MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Ação e Reação
André Luiz
(Parte
19)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo da obra
Ação e Reação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1957 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Como foi o encontro
de Alzira com seus
algozes Clarindo e
Leonel?
O encontro foi comovente
e levou os três às
lágrimas. A nobre
mulher disse-lhes que,
para o êxito de todos,
seria necessário que o
esquecimento de seus
pesares nascesse, puro,
do amor que deviam uns
aos outros...
"Esqueçamos
ressentimentos – propôs
Alzira – e Deus nos
suprirá de recursos para
que venhamos a solver
nossos débitos...
Ergam-se, filhos
queridos...” Dito isso,
Alzira não pôde
continuar, pois copioso
pranto orvalhava-lhe a
face, ao tempo em que
emergiam de seu tórax
chispas flamejantes em
sucessivas ondas de
safirino esplendor.
Quanto a Clarindo e
Leonel, eles
levantaram-se e, à
maneira de duas crianças
atraídas pela ternura
materna, a enlaçaram em
comovedores soluços.
(Ação e Reação, cap. 10,
pp. 148 e 149.)
B. Que destino aguarda
os que retornam ao mundo
espiritual?
Segundo os ensinamentos
espíritas, nós criamos o
destino ou renovamo-lo,
todos os dias, com
nossos atos e os nossos
pensamentos. "No vaso da
carne – disse Druso – a
planta da existência se
desenvolve, floresce e
frutifica. A morte
fisiológica realiza a
grande ceifa. Em nosso
mundo, temos, desse
modo, a seleção natural
dos frutos. Os raros que
se mostram aprimorados
são conduzidos à lavoura
da Luz Divina, nos
planos celestiais, para
mais ampla ascensão ao
grande futuro; todavia,
a massa esmagadora dos
que chegam deteriorados
ou imperfeitos estaciona
nos celeiros de sombra
das regiões inferiores
em que nos achamos, à
espera de novo plantio
nas leiras do mundo.” E
o instrutor completou:
“É que cada criatura
transpõe os umbrais do
túmulo com as imagens
que em si mesma plasmou,
utilizando os recursos
do sentimento, da ideia
e da ação que a vida lhe
empresta, irradiando as
forças que acumulou no
espaço e no tempo
terrestres".
(Obra citada, cap. 11,
pp. 151 a 153.)
C. Havia no Templo da
Mansão algum símbolo
religioso da Terra?
Sim. O Templo
assemelhava-se a uma
grande capela. De face
voltada para o exterior,
via-se ali uma cruz de
radiante material
argênteo sobre alva e
simples mesa, encostada
ao centro do fundo. Mas
essa cruz era o único
símbolo religioso
existente no recinto.
(Obra citada, cap. 11,
pp. 153 a 155.)
Texto para leitura
70. Alzira
encontra-se com os dois
cunhados - Foi
então que, afastando-se
por alguns minutos,
Silas voltou, trazendo
em sua companhia a
generosa irmã que,
envergando cintilante
roupagem, lhes estendeu
as mãos, a ofertar-lhes
o colo maternal,
resplendente de amor.
Leonel e Clarindo, qual
se fossem feridos de
morte, caíram
genuflexos, esmagados
de medo e júbilo...
Alzira afagou-lhes as
cabeças submissas e
falou em tom comovente:
"Filhos de minhalma,
rendamos graças a Deus
por esta hora de
bênção". E porque Leonel
tentasse debalde
pedir-lhe perdão,
ensaiando monossílabos
cortados pelos soluços,
a mãe de Luís suplicou,
humilde: "Sou eu quem
deve ajoelhar-se,
implorando-lhes
caridoso indulto!... O
crime de meu esposo é
também meu crime...
Vocês foram espoliados
dos mais belos sonhos,
quando a mocidade
terrestre começava a
sorrir-lhes. Nossa
desregrada ambição,
contudo, furtou-lhes os
recursos e as
possibilidades,
inclusive a
existência...
Perdoem-nos!...
Pagaremos nossas
dívidas. Ajudar-nos-á o
Senhor na recuperação de
nossa casa... Em breve,
Antônio Olímpio e eu
estaremos novamente no
plano físico e, com o
apoio da Misericórdia
Divina, restituiremos a
vocês o sítio que não
nos pertence...
Permitam, meus filhos,
possa honrar-se minha
alma com o privilégio de
ser-lhes amorosa mãe no
mundo..." A nobre
mulher disse mais
algumas palavras e
enfatizou que para o
êxito de todos seria
necessário que o
esquecimento de seus
pesares nascesse, puro,
do amor que deviam uns
aos outros...
"Esqueçamos
ressentimentos – propôs
Alzira – e Deus nos
suprirá de recursos para
que venhamos a solver
nossos débitos...
Ergam-se, filhos
queridos... Sabe Jesus
que desejo conchegá-los
de encontro ao meu peito
e guardá-los nos meus
braços!" Alzira não pôde
continuar, pois copioso
pranto orvalhava-lhe a
face, ao tempo em que
emergiam de seu tórax
chispas flamejantes em
sucessivas ondas de
safirino esplendor.
Clarindo e Leonel
levantaram-se e, à
maneira de duas crianças
atraídas pela ternura
materna, a enlaçaram em
comovedores soluços. Em
pouco tempo, os dois
irmãos eram internados
na Mansão e a tarefa
confiada a Silas estava
cumprida. "Agora –
comentou o Assistente –,
esperemos se habilitem
todos, ante a nova
batalha que ferirão na
Terra, para o serviço
salvador em que se
misturam afeto e
aversão, alegria e dor,
luta e dificuldade, em
busca da redenção."
(Capítulo 10, pp. 148 e
149)
71. O destino é
criação nossa -
Encerrada a primeira
parte do caso Antônio
Olímpio, André e Hilário
foram ter com o
Instrutor Druso, que
lhes observou: "A região
infernal permanece
superlotada de contas
maduras. Aqui, a
sovinice suporta o
azinhavre de atrozes
padecimentos, o crime
defronta com todas as
espécies de angústia no
remorso tardio, e a
delinquência responsável
é surpreendida pelas
trevas que lhe agravam
as amarguras, porque as
coletividades dos
lavradores culpados pela
plantação de tantos
espinheiros não dispõem
de coragem para recolher
o fruto envenenado da
sementeira a que se
afeiçoam. Desorientados
e dementes, sublevam-se
contra as flagelações
que geraram e caem nas
profundezas da rebelião
e do desespero..."
Druso caminhou na
direção de larga janela
que se abria para os
nevoeiros exteriores,
mirou a triste paisagem
e, em seguida,
disse-lhes que seria bom
prolongassem o trabalho
em que se empenhavam,
anotando os princípios
de compensação em mais
amplos setores. "Nesse
sentido – falou Druso –,
consideramos de suma
importância as
realizações em andamento
na esfera carnal, como
fatores determinantes de
céu ou de inferno nas
pessoas que os
procuram, razão por que
auguramos aos dois o
melhor aproveitamento
nas atividades que
venham a empreender, na
zona de relações entre
nossa casa e o homem
comum não distante.
Precisamos reconhecer
que todos criamos o
destino ou renovamo-lo,
todos os dias, e, aqui,
o exame de semelhante
lição é mais vagaroso,
porquanto o nosso
instituto mais se nos
afigura uma estação de
chegada em que a culpa
se movimenta com
lentidão."
Prosseguindo, Druso
acentuou: "No vaso da
carne, a planta da
existência se
desenvolve, floresce e
frutifica. A morte
fisiológica realiza a
grande ceifa. Em nosso
mundo, temos, desse
modo, a seleção natural
dos frutos. Os raros que
se mostram aprimorados
são conduzidos à lavoura
da Luz Divina, nos
planos celestiais, para
mais ampla ascensão ao
grande futuro; todavia,
a massa esmagadora dos
que chegam deteriorados
ou imperfeitos estaciona
nos celeiros de sombra
das regiões inferiores
em que nos achamos, à
espera de novo plantio
nas leiras do mundo. É
que cada criatura
transpõe os umbrais do
túmulo com as imagens
que em si mesma plasmou,
utilizando os recursos
do sentimento, da ideia
e da ação que a vida lhe
empresta, irradiando as
forças que acumulou no
espaço e no tempo
terrestres". (Capítulo
11, pp. 151 a 153)
72. O Templo da
Mansão - Na
sequência, visando a
ajudá-los nos estudos
que sugerira, Druso
referiu-se aos serviços
desenvolvidos no Templo
e no Parlatório
exteriores da Mansão,
que eram frequentados,
usualmente, por irmãos
do plano físico,
desprendidos do corpo
por influência do sono,
e por companheiros
desencarnados que
vagueavam em torno do
instituto, à caça de
reconforto. "Dispomos aí
– informou Druso – de
atendentes numerosos que
lhes coletam as
reclamações e registram
os problemas para
orientarmos com
segurança o nosso
esforço de paz e
cooperação. É
interessante, assim, que
os amigos se incorporem,
durante alguns dias, às
nossas equipes de
serviço, colaborando
conosco e relacionando
apontamentos diversos."
A pedido de Hilário,
Druso permitiu que
Silas orientasse a nova
atividade que André e
seu amigo iriam
desenvolver a partir de
então. No momento
combinado, o Assistente
levou-os ao Templo da
Mansão. Após
atravessarem longas
filas de corredores, o
grupo teve acesso,
através de estreito
postigo, a vasto recinto
iluminado. O ambiente
assemelhava-se ao de uma
grande capela. De face
voltada para o exterior,
uma cruz de radiante
material argênteo sobre
alva e simples mesa,
encostada ao centro do
fundo, era o único
símbolo religioso ali
existente, mas de todas
as paredes laterais,
muito brancas,
distinguiam-se pequenas
reentrâncias insculpidas
em forma de nichos.
(Capítulo 11, pp. 153 a
155)
73. André chora
copiosamente dentro do
Templo - A luz
do recinto casava-se de
encantadora maneira com
a melodia que ressoava
docemente no largo corpo
da nave... Mais de duas
centenas de entidades
diversas, formando
piedoso conjunto, em
fileiras quase
uniformes, postavam-se
em prece ante os nichos
vazios. André foi
tomado, então, por
estranha emotividade,
porque a prece
lembrou-lhe sua mãe a
lhe ensinar a oração
primeira... Lágrimas
quentes rorejaram-lhe a
face, e ele, naquele
primeiro contacto com o
santuário externo da
Mansão, nada conseguiu
fazer senão orar e
chorar copiosamente.
Mirando a cruz, André
lembrou-se de Jesus e
não pôde deixar de fazer
a oração dominical.
Hilário também chorava e
Silas observou que raros
conseguiam penetrar
aquele ambiente sem se
escudarem na oração.
"Este pequeno campo de
pensamento está
sublimado pela
compunção e pela dor de
milhares...", informou o
Assistente.
"Incontáveis legiões de
almas edificadas no
sofrimento e na fé por
aqui hão passado, em
pranto de arrependimento
ou de esperança, de
gratidão ou de
angústia... Nosso templo
interno, de cujos
serviços vocês já
participaram, funciona
qual se fora o vivo
coração de nossa casa,
enquanto que este
santuário exterior é o
símbolo das nossas mãos
em prece." Vendo os
altares despovoados,
André perguntou a Silas:
"Que significam no
recinto a imagem da cruz
e estes nichos vazios?"
O Assistente
esclareceu: "A cruz
recorda a todos os
visitantes que o
Espírito de Nosso
Senhor Jesus-Cristo aqui
se encontra presente,
não obstante estejamos
nos abismos infernais. E
os nichos vazios dão
oportunidade a que
todos se dirijam aos
Céus, segundo a fé que
abraçam. Até que a alma
obtenha a Sabedoria
Infinita é indispensável
caminhe na longa estrada
dos símbolos de
alfabetização e cultura
que a dirigem na senda
de elevação intelectual,
e, até que atinja o
Infinito Amor, é
necessário palmilhe as
longas rotas da caridade
e da fé religiosa, nos
múltiplos departamentos
da compreensão que lhe
assegura o acesso à Vida
Superior". (Capítulo 11,
pp. 155 e 156)
(Continua no próximo
número.)