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Estudando as obras de Manoel Philomeno de Miranda
Ano 5 - N° 222 - 14 de Agosto de 2011

THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)
 

Nos Bastidores da Obsessão

Manoel Philomeno de Miranda 

(Parte 14)

Damos prosseguimento ao estudo do livro Nos Bastidores da Obsessão, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco e publicada no ano de 1970 pela Editora da FEB.

Questões preliminares

A. Que atitude tomou José Petitinga ante as ofensas que lhe foram feitas de público na União Espírita Baiana?  

O ofensor, depois das ofensas, disse que Petitinga não tinha condições morais de ensinar; por fim, o desafiou a que abandonasse a tribuna religiosa ou a vida que levava. Petitinga, imperturbável, retomou a palavra e disse à plateia atenta que o amigo espiritual tinha toda a razão e contou que lutava com dificuldades para aprimorar-se intimamente, lapidando grossas arestas e duras angulações negativas de sua personalidade enferma. Dizia, porém, que jamais abandonaria o arado, apesar de suas imperfeições e que preferia a condição de enfermo ajudando doentes, a ser ocioso buscando a saúde para poder ajudar com eficiência... "Embora imperfeito – disse Petitinga –, deixo luzir minha alma quando contemplo a Grande Luz; vasilhame imundo, aromatizo-me ao leve rocio do perfume da fé; Espírito infeliz, mas não infelicitador, banho-me na água lustral da esperança cristã..." O auditório, compungido e emocionado, chorava comovido, e lágrimas transparentes adornavam a face do servidor do Cristo. De repente, o perturbador espiritual arrojou ao chão o médium de que se servia, e, dominado por crua emotividade, bradou: - "Perdoa-me, tu! A tua humildade vence-me a braveza, velhinho bom! Deus meu! Deus meu! Blasfemo! O ódio gratuito cega-me. Perdoa-me, velhinho bom, e ajuda-me com a tua humildade a encontrar-me a mim mesmo. Infeliz que sou. Tudo mentira, mendacidade inditosa, a que me amarga os lábios. Ajuda-me, velhinho bom, na minha infelicidade..." José Petitinga desceu os degraus da tribuna, aproximou-se do sofredor e, falando-lhe bondosamente, envolveu o médium com gesto de carinho, convidando-o a sentar-se. "Perdoe-nos o Senhor de nossas vidas!", falou em discreto pranto. E levantando a voz, rogou: "Oremos todos a Jesus, pelo nosso irmão sofredor, por todos nós, os sofredores". (Nos Bastidores da Obsessão, cap. 11, pp. 213 a 217.)

B. Hóspede da União Espírita Baiana, que tarefas Teofrastus ali desempenhava? 

Ali, Teofrastus observava as tarefas que se desdobravam, a atuação dos participantes do grupo espírita, a conduta real de cada um, o nível de amor inspirado no amor do Cristo. Acompanhava as operações socorristas realizadas e, sobretudo, com a assistência dos mentores, seguia os médiuns e demais participantes do grupo, para sentir se os ensinamentos recebidos eram realmente aplicados na conduta diária pelos que os administravam... Assim, ele verificava a força pela qual se comportam os espíritas sob a constrição do testemunho e da prova, da perturbação e da dor, confirmando pelos atos a sua identificação com o Cristo. (Obra citada, cap. 12, pp. 220 a 222.) 

C. Que requisitos são indispensáveis à tarefa da desobsessão?  

No tocante à tarefa da doutrinação, conduta e responsabilidade são fatores essenciais. Palavras belas e sonantes e conceitos elevados são de fácil aquisição em muitos lugares. Contudo, a excelência de uma ideia ou de uma Religião se constata pelo número daqueles que foram modificados, que se transformaram e que se deram à sua realidade. Na desobsessão não podemos desconsiderar também o concurso do tempo, que exige alta dosagem de paciência e perseverança. Aqueles que se propõem a ajudar, compreendem a necessidade de criar condições para isso. Devemos cooperar para que o enfermo, uma vez desperto para a compreensão de seus deveres, não reincida em falta mais danosa e mais grave do que a anterior, porque muitas entidades afastadas de seus comensais nem sempre se esclarecem de imediato, ou se conformam com a situação nova, e continuam acompanhando suas antigas vítimas e aguardando oportunidade. Qualquer tarefa de desobsessão, portanto, representa nobre e elevada responsabilidade para todos os que nela se envolvem, requerendo conhecimento doutrinário seguro e vivência cristalina evangélica. (Obra citada, cap. 12, pp. 223 a 225.) 

Texto para leitura 

68. A ofensa descabida - No domingo seguinte, quando da reunião pública na União Espírita Baiana, verificou-se mais uma vez como agem os Espíritos trevosos. Petitinga pregava e sua palavra harmoniosa vibrava em tons de consolo, focalizando a lição de Simeão sobre "Perdão das Ofensas", constante do cap. X d' O Evangelho segundo o Espiritismo. Algumas pessoas tinham os olhos coroados de lágrimas. De repente, conhecido senhor de respeitável família local, obsidiado contumaz, adentrou-se pela sala pública da sessão e, avançando em direção da tribuna, ruidosamente, bradou: - "Hipócrita! Quem és para pregar? Imperfeito como tu, como te atreves a falar da verdade e ensinar pureza, possuindo largas faixas de desequilíbrio íntimo, que ocultas dos que te escutam?" O constrangimento foi geral. O palestrante, empalidecendo, levantou os olhos claros e transparentes, fitou o obsessor que falara pela boca do atormentado cavalheiro, e respondeu, humilde: "Tens toda a razão e eu o reconheço. O tema em pauta, hoje, que o caro irmão não ouviu, se refere exatamente ao `Perdão das ofensas'..."  A entidade não parou com as ofensas e disse que Petitinga não tinha condições morais de ensinar; por fim, o desafiou a que abandonasse a tribuna religiosa ou a vida que levava... Petitinga, imperturbável, retomou a palavra e disse à plateia atenta que o amigo espiritual tinha toda a razão e contou que lutava com dificuldades para aprimorar-se intimamente, lapidando grossas arestas e duras angulações negativas de sua personalidade enferma. Dizia, porém, que jamais abandonaria o arado, apesar de suas imperfeições e que preferia a condição de enfermo ajudando doentes, a ser ocioso buscando a saúde para poder ajudar com eficiência... "Embora imperfeito – disse Petitinga –, deixo luzir minha alma quando contemplo a Grande Luz; vasilhame imundo, aromatizo-me ao leve rocio do perfume da fé; Espírito infeliz, mas não infelicitador, banho-me na água lustral da esperança cristã..." O auditório, compungido e emocionado, chorava comovido, e lágrimas transparentes adornavam a face do servidor do Cristo. De repente, o perturbador espiritual arrojou ao chão o médium de que se servia, e, dominado por crua emotividade, bradou: - "Perdoa-me, tu! A tua humildade vence-me a braveza, velhinho bom! Deus meu! Deus meu! Blasfemo! O ódio gratuito cega-me. Perdoa-me, velhinho bom, e ajuda-me com a tua humildade a encontrar-me a mim mesmo. Infeliz que sou. Tudo mentira, mendacidade inditosa, a que me amarga os lábios. Ajuda-me, velhinho bom, na minha infelicidade..." José Petitinga desceu os degraus da tribuna, aproximou-se do sofredor e, falando-lhe bondosamente, envolveu o médium com gesto de carinho, convidando-o a sentar-se. "Perdoe-nos o Senhor de nossas vidas!", falou em discreto pranto. E levantando a voz, rogou: "Oremos todos a Jesus, pelo nosso irmão sofredor, por todos nós, os sofredores". (Cap. 11, págs. 213 a 217) 

69. Investidas do mal - A batalha da fidelidade ao dever continuava. Aqui era o irromper das paixões demoradamente subordinadas à vontade tentando desequilíbrio; ali eram as investidas da violência, através de pessoas irresponsáveis que se faziam dóceis instrumentos dos Espíritos infelizes; acolá, parentes invigilantes e perturbados atiçando rebeldia, ou almas afeiçoadas pelos laços do matrimônio, inconsequentes, feridas pelas farpas do ciúme, da ira e da insensatez, transformando-se em algozes brutais... Lembravam-se os exemplos dos primeiros mártires do Cristianismo. Se agora a arena desaparecera, estendera, porém, limites, partindo do mundo interior de cada um até às longas partes do pensamento... Ontem, o holocausto e o martírio público eram estímulo ao prosseguimento e o sangue derramado se convertia em adubo nas raízes da fé nascente. Agora, os testemunhos deveriam ser silenciosos, na cruz da abnegação e da renúncia, fora dos grandes espetáculos. (Cap. 12, págs. 219 e 220) 

70. As dificuldades de Teofrastus - Hóspede da União Espírita Baiana, o antigo mago de Ruão recolhera-se a meditações muito profundas e a arrependimento perfeitamente compreensível. Mas, o despertar para a verdade, que significa nascer para a responsabilidade e renunciar ao erro, estava sendo muito difícil para Teofrastus. Ele conservara do Cristianismo a concepção infeliz que lhe deram os seus algozes. A doçura do amor de Jesus foi-lhe apresentada entre labaredas que lhe lamberam as carnes e em fumo que o asfixiou até a morte... Conservava, assim, aversão pelo nome do Cristo e pela doutrina que Ele nos legou. Nesse comenos, já que não cabia aos mentores constrangê-lo, a fim de ser recambiado para recinto próprio na Espiritualidade, onde se deveria preparar para futura encarnação, Teofrastus observava as tarefas que ali se desdobravam, a atuação dos participantes do grupo espírita, a conduta real de cada um, o nível de amor inspirado no amor do Cristo. Acompanhava as operações socorristas ali realizadas e, sobretudo, com a assistência dos mentores, seguia os médiuns e demais participantes do grupo, para sentir se os ensinamentos recebidos eram realmente aplicados na conduta diária pelos que os administravam... Assim, ele verificava a força pela qual se comportam os espíritas sob a constrição do testemunho e da prova, da perturbação e da dor, confirmando pelos atos a sua identificação com o Cristo. (Cap. 12, págs. 220 a 222) 

71. Requisitos da desobsessão - Em todo problema de desobsessão há que considerar o Espírito sofredor que provoca sofrimento e levar em conta os recursos éticos do doutrinador, ao lado da sua conduta espírita, isto é, sua responsabilidade moral. Conduta e responsabilidade são essenciais na tarefa de doutrinar, porquanto a instrução sem o exemplo não possui a tônica da verdade. Sem dúvida, o mérito do obsidiado constitui também ponto favorável para desatar o enfermo das amarras com o delito passado; mas, nas atuais realizações dos Centros Espíritas que se transformam em Hospitais-Escolas na Terra para encarnados e desencarnados, a densa população dos Espíritos que ali residem acompanha a lealdade do ensino quando incorporado ou não ao "modus vivendi" ou "modus operandi" dos médiuns, doutrinadores e diretores das Casas. Palavras belas e sonantes e conceitos elevados são de fácil aquisição em muitos lugares. Contudo, a excelência de uma ideia ou de uma Religião se constata pelo número daqueles que foram modificados, que se transformaram e que se deram à sua realidade. (Cap. 12, págs. 222 a 224) 

72. Paciência e perseverança - Na desobsessão não podemos desconsiderar também o concurso do tempo, que exige alta dosagem de paciência e perseverança. Aqueles que se propõem a ajudar, compreendem a necessidade de criar condições para isso. Devemos cooperar para que o enfermo, uma vez desperto para a compreensão de seus deveres, não reincida em falta mais danosa e mais grave do que a anterior, porque muitas entidades afastadas de seus comensais nem sempre se esclarecem de imediato, ou se conformam com a situação nova. Continuam acompanhando suas antigas vítimas e aguardando oportunidade... Por outro lado, diversos desencarnados responsáveis por obsessões soezes prosseguem requerendo carinhosa assistência, até que se lhes firmem os propósitos superiores e sintonizem com os seus Mentores. Qualquer tarefa de desobsessão, portanto, representa nobre e elevada responsabilidade para todos os que nela se envolvem, requerendo conhecimento doutrinário seguro e vivência cristalina evangélica. (Cap. 12, pág. 225) 

Frases e apontamentos importantes 

CXLVIII. O amor é pólen que fecunda a vida, enquanto o ódio é gás que a interrompe.  (...) do pensamento procedem os elos da escravidão ou as asas da liberdade que fixamos às nossas vidas. (Saturnino, cap. 13, págs. 233 e 234) 

CXLIX. Jesus nos ensinou que: "quando estivéssemos orando e mantivéssemos alguma coisa contra alguém, perdoássemos". Ore e perdoe para ter saúde e paz. (Saturnino, falando ao Sr. Mateus, cap. 13, pág. 234) 

CL. Todos esses que se dizem "indiferentes" com referência ao problema da fé, acobardam-se dolorosamente ante as realidades da desencarnação. Acomodados à irresponsabilidade como vivem, quando neles irrompem os clarões prenunciadores do novo dia, ou chegam as primeiras sombras da travessia pelo vale da morte, debatem-se aflitos, esbravejam, fazem promessas, negociam... (José Petitinga, cap. 13, pág. 234) 

CLI. Você sabe por experiência pessoal que a morte é entrada na vida, reexame de atos, reencontro com a consciência, mesmo quando esta jaz entorpecida pela ignorância ou anestesiada pelo crime... Todos sabemos que a vida nos dá o de que temos necessidade para o nosso progresso espiritual e, consequentemente, pai, mãe, familiares e amigos são peças importantes, indispensáveis para a nossa evolução. (José Petitinga, falando a Marta, cap. 13, pág. 238) 

CLII. Como nos comportamos em relação a eles, oneramo-nos ou não de responsabilidades negativas novas, que atiramos na direção do futuro... (José Petitinga, falando a Marta, cap. 13, pág. 239) 

CLIII. A violência não liberta e a força não convence. A vitória do poder da força é ilusória, porque ela mesma gera a força da reação que a destrói. (...) Não se iluda: a sombra sobre a sombra não produz claridade... Uma gota de luz vence a treva; todavia, a abundância da segunda nada consegue em relação à primeira... A impiedade nada produz. A única força eficiente é a que se deriva das reservas morais, a do Espírito superior, a que produz emissão vibratória de alta frequência, que atua como força realmente poderosa, capaz de influir decisivamente na esfera das causas e, pois, consequentemente, no campo dos efeitos. (José Petitinga, falando a Marta, cap. 13, pág. 241) 

CLIV. Não olvide a dinâmica do amor... O amor é o pão da vida e, como escasseia, a esperança da Humanidade cambaleia nas sombras da violência temporária, pois que o Reino do Amor logo advirá. (José Petitinga, falando a Marta, cap. 13, pág. 241) 

CLV. O poder da oração! Quando os homens compreenderem e se utilizarem realmente dos recursos da prece, em muito se modificarão os cenários da vida moral na Terra!... (Manoel P. de Miranda, cap. 13, pág. 242) 

CLVI. Marta, minha filha, o Evangelho é porta de luz para os que gemem na escuridão. Caminho redentor que se abre em oportunidades múltiplas para todos nós, os trânsfugas dos deveres sublimes, oferecendo-nos recomeço em qualquer situação e em todo tempo. Para quem realmente deseja elevação, não há tempo perdido, nem oportunidade malbaratada que não traga preciosos ensinos, que podemos aproveitar de futuro. (José Petitinga, falando a Marta, cap. 14, págs. 247 e 249) 

CLVII. Em qualquer obsessão (...) em que o amor e o esclarecimento não realizem os seus misteres, as medidas humanas da temeridade e da violência somente poderão agravar o mal, adiando-o para ocasião em que as reservas do paciente sejam menores e, pois, consequentemente, menos favoráveis à cura, à libertação. (Manoel P. de Miranda, cap. 14, pág. 247) (Continua no próximo número.)



 


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