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Estudando a série André Luiz
Ano 5 - N° 207 - 1° de Maio de 2011

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

Ação e Reação

André Luiz

(Parte 7)

Damos continuidade nesta edição ao estudo da obra Ação e Reação, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares

A. Fora da Mansão Paz havia muitas criaturas em grande sofrimento. Como a Mansão as assistia?

Primeiro, Silas explicou que aquelas pessoas não apresentavam os necessários requisitos para serem assistidas dentro da Mansão, que não lhes podia abrir as portas de imediato, em face do de­sespero e da revolta em que se compraziam. A assistência lhes era dada por meio de entidades recuperadas que desenvolviam preciosas tarefas em largos setores daquela região. Por intermédio delas, o instituto podia atender milhares de consciências necessitadas e saber com segurança quais os irmãos em sofrimento dignos de acesso à Casa, após a trans­formação gradual a que se ajustavam. (Ação e Reação, cap. 5, pp. 59 a 61.) 

B. Quem era Orzil e que tarefa desempenhava?

Orzil era um dos guardas da Mansão, em serviço nas sombras. Numa pequena casa localizada fora dos muros da Mansão, ele tinha aos seus cuidados três Espíritos em franca situação de inconsciên­cia. As acomodações usadas por eles eram bem rústicas: as celas lembravam boxes de confortável cavalariça, construídas com toda a segurança, em aten­ção aos objetivos de contenção. O tratamento ali precedia uma futura internação na própria Mansão, quando tivessem condições de serem por ela acolhidos.  (Obra citada, cap. 5, pp. 62 a 64.)

C. Por que um dos internos na casa, de nome Veiga, estava revoltado com os próprios filhos?

O motivo era usura. Veiga lutara por vinte e cinco anos para reaver uma herança dos avós. Quando a recebeu, foi colhido pela morte. Ele permaneceu em casa, desejando acompanhar, pelo menos, a partilha do espólio, mas seus filhos amaldiçoaram-lhe a influência, im­pondo-lhe, a cada passo, frases venenosas e hostis. Além disso, começaram a perseguir sua segunda esposa, que lhes fora mãe ao invés de madrasta, administrando-lhe tóxicos por medicação inocente, até que a pobrezinha foi internada numa casa de loucos, sem esperança de recuperação. Aí residiam o motivo de sua revolta e o desejo de que forças infernais punissem os próprios descendentes.  (Obra citada, cap. 5, pp. 66 e 67.)

Texto para leitura 

25. Vastação purificadora (1)  - O aparente descaso para com aquelas criaturas tão sofridas levou Hilário a perguntar se não seria razoável que a Mansão as amparasse. O Assistente explicou que aquelas Entidades não apresentavam os necessários requisitos para serem assistidas. "Firme na execução do programa que lhe assiste –  informou Silas – , nossa casa não lhes podia abrir as portas de imediato, em face do de­sespero e da revolta em que se comprazem, mas também não desdenhava a possibilidade de prestar-lhes a ajuda possível, fora do campo de ação em que vive sediada." Ali se reuniam, de maneira indiscriminada, mi­lhares de entidades, vítimas de seus pensamentos desvairados e som­brios. "Quando superam a crise de perturbação ou de angústia de que são portadoras, o que pode perdurar por dias, meses ou anos, são tra­zidas à nossa instituição que, tanto quanto possível, evita abrir-se às consciências ainda positivamente encravadas na revolta sistemá­tica", informou Silas. Uma coisa é atender a Espíritos inconscientes e devedores; outra é lidar com criaturas insensatas e rebeladas. Aquelas entidades, embora vivessem fora dos muros do instituto, contavam, po­rém, com o amparo da Mansão, através de Entidades recuperadas que ali desenvolviam preciosas tarefas, incumbindo-se da assistência fraterna, em largos setores daquela região. Através destas, o instituto podia atender milhares de consciências necessitadas e saber com segurança quais os irmãos em sofrimento dignos de acesso à Casa, após a trans­formação gradual a que se ajustam. O amparo não impedia, porém, os as­saltos por parte de Inteligências perversas, que ali eram também cons­tantes, principalmente em torno das Entidades que largaram cúmplices bestializados em antros infernais ou em núcleos de atividades terres­tres. Nesses casos, as vítimas dessas feras humanas padecem longos e inenarráveis suplícios, através da fascinação hipnótica de que muitos gênios do mal são cultores exímios. Silas refere-se a esses fatos como "fenômenos de flagelação compreensível que alguns místicos do mundo, em desdobramento mediúnico, no reino das trevas, classificaram como sendo vastação purificadora". (Capítulo 5, pp. 59 a 61)

26. Uma casinha em meio ao nevoeiro - Como Hilário não entendesse o porquê da flagelação imposta àqueles Espíritos, Silas ponderou: "Compreendo-lhe o pesar. Indiscutivelmente, tanta dor reunida não se­ria justa se não viesse de quantos preferiram no mundo o trato diário com a injustiça. Não é claro, porém, que todos venhamos a colher o fruto da plantação que nos pertence?" E informou: "Não encontraremos aqui neste imenso palco de angústia almas simples e inocentes, mas sim criaturas que abusaram da inteligência e do poder, e que, voluntaria­mente surdas à prudência, se extraviaram nos abismos da loucura e da crueldade, do egoísmo e da ingratidão, fazendo-se temporariamente pre­sas das criações mentais, insensatas e monstruosas, que para si mesmas teceram". Nesse ponto da conversa, o grupo chegou à frente de pequena casa, de cujo interior brotava reconfortante jorro de luz. Cães enor­mes ganiam de estranho modo, sentindo-lhes a presença. De súbito, um companheiro de alto porte e aspecto rude apareceu e saudou-os, abrindo-lhes passagem. Era Orzil, um dos guardas da Mansão, em serviço nas sombras. Já dentro da casa, dois dos seis grandes cães, aos ralhos do guardião, acomodaram-se junto do grupo. De constituição agigantada, Orzil parecia um urso em forma humana, em cujos olhos límpidos viam-se sinceridade e devotamento. Silas informou que Orzil era um companheiro de cultura ainda escassa, que se comprometeu em delitos lamentáveis no mundo. Sofreu muito sob o império dos antigos adversários, mas, após longo estágio na Mansão, prestava valioso concurso naquela região. Na casa, Orzil mantinha algumas celas, ocupadas por Entidades em trata­mento, prestes a serem recebidas pelo instituto. Interpelado pelo As­sistente, o companheiro informou que a tempestade ocorrida na véspera trouxera imensa devastação e provocara muito sofrimento nos pântanos, referindo-se, nesse caso, aos precipícios abismais em que se debatiam milhares de almas infelizes e conturbadas. (Capítulo 5, pp. 62 e 63)

27. O caso Veiga - Hilário indagou se seria possível atingir se­melhantes lugares, para aliviar os quem ali padecem. Orzil, muito triste e resignado, respondeu: "Impossível..." Silas complementou: "Os que se agitam nestas furnas jazem, de modo geral, quase sempre extre­mamente revoltados e, na insânia a que se entregam, fazem-se verdadei­ros demônios de insensatez". "É necessário se disponham à conformação clara e pacífica para que, ainda mesmo semi-inconscientes, consigam acolher com proveito o auxílio que se lhes estende aos corações." Na casa, havia três doentes internados, em franca situação de inconsciên­cia. De fato, ao visitá-los, o grupo ouviu uma gritaria estentórica. As acomodações usadas por eles eram bem rústicas: as celas lembravam boxes de confortável cavalariça, construídas com toda a segurança, em aten­ção aos objetivos de contenção. À medida que o grupo se aproximava, desagradável odor lhes afetava as narinas. O Assistente explicou: "Vocês não ignoram que todas as criaturas vivem cercadas pelo halo vi­tal das energias que lhes vibram no âmago do ser e esse halo é consti­tuído por partículas de força a se irradiarem por todos os lados, im­pressionando-nos o olfato, de modo agradável ou desagradável, segundo a natureza do indivíduo que as irradia". "Assim sendo, qual ocorre na própria Terra, cada entidade aqui se caracteriza por exalação pecu­liar." Nas imediações da cela do irmão Corsino, o cheiro era seme­lhante ao da carne em decomposição. É que referido Espírito –  cujo pensamento continuava enrodilhado ao corpo sepulto –  vivia imerso na lembrança dos abusos a que se entregara na vida física e trazia a ima­gem do próprio cadáver à tona de todas as suas recordações. Noutro abrigo, a porta gradeada permitiu que o grupo visse um homem envelhe­cido, de cabeça pendida entre as mãos, a clamar: "Chamem meus filhos! chamem meus filhos..." Era o irmão Veiga, que mantinha fixa a ideia na herança que perdera ao desencarnar: vasta quantidade de ouro e bens que passou à propriedade dos filhos, três rapazes que concorriam no mundo ao melhor e maior quinhão, prevalecendo-se, para isso, de juizes venais e rábulas inconsequentes. A psicosfera do enfermo mostrava for­mas-pensamentos, criadas pelas reminiscências do amigo, em que três jovens apareciam e desapareciam, vagueando entre documentos esparsos, cédulas e cofres cheios de valores... (Capítulo 5, pp. 63 a 65)

28. Vítima da usura - Logo que viu o grupo, Veiga avançou e, apoiando-se nas grades, gritou, dementado: "Quem sois? Juízes? juízes?..." E derramou-se em lamúrias que sensibilizaram a todos: "Lutei por vinte e cinco anos para reaver a herança que me cabia por morte de meus avós... E, quando a vi nas mãos, a morte me arrebatou ao corpo, sem piedade... Não me resignei a essa injunção e permaneci em minha velha casa... Desejava, pelo menos, acompanhar a partilha do espólio que me interessava, mas meus rapazes amaldiçoaram-me a influência, im­pondo-me, a cada passo, frases venenosas e hostis... Não satisfeitos com as agressões mentais que me infligiam, começaram a perseguir minha segunda esposa, que lhes foi mãe ao invés de madrasta, administrando-lhe tóxicos por medicação inocente, até que a pobrezinha foi internada numa casa de loucos, sem esperança de recuperação... Tudo por causa do nosso rico dinheiro que os malandros querem pilhar... Diante de tal injustiça, pensei suplicar o favor dos seres que povoam as trevas, porque somente os gênios do mal devem ser os fiéis executores da grande vingança..." Veiga enxugou as lágrimas de desespero e conti­nuou: "Dizei-me!... por que motivo terei alimentado infelizes ladrões, julgando acariciar filhos de minhalma? Casei-me quando moço, acalen­tando sonhos de amor, e gerei espinheiros de ódio!..." Silas pediu-lhe calma, mas o infeliz vociferou, desabrido: "Nunca! nunca perdoarei!... Recorri aos infernos sabendo que os santos me aconselhariam conformi­dade e sacrifício... Quero que os demônios torturem meus filhos, tanto quanto meus filhos me torturam..." E, transformando o choro em garga­lhadas estridentes, passou a bradar: "Meu dinheiro, meu dinheiro, exijo meu dinheiro!" Na cela seguinte havia um homem profundamente triste, sentado ao fundo da prisão, de cabeça pendida entre as mãos e de olhos fixos em parede próxima. Seguindo-lhe a atenção no ponto que concentrava os seus raios visuais, como espelho invisível retratando-lhe o próprio pensamento, André viu larga tela viva em que se desta­cava enluarada rua de grande cidade, na qual, ele, no volante de um carro, perseguia um transeunte bêbado, até matá-lo sem compaixão. Tra­tava-se, pois, de um homicida preso a constrangedores quadros mentais que o aprisionavam a punitivas lembranças. (Capítulo 5, pp. 66 e 67) (Continua no próximo número.) 


(1)
Vastação [do lat. vastatione] significa: estrago, assolação, devastação. 



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita