WELLINGTON BALBO
wellington_balbo@hotmail.com
Bauru, São Paulo (Brasil)
Sai mais barato
perdoar
Geraldinho
suplicava que o
pai lhe
perdoasse, sabia
que errara ao
bater o carro do
“velho” por
conta de sua
pouca habilidade
ao volante, mas
não compreendia
a razão de sua
extrema
irritação.
Afinal, em sua
visão, o carro
poderia ser
consertado e,
convenhamos,
acidentes
acontecem. Não
tinha intenção
de causar
qualquer dano ao
pai. Todavia,
Godofredo, o
pai, fazia
ouvidos moucos
aos pedidos de
Geraldinho e
vociferava
desequilibrado:
- Isso não tem
perdão,
Geraldinho, não
tem. E
o prejuízo? Quem
pagará o
conserto do
automóvel? Com
certeza eu; eu
terei de arcar
com o prejuízo
de sua
barbeiragem.
- Calma, papai,
mantenha a
calma,
perdoe-me... Eu
pagarei; ganho
pouco, mas posso
pagar-lhe se me
dividir em
algumas
prestações.
Furioso com as
explicações do
filho, Godofredo
desferiu potente
chute na parede.
O resultado:
fratura no pé
esquerdo e mais
de 6 meses
afastado da
atividade
profissional.
No outro dia,
após a cirurgia
do pai,
Geraldinho
entrou no quarto
do hospital
segurando flores
para
presenteá-lo, e,
sorrindo, disse:
- Sai mais
barato perdoar,
papai, sai mais
barato
perdoar...
O perdão é um
dos temperos da
vida. Deve ser
utilizado na
medida exata.
Tem gente que
perdoa muito.
Transita pela
vida a perdoar
os outros. Por
qualquer
contrariedade ou
até mesmo
advertência que
recebam,
sentenciam
bondosos:
“Eu perdoo!”.
Pessoas assim
dão claro sinal
de que se
ofendem por
qualquer coisa.
Isso não é bom.
Tem gente,
entretanto, que
está no oposto.
Não perdoa
nada nem
ninguém. Pessoas
assim estão
enfermas: dureza
no coração.
Mahatma Gandhi
afirmava não
perdoar seus
adversários,
afinal, só
perdoa quem se
sente ofendido,
e ele, em sua
grandeza
espiritual,
pairava acima
das querelas do
ser humano,
logo, não se
ofendia.
Contudo, Gandhi
é uma exceção em
meio às regras
do mundo.
Profundo
conhecedor da
natureza humana,
Jesus
recomendava o
perdão sem
limites e, em Mateus,
V:7, o
mestre ensina: Bem-aventurados
os
misericordiosos
porque eles
alcançarão
misericórdia. Já
que na Terra de
vez em quando,
ou melhor, de
vez em sempre,
damos nossas
escorregadelas e
ofendemos ou nos
sentimos
ofendidos, é
necessário
perdoar e pedir
perdão, enfim,
sermos
misericordiosos
para termos uma
vida mais
serena.
Se não
exercitarmos a
dinâmica do
perdão em duas
vias - conceder
e pedir -,
é sinal
de que, como
Godofredo, cedo
ou tarde
desferiremos
potente pontapé
na parede,
representado na
forma da ofensa,
da palavra
áspera e da
ironia ferina,
ou, bem pior:
adoeceremos do
coração de modo
que gastaremos
muito, seja para
reparar fraturas
provindas de
nosso
desequilíbrio ou
nos livrarmos de
alguma outra
enfermidade
oriunda de nossa
inflexibilidade.
Aliás, até mesmo
Geraldinho
aconselhou: “Sai
mais barato
perdoar!”.