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Entrevista Espanhol Inglês    
Ano 5 - N° 216 - 3 de Julho de 2011
KATIA FABIANA FERNANDES
kffernandes@hotmail.com
Londres, Inglaterra (Reino Unido)

 
Sandra Mussi:

“Posso dizer que o Espiritismo é a bússola que me leva ao encontro de Deus”

 Ex-presidente do Conselho Espírita Canadense, Sandra fala sobre as origens e a atualidade do movimento espírita no Canadá

 

Nossa entrevistada desta semana é Sandra Nazaré Almeida Gonczarowska Mussi (foto), mais conhecida no meio espírita como Sandra Mussi, uma entusiasta trabalhadora da Doutrina Espírita nascida no Rio de Janeiro (Brasil) e que reside presentemente em Toronto, capital da província de Ontário, no Canadá.
 

Sandra conheceu o Espiritismo em Brasília-DF no ano de 1988, quando passou a frequentar a Comunhão Espírita de Brasília. Esteve no Canadá pela primeira vez em 1983 e ali permaneceu até 1985. Retornou àquele país em 1990 e, a partir de 1996, passou a frequentar o

Centro Espírita Joanna de Ângelis, em Toronto.


Atualmente, Sandra, que foi até recentemente presidente do Conselho Espírita Canadense, órgão vinculado ao CEI - Conselho Espírita Internacional, é Coordenadora Doutrinária do TSS - Toronto Spiritist Society, uma sociedade espírita que ela ajudou a fundar em agosto de 2010, da qual seu esposo, José Mauro Mussi, é o presidente.

 

*


Que motivo a levou a fixar residência no Canadá?

Viemos para o Canadá em 1990 como imigrantes, mas antes disso já tínhamos morado aqui por dois anos, quando meu marido veio fazer o mestrado em Engenharia de Computação na Universidade de Waterloo, isso em 1983. Tornamo-nos então cidadãos canadenses em 1993.


Qual é sua formação escolar?

Sou psicóloga com formação universitária no Brasil. No Canadá trabalho como psicoterapeuta, com a especialização em CBE - Core Belief Engineering - Engenharia das Crenças Básicas e Brief Narrative Therapy - Terapia de Narrativa Breve.


Que funções você já exerceu no movimento espírita?
 

Iniciei meus trabalhos espíritas ainda em Brasília. No Canadá, no Grupo Joanna de Ângelis, fui diretora do Conselho de Administração, depois fui responsável pela implementação e direção do trabalho de Atendimento Fraterno e presidente do Conselho Espírita Canadense. No Centro que fundamos ano passado, o TSS - Toronto Spiritist Society, sou a Coordenadora Doutrinária.


Quando você teve seu primeiro contacto com o Espiritismo?
 

Foi em 1988, em Brasília-DF.

 

Houve algum fato ou circunstância especial que tenha propiciado esse contacto? 

A desencarnação de meu pai. Minha dor era imensa. Não conseguia entender esse sofrimento e busquei consolo na Igreja São Judas Tadeu em Brasília para restaurar meu equilíbrio. Eu ia à igreja todos os dias e rezava, rezava, mas não conseguia ouvir a voz de Deus, pois minha mente estava cheia de ruídos. Buscava uma razão que me fizesse compreender o sofrimento e o porquê da vida e da morte. Essas razões me vieram com o conhecimento da Doutrina Espírita, a Doutrina do esclarecimento, onde nossa fé é raciocinada, esclarecida, e assim consegui as « razões » de minha dor e do meu sofrimento. 

 

Qual foi a reação de sua família?  

De aceitação e curiosidade, mas acima de tudo de apoio.

 

Dos três aspectos do Espiritismo - ciência, filosofia, religião - qual o que mais a atrai? 

Como psicóloga e entusiasta no aprendizado dos relacionamentos, encontrei no Espiritismo fundamentos que vão além dos relacionamentos interpessoais. O Espiritismo é uma filosofia em um campo de estudo científico que estuda o relacionamento entre o mundo físico e o mundo espiritual. Como religião e filosofia, o Espiritismo estuda ainda as implicações morais de tais relacionamentos. Fica difícil para mim separar um aspecto que mais me atrai, pois acredito que são todos inter-relacionados e é aí que se encontra todo o brilhantismo e a beleza do Espiritismo.


Que autores espíritas mais lhe agradam? 
 

Allan Kardec, o nosso Codificador, Léon Denis, Chico Xavier, Yvonne Pereira, Francisco do Espírito Santo Neto, Divaldo Franco, Zalmino Zimmermann, Adenáuer Novaes, Richard Simonetti, J. Herculano Pires, Hermínio C. Miranda, entre outros.

 

Existe algum livro em especial que você considere como seu preferido?  

Sim. Meu livro preferido é «Paulo e Estêvão», de Emmanuel/Chico Xavier. É ele um livro com uma riqueza de detalhes que nos levam mais perto de Jesus através do amor e do perdão, dando uma luz e uma cor ao Evangelho que muito nos ajudam em nosso crescimento moral cristão.
 

Como vê a discussão em torno do aborto? Como no Canadá esse assunto é tratado? 

Acredito que a vida é a manifestação de Deus. Tirar uma vida é, portanto, ir contra a Lei de Deus. Penso que os espíritas no Brasil já fazem um trabalho importante de proteção à vida, presentes no Congresso Nacional e na mídia, educando o povo e os dirigentes nacionais do grave erro que é o aborto.

Para mim este assunto reflete-se mais no âmbito moral do indivíduo do que no legal. Como espírita, aceito a importância do livre-arbítrio e da necessidade de sermos responsáveis pelos nossos atos. Rezo pelo dia em que as condições sociais e emocionais das mulheres permitam a elas a verdadeira liberdade de decisão.

No Canadá o aborto não é crime, apesar de haver certas condições que limitem o seu uso. Em geral, as mulheres têm acesso a serviços de orientação médica e de aconselhamento onde são expressadas as alternativas ao aborto, como, por exemplo, a adoção. Se após essa série de entrevistas a mulher ainda deseja prosseguir no ato, só então o aborto é realizado e pago pelo health care do Governo… Infelizmente isso não significa que o número de aborto seja pequeno.

 

Você tem contato frequente com o movimento espírita brasileiro?  

Sim, tenho contacto com o movimento do Brasil e me sinto muito honrada ao participar dos eventos quando em visitas ao Brasil, mais especificamente a Brasília. Na Comunhão Espírita de Brasília não deixo de assistir às palestras, especialmente da querida Mayse Braga. Na FEB sou recebida com carinho por todos que estão sempre disponíveis e abertos e com muita paciência em lidar com minha grande curiosidade. Quando lá estou me sinto como se tivesse retornando à casa amada e revendo minha grande família espírita, tamanha é a comunhão e a sintonia que tenho com todos eles.

Vejo que o movimento espírita brasileiro é bem atuante. Fico extremamente feliz ao ver que já chegou às Universidades com estudantes defendendo teses de mestrado e conduzindo pesquisas acadêmicas a partir das obras de Chico Xavier, bem como ao Congresso Nacional, como tive a honra de presenciar no ano passado, quando das homenagens feitas no Congresso ao nosso querido Chico Xavier.

Para mim isso tudo é incrível! Acredito que Kardec deve sorrir ao ver quanto o Brasil já conquistou e quanto os espíritas brasileiros se comprometem com a Doutrina na forma mais simples e eficiente.

Acredito que devemos também sair um pouco do assistencialismo e nos dedicarmos mais a estudos profundos e a uma continuidade dos trabalhos de Kardec.

 

Fale-nos um pouco sobre movimento espírita canadense. Como ele se originou e como se apresenta hoje em dia? 

O movimento espírita no Canadá começou no século XIX. Encontramos referências feitas pelo próprio Kardec em Instruções ao Movimento Espírita, onde ele comenta que em apenas alguns meses de existência a Revista Espírita já tinha assinantes no Canadá. No começo do século XX, no discurso de Sir Arthur Conan Doyle ao Congresso Espírita de Paris em 1925, ele relata sua viagem ao Canadá e suas palestras de divulgação do Espiritismo em Vancouver, Montreal, Ottawa e Toronto.

Apenas mais recentemente encontramos registros da criação dos primeiros Centros Espíritas no Canadá. Em 1970, na cidade de Montreal, existiu um grupo Espirita de nome Circle Spirite Quebecois, formado exclusivamente por canadenses. Esse grupo continuou em funcionamento até 1979. Mais tarde e também na cidade de Montreal, o Centro Espírita Mensageiros de Luz e Paz foi fundado em 1990. Esse grupo continua até hoje seus trabalhos, sendo considerado o centro mais antigo do Canadá. Nesse período a província de Quebec continuava sendo a principal sede do Espiritismo no Canadá.

Entre 1995 e 2000, um outro grupo espírita, chamado Bezerra de Menezes, passou a funcionar em Montreal. Em 1998 um quebecois encontrou por acaso O Livro dos Espíritos e entusiasmou-se com a Doutrina Espirita. Ele criou então um website com a estrutura proposta para uma entidade "federativa" chamada Movimento Espirita Quebequense – MSQ, fundado em 2001 por Stephane Brullote.

A existência desse website permitiu que outros espíritas e simpatizantes pudessem se conhecer: o MSQ saiu então do papel. Uma das pessoas que "encontraram" o MSQ (francofone nascido na província de Saskatchewan, mas morando em Montreal) tinha um espaço disponível. Foi então possível a criação de um grupo espirita (CEAK - Centro Espirita Allan Kardec) com sede própria, uma biblioteca com um bom acervo de livros, permitindo também ao MSQ reunir-se mensalmente. O MSQ foi então estruturado com membros dos grupos existentes.

Infelizmente, algum tempo depois, o CEAK perdeu o espaço físico que tinha porque ele teve de ser vendido. Alguns membros do CEAK fundaram, então, o Centre d'Études Spirites Fraternité em 2004, o qual continua em operação até hoje, sendo 100% de seus trabalhos feitos em francês. Outros membros formaram um outro grupo, com o nome de Centre Spirite Justice, Amour e Charité (JAC), que também é bem ativo hoje. Esses três grupos de Montreal são todos membros fundadores do CSC – Conselho Espírita do Canadá.

Enquanto isso, na cidade de Toronto o Grupo de Estudos Joanna de Ângelis (JASSG) abre suas portas ao público em 1996 e é, hoje, o centro mais antigo de Toronto. Junto com os grupos de Montreal, o JASSG também foi um membro fundador do CSC.

Dos trabalhadores do JASSG surgiram três outros grupos: o Repouso do Caminho na cidade de Toronto, que tem suas portas abertas, o Christian Spiritist Centre, na cidade de Mississauga, operando em inglês, e mais recentemente o TSS – Sociedade Espírita de Toronto.  

O Conselho Espírita Canadense surgiu quando? 

No dia 2 de novembro de 2008, data em que o CSC – Canadian Spiritist Council (Conselho Espírita Canadense) foi oficialmente fundado em Toronto, com o objetivo de promover a unificação nacional do Espiritismo e promover e realizar atividades que possibilitam a troca de experiências entre seus membros. Como representação, o CSC é membro efetivo do CEI – Conselho Espírita Internacional. 

 

Como é no Canadá a aceitação da doutrina espírita? 

É ainda de cautela e curiosidade. Sabemos que é preciso investir muito mais na divulgação e educação da Doutrina aqui no Canadá.

 

A preparação do advento do mundo de regeneração em nosso planeta já deu, como sabemos, seus primeiros passos. Daqui a quantos anos você acredita que a Terra deixará de ser um mundo de expiação e de provas, passando plenamente à condição de mundo de regeneração, em que, segundo Santo Agostinho, a palavra amor estará escrita em todas as frontes e uma equidade perfeita regulará as relações sociais? 

Como eu gostaria de saber essa resposta! O meu desejo é que fosse amanhã! A vida em sociedade é necessária, pois faz parte da Lei que rege a Natureza. Precisamos um do outro assim como precisamos do ar que respiramos. Um dos requisitos básicos para o convívio em sociedade é o respeito, que, para ser harmônico, precisa existir em clima de fraternidade. Quanto mais buscamos a iluminação interior mais expandimos nossa capacidade de amar, apoiando-nos na centelha Divina que se encontra em nossa essência. Apenas o amor tem a capacidade de regar e fazer crescer essa centelha.

Só quando formos capazes de ver nossos irmãos com os olhos do nosso coração teremos na fronte de cada um de nós o rosto de Jesus e a palavra AMOR. Nesse momento as relações sociais serão um constante encontro com o Divino, pois o Divino em mim se encontra com o Divino em ti.
 

Em face dos problemas que a sociedade terrena está enfrentando, qual deve ser a prioridade máxima dos que dirigem atualmente o movimento espírita no mundo? 

É simples: promover o amor e o bem entre todos os Espíritos encarnados.
 

O que o Espiritismo representa para você? Qual a importância que ele tem na sua vida? 

Posso dizer que o Espiritismo é a bússola que me leva ao encontro de Deus e do meu encontro comigo mesma. Às vezes não gosto muito do que encontro, mas são essas experiências que me ajudam a crescer e a superar minhas limitações.

São as obras de Kardec e de muitos que vieram depois que me ajudam na minha busca incessante de plenitude de consciência e que facilita o meu processo de entendimento nos relacionamentos humanos.

É nessa união com os ensinamentos espíritas que me enxergo como sou, nem mais nem menos, simplesmente eu mesma, sem ruídos, sem máscaras, com a confiança de que sou FILHA DELE e como tanto sou AMADA. A visão dos ensinamentos de Jesus à luz do Espiritismo é brilhante, revigorante, orgânica e em constante evolução.




 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita