A culpa
é da S.P.A.!
O
maior
vilão
da
qualidade
de vida
do
homem
contemporâneo
não
é o
seu
trabalho,
nem a
competição,
mas o
excesso
de
pensamentos
“Educar
é
ser
um
artesão
da
personalidade,
um
poeta da
inteligência,
um
semeador
de
ideias.”
-
Augusto
Cury
Professores
estressados,
alunos
insubordinados,
irrequietos,
desmotivados,
dispersivos...
Por
quê?
Será
que
os
mestres
de
hoje
não
possuem
o “jogo
de
cintura”
pedagógico
dos
mestres
do
passado,
tão
respeitados
e
idolatrados
pelos
alunos?!
Estará
faltando
aos
alunos
a
velha
e boa
educação
de
berço?!...
Nada
disso!
Todos
somos –
mais
ou
menos
–
vítimas
de uma
doença
dos
tempos
hodiernos
chamada
“Síndrome
do
Pensamento
Acelerado”
(S.P.A.).
Para
entendermos
esta
síndrome
e,
consequentemente,
podermos
adotar
não
só
as
atitudes
corretas
para
erradicá-la
ou
pelo
menos
minimizá-la
em
seus
corolários
danosos
e
até
mesmo
para
nos
posicionarmos
profilaticamente
diante dela,
vamos
examinar
o
livro
de
um
especialista
da
matéria.
Estamos
falando
da
obra:
“Pais
Brilhantes,
Professores
Fascinantes”,
de
autoria
do
psiquiatra-cientista
Dr.
Augusto
Cury,
editado
pela
Sextante,
Rio,
onde,
especialmente
na
segunda
parte,
ele
faz uma
abordagem
da
síndrome,
elucidando
a
respeito
de
suas
causas
e
apresentando
um
rico
cardápio
de
sugestões
para
obviar
seus
nefastos
inconvenientes.
Iniciemos
pelas
Causas
A
televisão
mostra
mais
de
sessenta
personagens
por
hora,
com
as
mais
diferentes
características
de
personalidade:
Policiais
irreverentes,
bandidos
destemidos,
pessoas
divertidas
etc....
Essas
imagens
são
registradas
na
memória
e
competem
com
as
imagens
dos
pais
e
professores.
Os
resultados
inconscientes
disso
são
graves:
os
educadores
perdem a
capacidade
de
influenciar
o
mundo
psíquico
dos
jovens.
Seus
gestos
e
palavras
não
têm
impactos
emocionais
e,
consequentemente,
não
sofrem
um
arquivamento
privilegiado
capaz
de
produzir
milhares
de
outras
emoções
e
pensamentos
que
estimulem
o
desenvolvimento
da
inteligência.
Os
educadores
precisam
gritar
para
obter
o
mínimo
de
atenção.
O
pensamento
acelerado
reduz a
concentração
e
aumenta
a
ansiedade.
Aí
está o
“x” da
questão:
Os
jovens
são
as
maiores
vítimas
da
S.P.A.
A
ansiedade
da
S.P.A.
gera uma
compulsão
por
novos
estímulos,
numa
tentativa
de
aliviá-la.
Embora
menos
intenso,
o
princípio
é o
mesmo
que
ocorre
na
dependência
psicológica
das
drogas.
Os
usuários
de
drogas
pesadas
ou
consentidas
(cigarro,
álcool)
usam
sempre
novas
doses
para
tentar
aliviar
a
ansiedade
gerada
pela
dependência.
Quanto
mais
usam,
mais
dependentes
ficam. É
um
inexorável
e
letal
círculo
vicioso.
Igualmente
sofrem
os
portadores
da
S.P.A.
Estão
sempre
na
dependência
de
novos
estímulos.
Eles
ficam
irrequietos,
se
agitam
na
cadeira,
têm
conversas
paralelas,
não
se
concentram,
mexem
com
os
colegas,
não
suportam
ficar
assentados
por
muito
tempo,
estão
sempre
circulando
como
se
estivessem
procurando
algo
que
nunca
encontram...
Mas
todos
esses
comportamentos
são,
na
verdade,
tentativas
de
aliviar
a
ansiedade
gerada
pela
S.P.A.
Mas
não
é
tão-somente
o
excesso
de
estímulo
visual
e
sonoro
produzido
pela
TV
que
provoca
a S.P.A.
Esta, (a
TV), é
apenas
a
primeira
causa.
A
segunda
é o
excesso
de
informações
e a
terceira
é a
paranoia
do
consumo.
São
causas
que
provocam
uma
espécie
de
ebulição
mental
interna,
que
se
mantém
sempre
febricitante,
não
lhes
oferecendo
espaço
de
manobra
para
uma
tranquila
interiorização.
Todas
essas
causas
excitam
a
construção
de
pensamentos
mal
alinhavados,
desordenados,
que
pulam
dentro
do
cérebro
como
se
fossem
um
bando
de
macacos
agitados
em
intricada
floresta,
gerando
uma
psicoadaptação
aos
estímulos
da
rotina
diária,
ou
seja:
uma
acentuada
perda
do
prazer
pelas
pequenas
coisas
do
dia-a-dia.
Quem
sofre da
S.P.A.
não
consegue
gerenciar
os
pensamentos
plenamente,
não
consegue
tranquilizar
a mente,
jamais
se
aconchega
nas
reconfortantes
e
dulçorosas
vibrações
de uma
sadia
e
tranquilizadora
meditação
ou
oração
refazente.
Não nos
movendo
nenhuma
intenção
de “colocar
panos
quentes”
ou
aconselhar
a “vista
grossa”
ou
ouvidos
moucos
ao
comportamento
indevido
dos
alunos,
de
um
modo
geral,
fica
aqui
um
pedido
aos
professores:
Tenham
mais
paciência
com
seus
alunos.
Eles
não
têm
culpa
dessa
agressividade,
alienação
e
agitação
em
sala
de
aula.
Eles
são
vítimas...
Cada
aluno
carrega
– na
intimidade
–
um
mundo
a
ser
descoberto
e
explorado
pela
sagacidade
do
mestre
fascinante
que
não
se
limita a
simplesmente
instruir,
a “empilhar
informações”,
mas
dispõe-se
a
educar,
ou
seja,
conduzir
para
fora
a joia
preciosa
ergastulada
sob
a
ganga
dos
desatinos,
fazendo
brilhar
a
luz
ínsita
em
cada
personalidade.
Triste e
lamentável
atualidade
A
educação
está
falida,
a
violência
e a
alienação
social
aumentaram...
O
modelo
educacional
do
século
passado,
embora
não
fosse o
ideal,
funcionava
porque
a
velocidade
dos
pensamentos
dos
jovens
há
um
século
era
bem
menor
que
o
atual...
O
maior
vilão
da
qualidade
de vida
do
homem
contemporâneo
não
é o
seu
trabalho,
nem
a
competição,
a
carga
horária
excessiva
ou
as
pressões
sociais,
mas
o
excesso
de
pensamentos.
A S.P.A.
compromete
a
saúde
psíquica
de
três
formas:
ruminando
o
passado
e
desenvolvendo
sentimento
de
culpa;
produzindo
preocupações
sobre
problemas
existenciais
e
sofrendo
por
antecipação.
Estudos
recentes
revelaram
que, no
Brasil,
92% dos
professores
estão
com
três
ou
mais
sintomas
de
estresse
e 41%
com
dez
ou
mais...
É
um
número
altíssimo,
indicando
que
quase
a
metade
dos
professores
não
deveria
estar
em
sala,
mas
internada
numa
clínica
de
repouso
e
refazimento.
Que
tipo
de
educação
é esta
que
estamos
construindo
e
que
vem
eliminando
a boa
qualidade
de
vida
de
nossos
queridos
mestres?
Damos
valor
ao
mercado
de
petróleo,
de
carros,
de
computadores,
mas
não
percebemos
que
o
mercado
da
inteligência
está
falindo!...
Buscando
a
solução
Atuar
no
aparelho
da
inteligência
é uma
arte
que
poucos
aprendem...
Ninguém
se
diploma
na
tarefa
de
educar,
uma
vez
que
o
processo
educacional
jamais
deverá
se
interromper.
Um
patamar
vencido
enseja
novos
degraus
de
ascensão
intelectual
e
educacional.
Para o
sucesso
da ação
educacional,
tanto
os
pais
como
os
professores
precisam
atuar
de
forma
interativa.
O Dr.
Augusto
Cury, na
obra
citada,
elenca
oito
dicas
importantíssimas
para
pais
e
mestres:
1.
Eloquência
e
Fundamentação
–
Procurar
conhecer
o
funcionamento
da
mente;
transformar
a
informação
em
conhecimento
e o
conhecimento
em
experiência.
Tal
providência
contribuirá
para
desenvolver:
a
capacidade
de
gerenciar
os
pensamentos,
administrar
as
emoções,
ser
líder
de
si
mesmo;
trabalhar
perdas
e
frustrações,
superar
conflitos;
2.
Metodologia
e
Sensibilidade
–
Não
basta
didática
apenas.
Há
que
se
falar
com
a
voz
e
com
os
olhos.
Portanto,
a
voz
deve
expressar
emoção.
Cultivando
a
emoção,
estimula-se
a
concentração
e
alivia-se
a S.P.A.
dos
alunos.
Eles
desacelerarão
seus
pensamentos
e
viajarão
no
mundo
das
ideias.
Só
assim
haverá
reversão
do
foco
de
interesses
do “ter”
para
o “ser”,
da
estética
superficial
para
o
conteúdo,
do
consumismo
materialista
para
as
ideias
transcendentais...;
3.
Inteligência
Lógica
e
Emoção
–
Professores
comuns
educam a
inteligência,
mas
os
professores
fascinantes
educam a
emoção,
contribuindo
para
o
desenvolvimento
da
segurança,
da
tolerância,
da
solidariedade,
da
perseverança,
da
proteção
contra
os
estímulos
estressantes,
da
inteligência
emocional
e
interpessoal.
Há
que
se
enfatizar
o
conhecimento
não
só
do
mundo
exterior,
mas
em
especial
do
mundo
íntimo
do
próprio
ser,
para
que
o aluno,
conhecendo-se
a
si
mesmo,
possa
interagir
no
mundo
exterior
de
forma
sensata
e
equilibrada.
4.
Memória
e
Suporte
– A
arte
de
ensinar/educar
não
consiste
tão-somente
em
“empilhar”
informações
nos
ebulientes
cérebros
dos
alunos,
mas
saber
usar
a
memória
como
suporte
para
a
arte
de
pensar.
O
objetivo
fundamental
é
formar
pensadores
e
não
repetidores
de
informações.
A
memória
humana
é
um
canteiro
de
informações
e
experiências
para
que
cada
um de
nós
produza
um
fantástico
mundo
de
ideias.
5.
Transitoriedade
x
Perenidade
–
Pais
e
mestres
não
possuem
missão
temporária,
mas
devem
agir
de
forma
tal
a se
tornarem
inesquecíveis
por
seus
tutelados...
Ser
um
mestre
inesquecível
é
formar
seres
humanos
que
farão a
diferença
no
mundo.
Portanto,
não
se pode
descurar
de
desenvolver
a
sabedoria,
a
sensibilidade,
a
afetividade,
a
serenidade,
o
amor
pela
vida,
a
capacidade
de
falar
ao
coração,
de
influenciar
pessoas.
Lembremos
que
as
informações
são
arquivadas
na
memória,
mas
as
experiências
são
gravadas
no
coração.
6.
Erradicar
conflitos
é
melhor
que
corrigir
– O
professor
comum
apenas
corrige
comportamentos
agressivos,
mas
o
professor
fascinante
resolve,
soluciona
os
conflitos
em
sala
de
aula.
Este é
um
tema
novo
na
área
da
pedagogia.
É
um
novo
e
sadio
posicionamento
que
contribui
para
várias
coisas
como: a
superação
da
ansiedade,
resolução
de
crises
interpessoais,
socialização,
proteção
emocional,
resgate
da
liderança
do “eu”
nos
focos
de
tensão.
Entre
corrigir
comportamento
e
erradicar
conflitos
em
sala
de
aula,
há uma
distância
maior
do
que
imagina
a
nossa
nobre
educação.
O
afeto
e a
inteligência
curam as
feridas
da
alma
e
reescrevem
as
páginas
fechadas
do
inconsciente.
Pais
e
mestres
precisam
–
urgentemente
–
aprender
a
dar
“tapas”
com
luvas
de
pelica,
direto
no
coração.
7.
Profissão
e
Vida
–
Paralelamente
à
educação
voltada
para
o
aspecto
profissionalizante,
é
necessário
enfatizar
o
preparo
para
a
vida,
que
é
um
aspecto
bem
mais
amplo...
O
caminho
é
contribuir
para
desenvolver
a
solidariedade,
a
superação
de
conflitos
psíquicos
e
sociais,
espírito
empreendedor,
capacidade
de
perdoar,
de
filtrar
estímulos
estressantes,
de
escolher,
de
questionar,
de
estabelecer
metas...
Promover
a
autoestima
objetivando
a
autoliderança.
8.
Flexibilidade
no
Trabalho
e na
Vida
–
Só
não
muda
de ideia
quem
não
é
capaz
de
produzi-la.
A
flexibilidade
e o
posicionamento
antidogmático,
desapegado
das
tradições
ancilosantes,
devem
merecer
uma
atenção
especial
de
pais
e
mestres.
Sob a
ação
de
intensa
ventania,
o
caniço
se
amolga,
mas
não
se
quebra
porque
é
flexível,
enquanto
a
árvore
vetusta,
enrijecida,
vem
abaixo.
Há
que
se
extrair
de
cada
lágrima,
de
cada
frustração,
de
cada
limitação,
uma
lição
de
vida,
conquistando,
assim,
os
próprios
lastros
e
referenciais.
Se
não
reconstruirmos
a
educação,
as
sociedades
futuras
se
tornarão
um
grande
hospital
psiquiátrico.
As
estatísticas
já
estão
aí
demonstrando
o
triste
“status
quo”
atual,
onde
o
normal
é
ser
estressado,
e o
anormal
é
ser
saudável.
A
reversão
de
tais
dados
atrela-se,
evidentemente,
a
mais
amplos
descortinos
e
desdobramentos
da
delicada
e
sensível
malha
educacional.
Não
se
esqueçam,
pais
e
professores,
que
os
senhores
não
são
apenas
frágeis
pilares
da
escola
clássica,
mas
pilares
da
escola
da
vida.
Tenham
sempre
em
mente
que
os
computadores
podem
gerar
gigantes
na
ciência,
mas
crianças
na
maturidade.
Os
educadores,
apesar
das
suas
dificuldades,
são
insubstituíveis,
porque
a
gentileza,
a
solidariedade,
a
tolerância,
a
inclusão,
os
sentimentos
altruístas,
enfim,
todas as
áreas
da
sensibilidade
não
podem
ser
ensinadas
por
máquinas.
Construir
um
cidadão
engajado,
consciente,
probo,
equilibrado,
justo,
bom,
humano,
benevolente,
respeitador,
indulgente,
abnegado,
modesto,
humilde,
amoroso,
cumpridor
de
seus
deveres,
tal
é a
finalidade
da ação
educacional.