GEBALDO JOSÉ DE
SOUSA
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás
(Brasil)
Reencarnação
“Esse
corpo eu o deixo à terra
sem
dores,
ressentimentos ou saudade.
Que dele se
nutram outras
vidas,
enquanto, no
azul,
aguardo o momento de retornar.
Renascerei
com
a beleza de um filho de Deus,
incorruptível
como
o sol:
pois
assim
fui por Ele criado
e,
assim,
existo na Eternidade.
Alegrem-se
por
mim!”
(Wanderley
Machado Diniz.)
Desconhecia até
pouco tempo
atrás o autor do texto
acima.
Reencontrei-o
entre
papéis velhos, num dos periódicos
e
indispensáveis
expurgos.
De
onde
fiz
sua
transcrição?
Certamente de fonte
sem registro;
quem sabe de uma destas lembranças de “mortos”
amados. De missa
de
sétimo
dia
é
que
não
foi,
pois
que
é
especial
e
belamente
reencarnacionista.
A
par
da
beleza
do
estilo,
seu autor
manifesta
serenidade,
alegria, confiança
e
fé.
E tem a
consciência
de saber-se
filho
muito
amado por
Deus.
Revela
também
desapego, doando o
próprio
corpo, para que “dele se nutram outras
vidas.”
Diz “renascerei”
com
a
certeza
e a
convicção
de
quem
bem
compreendeu a
reencarnação e
sua finalidade precípua:
a
evolução
do
ser
imperecível, que
existe
pela
Eternidade.
Fala do
renascimento
como quem,
programando
viagem
à cidade vizinha,
está
consciente
de
que
amanhã, às tantas
horas,
regressará.
Assimilou o
conceito
da reencarnação;
não só compreendendo a Justiça
de
Deus,
nele
implícita,
ensejando a
cada
um
receber segundo
suas obras;
mas também
pela verdade que expressa de
que, no Universo,
vige a Lei
do
Mérito;
que
o
Criador
nos
oferece
oportunidades
para
conquistarmos,
com
os próprios esforços
e pelas
múltiplas
experiências,
a sabedoria, a paz
e a
plenitude.
Admite a
Lei
e,
porque
a reconhece sábia, submete-se a ela
com a alegria
de
quem
está
em
boas
mãos.
O
Espírito
que chegou a esse
estágio de compreensão pode acelerar sua evolução, que passa a ser consciente e
buscada
com
afinco.
Educa a
mente,
realizando a
reforma interior. Quita-se, a pouco
e
pouco,
com
o
passado
de
erros,
ao
passo
que
evita
novas
quedas,
pela vigilância
que desenvolve em
torno de seus
pensamentos e
atos.
Sintoniza as
inspirações
generosas de Espíritos amigos,
que o amam e o estimulam a conquistar o progresso
espiritual.
Entende
que
a
passagem
por
mundos materiais
é
fugaz;
desapega-se das
posses,
servindo-se dos
bens materiais com exata noção de suas finalidades,
valorizando-os
como
meios
e
não
como
fins em
si mesmos.
Vê a
importância
do
Amor
e
busca
desenvolvê-lo
em
seu
coração; empenha-se
para
crescer intelectualmente.
Amor e
Conhecimento
são asas
para o amanhã
radioso
que
o conduzirá, cedo ou tarde, à Evolução.
Identifica nas
virtudes,
sobretudo na humildade,
meios de progredir.
À
custa
de
esforços
constantes, a
pouco
e
pouco,
as adquire. E mesmo quando as
não possui, valoriza-as e admira aqueles que as
conquistaram,
espelhando-se
neles,
para
cultivá-las em seu coração.
Age
sem
inquietação, mas
aproveita
todos
os
instantes
da vida
para
aprender, servir e amar.
Deslumbra-se
com
a
Natureza
–
expressão
do
Amor
de
Deus,
de
Seu
desvelo
para com Suas criaturas –
e curva-se,
reverente,
diante
da grandeza de Sua
obra, desenvolvendo
em
si o sentimento
de
gratidão
permanente
a
esse
Pai
de
Amor
e
Bondade.
Um desses
Espíritos,
Benjamin
Franklin1,
que viveu de
1706 a 1790, e
foi “impressor, editor, líder cívico, cientista,
inventor,
estadista
e diplomata
norte-americano”, além de ser criatura generosa,
pois “recusou-se a patentear
suas invenções,
preferindo
vê-las usadas
livremente como sua contribuição ao conforto e
ao
bem-estar
de
todos.”
Ressalte-se a
ausência
do
egoísmo,
expressando a grandeza de sua
alma, de seu
caráter ilibado.
Quando, no
mundo,
essa
conduta
contagiar
os
corações
dos
homens,
a
felicidade
será
um
bem comum às criaturas deste planeta
Terra! Não mais aqui os “heróis” das guerras,
das
espertezas;
mas
aqueles da
Bondade,
da
Fraternidade,
da
Ciência,
das
Artes.
Seu
gênio
se revelava
em
todas as atividades a que
se dedicava.
Dentre
os múltiplos talentos
que cultivou, foi
também
impressor. Escreveu o
próprio
epitáfio, no qual,
manifestava
sincera
crença
na reencarnação.
No
dizer
de Cesare Cantu2,
“ao
seu
túmulo
destinou
este
epitáfio
de
operário”:
“O
corpo
de Benjamin
Franklin,
impressor, como a capa de um livro antigo cujas folhas
tenham sido
arrancadas, e
cujo
título e douração tenham sido apagados,
aqui jaz presa
das
traças.
Nem
por
isso se perderá a
obra
que há de reaparecer,
como ele
previa,
em
nova
edição revista
e melhorada
pelo
autor”.
Nos
textos
citados, duas
belas
manifestações
de crença na reencarnação;
convicção
que é também
nossa, mas
que nem
sempre valorizamos
como
devíamos.
Não
damos
importância
aos
minutos.
E
são
eles que
constituem a
Eternidade.
Ficam os
registros,
para nosso
autoexame e a
reflexão que a responsabilidade
e a
consciência
de
viver
na
hora
presente
a
todos
nos
impõe,
por
conhecermos as verdades da Doutrina
dos
Espíritos.
Bibliografia:
1.
Enciclopédia
Delta Universal,
vol. 7 - Ed.
Delta
S. A -
Rio
de
Janeiro
- 1982;
2. CANTU, Cesare
e
outros.
Biografias de
Homens
Célebres. Vol. 4. Editora das
Américas:
São Paulo, 1954, p. 447.