Diante da Terra
Edmundo Xavier de Barros
Fugindo embora à paz de
eternos dons divinos,
Sem furtar-se, porém, à
luta que aprimora,
O homem é o semeador dos
seus próprios destinos,
Ave triste da noite,
esquivando-se à
aurora...
Em derredor da Terra,
estrelas cantam hinos,
Glorificando a luz onde
a Verdade mora,
Mas no plano da carne os
impulsos tigrinos
Fazem a ostentação da
miséria que chora!
Necessário vencer nos
vórtices medonhos,
Santificar a dor, as
lágrimas e os sonhos,
Do inferno atravessar o
abismo ígneo e fundo,
Para ver a extensão da
noite estranha e densa,
Que os servos da maldade
e os filhos da descrença
Estenderam, sem Deus,
sobre a fronte do
mundo!...
Poeta e desenhista
notável, Edmundo Xavier
de Barros, nascido em
1861, no Estado de
Goiás, desencarnou na
cidade do Rio de
Janeiro, como capitão da
arma de Cavalaria, em 17
de janeiro de 1905. O
soneto acima integra o
Parnaso de
Além-Túmulo, obra
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier.
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