MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Ação e Reação
André Luiz
(Parte
11)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo da obra
Ação e Reação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1957 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. O chamado
determinismo aplica-se
aos seres humanos?
Até certo ponto, sim.
Segundo o Ministro
Sânzio, nas esferas
primárias da evolução,
o determinismo pode ser
considerado
irresistível. É o
mineral obedecendo a
leis invariáveis de
coesão e o vegetal
respondendo, fiel, aos
princípios
organogênicos. Mas, na
consciência humana, a
razão e a vontade, o
conhecimento e o
discernimento entram em
função nas forças do
destino, conferindo ao
Espírito as
responsabilidades
naturais que deve
possuir sobre si mesmo.
Em face disso, embora
nos reconheçamos
subordinados aos efeitos
de nossas próprias
ações, não podemos
ignorar que o
comportamento de cada um
de nós, dentro desse
determinismo relativo,
decorrente de nossa
própria conduta, pode
significar liberação
abreviada ou cativeiro
maior, agravo ou
melhoria em nossa
condição de almas
endividadas perante a
Lei.
(Ação e Reação, cap. 7,
pp. 92 e 93.)
B. Pode alguém, por
algum meio, escapar à
justiça divina?
Não.
"Da justiça – diz Sânzio
– ninguém fugirá, mesmo
porque a nossa
consciência, em
acordando para a
santidade da vida,
aspira a resgatar
dignamente todos os
débitos de que se onerou
perante a Bondade de
Deus; entretanto, o Amor
Infinito do Pai Celeste
brilha em todos os
processos de reajuste.”
Em vista disso, se
claudicamos nessa ou
naquela experiência
indispensável à
conquista da luz, é
necessário nos adaptemos
à justa recapitulação
das experiências
frustradas, utilizando
os patrimônios do
tempo.
(Obra citada, cap. 7,
pp. 92 e 93.)
C. Quando um Espírito
tem acesso à lembrança
do seu passado?
De forma resumida,
Sânzio diz que à medida
que nos demoramos na
organização
perispirítica, no fiel
cumprimento de nossas
obrigações para com a
Lei, mais se nos dilata
o poder mnemônico.
Avançando em lucidez,
abarcamos mais amplos
domínios da memória.
Assim é que, depois de
largos anos em serviço
nas zonas espirituais da
Terra, entramos
espontaneamente na faixa
de recordações menos
felizes, identificando
novas extensões de nosso
carma. Embora
sejamos reconhecidos à
benevolência dos
Instrutores e Amigos que
nos perdoam o passado
menos digno, jamais
condescendemos com
nossas próprias
fraquezas e, por isso,
vemo-nos impelidos a
solicitar das
autoridades superiores
novas reencarnações
difíceis e proveitosas,
que nos reeduquem ou nos
aproximem da redenção
necessária.
(Obra citada, cap. 7,
pp. 95 a 97.)
Texto para leitura
41. Da justiça
divina ninguém foge
- A alma humana dispõe,
assim, até certo ponto,
de faculdades que lhe
permitem influir na
genética,
modificando-lhe a
estrutura, porque a
consciência responsável
herda sempre de si
mesma, ajustada às
consciências que lhe são
afins. "Nossa mente
guarda consigo, em
germe, os acontecimentos
agradáveis ou
desagradáveis que a
surpreenderão amanhã,
assim como a pevide
minúscula encerra
potencialmente a planta
produtiva em que se
transformará no futuro",
disse Sânzio. Hilário
ficou intrigado, porque
tais palavras feriam a
complexa questão do
determinismo. Ora, se
trazemos hoje no campo
mental tudo aquilo que
nos sucederá amanhã,
isso consagraria o
determinismo absoluto. O
Ministro elucidou: "Sim,
nas esferas primárias
da evolução, o
determinismo pode ser
considerado
irresistível. É o
mineral obedecendo a
leis invariáveis de
coesão e o vegetal
respondendo, fiel, aos
princípios
organogênicos, mas, na
consciência humana, a
razão e a vontade, o
conhecimento e o
discernimento entram em
função nas forças do
destino, conferindo ao
Espírito as
responsabilidades
naturais que deve
possuir sobre si mesmo.
Por isso, embora nos
reconheçamos
subordinados aos efeitos
de nossas próprias
ações, não podemos
ignorar que o
comportamento de cada um
de nós, dentro desse
determinismo relativo,
decorrente de nossa
própria conduta, pode
significar liberação
abreviada ou cativeiro
maior, agravo ou
melhoria em nossa
condição de almas
endividadas perante a
Lei". A explicação de
Sânzio tocava, pois, na
questão do livre
arbítrio. Gozaria então
o indivíduo desse
direito mesmo nas piores
posições expiatórias?
"Como não? – falou o
Ministro – imaginemos
um delinquente
monstruoso, segregado
na penitenciária.
Acusado de vários
crimes, permanece
privado de toda e
qualquer liberdade na
enxovia comum. Ainda
assim, na hipótese de
aproveitar o tempo no
cárcere, para servir
espontaneamente à ordem
e ao bem-estar das
autoridades e dos
companheiros, acatando
com humildade e respeito
as disposições da lei
que o corrige, atitude
essa que resulta de seu
livre arbítrio para
ajudar ou desajudar a si
mesmo, a breve tempo
esse prisioneiro começa
por atrair a simpatia
daqueles que o cercam,
avançando com segurança
para a recuperação de si
mesmo." Disporíamos
então – indagou André –
de algum meio para
escapar à justiça
indefectível? O Ministro
sorriu e respondeu: "Da
justiça ninguém fugirá,
mesmo porque a nossa
consciência, em
acordando para a
santidade da vida,
aspira a resgatar
dignamente todos os
débitos de que se onerou
perante a Bondade de
Deus; entretanto, o Amor
Infinito do Pai Celeste
brilha em todos os
processos de reajuste.
Assim é que, se
claudicamos nessa ou
naquela experiência
indispensável à
conquista da luz que o
Supremo Senhor nos
reserva, é necessário
nos adaptemos à justa
recapitulação das
experiências frustradas,
utilizando os
patrimônios do tempo".
(Capítulo 7, pp. 92 e
93)
42. Como nascem e
se nutrem as tentações
- Para ilustrar o que
dizia, Sânzio valeu-se
do seguinte exemplo:
"Figuremos um homem
acovardado diante da
luta, perpetrando o
suicídio aos quarenta
anos de idade no corpo
físico. Esse homem
penetra no mundo
espiritual sofrendo as
consequências imediatas
do gesto infeliz,
gastando tempo mais ou
menos longo, segundo as
atenuantes e agravantes
de sua deserção, para
recompor as células do
veículo perispirítico,
e, logo que oportuno,
quando torna a merecer o
prêmio de um corpo
carnal na Esfera Humana,
dentre as provas que
repetirá, naturalmente
se inclui a extrema
tentação ao suicídio na
idade precisa em que
abandonou a posição de
trabalho que lhe cabia,
porque as imagens
destrutivas, que
arquivou em sua mente,
se desdobrarão, diante
dele, através do
fenômeno a que podemos
chamar
`circunstâncias
reflexas', dando azo
a recônditos
desequilíbrios
emocionais que o
situarão, logicamente,
em contacto com as
forças desequilibradas
que se lhe ajustam ao
temporário modo de ser".
"Se esse homem não
houver amealhado
recursos educativos e
renovadores em si mesmo,
pela prática da
fraternidade e do
estudo, de modo a
superar a crise
inevitável, muito
dificilmente escapará ao
suicídio, de novo,
porque as tentações, não
obstante reforçadas por
fora de nós, começam em
nós e alimentam-se de
nós mesmos." Como pode
então a criatura
habilitar-se para
resgatar o preço da sua
libertação? A esta
pergunta de André, o
Ministro respondeu:
"Como qualquer devedor
que, de fato, se empenhe
na solução dos seus
compromissos. Decerto
que o homem, sumamente
endividado, precisa
aceitar restrições no
seu conforto para sanar
seus débitos com a suas
próprias economias. Em
razão disso, não pode
viver à farta, mas sim
com abstinência e suor,
de modo a liberar-se
tão depressa quanto
possível". A
restauração, quando a
alma se encontra
encarnada, deve começar
nos melhores tempos da
jornada física... Nesse
sentido, disse Sânzio,
"a meninice e a
juventude são as épocas
mais adequadas à
construção da fortaleza
moral com que a alma
encarnada deve tecer
gradativamente a coroa
da vitória que lhe cabe
atingir". Todo minuto da
vida é importante para
renovar e redimir,
aprimorar e frutificar.
A tempestade, como
símbolo da crise,
surgirá para todos, em
determinado momento, mas
quem puder dispor de
abrigo certo
superar-lhe-á os perigos
com desassombro e valor.
(Capítulo 7, pp. 93 a
95)
43. Como recordar
o passado -
Hilário perguntou, na
sequência, se as ações
deploráveis do Espírito
são resgatadas apenas na
carne. Sânzio
esclareceu que as
infrações à Lei Divina
são corrigidas em
qualquer parte. Há,
pois, expiações no Céu e
na Terra, mas é preciso
lembrar que o esforço
de autorreajustamento na
vida espiritual, antes
da reencarnação, ameniza
a posição do devedor, na
maioria dos casos,
garantindo-lhe uma
infância e uma juventude
repletas de esperança e
tranquilidade, para as
recapitulações a se
efetuarem na madureza,
ressalvados
naturalmente os
problemas de dura e
imediata expiação, nos
quais a alma é compelida
a tolerar rijos
padecimentos, muitas
vezes desde o ventre
materno. É como ocorre
nas humilhações e dores
da velhice ou da longa
enfermidade, antes do
túmulo, as quais
suavizam a ficha dos
Espíritos devedores,
permitindo-lhes
abençoada trégua nos
primeiros tempos de vida
espiritual logo após a
desencarnação. O tempo
disponível do Ministro
se escoava, mas André
lhe fez, ainda, uma
última pergunta,
concernente à lembrança
de nossas vidas e erros
passados, visto que ele
mesmo, sentindo ter na
retaguarda imensos
débitos, não se lembrava
deles... O Instrutor
esclareceu que à medida
que nos demoramos na
organização
perispirítica, no fiel
cumprimento de nossas
obrigações para com a
Lei, mais se nos dilata
o poder mnemônico.
"Avançando em lucidez –
asseverou Sânzio – ,
abarcamos mais amplos
domínios da memória.
Assim é que, depois de
largos anos em serviço
nas zonas espirituais da
Terra, entramos
espontaneamente na faixa
de recordações menos
felizes, identificando
novas extensões de nosso
`carma' ou de
nossa `conta' e,
embora sejamos
reconhecidos à
benevolência dos
Instrutores e Amigos que
nos perdoam o passado
menos digno, jamais
condescendemos com as
nossas próprias
fraquezas e, por isso,
vemo-nos impelidos a
solicitar das
autoridades superiores
novas reencarnações
difíceis e proveitosas,
que nos reeduquem ou nos
aproximem da redenção
necessária." (Capítulo
7, pp. 95 a 97)
(Continua no próximo
número.)