MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Ação e Reação
André Luiz
(Parte
22)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo da obra
Ação e Reação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1957 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Que provações se
abateram sobre Marina?
Por haver contribuído
diretamente para o
suicídio da irmã, Marina
recebeu-a como filha,
mas esta, em face do
trauma perispirítico por
ela mesma causado,
nasceu surda-muda e
mentalmente retardada.
Alguns anos mais tarde,
Jorge (marido de Marina)
foi internado em um
leprosário, onde estava
em tratamento, e desde
então, com o marido
doente e a filhinha
infeliz, Marina vinha
padecendo o abatimento
em que o grupo de
socorristas a encontrou,
martelada pela tentação
do suicídio.
(Ação e Reação, cap. 12,
pp. 170 e 171.)
B. Como a mãe de Marina,
já desencarnada, definiu
a dor?
A dor, disse ela à
filha, é a nossa
“custódia celestial”.
Que seria de nós, se o
sofrimento não nos
ajudasse a sentir e
raciocinar para o bem?
Após dizer essas
palavras, a mãe
pediu-lhe: “Regozija-te
no combate que nos
acrisola e salva para a
obra de Deus... Não
convertas o amor em
inferno para ti mesma e
nem creias consigas
aliviar o esposo e a
filhinha com a ilusão da
fuga impensada.
Lembra-te de que o
Senhor transforma o
veneno de nossos erros
em remédio salutar, para
o resgate de nossas
culpas... A enfermidade
de Jorge e a provação de
nossa Nilda constituem
não somente o caminho
abençoado de elevação
para eles mesmos, mas
igualmente para teu
espírito que se lhes
associa à experiência na
trama da redenção!...
Aprende a sofrer com
humildade para que a tua
dor não seja
simplesmente orgulho
ferido..."
(Obra citada, cap. 12,
pp. 172 e 173.)
C. O encontro com sua
mãe produziu algum
efeito em Marina?
Sim. Quando Luísa, sua
mãe, se calou, Marina,
então, ajoelhada e
lacrimosa, beijou-lhe as
mãos, clamando: "Mãe
querida, perdoa-me!
perdoa-me!..." A mãe
ergueu-a e,
conduzindo-a até à
criança enferma,
implorou-lhe, humilde:
"Filha querida, não
procures a porta falsa
da deserção... Vive para
tua filhinha, como
permite o Senhor possa
eu continuar vivendo por
ti!..." Marina rojou-se
sobre a menina triste,
mas, atraída pelo
próprio corpo, acordou
em pranto copioso,
bradando, inconsciente:
"Minha filha!... minha
filha!..." A jovem
ressurgia do episódio,
transformada. Estava
afastado o perigo do
suicídio.
(Obra citada, cap. 12,
pp. 173 e 174.)
Texto para leitura
80. O débito
agravado - Zilda
e Jorge reataram,
instintivamente, os elos
afetivos do passado.
Amando-se com fervor,
confiaram-se ao noivado,
mas Marina, esquecendo
os compromissos
assumidos no Mundo Maior
e tomada de intensa
paixão, passou a seduzir
o rapaz, atraindo para o
seu escuso objetivo o
apoio de entidades
caprichosas e
enfermiças, cuja
companhia aliciara sem
perceber. Dominado,
Jorge abandonou o amor
de Zilda e passou a
simpatizar com Marina,
observando que a nova
afetividade lhe crescia
assustadoramente no
íntimo, sem que ele
pudesse controlar-lhe a
expansão... Em pouco
tempo, passaram a manter
encontros ocultos, nos
quais se comprometeram
um com o outro na maior
intimidade. Zilda notou
o distanciamento do
rapaz, mas de nada
desconfiou, até que,
faltando duas semanas
para seu casamento, ele
rompeu o noivado,
confessando que somente
poderia casar-se com
Marina. Alucinada de
dor, Zilda matou-se,
sendo recolhida por
Luísa, sua mãe, que na
época já se encontrava
na Mansão. Levado o caso
até o Ministro Sânzio,
determinou ele que
Marina fosse considerada
devedora em conta
agravada por ela mesma
e, logo após sua
decisão, providenciou
para que Zilda
renascesse como sua
filha, o que ocorreu
dois anos após seu
casamento com Jorge.
Nilda (o novo nome de
Zilda) nasceu,
porém, surda-muda e
mentalmente retardada,
em consequência do
trauma perispirítico
experimentado com o
envenenamento
voluntário. Alguns anos
mais tarde, Jorge foi
internado em um
leprosário, onde estava
em tratamento, e desde
então, entre o marido
doente e a filhinha
infeliz, Marina vinha
padecendo o abatimento
em que o grupo a
encontrou, martelada
igualmente pela tentação
do suicídio. (Capítulo
12, pp. 170 e 171)
81. A
dor é nossa custódia
celestial
- O problema de Marina
era doloroso do ponto de
vista humano, mas
encerrava preciso
ensinamento da Justiça
Divina. Silas
administrou novos
recursos magnéticos à
jovem mãe debilitada e
Marina ergueu-se em
espírito sobre o corpo
somático, pousando em
seus benfeitores o olhar
vago e inexpressivo. O
Assistente, como a
despertar-lhe as
percepções espirituais,
afagou-lhe as pupilas,
com as mãos aureoladas
de fluidos luminescentes
e, de repente, à
maneira de um cego que
retorna à visão, Marina
viu a genitora que lhe
estendia os braços
amigos. Com lágrimas a
lhe correrem dos olhos,
refugiou-se-lhe no
regaço, gritando de
alegria: "Mãe! minha
mãe!... pois és tu?"
Luísa acolheu-a
docemente no colo
afetuoso e, mal
reprimindo a emoção,
disse-lhe: "Sim, filha
querida, sou eu, tua
mãe!... Rendamos graças
a Deus por este minuto
de entendimento". E,
beijando-a ternamente,
embora aflita,
continuou: "Por que o
desânimo, quando a luta
apenas começa? Ignoras
que a dor é a nossa
custódia celestial? que
seria de nós, Marina, se
o sofrimento não nos
ajudasse a sentir e
raciocinar para o bem?
Regozija-te no combate
que nos acrisola e
salva para a obra de
Deus... Não convertas o
amor em inferno para ti
mesma e nem creias
consigas aliviar o
esposo e a filhinha com
a ilusão da fuga
impensada. Lembra-te de
que o Senhor transforma
o veneno de nossos
erros em remédio
salutar, para o resgate
de nossas culpas... A
enfermidade de Jorge e a
provação de nossa Nilda
constituem não somente o
caminho abençoado de
elevação para eles
mesmos, mas igualmente
para teu espírito que se
lhes associa à
experiência na trama da
redenção!... Aprende a
sofrer com humildade
para que a tua dor não
seja simplesmente
orgulho ferido..."
(Cap. 12, pp. 172 e
173)
82. Marina se
ergue, transformada
- Na sequência, Luísa
procurou levantar o
ânimo da filha infeliz:
"Que fizeste do brio de
mulher e do devotamento
de mãe? Olvidaste o
culto da oração que o
lar te ensinou?
Enganaste-te, assim
tanto, para abraçar a
covardia como glória
moral? Ainda é tempo!...
Levanta-te, desperta,
luta e vive!... Vive
para recuperar a
dignidade feminina que
tisnaste com a nódoa da
traição... Recorda a
irmãzinha que partiu,
acabrunhada ao peso do
fardo de aflição que
lhe impuseste, e paga em
desvelo e sacrifício, ao
pé da filhinha doente,
a conta que deves à
Eterna Justiça!...
Humilha-te e resgata a
própria consciência, com
o preço da expiação
dolorosa, mas justa...
Trabalha e serve,
esperando em Jesus,
porque o Divino Médico
te restituirá a saúde do
esposo, para que,
juntos, possamos
conduzir a pequenina
enferma ao porto da
necessária restauração.
Não penses estar
sozinha, nas longas e
ermas noites em que te
divides entre a vigília
e a desolação!...
Comungamos os mesmos
sonhos, partilhamos as
mesmas lutas!... Que
paraíso haverá para os
corações maternos que
choram, além do túmulo,
senão a presença dos
filhos abençoados,
embora esses muitas
vezes lhes ocasionem
longos dias de angústia?
Compadece-te de mim, tua
mãe, por enquanto
sentenciada ao
sofrimento pelo amor com
que te ama!..." Calou-se
Luísa, pois que
singultos incessantes
lhe abafaram a voz.
Marina, então, ajoelhada
e lacrimosa, beijava-lhe
as mãos, clamando: "Mãe
querida, perdoa-me!
perdoa-me!..." A mãe
ergueu-a e,
conduzindo-a até à
criança enferma,
implorou-lhe, humilde:
"Filha querida, não
procures a porta falsa
da deserção... Vive para
tua filhinha, como
permite o Senhor possa
eu continuar vivendo por
ti!..." Marina rojou-se
sobre a menina triste,
mas, atraída pelo
próprio corpo, acordou
em pranto copioso,
bradando, inconsciente:
"Minha filha!... minha
filha!..." A jovem
ressurgia do episódio,
transformada. Estava
afastado o perigo do
suicídio. (Cap. 12, pp.
173 e 174)
83. O caso Poliana
- A assistência a Marina
e a Jorge, acolhido no
leprosário, continuou
nas semanas seguintes,
ao lado de outras
tarefas que se cobriam
de êxito desejável,
quando certa noite, no
parlatório, Silas foi
procurado por um
companheiro aflito.
"Assistente – disse ele
–, nossa irmã Poliana
parece vergar, em
definitivo, ao peso da
imensa prova." E
informou que a irmã se
encontrava enferma e seu
equilíbrio orgânico
declinava de hora a
hora, embora lutasse
heroicamente para
conservar-se ao pé do
filho infeliz. A
resposta de Silas foi
imediata e, a breves
minutos, ele, André e
Hilário – utilizando a
volitação para lograr
mais tempo – chegavam a
um casebre situado em
zona rural pobre e
triste, onde infortunada
mulher jazia enrolada em
farrapos, numa esteira
de palha ao rés do solo,
ao lado de mísero anão
paralítico, a exibir o
semblante alvar. De
pronto via-se-lhe a
idiotia completa, sob a
vigilância da mãe
desditosa, que o fitava
entre a aflição e o
desencanto. Silas
informou: "Temos aqui
nossa irmã Poliana e
Sabino, o filho
desventurado que o Poder
Celeste lhe confiou.
Espiritualmente, são
ambos tutelados da
Mansão, em pedregoso
caminho de reajuste". O
coração de Poliana
apresentava alarmante
arritmia,
figurando-se-lhes
agitado prisioneiro a
emaranhar-se nas
artérias estreitadas em
estranhas calcificações.
Examinando-a, Silas
esclareceu: "Os vasos
enfraquecidos do
miocárdio ameaçam
ruptura próxima,
porquanto a doente se
encontra na tensão de
angústia extrema. A
parada súbita do órgão
central pode ocorrer de
um instante para outro".
Ela necessitava, porém,
de mais tempo no corpo,
por causa do filho. Além
de jungidos à mesma
prova, respiravam o
mesmo clima psíquico e
se alimentavam, um ao
outro, com as forças que
exteriorizavam, no campo
da afinidade pura.
Dessa maneira, a
desencarnação da
genitora repercutiria
mortalmente sobre
ele... (Capítulo 13,
pp. 175 a 177) (Continua no próximo
número.)