DAVILSON SILVA
davsilva.sp@gmail.com
São Paulo, SP (Brasil)
Diz-me quem és, que eu
te direi quem te
aconselha
Só se deve recorrer a
Deus ou a Jesus Cristo
quando precisamos de um
conselho nos momentos de
dúvida, de aflição de
algum tipo de
dificuldade? Há uma
crença nos atos
providenciais dos
“mortos” e outra que
repudia quaisquer
intercessões entre o
homem e Deus ou Jesus. A
primeira crença permite
que se recorra a
intercessores; a
segunda, não os admite
em hipótese alguma e
alegam que é “pecado”
consultá-los; conforme
os dessa crença, os
mortos não atendem
ninguém, e sim o Diabo,
“adversário de Deus”, o
qual pode astutamente se
passar por qualquer um
dando conselhos.
A primeira crença, ou
seja, a da intercessão,
admite
petitórios,
aconselhamentos, enfim,
toda a ajuda desejada,
mas somente
a mortos santificados
ou beatificados
pelos seus maiorais.
Como a segunda
crença, ela acredita
também na influência do
Diabo entre o homem e
Deus ou Jesus, por isso,
proíbe pedidos,
conselhos fora do âmbito
de suas convicções.(1)
Para essas duas crenças,
qualquer um pode ser
habilidosamente enganado
pelo suposto infausto
personagem, havendo
ainda outra
particularidade entre
elas: o
antirreencarnacionismo.
É claro, né?! Adeptas do
dogma dos “castigos” e
“gozos celestiais
eternos”, só tinham
mesmo é que negar a Lei
da Reencarnação. Ao se
oporem a tal Lei, ao
negá-la, não sabem, ou
não querem saber, da
enorme diferença entre o
Deus que eles incensam e
o Deus de Jesus.
A culpa é do Diabo
Há séculos, disseminando
medo, essas duas formas
de crer fizeram recair
culpas alheias e todos
os reveses sobre o dito
personagem ao qual dão
tanto valor, por isso o
chamam “rei dos
Demônios”. Atribuem-lhe
toda a culpa, alegam que
este viveria a sugerir
que homens e mulheres
tornem-se corrompidos,
pratiquem toda espécie
de maldade. Ora! Diabo
nenhum tenta ninguém a
fazer isto ou aquilo!
Acontece é que, estando
magneticamente unidos
uns aos outros, em maior
ou em menor grau,
emitimos criações
mentais, originadas por
nós mesmos, para os que
conosco se assemelhem.
E quanto a espíritas? Há
algum mal em se recorrer
a um Espírito
desencarnado, em vez de
recorrer a Deus ou a
Jesus? Neste particular,
para o espírita não há
mal nenhum em se pedir
conselho, auxílio a uma
Entidade. Desde que o
pedido não fira nem
cause prejuízos ou danos
a outrem, tendo sempre
em vista um fim útil,
após ponderada
apreciação do teor da
rogativa, o espírita
pode e deve utilizar-se
da prece àquele com o
qual simpatiza.
Há bondosos Seres
invisíveis entre os Céus
e a Terra que se
interessam por nós,
sobretudo, em momentos
difíceis. Eles,
fraternos, devotos de
seus protegidos,
denominam-se o que
Sócrates e Platão deram
a conhecer: gênios,
ou daimon, ou
démon, em grego,
isto é, Espíritos
protetores que pertencem
a uma ordem de Entidades
nobres. (2) Conforme
disseram os Espíritos
São Luís e Santo
Agostinho, esses
Espíritos se ligam a um
indivíduo para bem
protegê-lo e fazê-lo
cada vez mais crescer
moralmente, e nunca para
causar-lhe mal,
afastá-lo das virtudes.
(O Livro dos
Espíritos (L.E.),
questão 496).
É como um pai
O Espírito protetor de
uma pessoa atua como um
pai bondoso e justo a
conduzir o filho pelo
caminho do bem, do
progresso
intelecto-moral. Cada
pessoa deste nosso mundo
recebe constante amparo
do seu guia-protetor,
porque este assim o
escolheu por missão ou
mesmo por dever. Nosso
Protetor se sente
responsabilizado desde o
processo reencarnatório
até o momento do
desenlace e vela por nós
com extrema bondade, por
simpatia ou por simples
encargo.
Protetores unem-se aos
seus protegidos, a
partir da encarnação
(nascimento) até o dia
de sua desencarnação
(morte), e o segue
frequentemente. Ao
regressar à existência
espiritual, eles
continuam amparando o
tutelado. A morte do
corpo não livra ninguém
de responsabilidades,
segundo os Espíritos
disseram a Allan Kardec
no que este perguntara
quando se dava a ligação
do Protetor com o
protegido (L.E., q.
492).
Não é consoladora a
idéia de possuirmos um
Ser superior que deseja
o nosso progresso, o
nosso bem-estar? Graças
à Doutrina Espírita,
hoje entendemos a
incalculável bondade e
justiça divina e podemos
ter uma perfeita
definição conceitual do
pensamento de Jesus.
Onde estivermos, o nosso
Anjo da guarda estará
bem pertinho de nós, a
nos induzir à prática
irrestrita do bem sob os
mais inefáveis e doces
impulsos.
Sim! Os chamados Anjos
da guarda prontificam-se
sempre a nos prestar
auxílio. O nome deles?
Pouco importa! Podem não
ter sido famosos na
Terra, e podemos
invocá-los com o nome de
qualquer Entidade com a
qual simpatizemos. Esses
Espíritos se regozijam
com nossa vitória e
sofrem ao sucumbirmos
nas provações. Nosso
Protetor nos envolve em
uma como inefável
fragrância de paz em
tempos de alegria, e na
tristeza, balsamizam-nos
os sofrimentos,
consolando e infundindo
esperança na bondade do
Altíssimo.
Deus não abandona
Eventualmente, porém,
ele pode suspender a
referida benigna missão.
Sim! Com o propósito de
cumprir tarefas mais
elevadas e muito acima
de nosso alcance, o
nosso Protetor de nós se
afastará, mas, neste
caso, é substituído por
outro. Deus não deixa
qualquer um de Seus
filhos ao abandono e
concede-nos a graça de
não ficarmos sem quem
nos proteja (q. 494).
Os Espíritos protetores
cumprem à risca os
interesses divinos,
dedicam-se aos que
julgam dignos de seu
desvelo. Às ocultas,
fazem por onde livrá-los
do perigo, advertem-nos
quanto a maus
pensamentos, más
palavras, más atitudes,
permitindo-lhes o
exercício do
livre-arbítrio com o
desejo de que adquiram a
condição de
responsáveis. Ah, se
todos os homens
comprovassem, admitissem
o poder de sublimados
desígnios morais a unir
todas as criaturas do
Universo visível e
invisível!
Mas atenção! Os Anjos da
guarda, por um outro
motivo, podem suspender
o seu amparo. Um
Protetor pode se afastar
do protegido, se este
não ouvir mais seus
avisos, se mostrar-se
rebelde, desregrado (q.
495). Enfim, para os que
cometem abusos, os que
escolhem o “caminho que
conduz à porta larga”,
em vez de escolher o que
conduz à “porta
estreita”, consoante
Jesus (Mateus, 7:13/14),
ficarão à mercê da
própria sorte.
Deus permite aos
Espíritos protetores
orientar todos os
homens. (3) A Alma, ou
Espírito encarnado,
deste mundo, tem quem
por ela sinta afeto
segundo lei da afinidade
em qualquer ocasião.
Cada um receberá o
influxo que lhe diga
respeito, seja qual for
o seu caráter, bom ou
mau, e tudo depende de
atender ou não à
imponderável voz da
consciência.
Conclusão
Creiam assim ou assado,
o Espiritismo não só
explica, mas justifica
por a mais b porque Deus
é Deus, sem entrelinhas,
sem artigos de fé tidos
como impenetráveis à
compreensão, sem julgar
ou culpar quem quer que
seja. Quer acredite
nisto, quer não
acredite, falará ao
íntimo quem conosco
combine, conforme nossa
maneira de pensar,
sentir, falar e agir.
Assim, Espíritos
protetores, ou Anjos
da Guarda, ou
Espíritos familiares,
ou Espíritos
simpáticos, darão
conselhos que suscitam
bom senso e atitudes
positivas; os maus
Espíritos, e não
diabos, demônios e
outros nomes, nunca os
darão. (3) Os maus
Espíritos não se ligam
à pessoa por mero
dever de tentá-la a
praticar o mal, mas
sim pela facilidade
que eles encontram de
influenciá-la. Pela
invigilância e
descuido do homem,
Espíritos perversos e
vingativos, ou
irresponsáveis, ou
zombeteiros, ou
possuidores de todo
defeito moral, por
gostos e pendores a
ele serão ligados (q.
511). Reiterando,
estamos magneticamente
associados, uns aos
outros, por criações
mentais originadas por
e a partir de nós
próprios, e cada um
terá a assistência
espiritual que merece
pela escolha entre os
bons e os maus
conselhos.
Notas:
1. Para maiores
esclarecimentos sobre o
que pensa o Espiritismo
a respeito do dogma de
anjos e demônios,
sugerimos a leitura dos
capítulos 8.o e 9.o da
obra O Céu e o Inferno,
de Allan Kardec.
2. No item 5.o do
parágrafo 4.o da
Introdução de O
Evangelho segundo o
Espiritismo temos a
seguinte inferência
socrática: Após a nossa
morte, o gênio (daimon,
démon) que nos havia
designado durante a
vida, nos leva a um
lugar onde se reúnem
todos os que devem ser
conduzidos ao Hades,
para o julgamento. As
almas, depois de
permanecerem no Hades o
tempo necessário, são
reconduzidas a esta
vida, por numerosos e
longos períodos. Esta é
a doutrina do Anjos
guardiãs ou espíritos
protetores, e das
reencarnações
sucessivas, após
intervalos mais ou menos
longos de erraticidade.
(Conclusão de Kardec.)
3. No it. 24, do
capítulo 28, consulte em
Coletânea de preces
espíritas, do mesmo
Evangelho: Para pedir um
conselho.
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