Nos Bastidores da
Obsessão
Manoel Philomeno de
Miranda
(Parte
14)
Damos prosseguimento ao
estudo do livro Nos
Bastidores da Obsessão,
de Manoel Philomeno de
Miranda, obra
psicografada por Divaldo
P. Franco e publicada no
ano de 1970 pela Editora
da FEB.
Questões preliminares
A. Que atitude tomou
José Petitinga ante as
ofensas que lhe foram
feitas de público na
União Espírita Baiana?
O ofensor, depois das
ofensas, disse que
Petitinga não tinha
condições morais de
ensinar; por fim, o
desafiou a que
abandonasse a tribuna
religiosa ou a vida que
levava. Petitinga,
imperturbável, retomou a
palavra e disse à
plateia atenta que o
amigo espiritual tinha
toda a razão e contou
que lutava com
dificuldades para
aprimorar-se
intimamente, lapidando
grossas arestas e duras
angulações negativas de
sua personalidade
enferma. Dizia, porém,
que jamais abandonaria o
arado, apesar de suas
imperfeições e que
preferia a condição de
enfermo ajudando
doentes, a ser ocioso
buscando a saúde para
poder ajudar com
eficiência... "Embora
imperfeito – disse
Petitinga –, deixo luzir
minha alma quando
contemplo a Grande Luz;
vasilhame imundo,
aromatizo-me ao leve
rocio do perfume da fé;
Espírito infeliz, mas
não infelicitador,
banho-me na água lustral
da esperança cristã..."
O auditório, compungido
e emocionado, chorava
comovido, e lágrimas
transparentes adornavam
a face do servidor do
Cristo. De repente, o
perturbador espiritual
arrojou ao chão o médium
de que se servia, e,
dominado por crua
emotividade, bradou: -
"Perdoa-me, tu! A tua
humildade vence-me a
braveza, velhinho bom!
Deus meu! Deus meu!
Blasfemo! O ódio
gratuito cega-me.
Perdoa-me, velhinho bom,
e ajuda-me com a tua
humildade a encontrar-me
a mim mesmo. Infeliz que
sou. Tudo mentira,
mendacidade inditosa, a
que me amarga os lábios.
Ajuda-me, velhinho bom,
na minha
infelicidade..." José
Petitinga desceu os
degraus da tribuna,
aproximou-se do sofredor
e, falando-lhe
bondosamente, envolveu o
médium com gesto de
carinho, convidando-o a
sentar-se. "Perdoe-nos o
Senhor de nossas
vidas!", falou em
discreto pranto. E
levantando a voz, rogou:
"Oremos todos a Jesus,
pelo nosso irmão
sofredor, por todos nós,
os sofredores".
(Nos Bastidores da
Obsessão, cap. 11, pp.
213 a 217.)
B. Hóspede da União
Espírita Baiana, que
tarefas Teofrastus ali
desempenhava?
Ali, Teofrastus
observava as tarefas que
se desdobravam, a
atuação dos
participantes do grupo
espírita, a conduta real
de cada um, o nível de
amor inspirado no amor
do Cristo. Acompanhava
as operações socorristas
realizadas e, sobretudo,
com a assistência dos
mentores, seguia os
médiuns e demais
participantes do grupo,
para sentir se os
ensinamentos recebidos
eram realmente aplicados
na conduta diária pelos
que os administravam...
Assim, ele verificava a
força pela qual se
comportam os espíritas
sob a constrição do
testemunho e da prova,
da perturbação e da dor,
confirmando pelos atos a
sua identificação com o
Cristo.
(Obra citada, cap. 12,
pp. 220 a 222.)
C. Que requisitos são
indispensáveis à tarefa
da desobsessão?
No tocante à tarefa da
doutrinação, conduta e
responsabilidade são
fatores essenciais.
Palavras belas e
sonantes e conceitos
elevados são de fácil
aquisição em muitos
lugares. Contudo, a
excelência de uma ideia
ou de uma Religião se
constata pelo número
daqueles que foram
modificados, que se
transformaram e que se
deram à sua realidade.
Na desobsessão não
podemos desconsiderar
também o concurso do
tempo, que exige alta
dosagem de paciência e
perseverança. Aqueles
que se propõem a ajudar,
compreendem a
necessidade de criar
condições para isso.
Devemos cooperar para
que o enfermo, uma vez
desperto para a
compreensão de seus
deveres, não reincida em
falta mais danosa e mais
grave do que a anterior,
porque muitas entidades
afastadas de seus
comensais nem sempre se
esclarecem de imediato,
ou se conformam com a
situação nova, e
continuam acompanhando
suas antigas vítimas e
aguardando oportunidade.
Qualquer tarefa de
desobsessão, portanto,
representa nobre e
elevada responsabilidade
para todos os que nela
se envolvem, requerendo
conhecimento doutrinário
seguro e vivência
cristalina evangélica.
(Obra citada, cap. 12,
pp. 223 a 225.)
Texto para leitura
68. A
ofensa descabida
- No domingo seguinte,
quando da reunião
pública na União
Espírita Baiana,
verificou-se mais uma
vez como agem os
Espíritos trevosos.
Petitinga pregava e sua
palavra harmoniosa
vibrava em tons de
consolo, focalizando a
lição de Simeão sobre
"Perdão das Ofensas",
constante do cap. X d' O
Evangelho segundo o
Espiritismo. Algumas
pessoas tinham os olhos
coroados de lágrimas. De
repente, conhecido
senhor de respeitável
família local, obsidiado
contumaz, adentrou-se
pela sala pública da
sessão e, avançando em
direção da tribuna,
ruidosamente, bradou: -
"Hipócrita! Quem és para
pregar? Imperfeito como
tu, como te atreves a
falar da verdade e
ensinar pureza,
possuindo largas faixas
de desequilíbrio íntimo,
que ocultas dos que te
escutam?" O
constrangimento foi
geral. O palestrante,
empalidecendo, levantou
os olhos claros e
transparentes, fitou o
obsessor que falara pela
boca do atormentado
cavalheiro, e respondeu,
humilde: "Tens toda a
razão e eu o reconheço.
O tema em pauta, hoje,
que o caro irmão não
ouviu, se refere
exatamente ao `Perdão
das ofensas'..." A
entidade não parou com
as ofensas e disse que
Petitinga não tinha
condições morais de
ensinar; por fim, o
desafiou a que
abandonasse a tribuna
religiosa ou a vida que
levava... Petitinga,
imperturbável, retomou a
palavra e disse à
plateia atenta que o
amigo espiritual tinha
toda a razão e contou
que lutava com
dificuldades para
aprimorar-se
intimamente, lapidando
grossas arestas e duras
angulações negativas de
sua personalidade
enferma. Dizia, porém,
que jamais abandonaria o
arado, apesar de suas
imperfeições e que
preferia a condição de
enfermo ajudando
doentes, a ser ocioso
buscando a saúde para
poder ajudar com
eficiência... "Embora
imperfeito – disse
Petitinga –, deixo luzir
minha alma quando
contemplo a Grande Luz;
vasilhame imundo,
aromatizo-me ao leve
rocio do perfume da fé;
Espírito infeliz, mas
não infelicitador,
banho-me na água lustral
da esperança cristã..."
O auditório, compungido
e emocionado, chorava
comovido, e lágrimas
transparentes adornavam
a face do servidor do
Cristo. De repente, o
perturbador espiritual
arrojou ao chão o médium
de que se servia, e,
dominado por crua
emotividade, bradou: -
"Perdoa-me, tu! A tua
humildade vence-me a
braveza, velhinho bom!
Deus meu! Deus meu!
Blasfemo! O ódio
gratuito cega-me.
Perdoa-me, velhinho bom,
e ajuda-me com a tua
humildade a encontrar-me
a mim mesmo. Infeliz que
sou. Tudo mentira,
mendacidade inditosa, a
que me amarga os lábios.
Ajuda-me, velhinho bom,
na minha
infelicidade..." José
Petitinga desceu os
degraus da tribuna,
aproximou-se do sofredor
e, falando-lhe
bondosamente, envolveu o
médium com gesto de
carinho, convidando-o a
sentar-se. "Perdoe-nos o
Senhor de nossas
vidas!", falou em
discreto pranto. E
levantando a voz, rogou:
"Oremos todos a Jesus,
pelo nosso irmão
sofredor, por todos nós,
os sofredores". (Cap.
11, págs. 213 a 217)
69. Investidas do
mal - A batalha
da fidelidade ao dever
continuava. Aqui era o
irromper das paixões
demoradamente
subordinadas à vontade
tentando desequilíbrio;
ali eram as investidas
da violência, através de
pessoas irresponsáveis
que se faziam dóceis
instrumentos dos
Espíritos infelizes;
acolá, parentes
invigilantes e
perturbados atiçando
rebeldia, ou almas
afeiçoadas pelos laços
do matrimônio,
inconsequentes, feridas
pelas farpas do ciúme,
da ira e da insensatez,
transformando-se em
algozes brutais...
Lembravam-se os exemplos
dos primeiros mártires
do Cristianismo. Se
agora a arena
desaparecera, estendera,
porém, limites, partindo
do mundo interior de
cada um até às longas
partes do pensamento...
Ontem, o holocausto e o
martírio público eram
estímulo ao
prosseguimento e o
sangue derramado se
convertia em adubo nas
raízes da fé nascente.
Agora, os testemunhos
deveriam ser
silenciosos, na cruz da
abnegação e da renúncia,
fora dos grandes
espetáculos. (Cap. 12,
págs. 219 e 220)
70. As
dificuldades de
Teofrastus -
Hóspede da União
Espírita Baiana, o
antigo mago de Ruão
recolhera-se a
meditações muito
profundas e a
arrependimento
perfeitamente
compreensível. Mas, o
despertar para a
verdade, que significa
nascer para a
responsabilidade e
renunciar ao erro,
estava sendo muito
difícil para Teofrastus.
Ele conservara do
Cristianismo a concepção
infeliz que lhe deram os
seus algozes. A doçura
do amor de Jesus foi-lhe
apresentada entre
labaredas que lhe
lamberam as carnes e em
fumo que o asfixiou até
a morte... Conservava,
assim, aversão pelo nome
do Cristo e pela
doutrina que Ele nos
legou. Nesse comenos, já
que não cabia aos
mentores constrangê-lo,
a fim de ser recambiado
para recinto próprio na
Espiritualidade, onde se
deveria preparar para
futura encarnação,
Teofrastus observava as
tarefas que ali se
desdobravam, a atuação
dos participantes do
grupo espírita, a
conduta real de cada um,
o nível de amor
inspirado no amor do
Cristo. Acompanhava as
operações socorristas
ali realizadas e,
sobretudo, com a
assistência dos
mentores, seguia os
médiuns e demais
participantes do grupo,
para sentir se os
ensinamentos recebidos
eram realmente aplicados
na conduta diária pelos
que os administravam...
Assim, ele verificava a
força pela qual se
comportam os espíritas
sob a constrição do
testemunho e da prova,
da perturbação e da dor,
confirmando pelos atos a
sua identificação com o
Cristo. (Cap. 12, págs.
220 a 222)
71. Requisitos da
desobsessão - Em
todo problema de
desobsessão há que
considerar o Espírito
sofredor que provoca
sofrimento e levar em
conta os recursos éticos
do doutrinador, ao lado
da sua conduta espírita,
isto é, sua
responsabilidade moral.
Conduta e
responsabilidade são
essenciais na tarefa de
doutrinar, porquanto a
instrução sem o exemplo
não possui a tônica da
verdade. Sem dúvida, o
mérito do obsidiado
constitui também ponto
favorável para desatar o
enfermo das amarras com
o delito passado; mas,
nas atuais realizações
dos Centros Espíritas
que se transformam em
Hospitais-Escolas na
Terra para encarnados e
desencarnados, a densa
população dos Espíritos
que ali residem
acompanha a lealdade do
ensino quando
incorporado ou não ao
"modus vivendi" ou
"modus operandi" dos
médiuns, doutrinadores e
diretores das Casas.
Palavras belas e
sonantes e conceitos
elevados são de fácil
aquisição em muitos
lugares. Contudo, a
excelência de uma ideia
ou de uma Religião se
constata pelo número
daqueles que foram
modificados, que se
transformaram e que se
deram à sua realidade.
(Cap. 12, págs. 222 a
224)
72. Paciência e
perseverança -
Na desobsessão não
podemos desconsiderar
também o concurso do
tempo, que exige alta
dosagem de paciência e
perseverança. Aqueles
que se propõem a ajudar,
compreendem a
necessidade de criar
condições para isso.
Devemos cooperar para
que o enfermo, uma vez
desperto para a
compreensão de seus
deveres, não reincida em
falta mais danosa e mais
grave do que a anterior,
porque muitas entidades
afastadas de seus
comensais nem sempre se
esclarecem de imediato,
ou se conformam com a
situação nova. Continuam
acompanhando suas
antigas vítimas e
aguardando
oportunidade... Por
outro lado, diversos
desencarnados
responsáveis por
obsessões soezes
prosseguem requerendo
carinhosa assistência,
até que se lhes firmem
os propósitos superiores
e sintonizem com os seus
Mentores. Qualquer
tarefa de desobsessão,
portanto, representa
nobre e elevada
responsabilidade para
todos os que nela se
envolvem, requerendo
conhecimento doutrinário
seguro e vivência
cristalina evangélica.
(Cap. 12, pág. 225)
Frases e apontamentos
importantes
CXLVIII. O amor é pólen
que fecunda a vida,
enquanto o ódio é gás
que a interrompe. (...)
do pensamento procedem
os elos da escravidão ou
as asas da liberdade que
fixamos às nossas vidas.
(Saturnino, cap. 13,
págs. 233 e 234)
CXLIX. Jesus nos ensinou
que: "quando
estivéssemos orando e
mantivéssemos alguma
coisa contra alguém,
perdoássemos". Ore e
perdoe para ter saúde e
paz. (Saturnino, falando
ao Sr. Mateus, cap. 13,
pág. 234)
CL. Todos esses que se
dizem "indiferentes" com
referência ao problema
da fé, acobardam-se
dolorosamente ante as
realidades da
desencarnação.
Acomodados à
irresponsabilidade como
vivem, quando neles
irrompem os clarões
prenunciadores do novo
dia, ou chegam as
primeiras sombras da
travessia pelo vale da
morte, debatem-se
aflitos, esbravejam,
fazem promessas,
negociam... (José
Petitinga, cap. 13, pág.
234)
CLI. Você sabe por
experiência pessoal que
a morte é entrada na
vida, reexame de atos,
reencontro com a
consciência, mesmo
quando esta jaz
entorpecida pela
ignorância ou
anestesiada pelo
crime... Todos sabemos
que a vida nos dá o de
que temos necessidade
para o nosso progresso
espiritual e,
consequentemente, pai,
mãe, familiares e amigos
são peças importantes,
indispensáveis para a
nossa evolução. (José
Petitinga, falando a
Marta, cap. 13, pág.
238)
CLII. Como nos
comportamos em relação a
eles, oneramo-nos ou não
de responsabilidades
negativas novas, que
atiramos na direção do
futuro... (José
Petitinga, falando a
Marta, cap. 13, pág.
239)
CLIII. A violência não
liberta e a força não
convence. A vitória do
poder da força é
ilusória, porque ela
mesma gera a força da
reação que a destrói.
(...) Não se iluda: a
sombra sobre a sombra
não produz claridade...
Uma gota de luz vence a
treva; todavia, a
abundância da segunda
nada consegue em relação
à primeira... A
impiedade nada produz. A
única força eficiente é
a que se deriva das
reservas morais, a do
Espírito superior, a que
produz emissão
vibratória de alta
frequência, que atua
como força realmente
poderosa, capaz de
influir decisivamente na
esfera das causas e,
pois, consequentemente,
no campo dos efeitos.
(José Petitinga, falando
a Marta, cap. 13, pág.
241)
CLIV. Não olvide a
dinâmica do amor... O
amor é o pão da vida e,
como escasseia, a
esperança da Humanidade
cambaleia nas sombras da
violência temporária,
pois que o Reino do Amor
logo advirá. (José
Petitinga, falando a
Marta, cap. 13, pág.
241)
CLV. O poder da oração!
Quando os homens
compreenderem e se
utilizarem realmente dos
recursos da prece, em
muito se modificarão os
cenários da vida moral
na Terra!... (Manoel P.
de Miranda, cap. 13,
pág. 242)
CLVI. Marta, minha
filha, o Evangelho é
porta de luz para os que
gemem na escuridão.
Caminho redentor que se
abre em oportunidades
múltiplas para todos
nós, os trânsfugas dos
deveres sublimes,
oferecendo-nos recomeço
em qualquer situação e
em todo tempo. Para quem
realmente deseja
elevação, não há tempo
perdido, nem
oportunidade malbaratada
que não traga preciosos
ensinos, que podemos
aproveitar de futuro.
(José Petitinga, falando
a Marta, cap. 14, págs.
247 e 249)
CLVII. Em qualquer
obsessão (...) em que o
amor e o esclarecimento
não realizem os seus
misteres, as medidas
humanas da temeridade e
da violência somente
poderão agravar o mal,
adiando-o para ocasião
em que as reservas do
paciente sejam menores
e, pois,
consequentemente, menos
favoráveis à cura, à
libertação. (Manoel P.
de Miranda, cap. 14,
pág. 247) (Continua no próximo
número.)