GERSON SIMÕES
MONTEIRO
gerson@radioriodejaneiro.am.br
Rio de Janeiro, RJ
(Brasil)
As
expiações coletivas
e o “A cada um
segundo suas obras”
Allan Kardec, nos
comentários da
questão 738 de O
Livro dos Espíritos,
anota que “venha por
um flagelo a morte,
ou por uma causa
comum, ninguém deixa
por isso de morrer,
desde que haja soado
a hora da partida. A
única diferença, em
caso de flagelo, é
que maior número
parte ao mesmo
tempo”.
Ainda na resposta à
questão 740 de O
Livro dos Espíritos,
os Espíritos
Superiores
esclareceram a Allan Kardec que “os
flagelos são provas
que dão ao homem
ocasião de exercitar
a sua inteligência,
de demonstrar sua
paciência e
resignação ante a
vontade de Deus e
que lhe oferecem
ensejo de manifestar
seus sentimentos de
abnegação, de
desinteresse e de
amor ao próximo, se
o não domina o
egoísmo”.
Bem, a questão,
porém, é como
conciliar a
afirmativa de Jesus
de que “a cada um
será dado segundo as
suas obras” com as
desencarnações
coletivas provocadas
pelos terremotos
ocorridos no Haiti,
e recentemente no
Japão, acompanhados
de tsunamis, e
pelas fortes chuvas
na Região Serrana do
Estado do Rio de
Janeiro.
Com relação a esses
três flagelos
naturais imaginemos
guerreiros do
passado que
destruíram cidades,
arrasaram lares,
matando mulheres e
crianças sob os
escombros de suas
casas, fazendo
milhares de vítimas,
ou ainda afogando
prisioneiros.
É lógico que os
Espíritos desses
guerreiros, ao
reencarnarem na
Terra em novos
corpos, atraídos por
uma força magnética
pelos crimes
praticados
coletivamente, se
reúnem em
determinadas
circunstâncias, e
sofrem “na pele”,
por meio de flagelos
naturais, um
terremoto ou outra
catástrofe
semelhante, o mesmo
mal que fizeram às
suas vítimas
indefesas de ontem.
Para melhor
entendermos a
questão das
expiações coletivas,
esclarece o Espírito
Clélia Duplantier,
em Obras Póstumas,
que é preciso ver o
homem sob três
aspectos: o
indivíduo, o membro
da família e,
finalmente, o
cidadão. Sob cada um
desses aspectos ele
pode ser criminoso
ou virtuoso. Em
razão disso, existem
as faltas do
indivíduo, as da
família e as da
nação. Cada uma
dessas faltas,
qualquer que seja o
aspecto, pode ser
reparada pela
aplicação da mesma
lei.
A reparação dos
erros praticados por
uma família ou por
um certo número de
pessoas é também
solidária, isto é,
os mesmos Espíritos
que erraram juntos
reúnem-se para
reparar suas faltas.
A lei de ação e
reação, nesse caso,
que age sobre o
indivíduo, é a mesma
que age sobre a
família, a nação, os
povos, enfim, o
conjunto de
habitantes dos
mundos, os quais
formam
individualidades
coletivas.
Tal reparação se dá
porque a alma,
quando retorna ao
Mundo Espiritual,
conscientizada da
responsabilidade
própria, faz o
levantamento dos
seus débitos
passados e, por isso
mesmo, roga os meios
precisos a fim de
resgatá-los
devidamente.
Segundo Emmanuel,
nós “criamos a culpa
e nós mesmos
engenhamos os
processos destinados
a extinguir-lhe as
consequências. E a
Sabedoria Divina se
vale dos nossos
esforços e tarefas
de resgate e
reajuste a fim de
induzir-nos a
estudos e progressos
sempre mais amplos
no que diga respeito
à nossa própria
segurança. É por
este motivo que, de
todas as calamidades
terrestres, o Homem
se retira com mais
experiência e mais
luz no cérebro e no
coração, para
defender-se e
valorizar a vida”.
Tais apontamentos
foram feitos ao
final do capítulo
intitulado
“Desencarnações
Coletivas”, no livro
Chico Xavier Pede
Licença,
quando o benfeitor
espiritual responde
por que Deus permite
a morte aflitiva de
tantas pessoas
enclausuradas e
indefesas, como nos
casos de incêndios.
Enfim, a semeadura é
livre, mas a
colheita é
obrigatória!