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Clássicos do Espiritismo
Ano 5 - N° 218 - 17 de Julho de 2011
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)


O Espiritismo perante a Ciência

 Gabriel Delanne

(Parte 11)

Damos continuidade nesta edição ao estudo do livro O Espiritismo perante a Ciência, de Gabriel Delanne, conforme tradução da obra francesa Le Spiritisme devant la science, publicada originalmente em Paris em 1885.

Questões preliminares

A. Há alguma semelhança, quanto ao modo de operar, entre o hipnotismo e o magnetismo?

Sim. Delanne menciona essa semelhança comparando a maneira de operar de Bernheim para hipnotizar e a que empregava Deleuze para magnetizar. O professor Bernheim fazia gestos, passeava as mãos de cima a baixo do doente e terminava pronunciando com voz imperiosa a palavra durma! Os magnetizadores não faziam outra coisa, e como os resultados obtidos por Bernheim eram os mesmos, Delanne entende que magnetismo e hipnotismo não passam de denominações diferentes do mesmo fenômeno. (O Espiritismo  perante a Ciência, Segunda Parte, Cap. IV – O hipnotismo.)

B. Os animais podem também ser hipnotizados?

Sim. Um frango, que se prende a uma tábua, onde se traça um risco, fica logo em estado hipnótico, se o obrigam a olhar para esse risco, durante certo tempo. (Obra citada, Segunda Parte, Cap. IV – O hipnotismo.)

C. Os sentidos se ampliam quando a pessoa está no estado sonambúlico?

Sim. Certos sentidos ou certas faculdades, conforme os indivíduos, adquirem uma acuidade ou um poder verdadeiramente espantosos. O Doutor Brémaud cita a respeito exemplos muito notáveis, se bem que estejam longe de poder comparar-se aos assinalados por Braid. (Obra citada, Segunda Parte, Cap. IV – O hipnotismo.)

Texto para leitura

273. Voltemos aos trabalhos de Charcot. O estado letárgico ou soporífero, que vimos suceder ao estado cataléptico, cessa imediatamente quando se sopra a fronte do paciente. Há, ainda, uma particularidade notável: pode-se, à vontade, passar o doente do estado letárgico ao cataléptico; basta para isso abrir-lhe a pálpebra, de sorte que a luz possa impressionar-lhe a retina. É preciso, para obter as alterações, que a claridade ou a obscuridade sejam produzidas bruscamente, sem o que o paciente se conservará na última fase em que estava. A influência luminosa não é o único agente que provoca o hipnotismo.

274. Sentando-se uma doente na caixa de ressonância de um grande diapasão, e afastando-se por meio de uma haste, violentamente, os ramos deste, o diapasão vibra e a sensitiva entra em catalepsia; suprimindo-se instantaneamente o som, a letargia se declara com os mesmos sintomas que no caso precedente. Enfim, chegou-se também a produzir os mesmo efeitos por meio do olhar. Nesse caso, o olho do experimentador substitui as ações físicas mencionadas acima e é dessa maneira que Donato e Carl Hensen obtêm magníficos resultados.

275. Uma passagem do livro que Bernheim, professor da Faculdade de Nancy, publicou, ultimamente, sobre o hipnotismo faz-nos ver que ele se ocupou muito com o assunto: “Eis como procedo para obter o hipnotismo. Começo por dizer ao doente que é possível curá-lo ou aliviá-lo pelo sono; que não se trata de nenhuma prática nociva ou extraordinária, mas de simples sono que se pode provocar em qualquer pessoa, sono calmo, benéfico, etc. Em caso de necessidade faço dormir em sua presença uma ou duas pessoas, para mostrar-lhe que o sono nada tem de penoso, nem servirá para experiências; quando afasto do seu espírito a preocupação que a ideia do magnetismo faz nascer e o temor um tanto místico ligado a esse desconhecido, o paciente se torna confiante e entrega-se. Digo-lhe, então: Olhe-me bem e só pense em dormir. Vai sentir peso nas pálpebras e fadiga nos olhos; seus olhos piscam, vão umedecer-se; a vista torna-se confusa, os olhos fecham-se. Alguns pacientes fecham os olhos e dormem imediatamente. Com outros, repito, acentuo, acrescento o gesto, pouco importa a sua natureza. Coloco dois dedos da mão direita diante dos olhos da pessoa e convido-a a fixá-los, ou, com as duas mãos, passo-as de cima para baixo, diante dos seus olhos; ou, ainda, faço com que fixe meus olhos, e me esforço em concentrar sua atenção na ideia do sono. E digo: suas pálpebras se fecham; não poderá mais abri-las; tem um peso nos braços, nas pernas; não sente mais nada; suas mãos estão imóveis, nada mais vê; o sono chega, e acrescento em tom imperioso: – durma. Muitas vezes esta palavra tudo resolve os olhos se fecham, o doente dorme.”

276. Paremos um instante, para assinalar a curiosa semelhança entre a maneira de operar de Bernheim para hipnotizar e a que emprega Deleuze para magnetizar. O professor Bernheim faz gestos, passeia as mãos de cima a baixo do doente e termina pronunciando com voz imperiosa a palavra durma! Os magnetizadores não fazem outra coisa, e como os resultados obtidos por Bernheim são os mesmos que relatamos no artigo do sonambulismo, estamos no direito de concluir que magnetismo e hipnotismo não passam de denominações diferentes do mesmo fenômeno. Os processos descritos no memorial do doutor, para determinar o sonambulismo, podem ser considerados como um aperfeiçoamento do método magnético, relativo à produção do sono, como vamos ver; o que se segue vai prová-lo de modo evidente.

277. Bernheim prossegue: “Se o paciente não fecha os olhos ou não os conserva fechados, não prolongo a fixidez das suas vistas nas minhas ou nos meus dedos: porque alguns mantêm os olhos indefinidamente arregalados, e em vez de conceberem, assim, a ideia do sono, só têm a de fixar com rigidez; fechar os olhos dá então melhor resultado. Ao fim de dois minutos ou três, no máximo, mantenho-lhe as pálpebras fechadas ou as abaixo, lenta e docemente, sobre os globos oculares, fechando-os progressivamente cada vez mais, imitando o que se dá quando o sono vem naturalmente; acabo por mantê-los fechados, continuando com a sugestão: – Suas pálpebras estão coladas, não poderá mais abri-las; torna-se cada vez maior a necessidade de dormir; não resistirá mais. Abaixo gradualmente a voz e repito a injunção – durma! É raro que se passem quatro ou cinco minutos sem que o sono venha. Em alguns, consegue-se melhor, procedendo com doçura; em outros, rebeldes à sugestão doce, convém a aspereza, o tom autoritário, para reprimir a tendência ao riso ou a veleidade de resistência involuntária que esta manobra pode provocar. Muitas vezes, em pessoas aparentemente refratárias, fui bem sucedido, mantendo por muito tempo a oclusão dos olhos, impondo silêncio e imobilidade, falando continuamente e repetindo as mesmas fórmulas: ‘Você sente um entorpecimento, um torpor; seus braços e suas pernas estão imóveis; eis que aparece calor em suas pálpebras; seu sistema nervoso se acalma; você não tem mais vontade; seus olhos permanecem fechados; o sono chega’, etc. Ao fim de oito a dez minutos dessa sugestão auditiva prolongada, retiro os dedos e os olhos ficam fechados; levanto os braços, eles permanecem no ar; é o sono cataléptico. Muitas pessoas se impressionam logo na primeira sessão; outras, na segunda ou na terceira. Depois de uma ou duas hipnotizações, a influência torna-se rápida. Basta, quase, olhá-las, estender os dedos diante dos seus olhos e dizer “durma”, para que, em alguns segundos, instantaneamente, mesmo, os olhos se fechem e todos os fenômenos do sono apareçam. Outros não adquirem, senão ao fim de certo número de sessões, em geral pouco numerosas, a aptidão de dormir depressa.”

278. Tentaram fazer, a respeito dessas experiências, as mesmas observações que para o magnetismo; quiseram atribuí-las a efeitos da imaginação. Durante muito tempo, esse argumento foi o cavalo de batalha de nossos adversários, mas demonstrou-se que o hipnotismo se exercia, também, sobre os animais. Desde então, foi-se a explicação dos incrédulos. Um frango, que se prende a uma tábua, onde se traça um risco, fica logo em estado hipnótico, se o obrigam a olhar para esse risco, durante certo tempo.

279. Deveríamos ter já mencionado os trabalhos de Liébault, de Nancy, que serviram de ponto de partida a Bernheim, na publicação de sua brochura. Liébault, sem conhecer as pesquisas de Braid, estudou, muitos anos, particularmente sob o ponto de vista terapêutico, as questões que se ligam ao hipnotismo.

280. Em 1886, ele publicou um livro importante sobre o Sono e os estados análogos, que passou quase despercebido. Levando mais longe que o médico inglês o método sugestivo, ele o aplicou com êxito na cura de algumas doenças. Ultimamente, a curiosidade pública foi vivamente suscitada por duas conferências feitas no círculo St. Simon, por Brémaud, doutor da infantaria de marinha. O interesse que elas apresentavam vinha do espírito científico do autor e do caráter especial do auditório, composto em grande parte de membros do Instituto.

281. Tratava-se de demonstrar não somente que o hipnotismo é uma verdade, coisa incontestável depois dos sábios trabalhos de Charcot e Dumontpallier, mas, ainda, que esse estado pode ser produzido em quaisquer indivíduos, e não especialmente em histeroepilépticos, como pretendiam os retardatários da ciência, que fizeram dessa condição o último refúgio da resistência às novas doutrinas.

282. O Doutor Brémaud, depois de haver sido testemunha de um caso de hipnotismo parcial, na ilha Bourbon, não pensava mais nessas estranhas manifestações, quando, há dois anos, o famoso Donato veio dar em Brest representações de magnetismo. As mesmas experiências que, por um momento, abalaram Paris inteiro, produziram em Brest extraordinária emoção. Amigos pediram a Brémaud, cuja consciência científica conheciam, que investigasse a parte de verdade e a de charlatanismo que podiam existir nessas exibições.

283. O que intrigara o doutor, conhecedor dos trabalhos da Salpêtrière, era ver Donato operar em grande número de jovens de Brest, que não pareciam doentes, e com os quais tinha prontamente obtido resultados análogos. Pôs-se à procura da maior parte dos que se haviam prestado à influência de Donato, fê-los vir a sua casa, estudou-os de perto e, sem muito trabalho, conseguiu produzir neles os mesmos efeitos que o magnetizador. Com seu concurso, deu algumas sessões na Escola de Medicina Naval, onde reproduziu, exatamente, todos os exercícios de que tanto o público se havia admirado. Prosseguiu as experiências em muitos marinheiros postos à sua disposição e chegou à certeza de que, entre os homens reputados sãos de corpo e de espírito, havia grande número suscetível de ser posto em estado de hipnotismo, letargia, catalepsia e sonambulismo, verificado já em indivíduos atingidos de histeria e epilepsia.

284. Um segundo resultado foi o de notar, no desenvolvimento desses estados mórbidos que formam série progressiva, um estado inicial que, segundo ele, não se produziria nos histeroepilépticos, até aqui observados, e que denomina fascinação. O paciente é, a princípio, fascinado, isto é, antes de chegar à letargia ou à catalepsia, cai em estado de abulia completa, ou por outra, perde a vontade, torna-se o escravo do operador; puro autômato, obedece inconscientemente a qualquer impulso. O segundo grau, provocado por processos mais simples, é a letargia e depois a catalepsia, pela contração dos músculos. Esta se obtém parcial ou total, à vontade; uma pancada num membro; ligeira fricção fá-la cessar.

285. Da letargia passa-se ao sonambulismo. Neste último estado, certos sentidos ou certas faculdades, conforme os indivíduos, adquirem uma acuidade ou um poder verdadeiramente espantosos. O Doutor Brémaud citou exemplos muito notáveis, se bem que estejam longe de poder comparar-se aos assinalados por Braid.

286. Um de seus pacientes, que ele tinha em seu gabinete, perto do fogão, repetiu-lhe a conversa que duas pessoas mantinham em voz baixa na rua, a uns 50 metros. Um dos seus parentes, sonambulizado, resolveu, sem esforço, difícil problema de trigonometria, que não compreendia acordado, nem mesmo compreendeu depois de voltar ao estado normal.

287. Notemos ainda, que, segundo o hábito dos homens de ciência, Brémaud atribui aos sentidos um papel que eles não podem representar. Não é crível que o ouvido, faculdade particular do organismo, possa projetar-se para o exterior, franquear paredes e irradiar a cinquenta metros, de maneira a acompanhar uma palestra em voz baixa. Não se percebe, também, como um rapaz poderia resolver melhor um problema de trigonometria, mergulhado no sono do que em estado normal. Admitida a alma, tudo se explica, se torna simples e compreensível.

288. Como os fatos valem mais que as narrativas, Brémaud fazia-se acompanhar de dois rapazes de 23 e 26 anos, pessoas conhecidas, com uma situação oficial ao abrigo de qualquer suspeita e em perfeito estado de saúde. À medida que descrevia os fenômenos, ele os ia produzindo e fazendo verificar pelo auditório. A catalepsia era bem real; a contratura das pernas, dos braços, do corpo bem positiva, o estado sonambúlico perfeito. Todos se renderam à evidência, e experiências muito curiosas foram feitas sucessivamente. Assim, viu-se um desses jovens, posto em estado de fascinação, obedecer instantaneamente a qualquer ordem; ouviram-no repetir, como um perfeito fonógrafo, palavras chinesas, russas, com exata entonação, como se estivesse habituado a falar esses idiomas e em estado de compreendê-los.

289. A outro se fez beber um copo d'água; persuadiram-no de que havia bebido catorze copos de cerveja, e em consequência ele sentiu-se realmente embriagado, ou então via efetivamente as figuras que representavam no espaço, e ria, se eram engraçadas, amedrontava-se, se eram aterradoras.

290. Observação muito importante: se, enquanto o paciente está nessa contemplação, se lhe põe diante dos olhos um vidro prismático, ele vê duas figuras, o que prova, diz o Doutor Brémaud, que não há, propriamente, alucinação, isto é, exteriorização de uma ideia subjetiva, mas ilusão sensível produzida pela ação do raio luminoso sobre os nervos oculares.

291. O Doutor Brémaud mostrou aos assistentes fenômenos inesperados: a aniquilação da vontade e mesmo do eu, a dissociação das funções, cuja unidade constitui a vida psíquica normal, estado de insensibilidade, rigidez, letargia, onde a própria vida parece desaparecer, e em seguida uma excitação nervosa, onde os músculos, os sentidos e certas faculdades intelectuais adquirem poder espantoso.

292. Todos esses fenômenos não são novos e só são curiosos porque produzidos em pessoas jovens perfeitamente sãs de corpo e de espírito e porque o doutor Brémaud não pode ser acusado de charlatanismo. (Continua no próximo número.) 

 

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita