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Crônicas e Artigos

Ano 5 - N° 218 - 17 de Julho de 2011

WELLINGTON BALBO
wellington_balbo@hotmail.com
Bauru, São Paulo (Brasil)
 

O teste do Marshmallow e a Doutrina Espírita


Nos anos 1960 do século passado, o psicólogo Walter Mischel realizou uma experiência que ficou conhecida como o Teste do Marshmallow envolvendo várias crianças de 4 anos.

Mischel colocou uma porção de doces para os pequenos e disse a eles que sairia e retornaria em breves minutos.

A criança que conseguisse segurar a tentação de degustar a guloseima ganharia um prêmio, ou seja, ao invés de um receberia dois marshmallows.

O psicólogo então se retirou da sala e as crianças lá ficaram.

Algumas resistiram à tentação e não atacaram os doces.

Brincaram com os pés, encobriram os olhos com as mãos e utilizaram de todos os meios possíveis para vencerem a tarefa e conquistar a recompensa de um doce a mais.

No entanto, algumas crianças foram derrotadas pela tentação.

Simplesmente sucumbiram e comeram uma guloseima antes da chegada do cientista.

Acredito sinceramente que eu também não resistiria.

As outras, conforme prometido, obtiveram êxito e, por esperarem e se controlarem, saíram com um marshmallow a mais.

Mas a pesquisa não acabou por aí.

Os guris foram observados pelo psicólogo durante a adolescência, e 16 anos após a aplicação do teste, verificou-se que: aqueles que não resistiram e atacaram os doces tinham um perfil psicológico mais complicado que as outras crianças: tímidos, teimosos, demonstravam agressividade e má opinião sobre si próprios.

Já o outro grupo, os resistentes, demonstrou mais competência social e capacidade em lidar melhor com as frustrações da vida.

Ao tomar conhecimento do Teste do Marshmallow, lembrei-me de minha mãe que em face de minhas traquinagens, dizia:

 - O apressado come cru.

Exatamente! Minha saudosa mãe tinha razão, e olha que provavelmente ela não conhecia esses estudos.

A propósito, nem é preciso muito esforço mental para concluir que quem não sabe esperar a hora de sua colheita não obtém o sucesso almejado.

É preciso entender que há o momento para tudo nesta vida: de receber, dar, plantar, colher, esperar...

Esta experiência nos locomove a sérias reflexões sobre um tema extremamente importante: Inteligência Emocional. Isto mesmo, pois apenas desenvolvendo a Inteligência Emocional é que conseguiremos lidar melhor com nossos sentimentos, cuidar da ansiedade, controlar a agressividade, calar no momento oportuno, relacionar bem com o outro, saber esperar o momento oportuno de agir e demais atributos.

O consagrado escritor Daniel Goleman informa-nos que a Inteligência Emocional não é somente para alguns iniciados na arte de controlar as emoções. Ela – a inteligência emocional – pode ser trabalhada e consequentemente desenvolvida.

E traça cinco ingredientes para o seu desenvolvimento.

Ei-los abaixo:

 - Autoconhecimento

 - Autocontrole

 - Automotivação

 - Empatia

 - Habilidades interpessoais.

Interessante é que todos esses pesquisadores e cientistas de renome repetem, provavelmente sem ter conhecimento do Espiritismo, as lições ensinadas pelos Imortais.

Observemos que o autoconhecimento é destacado em O Livro dos Espíritos, na questão 919 como um meio eficaz para melhorar-se.

O autocontrole é comentado na questão de no. 909 de O Livro dos Espíritos, quando eles nos ensinam que podemos vencer nossas más inclinações fazendo esforços. Mostra claramente a relação com o autocontrole. O indivíduo que se autocontrola vence as suas chagas morais. Deixa de responder a ofensa, não se entrega aos vícios...

A automotivação encontramos em O Evangelho segundo o Espiritismo, no belíssimo tópico “O Homem de Bem”, no capítulo XVIII. Ao tomarmos contato com texto de tão elevado teor sentimo-nos automotivados para conquistar as virtudes que caracterizam o verdadeiro Homem de Bem, que pratica a lei da justiça, amor e caridade em toda sua pureza.

A empatia, ou seja, a capacidade de colocar-se no lugar do outro, está explícita na frase de Jesus: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos”. Eis a empatia, o colocar-se no lugar do outro para poder compreender suas atitudes e, então, colocar em ação o verbo amar.

As habilidades interpessoais encontramos em O Livro dos Espíritos, Lei de Sociedade, no magistral comentário de Allan Kardec que transcrevemos abaixo:

Nenhum homem possui todos os conhecimentos. Pelas relações sociais é que se completam uns aos outros para assegurar seu bem-estar e progredir: é por isso que, tendo necessidade uns dos outros, são feitos para viver em sociedade e não isolados”.

Compreendemos, assim, que a Doutrina Espírita é a autêntica alfabetizadora das almas, farol que ilumina os corações na conquista da evolução. E, dentro do quesito evolução, obviamente que enquadramos o desenvolvimento da Inteligência Emocional, pesquisada pelos cientistas do hoje, mas antes desvendada pelos sábios do Além.

Imperioso refletirmos se estamos, como as crianças de Mischel, avançando sobre os Marshmallows da vida. Se assim constatarmos é o momento de parar, repensar e modificar os rumos existenciais para que não cheguemos ao Além lambuzados pela nossa precipitação.

Pensemos nisto!



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita