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Crônicas e Artigos

Ano 5 - N° 219 - 24 de Julho de 2011

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)
 

Mediunidade, magnetismo
 & moralidade

A moral é o bastão com que o homem há de dirigir os recursos que recebe da Providência

 “(...) O engrandecimento e a nobreza da mediunidadevinculam-se ao aperfeiçoamento moral do médium...”- François C. Liran


Segundo o ínclito Mestre Lionês[1], “(...) os médiuns são os intérpretes incumbidos de transmitir aos homens os ensinos dos Espíritos; santa é a missão que desempenham, visto ter por fim rasgar os horizontes da vida eterna.

Os Espíritos vêm instruir o homem sobre seus destinos, a fim de o reconduzirem à senda do bem, e não para o pouparem ao trabalho material que lhe cumpre executar neste mundo, tendo por meta o seu adiantamento, nem para lhe favorecerem a ambição e a cupidez. Aí têm os médiuns o de que devem compenetrar-se bem, para não fazerem mau uso de suas faculdades.   Aquele que, médium, compreende a gravidade do mandato de que se acha investido, religiosamente o desempenha. Sua consciência lhe profligaria, como ato sacrílego, utilizar por divertimento e distração, para si ou para os outros, faculdades que lhe são concedidas para fins sobremaneira sérios e que o põem em comunicação com os seres d`além-túmulo.

Como intérpretes do ensino dos Espíritos, têm os médiuns de desempenhar importante papel na transformação moral que se opera. Os serviços que podem prestar guardam proporção com a boa diretriz que imprimam às suas faculdades, porquanto os que enveredam por mau caminho são mais nocivos do que úteis à causa do Espiritismo, pois pela má impressão que produzem, mais de uma conversão retardam. Terão, por isso mesmo, de dar contas do uso que hajam feito de um dom que lhes foi concedido para o bem de seus semelhantes.

O médium que queira gozar sempre da assistência dos bons Espíritos tem de trabalhar por melhorar-se... O que deseja que a sua faculdade se desenvolva e engrandeça tem de se engrandecer moralmente e de se abster de tudo o que possa concorrer para desviá-la do seu fim providencial.

(...) Lograr a assistência dos Espíritos superiores e afastar os Espíritos levianos e mentirosos, tal deve ser a meta para onde convirjam os esforços constantes de todos os médiuns sérios. Sem isso, a mediunidade se torna uma faculdade estéril, capaz mesmo de redundar em prejuízo daquele que a possua, pois pode degenerar em perigosa obsessão”.

Dissertando[2] sobre os médiuns curadores, Allan Kardec ensina: “(...) uma grande força fluídica, aliada à maior soma possível de qualidades morais, pode operar, em matéria de curas, verdadeiros prodígios”.

Nesse passo, o notável beletrista espírita Deolindo Amorim[3], acrescenta:

“(...) A mediunidade está sujeita a sanções morais. O médium não é uma criatura biologicamente diferente das outras, nem é um ser privilegiado; mas, em função da mediunidade, que tem um fim superior, em qualquer grau que se manifeste, o médium não deixa de ter uma grande responsabilidade moral. 

(...) Em sã consciência, todas as forças que a Natureza põe a serviço do homem devem ser empregadas para o bem. O magnetismo, de qualquer forma, é uma força que o homem não inventou nem adquiriu por compra. Logo, à luz da razão e da moral, a força magnética não é também propriedade do magnetizador. O homem, afinal de contas, não é dono de nenhuma força da Natureza; mas é sempre necessário considerar que a mediunidade se distingue do magnetismo, porque tem leis e fins especiais. O magnetismo, entretanto, não está absolutamente, como pode parecer, fora da lei moral.

O fato de um indivíduo ter força magnética e não provir essa força de Entidades espirituais, o que mostra a distinção entre o passe espírita e o passe magnético, não quer dizer que o indivíduo pode utilizar o magnetismo para fins de exploração. Quando o magnetizador tem boa formação moral, quando sabe, portanto, fazer bom uso de suas faculdades, não emprega a força magnética senão a serviço do bem. A distinção entre o magnetismo e a mediunidade não exclui o magnetizador da sanção moral quando faz de seus poderes magnéticos um instrumento do mal.

A Doutrina Espírita mostra que todos os recursos da Natureza devem ter um fim útil, porque esses recursos pertencem à grande obra da criação divina. Como a mediunidade, o magnetismo, os dons da inteligência, todos esses recursos podem ser úteis ou maléficos, conforme o estado moral de quem os possui. O magnetismo é, igualmente, um instrumento do bem, um meio de se aliviar o sofrimento do próximo. Logo, esse instrumento, que não é, convém repetir, propriedade do homem, deve ter aplicação honesta. Tanto em relação ao médium, que é instrumento dos Espíritos, como em relação ao magnetizador, que é instrumento de forças da Natureza, o “denominador comum” é sempre a moral. Sem a moral ensinada e exemplificada por Jesus, tanto a mediunidade quanto o magnetismo, como quaisquer outros dons, são instrumentos perigosos a serviço do mal. Implante-se a moral no homem, e todos os dons, venham da Natureza ou do Mundo Espiritual, serão empregados para o bem da Humanidade. A moral, portanto, é o bastão com que o homem há de dirigir e utilizar os recursos que recebe da Providência.

Assim abroquelado[4], o verdadeiro magnetizador poderá conseguir autênticos milagres terapêuticos, tendo sempre em vista o auxílio que o Alto nunca regateia a quem trabalha desinteressadamente, utilizando os recursos infinitos da Natureza...”                    


 

[1] - KARDEC, Allan. O Evangelho seg. o Espiritismo. 121. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, cap. XVIII, item 9.

[2] - KARDEC, Allan. Obras póstumas. 25. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1990, 1ª parte, item 52, pág. 67.

[3] - Revista Estudos Psíquicos – Portugal – Janeiro de 1949.

[4] - Protegido, escudado, resguardado.






 


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