MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Ação e Reação
André Luiz
(Parte
14)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo da obra
Ação e Reação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1957 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Que avaliação fez
Silas a respeito dos
irmãos Leonel e
Clarindo?
Silas disse a André que,
pela conversa de Leonel,
percebera que lidavam
com duas vigorosas
inteligências, cuja
modificação inicial
deveria ser feita com
amor, para realizar-se
com segurança.
(Ação e Reação, cap. 8,
pp. 112 a 114.)
B. Podemos dizer que a
vítima de usura é, no
fundo, um doente?
Sim. E esse era o caso
de Luís, o fazendeiro.
Pessimista e usurário,
era ele, em verdade, um
doente necessitado de
compaixão. Segundo o
Assistente Silas,
existem moléstias da
alma que arruínam a
mente por tempo
indeterminado. Quem
seria aquele homem, se
amparado por influências
outras? Reportando-se ao
caso, Silas explicou:
“Espiritualmente abafado
entre as visões da
fortuna terrestre com
que lhe assediamos o
pensamento, o infeliz
perdeu o contacto com os
livros nobres e com as
nobres companhias. Tem
a socorrê-lo apenas a
religião domingueira dos
crentes que se julgam
exonerados de qualquer
obrigação para com a fé,
contanto que participem
do ofício de adoração a
Deus, no fim de cada
semana. Quem poderia
prever-lhe as mudanças
benéficas, desde que
pudesse receber outro
tipo de assistência?"(Obra
citada, cap. 9, pp. 115
e 116.)
C. Jesus ensinou-nos que
devemos amar os nossos
inimigos. Como Silas
entendia essas palavras?
Reportando-se ao
assunto, ele disse:
"Muitas vezes, penso que
semelhante afirmativa,
corretamente
interpretada, quer assim
dizer: – Ajudai aos
vossos inimigos para que
possam pagar as dívidas
em que se emaranharam,
restaurando o equilíbrio
da vida, no qual tanto
eles quanto vós sereis
beneficiados pela paz".
De fato, entendia ele,
como pode o devedor
resgatar-se, quando o
credor lhe subtrai todas
as possibilidades de
solver os débitos? Que a
nós mesmos cabe sanar os
males de que somos
autores, não padece
qualquer dúvida; mas, se
nos compete retificar
hoje uma estrada que
ontem desorganizamos,
como proceder se nos
decepam as mãos?
(Obra citada, cap. 9,
pp. 117 e 118.)
Texto para leitura
51. Mecanismo de
emissão e recepção de
imagens - Silas
elucidou o fenômeno que
Leonel acabara de
demonstrar: "Estamos
diante de um processo
de transmissão de
imagens, até certo ponto
análogo aos princípios
dominantes na televisão,
no reino da eletrônica,
atualmente em voga no
plano terrestre. Sabemos
que cada um de nós é um
fulcro gerador de vida,
com qualidades
específicas de emissão e
recepção. O campo mental
do hipnotizador, que
cria no mundo da própria
imaginação as
formas-pensamentos que
deseja exteriorizar, é
algo semelhante à câmara
de imagem do transmissor
comum, tanto quanto esse
dispositivo é idêntico,
em seus valores, à
câmara escura da máquina
fotográfica. Plasmando
a imagem da qual se
propõe extrair o melhor
efeito, arroja-a sobre
o campo mental do
hipnotizado que, então,
procede à guisa do
mosaico em televisão ou
à maneira da película
sensível do serviço
fotográfico". Silas
lembrou o mecanismo
geral do processo. Na
transmissão de imagens a
distância, o mosaico,
recolhendo os quadros
que a câmara explora,
age como um espelho
sensibilizado e converte
os traços luminosos em
impulsos elétricos que
são recepcionados pelas
antenas do aparelho
receptor e, neste,
transformados novamente
em sons e imagens. "No
problema em estudo,
você, Leonel – informou
o Assistente – , criou
os quadros que se propôs
transmitir ao pensamento
de Luís, e, usando as
forças positivas da
vontade, coloriu-os com
os seus recursos de
concentração na sua
própria mente, que
funcionou como câmara de
imagem. Aproveitando a
energia mental, muito
mais poderosa que a
força eletrônica,
projetou-os, como
legítimo hipnotizador,
sobre o campo mental de
Luís, que funcionou qual
mosaico, transformando
as impressões recebidas
em impulsos magnéticos,
a reconstituírem as
formas-pensamentos
plasmadas por você nos
centros cerebrais, por
intermédio dos nervos
que desempenham o papel
de antenas específicas,
a lhes fixarem as
particularidades na
esfera dos sentidos, num
perfeito jogo
alucinatório, em que o
som e a imagem se
entrosam
harmoniosamente, como
acontece na televisão,
em que a imagem e o som
se associam com o apoio
eficiente de aparelhos
conjugados, apresentando
no receptor uma
sequência de quadros que
poderíamos considerar
como sendo `miragens
técnicas'." De
retorno à Mansão, com
Alzira e Hilário, Silas
– que impressionou
vivamente os dois irmãos
vingadores – afirmou a
André que, pela conversa
de Leonel, percebera que
lidavam com duas
vigorosas inteligências,
cuja modificação inicial
deveria ser feita com
amor, para realizar-se
com segurança. (Capítulo
8, pp. 112 a 114)
52. Um doente
necessitado de compaixão
- Na noite seguinte,
Silas, André e Hilário
voltaram à residência de
Luís. Eram 21 horas e a
família fazia ligeira
refeição em larga copa
da fazenda. Enquanto
Adélia acariciava as
crianças, já tontas de
sono, o marido comentava
com os presentes o
noticiário radiofônico,
salientando as
dificuldades públicas,
criticando os políticos
e os administradores e
referindo-se às pragas
do café e da mandioca.
Por fim, não contente em
enunciar as calamidades
da Terra, falou,
inconsequente, quanto à
suposta ira do Céu,
afirmando crer que o fim
do mundo estava próximo
e clamando contra o
egoísmo dos ricos, que
agravava o infortúnio
dos pobres. Leonel, que
assistia, junto aos
demais, à cena,
dirigiu-se a Silas,
observando: "Estão
vendo? Este homem é o
derrotismo em pessoa.
Enxerga tudo em termos
de cinza e lama, ajuíza
com firmeza sobre os
desastres sociais e
conhece as zonas mais
tristes da indigência
coletiva; entretanto,
não sabe desfazer-se de
um só centavo dos
milhões que retém, a
favor dos que sofrem
nudez e fome..." O
Assistente ponderou:
"Leonel, todas as suas
observações apresentam
lógica e verdade, à
primeira vista.
Superficialmente, Luís
é um exemplar consumado
de pessimismo e de
usura. Todavia, no
fundo, ele é um doente
necessitado de
compaixão. Há moléstias
da alma que arruínam a
mente por tempo
indeterminado. Quem
seria ele, amparado por
influências outras?
Espiritualmente abafado
entre as visões da
fortuna terrestre com
que lhe assediamos o
pensamento, o infeliz
perdeu o contacto com os
livros nobres e com as
nobres companhias. Tem
a socorrê-lo apenas a
religião domingueira dos
crentes que se julgam
exonerados de qualquer
obrigação para com a fé,
contanto que participem
do ofício de adoração a
Deus, no fim de cada
semana. Quem poderia
prever-lhe as mudanças
benéficas, desde que
pudesse receber outro
tipo de assistência?"
(Capítulo 9, pp. 115 e
116)
53. O caso Silas
- Clarindo e Leonel
ficaram revoltados com
as palavras de Silas.
Para eles, Luís e seu
pai eram apenas
devedores...
"Roubaram-nos,
assassinaram-nos...",
exclamou Leonel, e por
isso – completou
Clarindo – haveriam de
pagar! Silas sorriu e
obtemperou: "Sim, pagar
é o verbo próprio...
Contudo, como pode o
devedor resgatar-se,
quando o credor lhe
subtrai todas as
possibilidades de solver
os débitos? Que a nós
mesmos cabe sanar os
males de que somos
autores, não padece
qualquer dúvida...
Entretanto, se nos
compete retificar hoje
uma estrada que ontem
desorganizamos, como
proceder se nos decepam
agora as mãos? O próprio
Cristo aconselhou: –
Ajudai aos vossos
inimigos". (N.R.:
Silas alterou as
palavras ditas por
Jesus, constantes dos
versículos 27 e 28 do
cap. 6 de Lucas, porque
o vocábulo amar, usado
pelo Mestre, não seria,
evidentemente, aceito
pelos irmãos
vingadores.) O
Assistente prosseguiu:
"Muitas vezes, penso que
semelhante afirmativa,
corretamente
interpretada, quer assim
dizer: – Ajudai aos
vossos inimigos para que
possam pagar as dívidas
em que se emaranharam,
restaurando o equilíbrio
da vida, no qual tanto
eles quanto vós sereis
beneficiados pela paz".
Leonel ficou desconfiado
com essa postura de
Silas. Seria ele um
padre disfarçado?
"Engana-se, meu amigo –
informou o Assistente –;
se algo procuro, em
nossa comunhão fraterna,
é a minha própria
renovação. Pela sedução
do dinheiro, também caí
na última passagem pela
Terra. A paixão da posse
governava-me todos os
ideais... A fascinação
pelo ouro tomou-me o ser
de tal modo que, apesar
de ter recebido o título
de médico, numa
universidade venerável,
fugi ao exercício da
profissão para vigiar os
movimentos de meu velho
pai, a fim de que nem
ele mesmo viesse a
dispor, com largueza,
dos bens de nossa casa".
Silas continuou: "O
apego às nossas
propriedades e aos
nossos haveres
transformou-me num
réprobo do paraíso
familiar,
convertendo-me, ainda,
num verdugo intratável,
naturalmente odiado por
todos os que viviam em
subalternidade no vasto
círculo de minha
temporária dominação...
Para amontoar moedas e
multiplicar lucros
fáceis, comecei pela
crueldade e acabei nas
malhas do crime...
Abominei a amizade,
desprezei os fracos e os
pobres e, no temor de
perder a fortuna cuja
posse total ambicionava,
não hesitei adotar a
delinquência como sócia
infernal de meu terrível
caminho..." (Capítulo 9,
pp. 117 e 118) (Continua no próximo
número.)