o
próximo
e
dilacerá-lo
está
louco e
merece
compaixão.”
—
“Senhor”
—
insistiu
Jonathan
—, “que
resposta
oferecer,
então, à
maledicência,
à
calúnia
e à
perversidade?”
O Cristo
sorriu e
precisou:
— “O
maledicente
guarda
consigo
o
infortúnio
de
descer à
condição
do verme
que se
alimenta
com o
lixo do
mundo, o
caluniador
traz no
coração
largas
doses de
fel e
veneno
que lhe
flagelam
a vida,
e o
perverso
tem a
infelicidade
de cair
nas
armadilhas
que tece
para os
outros.
O perdão
é a
única
resposta
que
merecem,
porque
são
bastante
desditosos
por si
mesmos”.
— “E
que
reação
assumir
perante
os que
perseguem?”
—
inquiriu
Jessé.
—
“Quem
persegue
os
semelhantes
tem o
espírito
em
densas
trevas e
mais se
assemelha
ao cego
desesperado
que
investe
contra
os
fantasmas
da
própria
imaginação,
arrojando-se
ao fosso
do
sofrimento.
Por esse
motivo,
o
socorro
espiritual
é o
melhor
remédio
para os
que nos
atormentam...”
— “E que
punição
reservar
aos que
nos
ferem o
corpo,
assaltando-nos
o brio?”
—
perguntou
Eliakim,
espantado.
—
“Refiro-me
àqueles
que nos
vergastam
a face e
fazem
sangrar
o
peito...”
—
“Quem
golpeia
pela
espada,
pela
espada
será
golpeado
também,
até que
reine o
Amor
Puro na
Terra”
—
explicou
o
Mestre,
sem
pestanejar.
—
“Quem se
rende às
sugestões
do crime
é um
doente
perigoso
que
devemos
corrigir
com a
reclusão
e com o
tratamento
indispensável.
O sangue
não
apaga o
sangue e
o mal
não
retifica
o
mal...”
E,
espraiando
o olhar
doce e
lúcido
pelos
circunstantes,
continuou:
— “É
imperioso
saibamos
amar e
educar
os
semelhantes
com a
força de
nossas
convicções
e
conhecimentos,
a fim de
que o
Reino de
Deus se
estenda
no
mundo...
As Boas
Novas de
Salvação
esperam
que o
santo
ampare o
pecador,
que o
são
ajude ao
enfermo,
que a
vítima
auxilie
o
verdugo...
Para
isso, é
imprescindível
que o
perdão
incondicional,
com o
olvido
de todas
as
ofensas,
assegure
a paz e
a
renovação
de
tudo...”
Finaliza
o Irmão
X:
“Nesse
ínterim,
uma
criança
doente
chorou
em alta
voz num
aposento
contíguo...
O Mestre
pediu
alguns
instantes
de
espera e
saiu
para
socorrê-la,
mas, ao
regressar,
debalde
buscou a
presença
dos
aprendizes
fervorosos
e
entusiastas.
Na sala
modesta
de Pedro
não
havia
ninguém”.
Assim
somos
todos
nós!...
Fugimos
das
lutas
íntimas
que nos
levariam
à
vitória,
a
alcançar
a tão
almejada
“transformação
moral”
e,
consequentemente,
destruir
o
egoísmo,
o
orgulho,
a
vaidade,
a
intolerância
e tudo
mais que
não
presta,
mas que
ainda
acoroçoamos
com
tanto
zelo...
Sem
embargo,
o
Espírito
Hammed
afirma:
“(...)
É das
escuras
cinzas
da
intolerância
que
nascerá
um dia a
Phênix
da
compaixão,
trazendo
em suas
asas a
compreensão
de que o
desenvolvimento
evolutivo
sempre
acontece”.
Portanto,
queiramos
ou não,
apesar
de nossa
rebeldia
e
incompetência,
lograremos
a
transformação
moral
que
nos
elevará
na
hierarquia
espiritual
e,
consequentemente,
aos
patamares
superiores
da
evolução
aos
quais
estamos
destinados.