WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual Edições Anteriores Adicione aos Favoritos Defina como página inicial

Indique para um amigo


O Evangelho com
busca aleatória

Capa desta edição
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Rádio Espírita
On-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Divaldo Franco
Site oficial
Raul Teixeira
Site oficial
Conselho
Espírita
Internacional
Federação
Espírita
Brasileira
Federação
Espírita
do Paraná
Associação de
Magistrados
Espíritas
Associação
Médico-Espírita
do Brasil
Associação de
Psicólogos
Espíritas
Cruzada dos
Militares
Espíritas
Outros
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco

 
Clássicos do Espiritismo
Ano 5 - N° 211 - 29 de Maio de 2011
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)


O Espiritismo perante a Ciência

Gabriel Delanne

(Parte 4)

Damos continuidade nesta edição ao estudo do livro O Espiritismo perante a Ciência, de Gabriel Delanne, conforme tradução da obra francesa Le Spiritisme devant la science, publicada originalmente em Paris em 1885.

Questões preliminares

A. As questões metafísicas entram no campo de estudo dos positivistas?

Não. Os positivistas têm por objetivo o estudo da natureza pelos sentidos, pela observação e pela análise. Tudo o que se afasta dessa ordem de coisas é para eles o desconhecido, o porquê, ao qual renunciam, deliberadamente, pesquisar. As realidades dos metafísicos podem existir, não as negam; mas como não entram no domínio dos fatos sensíveis, acham inútil e perigoso querer defini-las. (O Espiritismo perante a Ciência, Primeira Parte, Cap. II, O materialismo positivista.)

B. Podemos explicar, de modo preciso, o que se chama senso íntimo?

Não se pode precisar em que consiste essa propriedade de nos conhecermos, que se chama senso íntimo; é impossível encontrar o órgão que lhe corresponda; entretanto, ninguém recusará sua manifestação, que se afirma por um exercício ininterrupto. (Obra citada, Primeira Parte, Cap. II, O materialismo positivista.)

C. No tocante ao estudo do cérebro, que contribuição devemos ao fisiologista J. Luys?

Autor do livro O Cérebro e suas funções, Luys aperfeiçoou os métodos de investigação da substância cerebral, empregando uma série de cortes metodicamente espaçados, de milímetro em milímetro, quer no sentido horizontal, quer no vertical, quer no antero-posterior; e esses cortes, praticados segundo as três direções da massa sólida que se trata de estudar, foram reproduzidos pela fotografia. (Obra citada, Primeira Parte, Cap. II - O cérebro e suas funções.)

Texto para leitura

92. Os positivistas têm por objetivo o estudo da natureza pelos sentidos, pela observação e pela análise. Tudo o que se afasta dessa ordem de coisas é para eles o desconhecido, o porquê, ao qual renunciam, deliberadamente, pesquisar. As realidades dos metafísicos podem existir, não as negam; mas como não entram no domínio dos fatos sensíveis, acham inútil e perigoso querer defini-las; em suma, elas são incognoscíveis, isto é, inteiramente fora do alcance do entendimento.

93. Além da esfera dos fenômenos comprovados, existe um desconhecido que o espírito procura em vão penetrar; assim, Littré, traçando o programa da escola, recomendou absoluta neutralidade em todas as questões dogmáticas relativas à essência das coisas. Ele o afirma nitidamente nesta passagem: “Não se conhecendo nem a origem nem o fim das coisas, não há motivo para negar que haja algo além dessa origem e desse fim (isto é contra os materialistas e os ateus), assim como não há razão para o afirmar (isto agora é contra os espiritualistas, os metafísicos e os teólogos). A doutrina positiva põe de lado a questão suprema de uma inteligência divina, pelo fato de reconhecer sua absoluta ignorância nesse sentido, como aliás acontece às ciências particulares, que lhe são afluentes, no que toca à origem e ao fim das coisas, o que implica necessariamente que, se a doutrina positiva não nega a inteligência divina, não a afirma; conserva-se perfeitamente neutra entre a negação e a afirmação, as quais se valem, no ponto em que estamos. Não é preciso dizer que ela exclui o materialismo, que é uma explicação daquilo que ninguém pode explicar. Não busca mais o que o naturalismo tem de exorbitante, pois exclama, como De Maistre, falando da Natureza: quem é esta mulher?” [i]

94. Vê-se, está bem claro, que o verdadeiro positivista não se deve inclinar para nenhum sentido; é-lhe absolutamente interdito meditar sobre os problemas que não se podem resolver pelo método direto da análise e da observação. Mas, em que pese isso, o mais ilustre representante da ciência positiva é materialista, senão em princípio, pelo menos efetivamente. Contrário ao seu programa e à realidade, afirma que a matéria pensa, e crê que a Natureza se governa por si mesma. São estas conclusões que nós denunciamos como falsas, em virtude das razões que expusemos no capítulo precedente.

95. O método positivo rejeita todo instrumento de estudo que não os sentidos; mas existe em nós essa propriedade de nos conhecermos que se chama senso íntimo, e que tem seu valor, pois é por ele que somos informados da existência do pensamento. Sem dúvida, não se pode precisar em que consiste; é impossível encontrar o órgão que lhe corresponda; entretanto, ninguém recusará sua manifestação, que se afirma por um exercício ininterrupto.

96. Esse declive, por onde escorregam os positivistas, leva-os, fatalmente, ao materialismo, do qual, teoricamente, têm a pretensão de se afastarem. O desdém que mostram por tudo que não é diretamente mensurável denota a negação antecipada das realidades espirituais. Apesar de toda a sua ciência, não podem explicar o pensamento; ele se produz em condições determinadas que têm, sem dúvida, certa relação com estados especiais do cérebro; mas, como sucede com Moleschott, não lhes é possível afirmar que esse pensamento seja produto do cérebro.

97. O cérebro, sua composição, seu modo de funcionamento, tal é o campo de batalha atual onde se concentram os esforços dos partidos opostos. É penetrando nas profundezas de sua constituição íntima, perscrutando com tenacidade os recônditos desse órgão, que um sábio fisiologista, Luys, espera dar ganho de causa aos positivistas. Ele quer mostrar que a atividade intelectual é produzida simplesmente pelo jogo das forças naturais das células do córtice cerebral, estimuladas pelas excitações do exterior e trazidas pelos nervos centrípetos.

98. É consequente com suas doutrinas, porque, hoje, a maior parte dos discípulos de Littré professam injustificável horror pela antiga filosofia; repelem em bloco todos os fatos certos, aos quais se tinha chegado pelo estudo atento dos estados de consciência, para adotar uma psicologia nova, que absolutamente não participa de qualquer filosofia, antes constitui outra ciência.

99. Essa psicologia não se ocupa da alma e de suas faculdades, consideradas em si mesmas, senão dos fenômenos pelos quais se manifesta a inteligência e das condições invariáveis das leis que regem a sua produção. Ela não pede só à consciência que lhe faça conhecer o espírito; não se limita à ação interna, que julga, muitas vezes, ilusória, mas apela para o método das ciências naturais e dispõe, por vezes, apesar da delicadeza do assunto e do temor respeitoso que a domina, da própria experimentação, graças à patologia.

100. Seu primeiro princípio, seu ponto de partida, é o fato, admitido há pouco tempo pela ciência oficial, de que o cérebro é o órgão do pensamento, do espírito, ou melhor, que a inteligência, a alma – se quisermos compreender sob esse vocábulo o conjunto das ideias e dos sentimentos – é uma função do cérebro.

101. Retomemos, ainda uma vez, o estudo do cérebro, não mais o encarando, com Moleschott, sob o ponto de vista de sua composição química, mas em sua estrutura anatômica e em sua vida fisiológica. Seguiremos, passo a passo, o livro do fisiologista J. Luys: O Cérebro e suas funções, e poremos ainda aí, em evidência, todos os artifícios empregados para falsear as conclusões naturais dessas investigações, que são todas a favor dos espiritualistas.

102. Luys é um experimentador de primeira ordem; aperfeiçoou os métodos de investigação da substância cerebral, empregando uma série de cortes metodicamente espaçados, de milímetro em milímetro, quer no sentido horizontal, quer no vertical, quer no antero-posterior; e esses cortes, praticados segundo as três direções da massa sólida que se trata de estudar, foram reproduzidos pela fotografia.

103. O sistema nervoso do homem apresenta 3 grandes divisões:

1 - O cérebro e o cerebelo [ii]

2 - A medula espinhal

3 - Os nervos.

104. Não trataremos aqui da medula espinhal nem dos nervos; o que nos interessa é o cérebro, que é constituído por dois hemisférios - A e C - reunidos por meio de uma série de fibras brancas transversais - B -, que fazem comunicar as partes semelhantes de cada lobo, de modo que as duas metades façam um só corpo, cujas moléculas estão todas em relação umas com as outras.

105. Cada lobo, tomado separadamente, apresenta por seu turno: 1 - Massas de substância cinzenta; 2 - Aglomerações de fibras brancas, que fazem comunicar duas partes semelhantes de cada hemisfério.

106. A substância branca, inteiramente composta de tubos nervosos justapostos, ocupa os espaços compreendidos entre a superfície dos lobos e os núcleos centrais. As fibras que a constituem representam traços de união entre tal ou qual região do córtice cerebral e tal ou qual dos núcleos centrais.
 

107. Podem ser consideradas como uma série de fios elétricos estendidos entre duas estações e em duas direções diferentes. As que reúnem os diversos pontos da superfície dos hemisférios aos núcleos centrais são comparáveis a uma roda, cujos raios ligam a circunferência ao centro; as outras se dirigem transversalmente e juntam duas partes semelhantes de cada hemisfério.

108. A substância cortical cinzenta se apresenta sob a aparência de uma lâmina cinzenta, ondulosa, dobrada muitas vezes sobre si mesma, e formando uma série de sinuosidades múltiplas, cujo fim é aumentar-lhe a superfície.

109. Pensou-se que havia nessas dobras certas disposições gerais; seu maior número, porém, toma as mais variadas formas, conforme os indivíduos. A espessura da camada cerebral é em média de 2 a 3 milímetros; em geral, é mais abundantemente repartida nas regiões anteriores do que nas regiões posteriores. A massa varia conforme a idade e a raça: Gratiolet notou que nas espécies de pequena estatura a massa da substância cortical é pouco abundante.

110. Quando se toma uma fatia delgada dessa matéria cinzenta do córtice cerebral e a comprime entre duas lâminas de vidro, nota-se que ela se divide em zonas de desigual transparência e que estas zonas se dispõem em uma estriação regular e fixa. Veremos o que apresenta o córtice cerebral, visto a olho nu, o que todos podem verificar em cérebros frescos. (Continua no próximo número.)


 

[i] Revue de Philosophie Positive, jan. 1880.

[ii] Embora o autor refira apenas o cérebro e o cerebelo, é mais correto dizer: o cérebro e o cerebelo, a protuberância anular e o bulbo raquidiano, a menos que se prefira dizer simplesmente o encéfalo.

Em verdade, podemos, com Testut, considerar o sistema nervoso do homem formado de duas classes de órgãos, grupados em duas grandes divisões:

1) órgãos centrais - centros nervosos - que constituem o sistema nervoso central;

2) órgãos periféricos - nervos - que constituem o sistema nervoso periférico.

O sistema nervoso central é formado por um eixo de substância nervosa, que ocupa integralmente a cavidade óssea constituída pelo crânio e pela coluna vertebral; é o neuro-eixo, eixo encéfalo-medular ou cerebrospinal ou ainda mielencéfalo.

Dois órgãos proeminentes formam esse eixo nervoso: o encéfalo e a medula espinal, aquele de forma ovoide, ocupando a cavidade craniana, esta de forma tronco-cônica alongada, enchendo a cavidade ou canal existente na coluna vertebral, formada pelo empilhamento das vértebras. Deixando de lado, como faz o autor, a medula espinal e os nervos periféricos, encaremos apenas o encéfalo, pois é deste que faz parte o cérebro, a que o autor empresta interesse todo particular.

O encéfalo apresenta-se constituído de cinco partes que são, indo-se de baixo e de trás para cima e para frente:

1) bulbo raquidiano, também chamado medula oblongata, porque continua para cima a medula espinal, no eixo nervoso;

2) protuberância anular;

3) cerebelo;

4) pedúnculos cerebrais - parte do encéfalo que liga as três partes;

5) o cérebro - com os chamados hemisférios cerebrais.

São essas cinco as partes do encéfalo existentes no homem já devidamente desenvolvido. É útil, no entanto, para melhor compreensão da anatomia e da fisiologia nervosas, saber que no embrião, inicialmente, só existiam três vesículas primitivas chamadas cérebros anterior, médio e posterior. Mais tarde os cérebros anterior e posterior dividiram-se, cada um, em duas vesículas secundárias, do que resultaram no embrião mais desenvolvido, cinco vesículas cerebrais distintas, que se chamam: cérebro anterior definitivo, prosencéfalo ou telencéfalo, do qual se originaram os hemisférios cerebrais; cérebro intermediário, talamoencéfalo ou diencéfalo, que deu origem aos tálamos óticos, também chamados camas óticas; cérebro médio ou mesencéfalo, de que se originaram os pedúnculos cerebrais; cérebro posterior definitivo ou meteno falo, do qual se originaram o cerebelo e a protuberância anular; trascérebro, medula oblongata ou mielencéfalo, do qual se formou o bulbo raquidiano. No curso do seu desenvolvimento, entretanto, o cérebro intermediário, talamoencéfalo ou diencéfalo se integrou aos hemisférios cerebrais, provenientes do cérebro anterior definitivo, pelo que sob a designação geral de cérebro se estudam os hemisférios cerebrais e os núcleos da base cerebral - os tálamos óticos.

É ao cérebro assim compreendido, incluindo em seu conjunto os tálamos óticos, que se refere amplamente o autor, em harmonia, aliás, com o que se lê no Tratado de Anatomia Humana de Testut-Latarget, 2º tomo, pág. 896, 9ª edição, de Salvat Editores S.A., Barcelona, Madrid, 1960, que, data vênia, transcrevemos atualizada:

“O cérebro constitui a parte anterior e superior do encéfalo. Dos diferentes segmentos que entram na constituição do eixo cérebro medular, é há um tempo o mais volumoso, mais importante e mais nobre: a ele chegam, em definitivo, todas as impressões chamadas conscientes, recolhidas na periferia pelos nervos sensitivos e sensoriais e dele partem todas as incitações motoras voluntárias logo transportadas aos aparelhos musculares pelos nervos motores; o cérebro é, finalmente, o ponto onde têm assento as faculdades intelectuais, com as quais tem relações íntimas, que, nem por serem pouco conhecidas, deixam de ser indubitáveis.

Anatomicamente, compreende os hemisférios cerebrais propriamente ditos, com seus ventrículos lateriais, e os tálamos áticos com o ventrículo médio, isto é, o cérebro médio (diencéfalo) e o cérebro anterior (telencéfalo). No curso de seu desenvolvimento, este incorpora o cérebro médio de tal maneira que no adulto não é possível separar no estudo um do outro.” - (Nota da Editora.)




 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita