Questões preliminares
A. A roupa usada pelos
Espíritos em suas
aparições é uma projeção
da roupa que eles usavam
quando encarnados?
Não. As formas
exteriores que revestem
os Espíritos que se
tornam visíveis – diz Kardec – são verdadeiras
criações fluídicas,
muitas vezes
inconscientes. A roupa,
os sinais particulares,
os ferimentos, os
defeitos físicos, os
objetos que usam são o
reflexo de seu próprio
pensamento no envoltório perispiritual.
(Revue Spirite de 1869,
pp. 73 a 75.)
B. Existem realmente
lugares assombrados?
Sim. A questão dos
lugares assombrados é,
segundo Kardec, um fato
comprovado.
(Obra citada, pp. 79 e
80.)
C. Que recomendação fez
Kardec aos oradores
espíritas?
Ao prever que no momento
oportuno o Espiritismo
também teria os seus
oradores simpáticos,
Kardec recomendou que
eles não caíssem no erro
dos adversários do
Espiritismo, isto é, que
estudassem a questão a
fundo, a fim de falar
sempre com perfeito
conhecimento de causa.
(Obra citada, pp. 83 e
84.)
Texto para leitura
42. O caso da senhorita
Artus, sobrinha do sr.
de Chilly, simpático
diretor do Odéon, tão
cruelmente provado pela
morte repentina de sua
filha única, foi objeto
de reportagem pela
Petite Presse de
11-2-1869, reproduzida
em março pela Revue.
O jornal Fígaro
também noticiou os
fatos, informando que a
filha do sr. Chilly, no
momento em que
agonizava, deu um
pequeno anel à prima,
dizendo-lhe: “Toma-o;
tu mo trarás!” Pouco
depois, a pobre moça,
momentos antes de
expirar, gritava,
dirigindo-se à prima a
seu lado: “Não! eu não
quero morrer! não quero
ir só! virás comigo! eu
te espero! eu te espero!
não te casarás!”
(Págs. 72 e 73)
43. Dias depois dos
funerais, a prima da
falecida caiu doente e,
segundo os jornais,
estava à beira da morte,
o que aumentava ainda
mais o sofrimento do sr.
de Chilly. As palavras
da enferma feriram a
imaginação da senhorita
Artus? O que a
agonizante disse foi
resultado de uma espécie
de dupla vista suscitada
pelo fenômeno da morte?
Kardec disse sim a esta
última indagação,
lembrando que exemplos
de fatos semelhantes não
são raros. (Págs. 72
e 73)
44. Um caso de aparição
de um jovem ainda
encarnado à sua mãe,
originalmente relatado
por um jornal de
Medicina de Londres, foi
descrito também pelo
Journal de Rouen, de
22-12-1868, e
reproduzido pela
Revue. Kardec, além
de considerar o fato
possível, explica que
ele se deve à faculdade
que tem a alma de
desprender-se do corpo
físico e aparecer a
distância. Foi o que
ocorreu. A dúvida que
fica é pertinente à
roupa usada na aparição
pelo filho. A vestimenta
também se desprende?
Kardec é claro: tanto as
roupas, quanto o corpo
material, ficaram em seu
lugar. O Espírito do
jovem apresentou-se
diante de sua mãe com o
corpo perispiritual e
bastou-lhe pensar em sua
roupa habitual para que
esse pensamento desse ao
seu perispírito as
aparências dessa roupa.
“As formas exteriores
que revestem os
Espíritos que se tornam
visíveis – diz Kardec –
são, pois, verdadeiras
criações fluídicas,
muitas vezes
inconscientes. A roupa,
os sinais particulares,
os ferimentos, os
defeitos físicos, os
objetos que usa, são o
reflexo de seu próprio
pensamento no envoltório
perispiritual.”
(Págs. 73 a 75)
45. No Estado do Maine,
Estados Unidos, uma
senhora pleiteou a
nulidade de um
testamento feito por sua
mãe, alegando que esta o
tinha escrito orientada
pelo ditado de uma mesa
girante. O juiz declarou
que a lei não proibia as
consultas às mesas
girantes e, por isso, as
cláusulas do testamento
foram mantidas. (Pág.
76)
46. Carta procedente de
Yankton, cidade de
Dakota, Estados Unidos,
informa que a legislação
desse território acabara
de conceder às mulheres
o direito de votar e ser
votada. O jornal
Siècle de 15-1-1869
deu destaque à notícia.
No ano anterior, em
julho, a sra.
Alexandrine Bris havia
prestado, perante a
Faculdade de Ciências de
Paris, um exame de
bacharelado em ciências,
tendo sido recebida com
quatro bolas brancas,
sucesso raro, que lhe
valeu as felicitações
por parte do presidente.
Os dois fatos, que hoje
não constituiriam
nenhuma novidade,
mostram que a mulher
começava a ser
reconhecida e a
emancipar-se, tanto na
América quanto na
Europa. (Pág. 76)
47. Reportando-se às
faculdades da célebre
médium sr.a
Nichol, radicada em
Londres, que se
apresentara recentemente
no hotel dos
Deux-Mondes, da rua
d’Atin, o jornal
Paris de 15-1-1869
informa que a médium
inglesa iria a Roma
mostrar ao papa a sua
faculdade, que consistia
em fazer cair chuvas de
flores. A sr.a
Nichol era o que se
chama médium de
transportes.
Comentando a notícia,
Kardec diz que assistira
a algumas das
experiências realizadas
pela sr.a
Nichol, as quais não o
satisfizeram
inteiramente. Ele lhe
desejava, porém, boa
sorte nas apresentações
em Roma, advertindo que
a capital italiana era
uma terra malsã para os
médiuns que não fazem
milagres segundo a
Igreja. O próprio sr.
Home, lembra o
Codificador, foi
obrigado a deixar a
cidade quando ali esteve
em 1864. (Pág. 77)
48. Diversas notícias
recebidas da Ilha
Maurícia indicavam que o
estado dessa infeliz
região seguia exatamente
as fases anunciadas nas
Revue de julho de
1867 e novembro de 1868.
Surgira agora um novo
fato na ilha: o
correspondente da
Revue disse que
precisou cortar em seu
jardim várias árvores
muito grandes
provenientes da Índia e
chamadas
multiplicantes.
Essas árvores gozavam de
reputação muito má na
região, porque dizem
serem elas assombradas
por maus Espíritos. A
partir do corte, então,
tornou-se quase
impossível um dia de
repouso na casa. Batidas
por todos os lados,
portas que se abrem e
fecham, suspiros,
palavras confusas,
móveis mexendo-se – tudo
isto passou a ocorrer, o
que fez com que o
correspondente passasse
a orar muito e a evocar
os Espíritos
perturbadores, que, no
entanto, só respondiam
por injúrias e ameaças
aos apelos da
doutrinação. A reunião
espírita realizava-se
nessa época uma vez por
semana, mas era
praticamente impossível
fazê-la, tais as
traquinagens e
perturbações dos
Espíritos, que, à
exceção de um deles, não
puderam ser moralizados,
dada a sua maldade e
dureza. Em face disso,
as sessões espíritas
tiveram que ser
suspensas e, mais tarde,
transferidas para o
jardim, onde a
perturbação era menor do
que dentro de casa.
(Págs. 77 a 79)
49. A
questão dos lugares
assombrados, diz Kardec,
é um fato comprovado.
Barulhos e perturbações
causados pelos Espíritos
são coisas conhecidas.
Mas teriam certas
árvores, como as
multiplicantes, um
poder atrativo
particular? Levada a
questão à Sociedade
Espírita de Paris, o
Espírito de Clélie
Duplantier transmitiu a
19-2-1869 as explicações
que se seguem: I – Todas
as lendas, por mais
ridículas que pareçam,
repousam numa base real,
numa verdade
incontestável. II – As
multiplicantes
foram, sobretudo na Ilha
Maurícia, e ainda eram,
pontos indicados para as
reuniões noturnas,
porque, acomodadas junto
a seu tronco, as pessoas
podem abrigar-se sob sua
folhagem. III – Os
homens conservam, ao
desencarnar, seus
hábitos terrenos e
muitos, portanto,
continuam a reunir-se
debaixo dessas árvores.
Eis por que há lugares
mais particularmente
assombrados: os
Espíritos que ali se
reúnem já os
frequentavam em vida. IV
– As multiplicantes
não são, pois, mais
propícias à habitação
dos Espíritos inferiores
do que outros lugares. A
natureza do abrigo, seu
aspecto lúgubre, nada
tem que ver com isso;
trata-se simplesmente de
uma questão de
bem-estar. Desalojam-se
dali os Espíritos e eles
se vingam. V – Como são
ainda muito atrasados e
materializados,
vingam-se materialmente,
batendo nas paredes,
movendo objetos e coisas
desse tipo. (Págs. 79
e 80)
50. Sob o título de:
O Espiritismo ante a
Ciência, o sr.
Chevillard pronunciou em
janeiro último uma
conferência pública
muito aguardada. O
orador limitou-se, no
entanto, ao exame de
alguns fenômenos
materiais, ignorando por
completo o que, em
essência, constitui o
Espiritismo – a parte
filosófica e moral – sem
a qual o Espiritismo não
estaria implantado em
todas as partes do
mundo. Adversário do
Espiritismo, o sr.
Chevillard não nega os
fatos; ao contrário,
eles os admite. Apenas
os explica a seu modo,
negando, evidentemente,
a intervenção dos
Espíritos. (Págs. 80
a 83)
51. Comentando o caso,
Kardec diz que falar do
Espiritismo, não importa
em que sentido, “é fazer
propaganda em seu
proveito”. A experiência
prova a verdade dessa
assertiva. Por isso, não
há o que lamentar por
causa das palavras
proferidas pelo sr.
Chevillard. “Mais tarde,
sem a menor dúvida,
vindo o momento
oportuno, o Espiritismo
também terá os seus
oradores simpáticos”,
asseverou o Codificador.
“Apenas lhes
recomendaremos que não
caiam no erro dos
adversários, isto é, que
estudem a questão a
fundo, a fim de falar
com perfeito
conhecimento de causa.”
(Págs. 83 e 84) (Continua no próximo
número.)