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Crônicas e Artigos

Ano 5 - N° 218 - 17 de Julho de 2011

MARCELO DAMASCENO DO VALE
marcellus.vale@gmail.com
São Bento do Sul, SC (Brasil)
 

Deus e a criação material

 “Deus é imaterial. Quer isto dizer que a sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria. De outro modo, ele não seria imutável, pois
estaria sujeito às transformações da matéria.”
(Comentário à questão 13 de O Livro dos Espíritos.)


Sendo Deus, em sua natureza, totalmente imaterial, como poderá ele ter criado e continuar criando incessantemente no mundo material? Como o imaterial pode gerar a matéria? Qual o segredo?  Estará nossa resposta no fluido cósmico universal?

Allan Kardec explica em A Gênese sobre esse fluido:

"O fluido cósmico universal é, como já foi demonstrado, a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza. (Cap. X.) Como princípio elementar do Universo, ele assume dois estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade, que se pode considerar o primitivo estado normal, e o de materialização ou de ponderabilidade, que é, de certa maneira, consecutivo àquele. O ponto intermédio é o da transformação do fluido em matéria tangível. Mas, ainda aí, não há transição brusca, porquanto podem considerar-se os nossos fluidos imponderáveis como termo médio entre os dois estados." (Cap. IV, nos 10 e seguintes.) (1)

A pureza absoluta, da qual nada nos pode dar ideia, é o ponto de partida do fluido universal; o ponto oposto é o em que ele se transforma em matéria tangível. Entre esses dois extremos, dão-se inúmeras transformações, mais ou menos aproximadas de um e de outro. (2)

Uma vez entendida a natureza do fluido universal, ainda nos resta compreender o processo da criação divina. André Luiz explica no livro Evolução em Dois Mundos o processo de criação divina a partir do Fluido Cósmico Universal, afirmando que esse fluido é: “o plasma divino, hausto do Criador ou força nervosa do Todo-Sábio. Nesse elemento primordial, vibram e vivem constelações e sóis, mundos e seres, como peixes no oceano”. (3)

Comenta André Luiz, mais à frente, neste primeiro capítulo: “Nessa substância original, ao influxo do próprio Senhor Supremo, operam as Inteligências Divinas a Ele agregadas, em processo de comunhão indescritível (...) Essas Inteligências Gloriosas tomam o plasma divino e convertem-no em habitações cósmicas, de múltiplas expressões, radiantes ou obscuras, gaseificadas ou sólidas (...) Devido à atuação desses Arquitetos Maiores, surgem nas galáxias as organizações estelares como vastos continentes do Universo em evolução e as nebulosas intragaláticas como imensos domínios do Universo".

E conclui de forma admirável: “Cabe-nos assinalar, desse modo, que, na essência, toda a matéria é energia tornada visível e que toda a energia, originariamente, é força divina de que nos apropriamos para interpor os nossos propósitos aos propósitos da Criação, cujas leis nos conservam e prestigiam o bem praticado, constrangendo-nos a transformar o mal de nossa autoria no bem que devemos realizar, porque o Bem de Todos é o seu Eterno Princípio”.

Deus cria a matéria e todas as suas expressões, por meio de nós – em plano menor quando ainda inferiores na escala evolutiva, em plano maior quando já estamos vinculados a Ele, nos estados superiores da evolução.

De toda forma, vivemos mergulhados em sua substância. Movimentamo-nos em Deus, absorvendo o Seu amor e nutrindo-nos de sua essência. Compete-nos, a partir de agora, refletir a luz divina que existe em nós, aprimorando-nos e exercitando o amor imaterial de Deus ao nosso redor.

 

Fontes:

1 – A Gênese, cap. XIV, item 2 – Allan Kardec;

2 – A Gênese, cap. XIV, item 5 – Allan Kardec;

3 – Evolução em Dois Mundos, cap. 1 – André Luiz – psicografia de Chico Xavier.



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita