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Crônicas e Artigos

Ano 5 - N° 205 - 17 de Abril de 2011

JOSÉ REIS CHAVES
jreischaves@gmail.com
Belo Horizonte, Minas Gerais (Brasil)

 

Demos as mãos à verdade, acatando na Bíblia a mediunidade


A Bíblia está repleta de fenômenos espirituais ou mediúnicos conhecidos desde os primórdios da humanidade e em todas as culturas e civilizações de todos os povos. Segundo o renomado biblista e pastor presbiteriano, Nehemias Marien, a Bíblia é um manual de psicografia do princípio ao fim, ao que eu acrescento e, também, de psicofonia (fala).

Jesus promete outro Consolador (denominado também de Espírito Santo e Espírito de Verdade), que ficaria sempre conosco (João, 14:16). Pelo texto, o Consolador não é Jesus. E, apesar de o excelso Mestre dizer que é o Pai que no-lo enviaria (João, 14:16), Ele afirma também que é Ele mesmo que o enviaria (João 15:26). O Consolador não é um Espírito encarnado, pois não pode estar sempre conosco, já que, um dia, ele desencarna. Não se trata também de um Espírito desencarnado, pois poderíamos perguntar quem é ele?

Uma doutrina teológica ensina que o Consolador é o Espírito Santo da Trindade, que ela afirma ser também Deus. Essa doutrina é polêmica, pois, se o Consolador fosse Deus, falaria por si mesmo. Mas Jesus disse que o Consolador não falaria por ele mesmo, mas o que ele teria ouvido, e que nos faria lembrar de tudo o que Ele, Jesus, ensinou (João 14,26).

E a citada doutrina ainda ensina, há séculos, que o Consolador nos foi enviado no fenômeno de Pentecostes. Mas em Pentecostes não existe sequer um só exemplo que nos faça lembrar do ensino de Jesus. Teria o Nazareno, pois, se equivocado, ao falar-nos sobre o Consolador prometido? Não, foram os teólogos que se equivocaram, interpretando errada e forçadamente o Pentecostes. Nele, aconteceu o fenômeno de Xenoglossia, ou seja, vários Espíritos falando em línguas estrangeiras através dos apóstolos, que eram todos médiuns especiais, principalmente Tiago, Pedro e João, sempre presentes nos feitos mais importantes realizados por Jesus. Alguns diziam que os apóstolos estavam embriagados, quando eles estavam era em transe.

Os títulos bíblicos nem sempre conferem com os seus textos. O capítulo 2 de Atos, na tradução de João de Almeida, tem o título forçado de “A descida do Espírito Santo”, o que não se ajusta com o conteúdo do texto. Também, em vez de “o” Espírito Santo, como trazem as traduções, nos originais em grego, lê-se, geralmente, “um” Espírito Santo. O próprio Espírito de Deus nunca se manifesta diretamente. Paulo diz aos coríntios: Nós temos recebido o Espírito que vem de Deus (1 Coríntios, 2:12). Ora, se vem de Deus, não é o Espírito do próprio Deus!

O profeta Joel e São Pedro ensinam que, nos últimos dias (últimos dias de um ciclo e não do mundo), Deus derramará de seu Espírito sobre toda a carne. Os filhos e filhas profetizarão, os jovens terão visões, e os velhos sonharão (Joel, 2:28; e Atos, 2:17 e 18). Isso é um modo de dizer que, um dia, todos os seres humanos terão sua mediunidade desenvolvida, com capacidade, pois, para receberem Espíritos, mas, como vimos, não o próprio Espírito de Deus. Para Kardec, o Consolador prometido personifica a Doutrina dos Espíritos. E eu assino embaixo.

Os teólogos criaram um imbróglio, pois, além de ensinarem que o Consolador ou o Espírito Santo é outro Deus, ensinam também que é Ele próprio que se manifesta, o que é igualmente contra a Bíblia!



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita