– O livro
espírita é sempre
bem-vindo como portador
de ensinamentos, mas
percebe-se uma
quantidade considerável
deles que, embora
difundidos no meio
espírita, destoam dos
fundamentos contidos na
obra kardequiana. Como
devem se posicionar os
espíritas,
principalmente os que
são dirigentes de casas
espíritas, diante dessas
obras?
Raul Teixeira:
Diante da falta de
hábito da boa leitura
por parte de grandíssimo
número das pessoas em
nossas sociedades,
entendemos que
o Movimento Espírita não
teria como escapar da
participação delas em
seus quadros. Danoso processo
de preguiça intelectual
empurra os indivíduos
para o desinteresse em
aprender e para a pouca
leitura. Pouca leitura,
por sua vez, acarreta
pouco conhecimento,
parco discernimento e
baixo poder de análise.
Enquanto se
mantiver o imenso
contingente de espíritas
que adora ler as orelhas
dos livros apenas e os romancecos de
final feliz, sem nenhum
interesse para examinar
tanto os fundamentos do
Espiritismo quanto as
suas obras literárias
sérias, que os
confirmam, teremos essa
invasão aventureira de
literatura de gosto
duvidoso – algumas vezes
mediúnica, doutras vezes pseudomediúnicas,
mas sempre produtos da
mistificação dos seus
autores desencarnados e
de seus instrumentos
humanos.
Os dirigentes
de instituições
espíritas, quando
conscientes e
responsáveis perante a
Doutrina Espírita, assim
como os demais espíritas
lúcidos e atentos,
deverão examinar
cuidadosamente todo o
produto intelectual que
lhes chegue – mediúnico
ou não –, a
fim de que não
compactuem com o sombrio
projeto do Além
inferior, que vem
encontrando instrumentos
dóceis e fáceis para
enodoar a mediunidade
séria, lançando-a na
vala comum das inconsequências,
como para confundir
neófitos e inexpertos que,
ingenuamente, creem
que tudo o que aparece
para a venda nas
livrarias ditas
espíritas guarda
compromisso superior com
a sã divulgação e
aclaramento do
Espiritismo.
A melhor
posição será sempre a da
vigilância tranquila e
permanente, sem qualquer
neurose ou desesperação,
na certeza de que o
esforço continuado
dos seguidores fiéis acabará
por suplantar a sanha dinheirista dos
espertalhões de
plantão, quando, então,
todos teremos a visão
mais aclarada para os
livros de real valor
como obra genuinamente
espírita.
De entrevista concedida
especialmente a esta
revista no dia 29 de março
de 2011.
|