ARTUR FELIPE DE
AZEVEDO FERREIRA
arturfelipeazevedo@msn.com
Goiânia, Goiás
(Brasil)
Erasto, os
falsos profetas
e o critério
espírita
"Os falsos
profetas não
existem apenas
entre os
encarnados, mas
também, e muito
mais numerosos,
entre os
Espíritos
orgulhosos que,
fingindo amor e
caridade,
semeiam a
desunião e
retardam o
trabalho de
emancipação da
Humanidade,
impingindo-lhe
os seus sistemas
absurdos,
através dos
médiuns que os
servem.
Esses falsos
profetas, para
melhor fascinar
os que desejam
enganar, e para
dar maior
importância às
suas teorias,
disfarçam-se
inescrupulosamente
com nomes que os
homens só
pronunciam com
respeito. São
eles que semeiam
os germes das
discórdias entre
os grupos, que
os levam a
isolar-se uns
dos outros e a
se olharem com
prevenções.
Bastaria isso
para os
desmascarar.
Porque, assim
agindo, eles
mesmos oferecem
o mais completo
desmentido ao
que dizem ser.
Cegos, portanto,
são os homens
que se deixam
enganar de
maneira tão
grosseira. Mas
há ainda muitos
outros meios de
os reconhecer.
Os Espíritos da
ordem a que eles
dizem pertencer
devem ser não
somente muito
bons, mas também
eminentemente
racionais. Pois
bem: passai os
seus sistemas
pelo crivo da
razão e do
bom-senso, e
vereis o que
restará. Então
concordareis
comigo em que,
sempre que um
Espírito
indicar, como
remédio para os
males da
Humanidade, ou
como meios de
realizar a sua
transformação,
medidas utópicas
e impraticáveis,
pueris e
ridículas, ou
quando formula
um sistema
contraditado
pelas mais
corriqueiras
noções
científicas, só
pode ser um
Espírito
ignorante e
mentiroso.
Lembrai-vos,
ainda, de que,
quando uma
verdade deve ser
revelada à
Humanidade, ela
é comunicada,
por assim dizer,
instantaneamente,
a todos os
grupos sérios
que possuem
médiuns sérios,
e não a este ou
aquele, com
exclusão dos
outros. Ninguém
é médium
perfeito, se
estiver
obsidiado, e há
obsessão
evidente quando
um médium só
recebe
comunicações de
um determinado
Espírito, por
mais elevado que
este pretenda
ser. Em
consequência,
todo médium e
todo grupo que
se julguem
privilegiados,
em virtude de
comunicações que
só eles podem
receber, e que,
além disso, se
sujeitam a
práticas
supersticiosas,
encontram-se
indubitavelmente
sob uma obsessão
bem
caracterizada.
Sobretudo quando
o Espírito
dominante se
vangloria de um
nome que todos,
Espíritos e
encarnados,
devemos honrar e
respeitar, não
deixando que
seja
comprometido a
todo instante.
É incontestável
que,
submetendo-se ao
cadinho da razão
e da lógica toda
a observação
sobre os
Espíritos e
todas as suas
comunicações,
será fácil
rejeitar o
absurdo e o
erro. Um médium
pode ser
fascinado e um
grupo enganado;
mas, o controle
severo dos
outros grupos,
com o auxílio do
conhecimento
adquirido, e a
elevada
autoridade moral
dos dirigentes
de grupos, as
comunicações dos
principais
médiuns,
marcadas pelo
cunho da lógica
e da
autenticidade
dos Espíritos
mais sérios,
rapidamente
farão
desmascarar
esses ditados
mentirosos e
astuciosos,
procedentes de
uma turba de
Espíritos
mistificadores
ou malfazejos.”
(Erasto,
discípulo de
São Paulo.
Paris, 1862.)
O
critério da
concordância
universal
“A melhor
garantia de que
um princípio é o
expressar da
verdade se
encontra em ser
ensinado e
revelado por
diferentes
Espíritos, com o
concurso de
médiuns
diversos,
desconhecidos
uns dos outros e
em lugares
vários, e em
ser, ao demais,
confirmado pela
razão e
sancionado pela
adesão do maior
número. Só a
verdade pode
fornecer raízes
a uma doutrina.
Um sistema
errôneo pode,
sem dúvida,
reunir alguns
aderentes; mas,
como lhe falta a
primeira
condição de
vitalidade,
efêmera será a
sua existência.”
(Capítulo XXXI,
pág. 474, Livro
dos Médiuns.)
O Codificador do
Espiritismo,
também em "O
Livro dos
Médiuns", já
elucidava quanto
às intenções dos
Espíritos quando
estes se
prontificavam a
realizar
previsões e
revelações
retumbantes:
"De que serve o
ensino dos
Espíritos, dirão
alguns, se não
nos oferece mais
certeza que o
ensino humano?
Fácil é a
resposta. Não
aceitamos com
igual confiança
o ensino de
todos os homens
e, entre duas
doutrinas,
preferimos
aquela cujo
autor nos parece
mais
esclarecido,
mais capaz, mais
judicioso, menos
acessíveis às
paixões. Do
mesmo modo se
deve proceder
com os
Espíritos. Se
entre eles há os
que não estão
acima da
Humanidade,
muitos há que a
ultrapassaram;
estes nos podem
dar ensinamentos
que em vão
buscaríamos com
os homens mais
instruídos. É a
distingui-los da
turba dos
Espíritos
inferiores que
devemos nos
aplicar, se
quisermos nos
esclarecer, e é
a essa distinção
que conduz o
conhecimento
aprofundado do
Espiritismo.
Porém, mesmo
esses
ensinamentos têm
um limite e, se
aos Espíritos
não é dado saber
tudo, com mais
forte razão isso
se verifica
relativamente
aos homens.
Há coisas,
portanto, sobre
as quais será
inútil
interrogar os
Espíritos, ou
porque lhes seja
defeso
revelá-las, ou
porque eles
próprios ignoram
e a cujo
respeito apenas
podem expender
suas opiniões
pessoais. Ora,
são essas
opiniões
pessoais que os
Espíritos
orgulhosos
apresentam como
verdades
absolutas.
Sobretudo,
acerca do que
deva permanecer
oculto, como o
futuro e o
princípio das
coisas, é que
eles mais
insistem, a fim
de insinuarem
que se acham da
posse dos
segredos de
Deus. Por isso,
nesses pontos é
que mais
contradições se
observam."
(Capítulo XXVII
- item 300.)
Sigamos, pois, o
conselho de
Erasto em "O
Livro dos
Médiuns"
(capítulo XX,
item 230):
“(...) Desde que
uma opinião nova
se apresenta,
por pouco que
nos pareça
duvidosa,
passai-a pelo
crivo da razão e
da lógica; o que
a razão e o bom
senso reprovam,
rejeitai
ousadamente;
vale mais
repelir dez
verdades do que
admitir uma só
mentira (...)”.
Em relação à
postura de
alguns com
relação aos
ditados dos
Espíritos,
Kardec comenta:
“Os crentes
apresentam três
nuanças bem
caracterizadas:
os que não veem
nessas
experiências
senão uma
diversão, um
passatempo...
mas que não vão
além. Há, em
seguida, as
pessoas sérias,
instruídas,
observadoras, às
quais não escapa
nenhum detalhe,
e para as quais
as menores
coisas são
objeto de
estudo. Vêm, em
seguida, os
ultracrentes, os
crentes cegos,
aos quais se
pode censurar um
excesso de
credulidade; aos
quais a fé,
insuficientemente
esclarecida,
lhes dá uma
total confiança
nos Espíritos,
que lhes
emprestam todos
os conhecimentos
e, sobretudo, a
presciência...”
(Revista
Espírita de
fevereiro de
1858 – Allan
Kardec, IDE , 1ª
edição – pág.
53.)