LEDA MARIA
FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
A cura
verdadeira
Na vivência do
Evangelho
encontraremos a
cura para
todos
os nossos males
“E curai os
enfermos que
nela houver e
dizei-lhes: é
chegado a vós o
reino de Deus.”
– Jesus.
(Lucas, 10:9.)
Muito se fala
das curas aos
enfermos que
Jesus realizou,
e são inúmeras
as passagens nas
quais tais fatos
são relatados.
Todavia,
é importante
entendermos que
não podemos
dizer que
estamos curados
desta ou daquela
doença – e que
por isso temos
saúde –, quando
estamos apenas
nos referindo ao
corpo físico.
Por esta razão,
o tema que nos
propomos tratar
é o da cura
legítima, e não
apenas o da
ausência de
doenças. Estamos
falando de saúde
integral que
significa
condição de
bem-estar.
No Evangelho de
Lucas, capítulo
18, versículo
41, existe uma
das mais belas
figuras dos
ensinamentos
evangélicos: o
cego de Jericó.
Narra o apóstolo
que o “infeliz
andava pelo
caminho
mendigando e,
sentindo a
presença do
Mestre, põe-se a
gritar,
implorando
misericórdia.
Irritavam-se os
populares em
face dos
insistentes
pedidos. Tentam
impedi-lo,
recomendando-lhe
calar as
solicitações.
Contudo, Jesus
ouve-lhe a
súplica, e
aproximando-se
dele interroga-o
com amor: “Que
queres que te
faça?”, indaga
o Mestre. E
diante de tão
grande
liberdade, disse
apenas: “Senhor,
quero ver”.
O tema leva-nos
a refletir sobre
esse propósito
do honesto e
humilde cego,
porque este
deveria ser,
também, o nosso
propósito diante
das
circunstâncias
da vida. Somos,
muitas vezes, o
cego de Jericó a
esmolar a Jesus
a misericórdia
pelo nosso
sofrimento. E
somos atendidos.
Todavia, lembra
Emmanuel, de
forma bastante
oportuna, que
quando surge a
oportunidade do
nosso encontro
com Cristo, além
de sentirmos que
o mundo se volta
contra nós,
colocamo-nos com
indiferença
diante do
chamamento à
tarefa
renovadora. E
esse
posicionamento
que temos diante
da resposta
divina está
ligado à forma
insensata com
que pedimos
ajuda.
A passagem
evangélica
lembra-nos, de
maneira amorosa,
que não é
necessário
pedirmos muito,
mas apenas ver,
com compreensão,
a exata
importância de
cada momento do
nosso processo
evolutivo.
Observar com
amor e justiça
todas as coisas,
pessoas e
situações a fim
de podermos sair
desse labirinto
que construímos
ao nosso redor,
e que nos impede
de chegar ao seu
fim. Por essa
razão, é preciso
traduzir a
palavra saúde em
harmonia,
equilíbrio e
bem-estar do
corpo e da alma.
Em uma palavra:
cura.
E as
“doenças” persistem
porque não
sabemos receber
o que pedimos.
Senão, vejamos:
a vida nos chama
ao trabalho de
renovação e
somos abençoados
com a luz do
conhecimento. O
que fazemos?
Permanecemos
indecisos, sem
coragem de
caminhar para a
realização da
tarefa que nos
elevaria. Somos
conduzidos ao
trabalho de
ajuda ao
próximo, para
fortalecer
nossos objetivos
de crescimento,
mas por
aguardarmos
gratidão ou
reconhecimento
pelos nossos
atos,
afastamo-nos do
serviço, quando
isso não
acontece.
Companheiros
difíceis são
colocados a
conviver
conosco, seja no
lar ou no
trabalho, como
atendimento de
Jesus às nossas
rogativas, e, no
entanto, nos
afligimos,
revoltamo-nos,
abandonando a
luta redentora,
afastando-nos
deles.
A inércia diante
dessas respostas
aparece porque
esperamos,
muitas vezes, a
resposta
materializada de
Jesus. Esperamos
o dinheiro, a
evidência social
sem trabalho ou
merecimento e,
quase sempre,
exigimos d`Ele a
transformação
das
circunstâncias
que nos trazem
aflições, e às
quais estamos
sujeitos no
caminho
evolutivo.
Em todas as
curas que o
Mestre realizou,
uma constante
pode ser
observada, seja
no cego de
Jericó ou na mão
ressequida do
paralítico, que
se fez sã: é a
de não lhes ter
dado nada
material, mas,
sim, de lhes
devolver os
instrumentos
para o trabalho
de crescimento,
na conquista de
realizações
pessoais.
As lições do
Excelso Amigo
são para todos,
em todos os
tempos e em
qualquer lugar,
não importa
quais sejam os
templos de
oração aos quais
estejamos
ligados. Não
basta, somente,
estender a mão a
Jesus, rogando
curas, sejam
físicas ou do
Espírito.
É imprescindível
aprendermos a
receber Suas
bênçãos. Não
basta,
tão-somente, o
interesse pela
recomposição do
veículo carnal,
porque, acima de
tudo,
necessitamos da
cura do
Espírito.
O Evangelho
alerta-nos para
que entendamos o
valor da saúde.
A moléstia do
corpo é sempre
difícil de ser
compreendida e
muito menos
aceita, pois
ainda sequer
conseguimos
entender por que
o trabalho no
bem nos traz
equilíbrio
orgânico! Quem
de nós
já percebe a
lição oculta de
Deus na moléstia
que nos assalta?
Certamente,
nenhum de nós.
Todavia, ela ali
está, e quando
pedimos para que
nossas forças
sejam
restauradas,
esperamos,
sempre, não
precisar fazer
qualquer esforço
para que isso se
concretize.
O problema nessa
atitude imatura
prende-se ao
fato de
desejarmos ser
curados para
continuarmos a
cometer atos
desequilibrantes,
que nos levariam
a quedas
maiores. E como
não conseguimos
a cura desejada,
segundo nossa
vontade e
caprichos,
dizemos que Deus
nos abandonou, e
a fé que já não
era firme, se
acaba.
Infelizmente,
existem doentes
que lastimam a
retenção no
leito e choram
aflitos, não
porque desejam
reformular seus
conceitos de
vida,
voltando-se para
princípios mais
nobres, mas,
sim, porque se
sentem
impossibilitados
de continuarem
na prática dos
seus
desregramentos.
Todo enfermo
deseja curar-se,
e isso é justo.
Mas é importante
que ele conheça,
também, o valor
de todos os
recursos
colocados à sua
disposição, para
que sua
experiência
terrena seja
coroada de
benesses,
benesses essas
conquistadas em
árdua luta
contra a
adversidade.
O Evangelho
explica a todos
nós que muitas
das nossas
doenças têm
origem nas
aflições que
acumulamos, e no
nosso
comportamento
desregrado, seja
ele qual for.
Assim, se
analisarmos
nossos
pensamentos e
nossa conduta,
vamos nos
deparar com
alimentações
abusivas,
consumo de
álcool, fumo,
abusos sexuais,
pensamentos
negativos,
sentimentos
inferiores como
os de mágoa,
ressentimentos,
inveja, raiva,
ciúme, medo e
tantos outros
que se refletem
em nosso corpo
físico, às vezes
imediatamente,
sob forma de
enfermidades,
que os médicos
não conseguem
diagnosticar.
Não importa que
sejamos nós o
doente ou outra
pessoa: a cura
só pode ser
conquistada pela
renovação
mental, ainda
que estejamos
sob cuidados de
médico da
matéria. Quantos
doentes se
recusam a tomar
o remédio
receitado, ou a
seguir as
recomendações
médicas para uma
recuperação mais
rápida,
preferindo
continuar com
seus queixumes,
e assim
sentirem-se
vítimas e
infelizes e, às
vezes,
até abandonados.
Estão doentes e
desejam
continuar assim,
a menos que não
precisem
realizar
qualquer esforço
para sua cura.
Jesus, o Médico
divino,
receitava a
vigilância, a
oração, o perdão
e a prática da
caridade como
profilaxias.
Recomendava,
constantemente:
“Buscai e
achareis”, deixando
claro a
necessidade do
nosso movimento
em direção à
cura, a fim de
nos fazermos
credores dos
benefícios
recebidos. Ao
curar,
explicava: “a
tua fé te
salvou”, “teus
pecados te são
perdoados”, “vai
e não peques
mais”. Em
momento algum
Ele nos eximiu
da
responsabilidade
sobre nossas
doenças e sobre
nossa cura.
Por isso,
torna-se tão
importante
aprendermos a
orar, sabendo
agradecer, a
pedir e a
receber... Há
imensa
necessidade de
modificarmos
nosso interior
pela
transformação
dos nossos
sentimentos.
Necessário se
faz que
busquemos o
conhecimento e o
amparo do
Evangelho
Redentor, mas,
sobretudo que
aprendamos a
praticar a
caridade.
Os Amigos
Espirituais
estão sempre nos
assistindo em
nossas reais
necessidades,
seja através da
ciência médica,
seja através da
assistência
espiritual que
buscamos nas
casas de oração.
O amparo de Deus
ao homem faz-se
através do
próprio homem;
mas, sem que
queiramos nos
curar, ninguém
poderá nos
ajudar.
Emmanuel recorda
que é sempre
útil curar os
enfermos, quando
haja permissão
de ordem
superior para
isso. Todavia,
diz ele, em face
de semelhante
concessão do
Altíssimo,
é razoável que o
interessado
reconsidere as
questões que lhe
dizem respeito,
compreendendo
que um novo dia
chegou para a
sua redenção.
Aceitá-lo ou não
será escolha de
cada um de nós.
Estamos hoje
encontrando ou
reencontrando a
palavra do
Cristo, que
perdemos em
algum momento na
nossa caminhada
redentora.
Já não é mais
possível adiar o
trabalho de
renovação das
nossas
predisposições
íntimas. E, por
isso mesmo,
sentimos o peso
da nossa
responsabilidade,
dando-nos conta
do tempo que
permanecemos
cegos, surdos e
paralíticos ao
chamamento
à transformação.
Estamos todos
cansados de
carregar o fardo
das aflições e o
peso da
indecisão.
Talvez este seja
o momento mais
decisivo da
nossa vida.
Jesus nos
amparará nas
decisões mais
acertadas e nos
intuirá a
retomar o
caminho do bem,
caso insistamos
em nos desviar
da rota, porque
somente na
vivência do
Evangelho
encontraremos a
cura para todos
os nossos males.
O “Vai
e não peques
mais” é
certamente a
chave para que
isso
ocorra.
Bibliografia:
KARDEC, Allan. O
Evangelho
segundo o
Espiritismo, cap.
V, itens 18 e
19.
EMMANUEL
(Espírito). Pão
Nosso,
[psicografado
por] F. C.
Xavier, 17ª ed.,
Rio: FEB, 1996,
Lição 44.
Idem – Caminho,
Verdade e Vida,
[psicografado
por] F. C.
Xavier, 17ª ed.,
FEB, RIO DE
JANEIRO/RJ -
1997, Lição 44.
Ibidem – Vinha
de Luz,
[psicografado
por] F. C.
Xavier, 14ª ed.,
FEB, RIO DE
JANEIRO/RJ –
1996, Lição 44.