A
reflexão mental
Alberto Seabra
Quando os
Instrutores da
Sabedoria
preconizam o
estudo, não
desejam que o
aprendiz se
intelectualize
em excesso, para
a volúpia de
humilhar os
semelhantes com
as cintilações
da inteligência,
e, quando
recomendam a
meditação,
decerto não nos
inclinam à
ociosidade ou ao
êxtase inútil.
Referem-se à
necessidade de
nosso
aprimoramento
interior para
mais vasta
integração com a
Luz Infinita,
porque o reflexo
mental vibra em
tudo.
Nossa alma pode
ser comparada a
espelho vivo com
qualidades de
absorção e
exteriorização.
Recolhe a força
da vida em ondas
de pensamento a
se expressarem
através de
palavras e
atitudes,
exemplos e
fatos.
Refletimos,
assim,
constantemente,
uns nos outros.
É
pelo reflexo
mental que se
estabelece o
fenômeno da
afinidade, desde
os reinos mais
simples da
Natureza.
Vemo-lo nos
animais que se
acasalam, no
mesmo tom de
simpatia, tanto
quanto nas almas
que se reúnem na
mesma faixa de
entendimento.
Quando se
consolida a
amizade entre um
homem e um cão,
podemos
registrar o
reflexo da mente
superior da
criatura humana
sobre a mente
fragmentária do
ser inferior,
que passa então
a viver em
regime de
cativeiro
espontâneo para
servir ao dono e
condutor, cuja
projeção mental
exerce sobre ele
irresistível
fascínio.
É
desse modo que
Espíritos
encarnados podem
influenciar
entidades
desencarnadas, e
vice-versa,
provocando
obsessões e
perturbações,
tanto na esfera
carnal como
além-túmulo. As
almas que partem
podem retratar
as que ficam,
assim como as
almas que ficam
podem retratar
as que partem.
Quando
pranteamos a
memória de
alguém que nos
antecede, aí no
mundo, na viagem
da morte,
atiramos nesse
alguém o gelo de
nossas lágrimas
ou o fogo de
nossa tortura,
conturbando-lhe
o coração, toda
vez que esse
Espírito não for
suficientemente
forte para
sobrepor-se ao
nosso
infortúnio. E
quando alguém se
ausenta da
carne, carreando
aflições e
pesares
procedentes de
nossa conduta,
arremessará da
vida espiritual
sobre nossa alma
os dardos
magnéticos da
lembrança
infeliz que
conserva a nosso
respeito,
prejudicando-nos
o passo no
mundo, caso não
estejamos
armados de
arrependimento
para renovar a
situação,
criando imagens
de harmonia
restauradora.
Em razão disso,
convém meditar
nos ideais,
aspirações,
pessoas e coisas
que refletimos,
porque todos nos
subordinamos,
pelo reflexo
mental, ao
fenômeno da
conexão.
Estamos
inevitavelmente
ligados a tudo o
que nos merece
amor. Essa lei é
inderrogável em
todos os planos
do Universo. Os
mundos no Espaço
refletem os sóis
que os atraem, e
a célula, quase
inabordável do
corpo humano,
reflete o
alimento que lhe
garante a vida.
Os planetas e os
corpúsculos,
porém,
permanecem
escravizados a
leis cósmicas e
organogênicas
irrevogáveis. O
Espírito
consciente, no
entanto, embora
submetido às
leis que lhe
presidem o
destino, tem
consigo a luz da
razão que lhe
faculta a
escolha.
A
inteligência
humana,
encarnada ou
desencarnada,
pode contribuir,
pelo poder da
vontade, na
educação ou na
reeducação de si
própria,
selecionando os
recursos capazes
de lhe
favorecerem o
aperfeiçoamento.
A reflexão
mental no homem
pode, assim,
crescer em
amplitude e
sublimar-se em
beleza para
absorver em si a
projeção do
Pensamento
Superior. Tudo
dependerá de
nosso propósito
e decisão.
Enquanto nos
comprazemos com
a ignorância ou
com a
indiferença para
com os
princípios que
nos governam,
somos cercados
sem defensiva
por pensamentos
de todos os
tipos, muitas
vezes na forma
de
monstruosidades
e crimes, em
quadros vivos
que nos assaltam
a imaginação ou
em vozes
inarticuladas
que nos assomam
à acústica do
espírito,
conduzindo-nos
aos mais escuros
ângulos da
sugestão.
É
por isso que
notamos tanta
gente ao sabor
das
circunstâncias,
aceitando
simultaneamente
o bem e o mal, a
verdade e a
mentira, a
esperança e a
dúvida, a
certeza e a
negação, à
maneira de folha
volante na
ventania.
Eduquemo-nos,
estudando e
meditando, para
refletir a
Divina
Inspiração.
Lembremo-nos de
que o impulso
automático do
braço que
levanta a lâmina
homicida pode
ser
perfeitamente
igual, em
movimento, ao
daquele que
ergue um livro
enobrecedor.
A
atitude mental é
que faz a
diferença. Nosso
pensamento tem
sede de
elevação, a fim
de que a nossa
existência se
eleve.
Construamos em
nós o equilíbrio
e o
discernimento.
Rendamos culto
incessante à
bondade e à
compreensão.
Habitualmente
contemplamos no
espelho da alma
alheia a nossa
própria imagem,
e, por esse
motivo,
recolhemos dos
outros o reflexo
de nós mesmos ou
então aquela
parte dos outros
que se harmoniza
com o nosso modo
de ser.
Não bastam à
nossa felicidade
aquisições
unilaterais de
virtude ou
valores
incompletos.
Todos temos fome
de plenitude. O
desejo é o ímã
da vida.
Desejando,
sentimos, e,
pelo sentimento,
nossa alma
assimila o que
procura e
transmite o que
recebe.
Aprendamos,
pois, a querer o
melhor, para
refletir o
melhor em nossa
ascensão para
Deus.
Mensagem
extraída do
livro Vozes
do Grande Além,
ditado por
Espíritos
Diversos por
intermédio do
médium Francisco
Cândido Xavier.
Dr. Alberto
Seabra foi
abnegado médico
e distinto
escritor
espiritista.