Atraindo um público
numeroso na igreja a que
serve, o carioca Pedro
Siqueira tem sido
considerado um fenômeno
no seio
da Igreja Católica
Há na história da Igreja
alguns casos conhecidos
de nós espíritas que nos
dão conta da existência
de padres-médiuns, como
o notável Padre Germano,
protagonista do livro
Memórias do Padre
Germano, de Amalia
Domingo Soler, e o Padre
Vítor Coelho, autor
espiritual do livro
Memórias de Padre Vítor,
psicografado pela médium
paulista Ana Paula
Cazetta.
Agora ocorre no Rio de
Janeiro um caso
semelhante, mas não
envolve padre, e sim um
rapaz de 39 anos,
formado em Direito pela
PUC do Rio, professor de
Direito e funcionário da
Advocacia Geral da
União. Falamos de Pedro
Siqueira (foto),
considerado o maior
fenômeno da Igreja
Católica que o Rio
conheceu nos últimos
anos.
Desde os 24 anos,
portanto há 15 anos,
Pedro vem lotando as
igrejas que frequenta.
Primeiro foi a Santa
Mônica, no Leblon;
atualmente é a igreja
Nossa Senhora da
Imaculada Conceição, na
Gávea, onde todas as
últimas terças-feiras do
mês, com seu grupo de
oração do Terço, ora, lê
textos bíblicos, canta,
toca violão e transmite
aproximadamente dez
mensagens de santos e de
pessoas falecidas, que
ele diz ver e escutar
desde criança.
“Minha mãe – diz Pedro –
relata que a primeira
vez que ela viu que
havia algo de diferente
foi quando eu, bebê,
morri nos braços dela.
Ela correu para chamar
uma vizinha, me levou ao
hospital e, de repente,
eu ressuscitei. Lá em
casa, as janelas batiam,
a cama balançava, as
coisas mexiam. Daí
comecei a ter as visões,
as audições e as coisas
que falam dentro do meu
peito.”
Entrevistado por vários
órgãos da imprensa e
também por Ana Maria
Braga, da TV Globo,
Pedro Siqueira não tem
receio em falar sobre
seus dons mediúnicos,
como o leitor pode ver
nos trechos abaixo
reproduzidos de uma
entrevista cuja íntegra
está disponível no Blog
de Espiritismo, que os
interessados podem
acessar clicando em
http://blog-espiritismo.blogspot.com/2011/06/medium-na-igreja-catolica.html:
Esses fenômenos ainda
continuam?
Teve um dia que
começaram a aparecer
tufos de cabelo pelo
chão da casa; em outro,
no banheiro social, as
paredes apareceram
cheias de fezes de
morcego. Mas, no geral,
não acontecem. De vez em
quando, aparecem pessoas
no Terço dizendo que
estão possuídas, mas não
estão.
Os médicos descartaram
qualquer possibilidade
de um caso clínico?
Tudo: neurologista,
psicólogos, psiquiatras.
Disseram que não havia
nada clinicamente, que
eu era uma pessoa
normal, que não
precisava de remédios.
Era atleta, competia na
natação. Minha mãe,
então, pensou: ‘vou ter
que colocar um cabresto
nesse menino’ e me
proibia de falar, para
me proteger. Se meu
filho também tiver o
dom, eu agiria
diferente.
Como era na escola?
Eu ficava na minha,
porque tinha que me
enturmar. Naquela época,
o Santo Agostinho era só
de meninos. Dentro da
medida, eu tive uma vida
normal, fora as visões.
Saía, namorava, ia a
matinês, mas sempre
gostei mais dos
esportes.
Você também vê mortos,
mas a fé católica, de
certa forma, proíbe a
comunicação com eles.
No episódio da
Transfiguração, Jesus se
comunica com Moisés, e
os apóstolos também o
veem. Não existe nenhum
dogma que proíba isso. O
Padre Pio, que foi
santificado pelo Papa
João Paulo II,
conversava com almas do
Purgatório, por exemplo.
Sou muito devoto dele.
Alguém na Igreja já lhe
disse para parar?
Para parar não, mas, às
vezes, vinha um padre
pedindo que eu não desse
as mensagens, que eu não
falasse de cura, acho
que por medo de algo que
não está sob controle.
Mas isso não está no
controle de ninguém, nem
do meu. Por uma política
de boa vizinhança, eu
não faço muita coisa que
poderia fazer. Mas a
Bíblia tem uma coisa
muito interessante que é
a questão de não chocar
seu próximo.
Como reagem as pessoas
do seu trabalho, na
Advocacia Geral da
União?
Eu trabalho na
Procuradoria Regional.
As pessoas no início
ficaram chocadas, mas
hoje se acostumaram,
umas me pedem para
rezar.
Suas visões o ajudam nos
casos judiciais?
Não (risos).
Nossa Senhora não me
aparece, não se mete
nisso. Acho que são
assuntos muito mundanos
para Ela. Com o tempo,
eu aprendi a controlar o
dom; no tribunal, por
exemplo, não vejo nada.
Você tem medo de que as
pessoas não acreditem em
você?
Tem várias pessoas que
não acreditam, várias.
Até parentes meus, que
acham uma bobagem. Eu
realmente não ligo. Nada
acontece por acaso; eu
tenho uma missão a
cumprir. Se Nossa
Senhora escolheu essa
missão para mim, eu faço
por Ela, por amor a Ela.
Se eu não fizesse, eu
seria incompleto. Eu não
posso me trancar e
isolar do mundo como eu
gostaria e ficar somente
vendo e meditando.
E você considera isso um
dom ou um fardo?
Todo dom é pesado,
porque ele te exige
muito. Tem épocas em que
eu estou mais cansado,
que eu não quero ir ao
Terço, que sinto dores
terríveis pelo corpo,
pela coluna, pelas
pernas, nas mãos. No
começo, as reuniões eram
semanais, agora são
mensais, por causa do
volume de trabalho. Eu
sei que algumas pessoas
vão ao grupo me vendo
como uma atração de
circo. Isso já me
incomodou, mas hoje
entendo que é um gancho
que Nossa Senhora usou
para divulgar o Terço.
Por que você tem esse
dom e não eu, só para
dar um exemplo?
Também gostaria de
saber, mas todo dom
passa pela
individualidade. Na
verdade,eu sou um homem
das cavernas. Sou um
cara cheio de manias,
sou travado, não sou
moderno, gosto de
futebol, de lutar, não
gosto de publicidade nem
de aparecer. Mas entendo
que seja necessário para
divulgar o livro, que me
foi pedido por Nossa
Senhora numa
peregrinação a Fátima.
Eu não sou padre, não
doutrino ninguém, só
quero rezar o Terço. A
mensagem do livro é que
as pessoas têm que
recuperar sua fé, porque
sempre tem um momento na
vida em que dinheiro e
beleza não resolvem
nada.
É verdade que o telefone
só toca de lá para cá,
como disse Chico Xavier?
É verdade. Não adianta a
pessoa me procurar e
pedir para falar com
alguém. As pessoas
precisam aprender a
rezar por elas, pelo
próximo, pelo irmão,
pelo mundo e a não
precisarem de mim para
rezar. Eu saio com
muitos pedidos de
oração, mas seria melhor
que a própria pessoa
fizesse isso.
Você se considera o
Chico Xavier dos
católicos?
Nunca. Ele era um homem
santo, puro, puríssimo.
Você disse que vê também
espíritos maus. Quer
dizer que eles existem?
Vejo, sim, e claro que
existem, assim como
existem pessoas boas e
más.
Nota:
O vídeo da entrevista concedida a Ana Maria Braga, em maio
último, pode ser visto
clicando no seguinte
link -
http://burrochora.blogspot.com/2011/06/mediunidade-x-igreja-catolica.html