A leitora Junia A. Pereira
Ribeiro pergunta-nos qual é
a relação entre afinidade e
sintonia, no tocante ao
intercâmbio entre médiuns e
os Espíritos atendidos nas
sessões mediúnicas.
A sintonia é ingrediente
fundamental na prática
mediúnica.
É por meio dela que ocorre a
percepção das influências
espirituais, porquanto,
sendo nossa mente um núcleo
de forças inteligentes, gera
ela pensamentos que, ao se
exteriorizarem, entram em
comunhão com as faixas de
ideias do mesmo teor
vibratório,
estabelecendo-se, assim, a
sintonia mediúnica.
Em nossa caminhada
evolutiva, somos todos
instrumentos das forças com
as quais sintonizamos. Todos
somos médiuns dentro do
campo mental que nos é
próprio. Se nosso pensamento
flui na direção da vida
superior, associamo-nos às
energias edificantes. Se nos
escravizamos às sombras da
vida primitivista ou
torturada, entramos em
sintonia com forças
perturbadoras e
deprimentes.
As relações entre Espíritos
e médiuns estabelecem-se,
como sabemos, por meio dos
respectivos perispíritos,
dependendo do grau de
afinidade existente entre
eles a maior ou menor
facilidade dessas relações.
Ocorre, porém, que entre
determinado Espírito e um
médium pode haver afinidade
fluídica e não existir
afinidade moral, do mesmo
modo que pode existir
afinidade moral e não haver
afinidade fluídica.
A afinidade fluídica depende
da constituição do organismo
espiritual do médium e do
Espírito.
A afinidade moral decorre do
adiantamento espiritual
alcançado por um e outro.
A propósito do assunto,
Joanna de Ângelis escreveu,
por intermédio do médium
Divaldo Franco, um
importante texto, constante
do cap. 10 do livro
Momentos de Meditação,
que vale a pena recordar:
“As leis de afinidade ou de
sintonia, que vigem em toda
parte, respondem pela ordem
e pelo equilíbrio universal.
Pequena alteração para mais
ou para menos, entre os
fenômenos do
eletromagnetismo e as forças
da gravitação universal,
tornaria as estrelas
gigantes azuis ou pequenos
astros vermelhos perdidos no
caos.
Transferidas para a ordem
moral, as leis de afinidade
promovem os acontecimentos
vinculando os indivíduos,
uns aos outros, de forma que
o intercâmbio seja
automático, natural.
Mentes especializadas mais
facilmente se buscam em
razão do entendimento e
interesse que as dominam na
mesma faixa de necessidade.
Sentimentos viciosos
encontram ressonância em
caracteres morais
equivalentes produzindo
resultados idênticos.
O homem colérico sempre
encontrará motivo para a
irritação; assim como a
pessoa dócil com facilidade
identifica as razões para
desculpar e entender.
Há uma inevitável atração
entre personalidades de
gostos e objetivos
semelhantes como repulsa em
meio àqueles que transitam
em faixas de valores que se
opõem.
Na área psíquica o fenômeno
é idêntico. Cada mente se
irradia em campo próprio,
identificando-se com aquelas
que aí se expandem.
O psiquismo é o responsável
pelos fenômenos físicos e
emocionais do ser humano.
Conforme a expansão das
ideias, vincula-se a outras
mentes e atua na própria
organização fisiológica em
que se apoia, produzindo
manifestações equivalentes à
onda emitida. Assim, os
pensamentos positivos e
superiores geram reações
salutares, tanto quanto
aqueloutros de natureza
perturbadora e destrutiva
produzem desarmonia e
insatisfação.
No campo das expressões
morais o fenômeno prossegue
com as mesmas
características. Os
semelhantes comportamentos
entre os homens e os
Espíritos jungem-se,
impondo-lhes
interdependência de
consequências imprevisíveis.
Se possuem um teor elevado,
idealista, impelem os seres
encarnados quão
desencarnados a realizações
santificantes, enquanto que,
de caráter vulgar, facultam
intercâmbio obsessivo ou
tipificado pela burla,
mentira, insanidade...
É, portanto, inevitável
afirmar-se que as qualidades
morais do médium são de alta
importância para o salutar
intercâmbio entre os homens
e os Espíritos. Somente as
Entidades inferiores se
apresentam por intermédio
dos médiuns vulgares,
insatisfeitos, imorais...
Os Mentores, como é natural,
sintonizam com aqueles que
se esforçam por melhorar-se,
empenhados na sua
transformação moral, que
combatem as más inclinações
e insistem para vencer o
egoísmo, o orgulho, esses
cânceres da alma que
produzem terríveis
metástases na conduta do
indivíduo.
Pode-se e deve-se, pois,
examinar o valor e a
qualidade das comunicações
espirituais, tendo-se em
conta o caráter moral do
médium, seu comportamento,
sua vida.”
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