DAVILSON SILVA
davsilva.sp@gmail.com
São Paulo, SP (Brasil)
“Não vos orgulheis por
aquilo que sabeis”
O mau emprego da
inteligência pode
provocar grandes
desgostos a quem lhe
faça uso por desmedido
amor-próprio. Não raro,
este sentimento, o
amor-próprio,
apresenta-se disfarçado
de virtude que, no
fundo, no fundo, não
passa de uma dignidade
pessoal postiça,
infundida pelo desejo
excessivo de se obter
simpatia, elogios,
homenagens, enfim,
expressões de admiração.
O Espírito Ferdinando,
em um texto por ele
ditado em Bordeaux,
França, 1863, deu este
conselho: “Não vos
orgulheis por aquilo que
sabeis, porque esse
saber tem limites bem
estreitos, no mundo em
que habitais”. (1)
Orgulho é conceito
elevado ou exagerado de
quem tem de si mesmo,
significando
amor-próprio cego, capaz
de provocar grandes
prejuízos —
prejuízos morais,
materiais, coletivos ou
individuais. Este
sentimento arrasta o
orgulhoso a existências
miseráveis, cheias de
humilhação, e, do
orgulho, provém esse
outro sentimento: o
Egoísmo.
Adversário da humildade
Egoísmo exprime
amor excessivamente
voltado apenas ao bem
próprio, jamais levando
em conta os interesses
de outrem. Sendo este
sentimento lamentável
adversário da Humildade,
assim o descreve o
Espírito Emmanuel:
“(...) monstro devorador
de todas as
inteligências, esse
filho do orgulho é a
fonte de todas as
misérias terrenas (...),
por isso mesmo, o maior
obstáculo à felicidade
dos homens”. (2)
Em outras palavras, para
corroborar ainda mais
com o até aqui exposto,
atitudes egoístas
representam o que há de
mais negativo. A soberba
contamina o íntimo de
uma grande e notável
inteligência e pode
extinguir-lhe toda a
energia moral, além
disso, ela corrompe,
desvia, perturba a
normalidade das funções
orgânicas e da parte
psíquica. Emmanuel, em
outra análise, disse que
muitos foram os que se
deleitaram com a ilusão
de eternos ídolos:
invigilantes e inquietos
por acolherem a lisonja
afetada, “choraram mais
tarde, a sós, com o seu
espinho ignorado no
recesso do ser”. (3)
Deus abençoa
É claro que Deus abençoa
o homem inteligente! Se
sua inteligência for
dirigida em benefício de
todos, especialmente em
auxílio às capacidades
retardatárias, Deus, por
certo, muito o
recompensará. Mais que
inteligente, o homem de
grande instrução pode
vir a ser um virtuoso,
se não se vangloriar da
sua força intelectual,
de seus talentos,
ajudando sempre quem
possa, tornando-lhe a
vida menos penosa.
Deus espera daquele que
é inteligente uma prova
de humildade e coragem,
de firmeza e, sobretudo,
de renúncia. É prova
difícil, sem dúvida
alguma, o mérito da
inteligência; mas “Deus
não coloca fardo pesado
em ombros fracos”, e dá
toda a condição de que
precisamos a fim de
superarmos as nossas
limitações.
Portanto, desperdiça a
inteligência aquele que,
através do seu orgulho,
provoca danos, subestima
o próximo, esmagando-o
com a sua arrogância.
Toda atitude egoísta
origina-se do orgulho,
com probabilidade de o
orgulhoso até cometer
gravíssimos desacertos.
Cada existência
significa ensejo
concedido por Deus para
que d’Ele nos
aproximemos, desde já,
aqui mesmo, neste mundo.
Então, nada de empregar
mal o saber e todas as
disposições que nos
distingam; a “mão”
dAquele que as faculta
pode também, de uma hora
para outra, retirá-las,
suspendendo direitos,
poderes e quaisquer
pertenças,
prerrogativas.
Notas:
1. KARDEC, Allan. O
Evangelho segundo o
Espiritismo. Tradução
José Herculano Pires.
62. ed. São Paulo: Lake
— Livraria Allan
Kardec Editora, 2001.
Cap. 7, item 13, p. 114.
2.Idem, ibidem. Trad. J.
Herculano Pires. cap.
11, item 11, p. 151.
3. XAVIER, Francisco C.
Pão nosso (Espírito
Emmanuel). 21. ed. Rio
de Janeiro: Federação
Espírita Brasileira
(FEB), 2001. Tema 126,
p. 263.
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