A
que obriga o Espiritismo
O Espiritismo é uma
ciência essencialmente
moral. Sendo uma
doutrina do
livre-arbítrio e da
razão, não impõe nenhuma
obrigação, nenhuma
proibição, nenhuma
fórmula ritualística a
seus adeptos; mas,
através da
conscientização que
proporciona a respeito
da vida e das consequências dos atos
de cada um, leva a seus
simpatizantes às
obrigações cônscio das
responsabilidades.
A primeira das
obrigações concerne ao
indivíduo.
Esclarecido pelas
informações do
Espiritismo ele pode
compreender melhor o
valor de cada uma de
suas atitudes, sondar
melhor a sua
consciência, compreender
melhor a infinita
bondade de Deus que,
através das vidas
sucessivas, proporciona
a todos a oportunidade
de reparar erros do
passado e adquirir novos
conhecimentos para
evitar o mal e praticar
a justiça e a caridade.
Compreende que o
egoísmo, filho do
orgulho, cega a alma e
faz violar os direitos
do próximo, gerando
todos os males da Terra.
Amadurecido pelo
discernimento e pela
dor, compreende que a
reencarnação é
oportunidade valiosa
para ele próprio
obrigar-se a melhorar,
tornando-se mais
caridoso e humilde,
contribuindo para a
felicidade pessoal e
coletiva.
A segunda obrigação do
espírita decorre da
primeira: é a do exemplo.
Aquele que está
convencido da excelência
dos princípios
espíritas, que entendeu
a doutrina como fonte
propagadora de
felicidade duradoura,
almeja difundir esses
ensinos a todos os
homens. Daí a obrigação
moral de conformar a sua
conduta com a sua
crença, tornando-se um
exemplo vivo do
verdadeiro espírita e do
verdadeiro cristão –
este, o melhor meio de
divulgação da mensagem
renovadora.
Ainda imperfeito, o
espírita deve
exemplificar pelo
esforço que emprega na
sua renovação moral,
servindo na sua esfera
de ação como o
espalhador dos
benefícios do bom
exemplo. Pode, amando a
virtude, atrair
simpatias à causa,
mostrando que a prática
do bem, além de não ser
algo difícil ou
distante, é promotora de
felicidade íntima e de
paz de consciência.
Assim como o
Cristianismo, o
Espiritismo, bem
compreendido, vem
mostrar ao homem a
absoluta necessidade de
sua reforma íntima pelas
consequências que
resultam de cada um de
seus atos e cada um de
seus pensamentos; porque
nenhuma emanação
fluídica, boa ou má,
escapa do coração ou do
cérebro do homem sem
deixar marcas em algum
lugar.
As obrigações que impõe
o Espiritismo são de
natureza essencialmente
moral e uma consequência
da crença e do
conhecimento.
Cada um é juiz de sua
própria conduta. Muitos
se amedrontam com tal
responsabilidade e se
afastam do Espiritismo
porque, ao contrário de
um julgamento externo
que pode ser facilmente
ludibriado, o juiz
interno, a consciência,
jamais poderá ser
enganado.
Mas, para quem já
compreende a doutrina
como um caminho cujo
conhecimento não pode
mais ser relegado, mesmo
que a pobre vestimenta
de natureza corporal
ainda seja um difícil
obstáculo para o despojo
das imperfeições, com
esforços perseverantes,
conseguirá desapegar-se
do homem velho para se
tornar o homem novo. As
obrigações impostas à
consciência, quando bem
esclarecidas, têm mais
força que jamais terão
as obrigações das leis
humanas.
Afinal, afirma Luis
de França ¹: “Se
vossa vida for um belo
modelo, em que cada um
possa encontrar bons
exemplos e sólidas
virtudes, onde a
dignidade se alia a uma
graciosa amenidade,
regozijai-vos, porque
tereis, em parte,
compreendido a que
obriga o Espiritismo”.