RICARDO BAESSO
DE OLIVEIRA
kargabrl@uol.com.br
Juiz de Fora,
MG
(Brasil)
Homossexualidade:
determinismo
biológico ou
fruto da
educação?
Cartas de
confrades
espíritas
enviadas à
revista
eletrônica O
Consolador
evidenciaram
certa
desinformação
quanto à questão
da homoafetividade.
O tema não pode
ser abordado de
forma
apaixonada, pois
dessa forma
interpomos entre
nós e o tema
óculos
construídos por
tradições pouco
saudáveis e pelo
espírito de uma
época.
Os últimos
estudos
verificados por neurocientistas
e sociólogos
sérios e
competentes têm
mostrado, ao
contrário do que
acreditávamos,
que a condição
de
homossexualidade
NÃO DEPENDE EM
NADA DA
EDUCAÇÃO.
A Educação tem
importância
notável na forma
como o
homossexual vai
conduzir sua
libido (e isso
se presta também
para o
heterossexual),
mas não
interfere na
condição em si
mesma, pois a
homossexualidade
é um
DETERMINISMO
BIOLÓGICO,
portanto, inata.
Homossexuais
nascem assim e
nada os fará
mudar de
polaridade
sexual, tal qual
os canhotos
nascem canhotos
e os destros
nascem destros.
Não se trata de
“sem-vergonhice”,
ou “desvio
moral”, nem tão
pouco “opção de
vida”, que pode,
ou não, ser
induzida por
quem quer que
seja, como
querem crer
teólogos e
psicólogos
vinculados a
religiões
tradicionais,
principalmente
evangélicas. 5 a
10% das pessoas,
sejam do gênero
masculino ou
feminino,
possuem no
hipotálamo
anterior
(possivelmente
no núcleo
intersticial do
hipotálamo
anterior 3)
neurônios numa
configuração
diversa das
outras 90%, que
as colocam numa
condição
biológica de
atração sexual
por pessoas do
mesmo sexo.
Vejamos os dados
que comprovam
isso.
No campo da
Zoologia: a homossexualidade não
é exclusiva dos
humanos.
O biólogo
americano Bruce
Bagemihl lançou
na década
passada nos EUA
o livro
Exuberância
Biológica -
homossexualidade Animal
e Diversidade
Natural. Ele
analisou 450
espécies de
animais, na
maioria
mamíferos e
aves, todos
apresentando em
menor ou maior
grau a
orientação homossexual.
Este trabalho
originou uma
ideia nova na
Zoologia, de
que, apesar de
não gerar
descendentes, a homossexualidade faz
parte do
dia-a-dia de uma
quantidade
enorme de
espécies. Entre
os carneiros
machos, 10%
deles são
atraídos
sexualmente para
carneiros
machos.
No campo da
Neurociência: a homossexualidade possui
uma origem
biológica e uma
expressão
anatômica no
cérebro.
A Neurociência
estuda o
cérebro. A
pesquisa
científica
recente (1991)
de maior
repercussão
sobre
homossexualidade e
neurociência foi
de Simon Le Vay,
do Instituto
Salk da
Califórnia -
EUA. O Dr. Le
Vay é um
neuroanatomista
de grande
reputação
científica em
sistemas
visuais. Dois
dos seus mestres
- Torsten Wiesel
e David Hibel -
ganharam o
Prêmio Nobel e
foram pioneiros
nesta área. Le
Vay dedicava-se
a uma questão
específica: como
o cérebro
processa
informação
visual. Depois
de muito estudar
esta questão,
ele começou o
seu trabalho com
a hipótese
lógica de que
"um provável
substrato
biológico da orientação
sexual está
na região do
cérebro
envolvida na
regulagem do
comportamento
sexual". Le Vay
supôs que uma
parte do
cérebro, que
regula o impulso
sexual, pode ser
anatomicamente
diferente de
acordo com as
orientações homo
e
heterossexuais.
Ele comprovou a
hipótese de que
o NIHA-3 é
grande em homens
hetero e
mulheres homo
(indivíduos com
a orientação
sexual para
ter relações com
mulheres) e
pequeno em
mulheres hetero
e homens homo
(indivíduos com
a orientação
sexual para
ter relações com
homens). NIHA-3
significa Núcleo
Intersticial do
Hipotálamo
Anterior e é
denominado 3
porque existem
também NIHA 1,2
e 4. São
estruturas do
hipotálamo que
regulam fome,
sede, funções
sexuais,
temperatura e
certos
hormônios. Ele
pesquisou tecido
cerebral de 41
indivíduos.
Entre eles havia
19 homens
comprovadamente gays (morreram
de AIDS); 16
homens e 6
mulheres
heterossexuais.
A conclusão do
Dr. Le Vay foi
que “O NIHA-3
exibiu
dimorfismo... O
volume desse
núcleo era mais
do que o dobro
nos homens
heterossexuais
comparados aos
dos homens
homossexuais...
Há uma diferença
similar entre
homens
heterossexuais e
as mulheres
heterossexuais...”
A descoberta de
que um núcleo
difere em
tamanho entre
homens
heterossexuais e homossexuais ilustra
que a orientação
sexual
nos
humanos é
receptível ao
estudo em nível
biológico.
No campo da
Sociologia: a homossexualidade possui
características
culturalmente
invariáveis que
permanecem
estáveis através
da geografia, da
classe social e
do tempo.
O sociólogo
Frederick L.
Whitam, da
Universidade do
Arizona – EUA,
comparou
experiências
infantis de 375
homens
homossexuais na
Guatemala,
Brasil,
Filipinas,
Tailândia, Peru
e Estados
Unidos. Esta
pesquisa
originou o
trabalho
"Características
Culturalmente
Invariáveis da
homossexualidade Masculina".
Whitam indica
seis aspectos da
homossexualidade presentes
em culturas
diversas:
1. A homossexualidade como
modalidade de orientação
sexual é
universal,
surgindo em
todas as
sociedades;
2. A porcentagem
de homossexuais em
todas as
sociedades
parece ser a
mesma e
permanece
estável,
independentemente
do tempo. Em
todo mundo, a
população homossexual parece
compreender não
mais que 5% do
total da
população;
3. As normas
sociais nem
impedem nem
facilitam o
surgimento da orientação
sexual.
Os homossexuais estão
presentes com a
mesma frequência
nas sociedades
que os reprimem
quanto nas que
são permissivas.
A repressão
apenas reduz o
manifestar-se de
uma orientação
sexual,
não a sua
existência;
4. Subculturas homossexuais surgem
em todas as
sociedades,
desde que haja
suficientes
conjuntos de
pessoas.
5. Mesmo em
diferentes
sociedades, os homossexuais
se
parecem em
relação a certos
interesses
comportamentais
e escolhas
ocupacionais;
6. Todas as
sociedades
produzem
conjuntos
similares de homossexuais assumidos,
masculinos e
femininos.
Whitam concluiu
que a indicação
desses seis
aspectos está
acima do poder
de controle de
qualquer
sociedade,
levando-nos a
considerar
fortemente a
etiologia
(origem)
biológica da orientação
sexual.
Sabe-se, ainda,
que gêmeos
idênticos
apresentam uma
possibilidade
acima da média
de
compartilharem a
mesma orientação
sexual (superior
a 50%, enquanto
nos pares
aleatórios de
indivíduos a
média está
abaixo de 8%); a
orientação
sexual dos
recém-nascidos
adotados tem
pouca relação
com a dos seus
pais adotivos;
mais de 90% dos
recém-nascidos
adotadas por
casais gays são
heterossexuais.
Concluímos com o
pensamento de
Emmanuel,
extraído do
livro VIDA E
SEXO, capitulo
21: “Observadas
as tendências
homossexuais dos
companheiros
reencarnados
nessa faixa de
prova ou
experiência, é
forçoso se lhes
dê o amparo
educativo
adequado, tanto
quanto se
administra
instrução à
maioria
heterossexual...,
porquanto, à
frente da vida
eterna, os erros
e acertos dos
irmãos de
qualquer
procedência, nos
domínios do sexo
e do amor, são
analisados pelo mesmo
elevado gabarito
de Justiça e
Misericórdia”.
(os grifos são
nossos.)