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Crônicas e Artigos

Ano 5 - N° 215 - 26 de Junho de 2011

CHRISTINA NUNES
meridius@superig.com.br
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)
 

Visitando Nosso Lar


O artigo de hoje caberia em palestra útil, e se destina a compartilhar uma vivência que, obviamente, acontece ao médium com a finalidade maior de ser transmitida aos nossos irmãos reencarnados, além do objetivo instrutivo de que para mim mesma se revestiu.

Autorizada e conduzida pelos mentores, estive em inesquecível visita à colônia Nosso Lar!

Os já familiarizados, que tomaram contato com o livro psicografado por Chico Xavier, de autoria espiritual de André Luiz, sabem tratar-se, o lugar, de uma grande cidade espiritual situada nas dimensões invisíveis acima do Rio de Janeiro.

Como muitos, imaginava a bela cidade do espaço revestida da aura, sobretudo luminosa, algo romântica, naturalmente idealizada a partir da leitura da obra ou das cenas assistidas na inspirada produção de cinema, de Wagner de Assis. Todavia, a região visitada durante o desprendimento da noite não foi a dos jardins e bosques esplendorosos, nem mesmo a dos Ministérios e ângulos encantadores da grandiosa colônia do invisível! Com finalidade evidentemente educativa ao meu espírito, fui conduzida para onde se situa o vasto departamento de recepção aos recém-vindos da vida corpórea!

Em tudo e por tudo, um susto! Uma mistura inextricável de enlevo pela situação em si e pelo meu testemunho vívido, impressivo, com inequívoca sensação da humildade exacerbada pelas dimensões insuspeitadas do trabalho ali empreendido!

Em lá chegando, encontrei-me, no interior de um prédio, com alguns médicos em atividade, um dos quais – que me pareceu o próprio Espírito generoso de André Luiz, a quem sempre elevo minhas preces e pensamentos em inúmeras situações, em busca de orientação e lenitivo durante a caminhada – me dedicou breve atenção para, além de algumas palavras, aconselhar-me a visita a um certo interno chamado Orlando (e mencionou o sobrenome, do qual não me recordo com clareza). Orientou-me sobre o caminho a ser tomado no labirinto impressionante que eram os corredores e alas da vasta instituição, em ebulição de movimento e de gente como prodigiosa colmeia: – Vá até a ala médica número 5, após, vire à direita...

Dali, segui; a partir de certo ponto, acompanhada de mulher de aspecto jovem e modos vivazes. Fundamente impressionada por tudo que via no trajeto: alas sequentes, imensas, ocupadas todas por pacientes acomodados confortavelmente em camas bem espaçosas. Alguns casos críticos, ininteligíveis! Médicos e funcionários do lugar às dezenas, em movimento incessante para todo lado. Reparei que no ambiente usava-se obrigatoriamente um jaleco branco e uma máscara verde no rosto, à moda cirúrgica, certamente pelas mesmas razões profiláticas dos hospitais terrenos. Apanhei-os, sobre uma bancada onde estavam disponíveis, para vesti-los. Os médicos, de acréscimo, traziam toucas brancas recobrindo os cabelos.

Um ir e vir monumental, em setores dos quais entendi se tratar daqueles nos quais eram admitidas visitas aos que eram recém-vindos da matéria, oriundas da própria cidade espiritual, ou da materialidade, em horário evidentemente – supus, com facilidade – destinado a esta finalidade!

E – detalhe digno de nota! – alguns dos presentes, que depois compreendi provenientes da matéria em situação de desligamento do corpo, visitando os hóspedes, traziam consigo suas impaciências e traços comportamentais, sem alteração digna de nota! De fato, em corredor de acesso apinhado de gente que ia e vinha em dois sentidos, como numa via pública, chegamos a presenciar ligeira altercação à nossa frente. Alguém que seguia num sentido, em se vendo retido, contrariado, em certo trecho, por quem vinha em sentido contrário com a mesma disposição enervada, exclamou: – Nem adianta, que assim você não vai passar!...

Imagens salteadas me marcaram impressivamente a memória – algumas, verdadeiramente surpreendentes!

Noutro momento atingimos região na qual intuí a réplica de um cemitério - ou talvez, mais acertadamente, a visita à cidade tenha sido intercalada com a jornada a algum, na companhia de uma equipe socorrista de Nosso Lar. Pois presenciávamos grupos entoando cantos, e outro carregando, em espaço a céu aberto, um caixão com flores, no qual se avistava um homem em movimentos fracos de quem como que ia despertando. Aparentemente, se bem interpretei a situação, as equipes socorristas respeitam rituais e cerimônias particularizadas, segundo os costumes familiares de cada desencarnante, para depois encaminhá-los às alas socorristas da colônia, de que acima lhes dei conhecimento.

Em dado instante, e espantada da magnitude intraduzível do trabalho ali desenvolvido, comentei com a minha acompanhante:

– Como é que pode alguém lá (em me referindo à materialidade) acreditar, de algum modo, que nós morremos?! – ao que a moça, de modos sempre simpáticos, me dirigiu alguns comentários a propósito, que também não retive com clareza nas lembranças do episódio.

Lembro que já na hora da despedida encontramos um rapaz de aparência moça, ruivo, com quem começamos a conversar. Também em local a céu aberto, não sei se algum departamento da própria cidade, ou se ainda na região de possível cemitério terreno, onde as equipes socorristas operavam – creio que a primeira hipótese, já que ele nos via e, dado o que nos disse, atestou estar ainda em situação de reencarnado, acusando tratar-se de parente daquele a quem se referiu, e que havia acabado de deixar a matéria.

Contava, entristecido, ter perdido o filhinho pequeno. Sensibilizada, e condicionada pelos usos corpóreos, dirigi-lhe meus sentimentos, para logo depois, após breve diálogo, dizer-lhe, confiante:

– Tenha força; observe que ele não morreu, não acabou! Ele está aqui, em Nosso Lar!

Afaguei-lhe de leve o braço; ele me agradeceu as palavras de incentivo, mais alentado.

No fim, perdida no labirinto das alas e corredores lotados, não achei Orlando, cujo caso o Dr. André me recomendou para instrução. Após a palestra com o pai desconsolado vi-me de volta ao corpo de rompante, espantada do que ainda me recordava, vividamente – e também feliz, por ter de algum modo reconfortado um dos muitos visitantes desalentados de desencarnantes recentes.

Dessa vivência belíssima, ficou-me a certeza de que Nosso Lar é, sobretudo, e a par de luminescente colônia espiritual, estação de trabalho útil e aperfeiçoado em prol da Vida e dos seres humanos!



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita