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Estudando a série André Luiz
Ano 5 - N° 219 - 24 de Julho de 2011

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

Ação e Reação

André Luiz

(Parte 19)

Damos continuidade nesta edição ao estudo da obra Ação e Reação, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares

A. Como foi o encontro de Alzira com seus algozes Clarindo e Leonel?

O encontro foi comovente e levou os três às lágrimas. A no­bre mulher disse-lhes que, para o êxito de todos, seria necessário que o esquecimento de seus pe­sares nascesse, puro, do amor que deviam uns aos outros... "Esqueçamos ressentimentos – propôs Alzira – e Deus nos suprirá de recursos para que venhamos a solver nossos débitos... Ergam-se, filhos queridos...” Dito isso, Alzira não pôde continuar, pois copioso pranto orvalhava-lhe a face, ao tempo em que emergiam de seu tórax chispas flamejantes em sucessivas ondas de safirino esplendor. Quanto a Clarindo e Leo­nel, eles levantaram-se e, à maneira de duas crianças atraídas pela ternura materna, a en­laçaram em comovedores soluços. (Ação e Reação, cap. 10, pp. 148 e 149.)

B. Que destino aguarda os que retornam ao mundo espiritual?

Segundo os ensinamentos espíritas, nós criamos o destino ou renovamo-lo, todos os dias, com nossos atos e os nossos pensamentos. "No vaso da carne – disse Druso – a planta da existência se desenvolve, floresce e frutifica. A morte fisiológica realiza a grande ceifa. Em nosso mundo, temos, desse modo, a seleção natural dos frutos. Os raros que se mostram aprimorados são conduzidos à lavoura da Luz Divina, nos planos celestiais, para mais ampla ascen­são ao grande futuro; todavia, a massa esmagadora dos que chegam dete­riorados ou imperfeitos estaciona nos celeiros de sombra das regiões inferiores em que nos achamos, à espera de novo plantio nas leiras do mundo.” E o instrutor completou: “É que cada criatura transpõe os umbrais do túmulo com as ima­gens que em si mesma plasmou, utilizando os recursos do sentimento, da ideia e da ação que a vida lhe empresta, irradiando as forças que acu­mulou no espaço e no tempo terrestres".  (Obra citada, cap. 11, pp. 151 a 153.)

C. Havia no Templo da Mansão algum símbolo religioso da Terra?

Sim. O Templo assemelhava-se a uma grande capela. De face voltada para o exterior, via-se ali uma cruz de radiante material argên­teo sobre alva e simples mesa, encostada ao centro do fundo. Mas essa cruz era o único símbolo religioso existente no recinto. (Obra citada, cap. 11, pp. 153 a 155.) 

Texto para leitura

70. Alzira encontra-se com os dois cunhados - Foi então que, afas­tando-se por alguns minutos, Silas voltou, trazendo em sua companhia a generosa irmã que, envergando cintilante roupagem, lhes estendeu as mãos, a ofertar-lhes o colo maternal, resplendente de amor. Leonel e Clarindo, qual se fossem feridos de morte, caíram genuflexos, esmaga­dos de medo e júbilo... Alzira afagou-lhes as cabeças submissas e fa­lou em tom comovente: "Filhos de minhalma, rendamos graças a Deus por esta hora de bênção". E porque Leonel tentasse debalde pedir-lhe per­dão, ensaiando monossílabos cortados pelos soluços, a mãe de Luís su­plicou, humilde: "Sou eu quem deve ajoelhar-se, implorando-lhes cari­doso in­dulto!... O crime de meu esposo é também meu crime... Vocês fo­ram es­poliados dos mais belos sonhos, quando a mocidade terrestre co­meçava a sorrir-lhes. Nossa desregrada ambição, contudo, furtou-lhes os recur­sos e as possibilidades, inclusive a existência... Perdoem-nos!... Pa­garemos nossas dívidas. Ajudar-nos-á o Senhor na recuperação de nossa casa... Em breve, Antônio Olímpio e eu estaremos novamente no plano físico e, com o apoio da Misericórdia Divina, restituiremos a vocês o sítio que não nos pertence... Permitam, meus filhos, possa honrar-se minha alma com o privilégio de ser-lhes amorosa mãe no mundo..." A no­bre mulher disse mais algumas palavras e enfatizou que para o êxito de todos seria necessário que o esquecimento de seus pe­sares nascesse, puro, do amor que deviam uns aos outros... "Esqueçamos ressentimentos – propôs Alzira – e Deus nos suprirá de recursos para que venhamos a solver nossos débitos... Ergam-se, filhos queridos... Sabe Jesus que desejo conchegá-los de encontro ao meu peito e guardá-los nos meus braços!" Alzira não pôde continuar, pois copioso pranto orvalhava-lhe a face, ao tempo em que emergiam de seu tórax chispas flamejantes em sucessivas ondas de safirino esplendor. Clarindo e Leo­nel levantaram-se e, à maneira de duas crianças atraídas pela ternura materna, a en­laçaram em comovedores soluços. Em pouco tempo, os dois irmãos eram internados na Mansão e a tarefa confiada a Silas estava cumprida. "Agora – comentou o Assistente –, esperemos se habilitem todos, ante a nova batalha que ferirão na Terra, para o serviço salva­dor em que se misturam afeto e aversão, alegria e dor, luta e dificul­dade, em busca da redenção." (Capítulo 10, pp. 148 e 149)

71. O destino é criação nossa - Encerrada a primeira parte do caso Antônio Olímpio, André e Hilário foram ter com o Instrutor Druso, que lhes observou: "A região infernal permanece superlotada de contas ma­duras. Aqui, a sovinice suporta o azinhavre de atrozes padecimentos, o crime defronta com todas as espécies de angústia no remorso tardio, e a delinquência responsável é surpreendida pelas trevas que lhe agravam as amarguras, porque as coletividades dos lavradores culpados pela plantação de tantos espinheiros não dispõem de coragem para recolher o fruto envenenado da sementeira a que se afeiçoam. Desorientados e de­mentes, sublevam-se contra as flagelações que geraram e caem nas pro­fundezas da rebelião e do desespero..."  Druso caminhou na direção de larga janela que se abria para os nevoeiros exteriores, mirou a triste paisagem e, em seguida, disse-lhes que seria bom prolongassem o tra­balho em que se empenhavam, anotando os princípios de compensação em mais amplos setores. "Nesse sentido – falou Druso –, consideramos de suma importância as realizações em andamento na esfera carnal, como fatores determinantes de céu ou de inferno nas pessoas que os procu­ram, razão por que auguramos aos dois o melhor aproveitamento nas ati­vidades que venham a empreender, na zona de relações entre nossa casa e o homem comum não distante. Precisamos reconhecer que todos criamos o destino ou renovamo-lo, todos os dias, e, aqui, o exame de seme­lhante lição é mais vagaroso, porquanto o nosso instituto mais se nos afigura uma estação de chegada em que a culpa se movimenta com lenti­dão." Prosseguindo, Druso acentuou: "No vaso da carne, a planta da existência se desenvolve, floresce e frutifica. A morte fisiológica realiza a grande ceifa. Em nosso mundo, temos, desse modo, a seleção natural dos frutos. Os raros que se mostram aprimorados são conduzidos à lavoura da Luz Divina, nos planos celestiais, para mais ampla ascen­são ao grande futuro; todavia, a massa esmagadora dos que chegam dete­riorados ou imperfeitos estaciona nos celeiros de sombra das regiões inferiores em que nos achamos, à espera de novo plantio nas leiras do mundo. É que cada criatura transpõe os umbrais do túmulo com as ima­gens que em si mesma plasmou, utilizando os recursos do sentimento, da ideia e da ação que a vida lhe empresta, irradiando as forças que acu­mulou no espaço e no tempo terrestres". (Capítulo 11, pp. 151 a 153)

72. O Templo da Mansão - Na sequência, visando a ajudá-los nos es­tudos que sugerira, Druso referiu-se aos serviços desenvolvidos no Templo e no Parlatório exteriores da Mansão, que eram frequentados, usualmente, por irmãos do plano físico, desprendidos do corpo por in­fluência do sono, e por companheiros desencarnados que vagueavam em torno do instituto, à caça de reconforto. "Dispomos aí – informou Druso – de atendentes numerosos que lhes coletam as reclamações e re­gistram os problemas para orientarmos com segurança o nosso esforço de paz e cooperação. É interessante, assim, que os amigos se incorporem, durante alguns dias, às nossas equipes de serviço, colaborando conosco e relacionando apontamentos diversos." A pedido de Hilário, Druso per­mitiu que Silas orientasse a nova atividade que André e seu amigo iriam desenvolver a partir de então. No momento combinado, o Assis­tente levou-os ao Templo da Mansão. Após atravessarem longas filas de corredores, o grupo teve acesso, através de estreito postigo, a vasto recinto iluminado. O ambiente assemelhava-se ao de uma grande capela. De face voltada para o exterior, uma cruz de radiante material argên­teo sobre alva e simples mesa, encostada ao centro do fundo, era o único símbolo religioso ali existente, mas de todas as paredes late­rais, muito brancas, distinguiam-se pequenas reentrâncias insculpidas em forma de nichos. (Capítulo 11, pp. 153 a 155)

73. André chora copiosamente dentro do Templo - A luz do recinto casava-se de encantadora maneira com a melodia que ressoava docemente no largo corpo da nave... Mais de duas centenas de entidades diversas, formando piedoso conjunto, em fileiras quase uniformes, postavam-se em prece ante os nichos vazios. André foi tomado, então, por estranha emotividade, porque a prece lembrou-lhe sua mãe a lhe ensinar a oração primeira... Lágrimas quentes rorejaram-lhe a face, e ele, naquele pri­meiro contacto com o santuário externo da Mansão, nada conseguiu fazer senão orar e chorar copiosamente. Mirando a cruz, André lembrou-se de Jesus e não pôde deixar de fazer a oração dominical. Hilário também chorava e Silas observou que raros conseguiam penetrar aquele ambiente sem se escudarem na oração. "Este pequeno campo de pensamento está su­blimado pela compunção e pela dor de milhares...", informou o Assis­tente. "Incontáveis legiões de almas edificadas no sofrimento e na fé por aqui hão passado, em pranto de arrependimento ou de esperança, de gratidão ou de angústia... Nosso templo interno, de cujos serviços vo­cês já participaram, funciona qual se fora o vivo coração de nossa casa, enquanto que este santuário exterior é o símbolo das nossas mãos em prece." Vendo os altares despovoados, André perguntou a Silas: "Que significam no recinto a imagem da cruz e estes nichos vazios?" O As­sistente esclareceu: "A cruz recorda a todos os visitantes que o Espí­rito de Nosso Senhor Jesus-Cristo aqui se encontra presente, não obs­tante estejamos nos abismos infernais. E os nichos vazios dão oportu­nidade a que todos se dirijam aos Céus, segundo a fé que abraçam. Até que a alma obtenha a Sabedoria Infinita é indispensável caminhe na longa estrada dos símbolos de alfabetização e cultura que a dirigem na senda de elevação intelectual, e, até que atinja o Infinito Amor, é necessário palmilhe as longas rotas da caridade e da fé religiosa, nos múltiplos departamentos da compreensão que lhe assegura o acesso à Vida Superior". (Capítulo 11, pp. 155 e 156)  (Continua no próximo número.)



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita