O leitor Negy Abou Latif, de
Foz do Iguaçu-PR, pede-nos
esclarecimentos acerca de um
caso de suicídio relatado
por Kardec na Revista
Espírita de 1862, no qual a
personagem principal é uma
criança de 12 anos. A
pergunta do leitor consta da
seção de Cartas desta
mesma edição, na qual ele
indaga também por que motivo
esse caso não foi inserido
no livro O Céu e o
Inferno, publicado anos
depois por Kardec, como se
deu com outros casos
publicados primeiro na
Revista Espírita e depois na
obra citada.
O caso mencionado pelo
leitor, que foi publicado na
Revue de maio de
1862, é, de fato,
muito interessante, embora
Kardec não o tenha incluído
no livro O Céu e o
Inferno, que apresenta
somente 9 casos sobre
suicídio.
Não sabemos por que ele não
foi incluído. Provavelmente,
o fato se deve à extensão da
obra em foco, na qual Kardec
certamente preferiu incluir
os casos de ocorrência mais
comum ou mais provável, uma
vez que suicídio de criança
é, realmente, bastante raro.
O suicídio foi motivado,
conforme consta do relato,
por uma mulher de nome
Elvire, com quem Maximilien,
o suicida, sonhava. Elvire
existiu realmente ou não
passava de uma criação da
mente do menino?
Pela leitura do diálogo
entre o Espírito de
Maximilien e o evocador,
Elvire realmente existiu,
embora não haja registro de
que ela e ele tenham tido
algum relacionamento em
existências passadas, o que
é bastante provável.
Segundo o Espiritismo, as
pessoas que por motivos
tolos se afastam, ainda que
se amem, podem ficar
apartadas por inúmeras
encarnações, e esse
distanciamento, essa
impossibilidade de se
unirem, constitui uma forma
de expiação da falta
cometida.
Sobre o que o leitor atribui
a Chico Xavier acerca do
tema suicídio, a informação
correta é diferente.
Conforme podemos ler na obra
de André Luiz e também no
livro Memórias de um
Suicida, de Camilo
Castelo Branco, escrito por
intermédio de Yvonne A.
Pereira, a pessoa que se
suicida enfrentará em uma
futura existência dita
normal a tentação para que
cometa um novo suicídio,
numa idade ou numa situação
parecida com aquela em que
fraquejou no passado.
Essa
tentação, que faz
parte da lei natural,
associada à necessidade de
reparar na carne as lesões
resultantes do suicídio, eis um motivo
fortíssimo para que ninguém
– especialmente se for
espírita – busque esse
caminho para fugir aos
problemas.
Entrevistado certa vez na
cidade de Goiânia, Chico
Xavier atribuiu a Emmanuel a
informação de que a pessoa
que dá um tiro na cabeça
necessitará de duas ou mais
encarnações para reparar o
cérebro perispiritual
lesado. O indivíduo
encarnar-se-á então com
problemas pertinentes à zona
do cérebro – retardo mental,
paralisia, mudez, cegueira
etc. – conforme a lesão
produzida por seu ato. A
reencarnação funcionaria,
assim, como uma espécie de
cirurgia reparadora que não
custa dinheiro, mas requer
sacrifício, resignação,
paciência, tudo por causa de
uma tolice perfeitamente
evitável.
Os casos de anencefalia
enquadram-se em sua
generalidade nisso. O
Espírito da criança que
volta à cena terrestre já
estava nessas condições no
plano espiritual; por isso,
constitui falta de caridade
impedir que ele viva entre
nós alguns dias ou alguns
anos, somente porque, na
concepção de uma sociedade
extremamente materialista,
esteja tal criança relegada
a uma vida vegetativa, sem
possibilidade de estudar,
trabalhar, casar e ter
filhos.
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